segunda-feira, setembro 16, 2024

O novo bombardeamento bárbaro russo atinge Kharkiv

O mais recente bombardeamento bárbaro russo em Kharkiv, a cidade foi atingida por pelo menos seis bombas aéreas pesadas guiadas em 15 de setembro de 2024 – uma prova de quão elevado pode ser o preço de indecisões nesta guerra.

As consequências do atraso na prestação de apoio à Ucrânia são a destruição de um edifício, pessoas feridas, idosos e crianças sob os escombros, casas incendiadas e vidas arruinadas.


São quadros daquilo que acontece em Kharkiv quase todos os dias. Os bombardeamentos russos são realizados indiscriminadamente. Os edifícios estão literalmente a desabar e as pessoas estão a morrer ao ar livre, nas ruas e nos parques.

As consequências da entrega lenta e doseada dos equipamentos de defesa antiaérea e antimíssil, os atrasos burocráticos da Europa significam a destruição sistemática de uma grande cidade europeia com centenas de milhares de habitantes, um poderoso potencial industrial e uma história rica.

As consequências da discussão de muitos dias sobre a concessão de permissão à Ucrânia para disparar mísseis de longo alcance contra alvos nas profundezas da rússia, em particular, contra os campos de aviação e depósitos de munições, as bombas voadoras vale a estruição de centros inteiros de vida tanto na Ucrânia fronteiriça, como nas profundezas do país. Durante o recente lançamento de rockets no centro de Lviv, morreram as famílias inteiras...

Hoje em Kharkiv, o número de vítimas já chega às dezenas (41 feridos e 1 pessoa morta).

Num mês, a rússia utiliza até 4.000 bombas aéreas guiadas só no leste da Ucrânia. O sistema energético ucraniano está sendo destruído por estas armas. Ucrânia precisa de uma solução contra este tipo de ataques bárbaras indisciminadas. O Ocidente precisa de compreender que a política de apaziguamento do predador do Kremlin é um caminho para o lado nenhum.

A filosofia de guerra russa nunca muda, é a destruição total, a destruição de tudo o que é diferente, que vive e é capaz de um desenvolvimento bem sucedido. O exército russo usa a sua máquina de guerra contra as cidades e vilas ucranianas. Atacando Kharkiv, Kyiv, Lviv, atacando bastante raramente os alvos militares e quase diariamente os cidadãos civis.

O Presidente Putin ameaça abertamente com armas nucleares. Outros odiosos políticos russos, como o ex-presidente Medvedev, escrevem quer querem transformar Kyiv numa «mancha cinzenta» formada por armas superpoderosas, de preferência nucleares.

Se alguém pensa que Berlim e Paris estão longe de Moscovo/ou, está profundamente enganado.

A rússia prepara-se há anos para a guerra, e não apenas contra Ucrânia, mas também contra o Ocidente.

Os contactos «amigáveis» da rússia com o Irão e a Coreia do Norte tornam actualmente imprevisível o fornecimento de armas a Moscovo/ou, e a manipulação do Sul Global pelo Kremlin e as ameaças de realizar testes nucleares ou explodir outro gasoduto no contexto da intensificação do «guerra clandestina» estão a matar a vontade do Ocidente.

Por isso, faz sentido travar o agressor, fornecendo à Ucrânia todas as armas e licenças necessárias, do que olhar mais tarde para as ruínas das cidades europeias.

Ucrânia tem de ser urgentemente reforçada. Só em tais condições a sociedade russa sentirá o preço da guerra, e putin irá pedir as negociações reais.

«Rushnychok» - o «The Beatles» da diáspora ucraniana na América do Norte

O quarteto ucraniano-canadense foi fundado em 1970 por descendentes de imigrantes ucranianos, amigos de infância Andriy Garasymovich (guitarra), Yuriy Shtyk (baixo), Yevhen Osidach (acordeão) e Stepan Andrusiak (bateria), que frequentavam o ensino superior em Montreal. 

