quinta-feira, abril 16, 2015

A “queima de arquivos” anti-Maydan

No dia 16 de abril, por volta das 13h00, no pátio do seu prédio em Kyiv foi abatido à tiro o famoso anti-ucraniano, o ex-jornalista e ex-escritor escandaloso Oles Buzina. O malogrado foi alvo de pelo menos dois tiros da pistola TT de calibre 7.62 que o atingiram na cabeça e no peito. 

A polícia ucraniana informa que possui 5 testemunhas do sucedido, a viatura da fuga foi apanhada nos objetivos da câmara CCTV do prédio. Sabe-se que os atacantes eram pelo menos duas pessoas mascaradas, que se puseram em fuga imediatamente após a sua ação, escreve Kyiv Press. 

Sabe-se também que o local foi varrido pela equipa de polícia de investigação criminal e que o Presidente ucraniano, Petró Proroshenko, pediu o mais rápido esclarecimento do caso.
http://www.unian.net/politics/1068033-foto-s-mesta-ubiystva-olesya-buzinyi-18.html
No início dos anos 1990, Buzina era um jornalista cultural de um diário de Kyiv que se notabilizou em prosa erótica. Nos meados da mesma década foi falado por causa das suas biografias dos famosos escritores ucranianos dos séculos XIX-XX. Nos textos procurava explorar os elementos picantes ou perversos, reais ou imaginários, das suas vidas. Atacou a Revolução Laranja e Revolução de Dignidade (Maydan) já à partir das posições completamente pró-russas. Tentou concorrer ao parlamento ucraniano em 2012, não chegando ao 1% dos votos. 

Abate do chefe dos titushky

Um dia antes, em 15 de abril, também em Kyiv, foi abatido com quatro tiros à queima-roupa um outro ativista anti-Maydan, o ex-deputado do Partido das Regiões, Oleg Kalashnikov. O ex-deputado foi morto no prédio onde morava, quando se preparava para abrir o seu apartamento.
Entre as versões do sucedido, verificadas pela polícia ucraniana estão as suas atividades políticas, incluindo organização do anti-Maydan e titushky (jovens marginais pagos que atacavam os manifestantes pró-democracia), questões financeiras ou até mesmo um assalto.

Kalashnikov ficou famoso em 2012, quando organizou o ataque dos titushky contra os jornalistas e ativistas no decorrer do processo contra Yulia Tymoshenko. Durante Euromaydan o malogrado organizava os comícios pró-Yanukovych e foi um dos organizadores dos titushky e anti-Maydan no Parque Mariinsky. Em 2015, a Procuradoria-geral da Ucrânia e SBU receberam o pedido oficial de uma deputada do parlamento, para verificar as ações do Kalashnikov na organização dos titushky e das ações em apoio do separatismo, escreve Glavred.info.

Como informa o assessor do Ministro do Interior, Anton Gerashchenko, a polícia ucraniana abriu o processo-crime sob artigo 115º do CP da Ucrânia, “assassinato premeditado”. Polícia investigará cinco versões do sucedido: atividade política (incluindo organização, financiamento e moderação do anti-Maydan e dos titushky); as questões financeiras (suas dívidas, os seus empréstimos); relações pessoais; assassinato em resultado do assalto; entre outros.

Sem dúvida, o malogrado sabia muita coisa sobre quem e como financiava anti-Maydan que custava ao Yanukovych e Cº alguns milhões de UAH por dia. Este segredo ele levará consigo para a cova. Mas Kalashnikov não era único que sabia quem e como financiava anti-Maydan. Como se diz, os manuscritos não ardem!”, escreveu Anton Gerashenko na sua página de Facebook.
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1572177283055093&set=a.1469223880017101.1073741826.100007885095373
O ex-número dois do “Setor da Direita”, Borislav Bereza, escreveu no seu FB que pela informação das fontes ligadas aos serviços especiais da Ucrânia, Kalashnikov mostrou a vontade de colaborar com os órgãos ucranianos competentes, denunciando os organizadores dos titushky. [...] Provavelmente, isso assustou os ex-patrões do Kalashnikov. Como se diz “não há corpo, não há caso”, e Kalashnikov foi eliminado fisicamente. Uma parte da informação ele levou consigo para a cova. Uma parte ficou nos meios eletrónicos. 

Anteriormente, no dia 28 de fevereiro se suicidou o ex-deputado regional Mykhaylo Chechetov e no dia 12 de março se suicidou o ex-governador da província de Zaporizhnia, Oleksandr Peklushko.

Quem é responsável?

Os assassinatos e suicídios dos ex-regionais favorecem, em primeiro lugar, os seus ex-camaradas do movimento anti-Maydan. Diversas pessoas que financiavam titushky e “Berkut”, hoje querem voltar ao poder, se livrando dos comparsas e das testemunhas dos seus crimes cometidos em 2013-14.

Na linha direta de perguntas e respostas entre Putin e os cidadãos russos, Putin falou sobre o assassinato do Oles Buzina cerca de 9 (Sic!) minutos após as agências informativas informarem sobre o caso, afirmando que  se tratava de um “o assassinato político” e que “a investigação ucraniana não fazia nada”...

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