terça-feira, abril 14, 2015

A chegada do “mundo russo” (2)

Em Moscovo foi aberta uma exposição propagandística “Provas Documentais. Donbass. 365 dias”. Estrategicamente, aconteceu no pavilhão da “Ucrânia” na “Exposição das Realizações da Economia Popular” (VDNH), a joia expositória da economia socialista soviética.
A expo usa fotografias, objetos, manequins, efeitos de maquiagem e instalações artísticas, mostrando inequivocamente o que acontece com um país ou território, quando lá chega e se implemente o dito “mundo russo”: destruição, degradação, saques, refugiados e mortes.
Exposição moscovita usa os meios de segurança absolutamente fora de comum: há presença permanente de um autocarro de polícia, os visitantes são inspecionados detalhadamente na entrada, passam através dos detectores de metais, semelhantes aos usados nos aeroportos.
A “estrela” da exposição é a estela “Debaltsevo”, a propriedade municipal da cidade ucraniana de Debaltseve, roubada e levada ilegalmente (!) para Moscovo. Os organizadores nem sequer compreendem que a exibição pública do material saqueado e roubado os coloca na mira de Haia. E informam com orgulho: Para desmantelar a inscrição e traduze-la ao Moscovo, foram envolvidas dezenas de pessoas e máquinas especiais”.
Outro fruto de roubo é mini autocarro “Gazel”, alegadamente também “achado” nas ruas de Debaltseve e trazido para Moscovo sem o conhecimento e consentimento dos seus proprietários legais. Os organizadores afirmam que pretendem levar a exposição “para a Europa”, escreve o blogueiro russo Zyalt.
Não se sabe que Europa será essa e qual é a razão de se preocupar tanto com a “Europa dominada pelos gays pedófilos”. Mas caso isso acontecer, haverá a possibilidade de processar os organizadores pelo roubo da propriedade, com a possibilidade destes serem condenados no seu local mais (in)desejável, a temível “Gayroupa”.

Gagarin crucificado
Na cidade russa de Perm, o artista local, Aleksandr Zhunev, foi levado à polícia, com a possibilidade de ser acusado formalmente ao nível criminal ou administrativo por causa de uma imagem da sua autoria (material: cartolina e cola), colocado para apreciação do público. 
O próprio artista explica o sucedido:
Em 12 de abril de 2015 coincidem logo dois grandes feriados: o Dia da Cosmonáutica e a Páscoa (ortodoxa). Eu acho que essa confluência de circunstâncias do calendário é muito simbólica, porque a ciência e a religião durante muito tempo estavam nos lados opostos das barricadas, tentando ganhar a sua quota de influência sobre as mentes. O trabalho “Gagarin. Crucificação” é a minha tentativa de falar sobre o tema de confronto secular na linguagem de arte contemporânea” (FONTE).
Outro artista local, Tim Yefimov, propõe usar a mesma imagem para levar as autoridade municipais à fazerem o seu trabalho. Basta colar a imagem “incendiária” no local mais porco das suas vizinhanças (prédio, elevador, murro, estrada, pátio, etc,), e indignar-se publicamente do sucedido. Seguramente, as autoridades municipais russas mostrarão as maravilhas de velocidade furiosa na liquidação de toda e qualquer “libertinagem” nas redondezas. Ninguém, na Rússia atual, se arrisca à ser considerado como “nacional-traidor”.

Surgimento de uma nova religião russa
Atualmente, a Rússia vive o surgimento e afirmação de uma nova religião, que combina o populismo local e aceitação frenética do poder estatal. A religião se chama “Vitória sobre o fascismo alemão (Sic!) na Grande Guerra Patriótica”.
Os seus adoradores levam a nova religião à todos os cantos e domínios da sociedade russa, desde os bares de striptease, passando pela produção das bebidas alcoólicas até os concursos de culturismo feminino (FONTE).
 
Ou como dizem os seus adeptos: “Gagarin voo! Realmente voo!

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