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Os quatro adoravam música, sabiam tocar instrumentos musicais e conheciam desde cedo as canções ucranianas. Primeiro, decidiram atuar numa das festas de Ano Novo Ucraniano, onde o público os recebeu tão bem que os rapazes decidiram continuar as suas atividades musicais. Nessa época, a música folclórica era muito popular, pelo que o aparecimento de uma banda ucraniana foi oportuno.

Em breve, «Rushnychok» foi convidado a atuar em Ottawa para o público metropolitano, o que foi o início da sua fama e de uma carreira de sucesso de 10 anos do quarteto. Existiu até 1980.

As canções folclóricas ucranianas populares constituíram a base do repertório da banda. O ponto alto do quarteto foi a polifonia aliada a uma sonoridade moderna. Os músicos posicionaram-se não só como um coletivo que toca música ucraniana, mas como uma banda ucraniana. Durante 10 anos de atividade, a «Rushnychok» lançou cinco coleções, algumas das quais eram originais e tinham uma cor ucraniana distinta. Para o sucesso contribuiu também o estilo do «Rushnychok», que tinha uma especificidade étnica distinta - um traje estilizado de cossacos ou hutsul, sempre com as camisas bordadas, as bases dos microfones sempre eram ornamentadas com as toalhas ucranianas bordadas. É interessante que a imprensa tenha comparado «Rushnychok» com os «The Beatles», sublinhando que se trata de um quarteto ucraniano.

Fonte

domingo, setembro 15, 2024

2ª troca dos POW em dois dias: ucranianos regressam à Ucrânia livre

Nos dias 13 e 14 de Setembro decorreram duas trocas dos POW, em que Ucrânia libertou 152 civis e militares do cativeiro russo, entre eles 38 membros do OZSP «Azov», das Forças de Operações Especiais (SSO), da unidade especial «Kraken» e da Legião Internacional, informa a página ucraniana Novynarnia 
«82 praças e sargentos. 21 oficiais. Defensores do oblast de Kyiv e de Donetsk, cidade de Mariupol e de «Azovstal», oblast de Luhansk, Zaporizhzhia, Kharkiv. Militares das Forças Armadas da Ucrânia, Guarda Nacional da Ucrânia, Guarda-fronteira, polícias. Obrigado à nossa equipa de intercâmbio pelas boas notícias para a Ucrânia», escreveu no Facebook neste sábado o presidente Volodymyr Zelenskyi. 

Assim, pela segunda vez em dois dias, militares do antigo regimento Azov da Guarda Nacional da Ucrània, que defendia Mariupol e «Azovstal», foram libertados do cativeiro russo. 

Os libertados no dia 14 todos são homens, entre eles 49 militares das Forças Armadas Ucranianas (incluindo 21 marinheiros, dois da unidade especial «Kraken», dois da Legião Internacional, três das Forças de Operações Especiais SSO, um das Forças de Defesa Territorial TrO), 38 Guardas Nacionais, oito da Guarda-fronteira, quatro polícias, três representantes do Serviço Especial de Transporte, um do Serviço de Emergência da Ucrânia. 


Os membros libertos da unidade especial «Kraken»

Os ucranianos libertos no dia 14 de setembro de 2024

69 pessoas entre os libertados participaram na defesa da cidade de Mariupol contra os ocupantes russos (incluindo 31 pessoas dos defensores de «Azovstal»). Regressaram dois guardas da central nuclear de Chornobyl, a unidade não combatente da Guarda Nacional, capturada pelos ocupantes russos nas primeiras horas de invasão em 2022. 

A maioria sofreu ferimentos ou ferimentos graves, tem doenças graves e necessita de assistência médica imediata. Ucrânia trabalha há muito tempo para organizar o regresso destes seus concidadãos. Todos os libertados do cativeiro russo serão submetidos aos exames médicos, terão oportunidade de reabilitação física e psicológica, bem como pagamentos adequados por todo o tempo de cativeiro e reintegração na sociedade. 

