No dia 31 de março em Kyiv, no Centro da Arte Moderna (CAM) M17, se deu a antestreia da exposição “Junta
und Vata”, da autoria de dois artistas contemporâneos, Ivan
Semesyuk (Ucrânia) e Anton Chadsky
(Rússia).
"Espere aí, moscovita": pássarobandera |
"Ninguém além de nos" / "Para-quedistas rasgarão todos 2015" |
O conceito da exposição está na compreensão da ironia das dimensões
mitológicas da guerra informativa e cultural que se trava simultaneamente com a
intervenção militar direta russa no leste da Ucrânia. Dois artistas contemporâneos,
ucraniano e russo, demonstram como a atualidade criou os novos símbolos,
personagens e significados. “Vatnik” do Anton Chadsky é uma personagem sarcástica,
irritada, agressiva na sua crítica intransigente. “Banderyk” do Ivan Semesyuk tem
a imagem oposta, rica em humor benigno e uma esperança otimista de vitória.
"A junta malvada avança aos moscovitas" |
"Lutem - Vencerão" |
“Diante de nossos olhos se movimenta uma batalha impressionante entre duas
mitologias opostas, duas diferentes tradições heróicas, com visões distintas sobre
o herói, com diferentes motivações, com diferentes fundamentações culturais. As
relações russo-ucranianas vivem Ragnarök – o tempo da
batalha final que decidirá bastante os nossos destinos futuros”, – explicam os
criadores deste incrível projeto cultural.
"Junta-vos!" |
“Banderyk é uma espécie de antítese ao vatnik, na forma, no conteúdo e no
sentido emocional. Banderyk deseja as coisas simples – a sua terra, a sua
própria casa, a sua esposa, a sua arma, e vocês, seus queridos visitantes vatniks podem ir para o c@ralho! Não desejamos as coisas alheias e não entregaremos o
que é nosso. Mas o mais importante – banderyk se percebeu que sem as dolorosas
e muito rápidas mudanças não acontecerá nada, e é por isso o seu slogan atual –
evolução ou morte! Se mude flexivelmente e ganharás certamente! Nisso está a
antítese total ao vatnik, criatura incrivelmente conservadora, áspera, tradicionalista e degenerada”, – diz Ivan Semesyuk.
"Os f0de. Folk Magic: 2015": banderboy |
Anton Chadskyy (o artista russo que teve de fugir da Rússia para Ucrânia por
causa da criação da imagem do “vatnik”), desconstrói a sua própria personagem:
“Vatnik nasceu em 2011 como uma imagem coletiva dos nossos contemporâneos,
representante do chamado “mundo russo”. Ele incorpora todas as características
de um patriota russo típico: a estupidez, a hipocrisia, a falsidade, a intolerância, a agressão, a submissão à autoridade.
Vatnik típico no acto de amor fraternal, autoria @Internet |
Vatnik odeia Ocidente, o considera como o principal inimigo que procura
destruir a Rússia, impondo os seus valores e a democracia. Vatnik acredita que
a Rússia possui a sua própria “terceira” via civilizacional; o principal
objetivo dessa via – ser “temido e respeitado”. Ao mesmo tempo, vatnik
imagina-se como indivíduo superiormente espiritual e moral, cercado pelos imorais,
depravados e homossexuais pedófilos ocidentais.
A sociedade russa moderna está representada, na sua maior parte, exatamente
por estas personagens. [...] A origem do sentimento vatnik dos adeptos do “mundo
russo” encontra-se no seu profundo complexo, ressentimentos históricos e no sentimento
de inveja para com os vizinhos melhor sucedidos. Vatnik se sente de alguma
maneira privado, ele inveja os padrões de vida dos países ocidentais, embora, é
claro, nunca irá reconhecê-lo.
O que vatnik não consegue alcançar ele quer destruir. Disso advém a tal paixão
dos vatniks pelas ameaças militaristas, exaltação das suas antigas e bastante
discutíveis vitórias, o desejo de começar uma guerra “de destruição”. Vatnik é capaz
aos actos mais hediondos, ao terror, à violência; na sua alma primitiva e bárbara
ainda ecoa o grito de guerra da Horda de Ouro, dos mongóis nómadas, dos
ancestrais criadores da Moscóvia e da Rússia moscovita...”
Local e datas:
Kyiv, rua Antonovych (ex-Gorky), № 104
Aberto ao público geral entre 1 à 6 de abril, das 11h00 às 20h00
Informação adicional: info.press.m17@gmail.com ; + 38 095 5348783 (RP / Dária
Kushelevska)
Bónus
Trolling do 80º nível do ucraniano PrivatBank (2014) e Dmytro Yarosh
visto por um artista japonês (2015)
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