«Ucrânia expressa a sua gratidão aos Emirados Árabes Unidos pela sua ajuda na organização de outra troca dos POW», acrescentou o Quartel-General de Coordenação de trocas dos POW. 

A parte russa, recebeu, em duas trocas mais recentes, na sua maioria, os jovens russos capturados na região de Kursk, ou seja os POW que ficaram capturados durante o mês passado. 

Recorde-se que na troca de prisioneiros entre Ucrânia e a rússia que ocorreu no dia 13 de setembro 49 ucranianos e ucranianas regressaram à Ucrânia, incluindo 42 militares. 



Os ucranianos e ucranianas libertos no dia 13.09.2024

Pela primeira vez em muito tempo, militares do antigo regimento «Azov» (15 pessoas) estiveram presentes na troca. Também foram libertadas 23 mulheres ucranianas, civis e militares. Uma delas estava no cativeiro russo desde 2017. Também foi libertado o Herói da Ucrânia, o coronel do serviço médico Victor Ivchuk, que geriu o hospital militar de Mariupol nos momentos mais difíceis, durante o cerco russo da cidade.

sábado, setembro 14, 2024

Ucrânia como a causa cortante das eleições americanas

Os anúncios pré-eleitorais de Kamala Harris nos Estados Unidos exortam à ajuda à Ucrânia, o que significa que Ucrânia se tornou um factor na campanha pré-eleitoral. Isto não está a acontecer porque a sede da Harris assim o quis, mas porque os seus analistas “mediram o grau” do engajamento dos eleitores americanos na questão ucraniana na política global.

Os anúncios são colocados nos estados americanos onde a maioria dos eleitores têm raizes na Europa Central e do Leste. Em particular, na Pensilvânia, mais de 700 mil eleitores são de origem polaca e cerca de 122 mil são de etnia ucraniana. Cerca de 900 americanos de origem polaca e 40 mil ucranianos vivem no Michigan. Há também cerca de 480.000 polacos étnicos no Wisconsin.

Os anúncios também evocam Polónia, pois hoje está muito claro que o neofascismo russo não irá parar na Ucrânia e caso Ucrânia cair, as hordas russas atacarão, mais tarde ou mais cedo, a Polónia e os países Bálticos.

Como a verdadeira estadista, Kamala Harris evoca os grandes líderes americanos, John Kennedy e Ronald Reagan, enquanto os seus oponentes evocam putin...

«Não me importo realmente o que acontecerá à Ucrânia» - diz o número dois do Trump, J. D. Vance.

«Mas a Kamala Harris se importa», responde uma voz que representa Kamala Harris.

J. D. Vance (de vermelho), homem que não se importa com Ucrânia

quinta-feira, setembro 12, 2024

Os ataques da rússia colocam novos desafios à segurança alimentar global

Navio atacado pelo míssil russo

O número de pessoas que sofrem de fome no mundo está a crescer rapidamente. Já hoje, cada décima primeira pessoa no planeta está subnutrida. Numa altura em que as crises humanitárias e alimentares afectam milhões de pessoas, as acções da rússia estão a agravar a situação, criando ameaças adicionais à estabilidade global.

A 12 de setembro de 2024, as tropas russas cometeram outro ato de agressão, lançando um ataque de mísseis contra um navio civil que transportava cereais ucranianos para o Egito. O ataque ocorreu imediatamente após o navio ter saído das águas territoriais ucranianas, levantando dúvidas sobre a segurança do abastecimento alimentar vital para a região.

O ataque foi o exemplo mais recente de utilização de táticas de terror marítimo por parte da rússia. Desde o início da invasão em grande escala da Ucrânia, a rússia bloqueou os portos ucranianos no Mar Negro, impedindo a exportação de cereais e outros produtos alimentares. Além disso, a rússia continua a utilizar cereais ucranianos roubados para as suas próprias necessidades: recentemente, dois navios russos enviaram cereais roubados das ocupadas Feodosia e Sebastopol para o Egipto.

Tais ações representam uma séria ameaça à segurança alimentar global. Com mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo dependentes das exportações de alimentos da Ucrânia, o bloqueio do Mar Negro pela rússia e os ataques regulares às infra-estruturas levaram ao aumento dos preços dos alimentos e ao agravamento da escassez em África, na Ásia e noutras regiões.

Ucrânia, apesar de todas as ameaças, continua os seus esforços para garantir a segurança alimentar global. Em 2023-2024, o país exportou cerca de 70 milhões de toneladas de cereais, oleaginosas e óleo. No âmbito do programa “Grãos da Ucrânia”, as entregas já permitiram fornecer alimentos a 8 milhões de pessoas em países como a Somália, Etiópia, Quénia, Iémen e outros. No entanto, a saída da rússia da Iniciativa Cereal do Mar Negro em Julho de 2023 e os subsequentes ataques aos portos levaram à destruição de mais de 300 mil toneladas de cereais e a uma redução das exportações em milhões de toneladas.

Enquanto o Ocidente continua a debater se Ucrânia deve receber permissão para usar armas de longo alcance para atacar aeródromos militares e outros locais estratégicos na rússia, Moscovo continua as suas acções agressivas, ameaçando a paz e a segurança alimentar. Os atrasos na tomada de decisões só agravam as consequências da agressão russa, pondo em risco a vida de milhões de pessoas. Se a comunidade mundial luta pela estabilidade e segurança, é urgente fornecer à Ucrânia todo o apoio necessário, incluindo a permissão para atacar alvos militares na rússia, para impedir a propagação das ameaças globais representadas pelo Kremlin.

«Russians at War»: a propaganda cinematográfica russa

O massacre russo de Bucha e realizadores do filme «Russians at War»
O filme “Russians at War” é a propaganda russa, embora menos importante e talentosa do que a obra de Leni Riefenstahl, o filme omite completamente a destruição e os crimes de guerra cometidos pelo exército russo na Ucrânia. 

A realizadora filmou o seu filme nos territórios das ditas «lnr» e «dnr», bem como em Moscovo (onde os jornalistas russos independentes não podem trabalhar). Os acontecimentos do filme são de 2023. Trofimova passou sete meses diretamente com os militares na retaguarda e na linha da frente, salientando que realizou o documentário sem autorização e acreditação do Ministério da Defesa russo (é impossível confirmar ou refutar as suas afirmações). 

Na rússia atual não é possível, sem autorização do Ministério da Defesa russo e do FSB, ir durante seis meses com uma câmara até à zona de combate do lado russo e aí filmar um documentário (também cheio de críticas às autoridades por parte dos soldados). E depois, com dinheiro estrangeiro de um Estado “hostil”, montar o filme e o enviar para o Festival de Veneza. Tal operação simplesmente é impossível. 

Quem é Anastasia Trofimova?

Trofimova nasceu em Moscovo. Antes de “Russos em Guerra”, fez vários filmes para e com a participação da corporação russa de propaganda estatal Russia Today (RT). 

No seu filme não há um único convocado contra a sua vontade que tenha sido mobilizado. Não há wagneleiros nem ex-prisioneiros. Não existem fanáticos convencidos. 

Não há uma palavra sobre o porquê e em que circunstâncias a rússia invadiu Ucrânia. Nem um indício de crimes de guerra. Os soldados no ecrã servem num batalhão médico ou sentam-se e aguardam comandos. Nenhum deles mata ninguém dentro ou fora do ecrã (embora alguns morrem). 

Poderia Trofimova chegar à frente de combate sem permissão das autoridades russas? 

Segundo Trofimova, na altura conseguiu convencer todos os seus superiores de que este trabalho era semelhante ao que os oficiais militares soviéticos faziam durante a Grande Guerra Patriótica em Berlim. O “comandante máximo” da brigada disse-lhe: “É um bocado estranho, porque precisas disso?” “Eu disse: bem, ora, o evento principal. Ele disse-me: bem, não sei, deixe-me pensar, fique quieto por enquanto e não se mostre. Não que o tenha permitido, mas também não o proibiu.” 

No início ela viveu com o pelotão de apoio, depois passou para o serviço médico. No dia 17 de fevereiro, o batalhão deveria ir para a frente: Assim, cheguei à frente [linha da frente] sem a autorização do comandante da brigada. Ele viu-me ali e disse, bom, o jornalista chegou, bom, que se foda. 

Quão realista é esta história? Avaliação dos analistas militares da Meduza 

A presença de civis nas tropas, incluindo repórteres de meios de comunicação social sujeitos à censura russa, com a permissão do comandante de uma determinada unidade não é incomum. Por norma, esta é uma cooperação mutuamente benéfica: por exemplo, os “correspondentes militares” recebem um vídeo exclusivo das unidades e, em troca, organizam a angariação de fundos para a compra de drones ou equipamento individual de guerra eletrónica. 

Ora, naturalmente, um civil deve ser uma pessoa de confiança – por exemplo, um jornalista deve ter experiência de trabalho nos meios de comunicação estatais. Não é por acaso que Anastasia Trofimova colaborou com a RT. 

Não há um único herói ucraniano no filme (exceto Ilya, que luta pela federação russa), e a própria Trofimova admitiu que as pessoas que apoiam Ucrânia não falaram com ela. Segundo a mesma, os heróis com tal posição ou se recusaram a falar com ela ou já tinham abandonado os locais onde estava a filmar. 

Num comentário ao canal de televisão Dozhd, o realizador de documentários russo Vitaly Mansky elogiou o trabalho de Trofimova como “profissional” e “muito importante”. Ao mesmo tempo, Mansky classificou a exibição do filme em Veneza como “um erro do festival”. 

Por exemplo, em Veneza, em 1938, o muito profissional, talentoso e brilhante filme de Leni Riefenstahl “Olympia” ganhou mesmo o prémio principal. O prémio então, porém, chamava-se nada mais nada menos que Taça Mussolini ou algo do género. 

Assim, Riefenstahl realizou o filme “Triunfo da Vontade” - um trabalho muito mais profissional e muito mais talentoso do que “Russos em Guerra”. Mas depois este filme foi proibido pelo Tribunal de Nuremberga, foi simplesmente proibida de ser exibido em público. 

Não concordo [que este seja um filme anti-guerra]. Porque aqui, se há pathos, reside no facto de as mesmas pessoas estarem a lutar do lado russo, pessoas simples, com as suas fraquezas, com as suas dores, com as suas desilusões. E que precisam de ser tratados com compreensão e compaixão. Não sei até que ponto esta simpatia aproxima o fim da guerra. <…> 

De qualquer forma, é um truque. Há um momento assim. [As personagens dizem]: porque é que é esta guerra, porque é que estamos nesta guerra? Mas ninguém depõe as armas e abandone a guerra. Todos continuam a lutar, a matar ucranianos, se orgulhar, a regozijar-se com isso. 

Mansky disse ainda que ele próprio filmou militares na Ucrânia durante um ano - com acreditação das Forças Armadas da Ucrânia e “permissão pessoal do [ex-comandante-chefe das Forças Armadas Valery] Zaluzhny”. Na Rússia, queria fazer uma cena - mas o operador de câmara que o estava a fazer, segundo Mansky, foi imediatamente preso. “E aqui a pessoa viaja, passa por todos os postos de controlo, tira fotografias, chega quatro vezes, passa sete meses na frente de combate, ganha logo o uniforme militar e recebe fornecimentos. Bem, pessoal... Quem é que eles querem que considere idiotas aqui? Não sei. Definitivamente eu não sou. 

Fonte

Encontrados estêncis da resistência ucraniana UPA

«Pelos estados indepenentes de todos os povos cativos!»

As placas de metal, pertencentes à resistência anticomunista ucraniana de UPA estiveram no solo durante mais de 80 anos, até serem encontradas na aldeia de Oshchiv, na região ucraniana de Volyn, durante a construção de um dos pátios.
«Morte ao Hitler e ao Estaline!»

«Se preparem para uma revolução popular que terminará a nossa luta e trará a vitória final!»
«Viva o Exército Insurgente da Ucrânia!»

História do Distrito

quarta-feira, setembro 11, 2024

Eleições russas em condições de «incerteza territorial»

No dia 8 de Setembro, no âmbito do Dia da Votação Unificada, a rússia realizou as eleições de vários níveis nas suas próprias regiões e as chamadas «eleições» nos territórios temporariamente ocupadas da Ucrânia.

Independentemente dos resultados das eleições locais, as autoridades regionais da federação russa não decidem nada por si próprias, porque a rússia é uma ditadura totalitária em que a constituição e os procedimentos democráticos são apenas uma tela para cobrir o “poder vertical”.

Condenamos veementemente o envolvimento de cidadãos ucranianos nas chamadas «eleições» ilegais ao «Conselho de Estado da República da Crimeia» e à «Assembleia Legislativa da Cidade de Sebastopol». A República Autónoma da Crimeia e Sebastopol são territórios temporariamente ocupados da Ucrânia.

Ao organizarem procedimentos eleitorais nas regiões fronteiriças com a Ucrânia e nos territórios ocupados, que são zonas de operações militares, as autoridades russas expõem deliberadamente as pessoas ao perigo, a fim de utilizar o seu sofrimento para fins de propaganda.

As eleições para o governador da região de Kursk decorrem em condições de «incerteza territorial», porque a rússia não controla territórios significativos desta região. Os seus resultados são notoriamente questionáveis.

terça-feira, setembro 10, 2024

Os drones atingem Moscovo e sete outras regiões russas

A região de Moscovo viveu esta noite o maior ataque de drones desde o início da guerra de grande escala. Os drones atacaram Domodedovo, Podolsk, Ramenskoye, Lyubertsy e Kolomna. Foram ouvidas explosões em sete regiões da rússia.

Nesta noite foram atingidas as regiões de Smolensk, Bryansk, Lipetsk, Kaluga, Moscovo, Oryol e Tula. Em Moscovo foram fechados as tráfego aéreo os aeroportos de Vnukovo, Domodedovo e Sheremetyevo. Também foram visados os aeródromos de «Shaykovka» (Oblast de Kaluga) e o o «Khalino» (Oblast de Kursk). Os bombardeiros russos Tu-22M3 geralmente descolam de «Shaykovka» e os Shaheds são lançados de «Khalino». 

O aeroporto de «Zhukovsky», nos arredores de Moscovo, «abate» drones com a própria pista. O presidente da Câmara de Moscovo disse que o incêndio está a ser extinto no aeroporto. 

O ataque noturno nos arredores de Moscovo teve como objetivo a unidade militar número 61991 e os armazéns da 549ª ZRP, o local de armazenamento dos mísseis iranianos Fateh-360, cujas entregas foram confirmadas por fontes da UE e por altos funcionários iranianos. Os alvos foram atingidos com sucesso.

«Os nazis entraram nesta guerra com a ilusão bastante infantil de que bombardeariam todos os outros e ninguém os bombardearia».

 — Sir Arthur «The Butcher» Harris, chefe do Comando de Bombardeiros da Royal Air Force britânica durante a Segunda Guerra Mundial.

 @yigal_levin





segunda-feira, setembro 09, 2024

Os filhos do putin à quem ditadior russo chama de «pequenos membros»

«Putin e as crianças», imagem ilustrativa

Os filhos de vladimir putin com a ginasta Alina Kabaeva chamam-se Ivan e Vladimir Jr, nasceram em 2015 e 2019, respetivamente, os herdeiros do trono russo vivem num severo isolamento e poucos contactos com outras crianças, escreve a publicação russa Dossier. 

Como escrevem os jornalistas, o filho mais velho, Ivan, nasceu na clínica suíça Sant’Anna situada em Lugano. O segundo filho, Vladimir, já nasceu em Moscovo – o seu nascimento foi assistido pela mesma ginecologista Natalya Thiébaud (nascida Kondratieva em 1959 em Leninegrado e falecida em 2023), que ajudou no nascimento de Ivan. 

Os filhos vivem isolados – são constantemente acompanhados por amas, tutores e treinadores que vivem na residência de putin em Valdai e acompanham a família nas viagens. As governantas e professoras de rapazes são procuradas periodicamente através da agência English Nanny. A última vaga para professor de inglês para rapazes de quatro e oito anos foi publicada em fevereiro de 2024. As condições ofereciam alojamento, uma semana de trabalho de cinco dias e um salário de 7,7 mil euros mensais. Foi dada preferência aos cidadãos da África do Sul (dado a aprovação acima da média do putin entre a população branca sul-africana). Aos professores é proibido sair do local onde vive a família. A vaga estabelecia ainda que o professor era obrigado a realizar exames médicos nas duas primeiras semanas de trabalho. 

A fonte do Dossier observou que a família tem uma atitude cautelosa em relação aos estrangeiros e a África do Sul é considerada um país amigo. O interlocutor disse ainda que Putin precisa constantemente de novos professores, porque “não é assim tão fácil conviver com a família”. Entre as governantas, o Dossier encontrou cidadãos da África do Sul, Nova Zelândia e Grã-Bretanha. 

Os personal trainers de natação e ginástica também trabalham com crianças. Ivan é treinado por um antigo membro da equipa russa de ginástica, o seu nome não foi revelado. Além disso, o filho mais velho compete periodicamente com os seus pares. 

Os novos colaboradores são entrevistados por um assistente familiar. Olesya Fedina, prima de Kabaeva, que se apresenta aos estranhos como se fosse a mãe dos rapazes. Ela conhece os tutores pessoalmente. A própria Alina Kabaeva tenta manter o sigilo - durante a apresentação dos filhos na residência ou a jogar hóquei com o pai, observa-os a partir de uma caixa com vidro opaco, escreve Dossier. 

Ao mesmo tempo, a fonte dos jornalistas observou que Kabaeva nem sempre consegue esconder-se do pessoal da residência: “por exemplo, se o filho mais velho joga hóquei ou participa numa produção, e Olesya Fedina está a observá-lo, então, após o término da partida ou da apresentação, a criança não corre para ela, mas para uma caixa escondida atrás de um vidro opaco, onde se senta a verdadeira mãe.”

A família utiliza um comboio blindado, vários aviões e helicópteros. As crianças passam a maior parte do ano na residência em Valdai, em fevereiro-março - em Sochi, em julho-agosto - fazem passeios de iate. Em Agosto, os filhos de putin vivem na Crimeia anexada e, no Outono, regressam a Sochi.

Os guerreiros bashkort na defesa da Ucrânia

Os guerreiros da companhia Bashkort na direção de Pokrovsky capturaram o blindado BMP-3 russo com a sua tripulação. Os voluntários do Bashkortostão lutam nas fileiras das Forças Armadas da Ucrânia contra a rússia desde 2022.

Os combatentes afirmam que, ao ajudarem os ucranianos, estão hoje a preparar-se para a sua futura batalha principal - luta por um Bashkortostão livre.

A companhia «Bashkort» é uma unidade militar da Legião Internacional de defesa territorial da Ucrânia, que foi formada por voluntários Bashkort em 2022 para proteger Ucrânia da invasão russa da guerra ucraniana-ucraniana. 

A unidade entrou em combates reais em Abri de 2023, em Junho de 2023 começou funcionar a sua sub-unidade de drones e em setembro de 2023 foi formado o seu grupo de franco-atiradores “Orak”.

sábado, setembro 07, 2024

Festival Internacional de Cinema de Toronto exibe a propaganda russa

O TIFF – Festival Internacional de Cinema de Toronto decide exibir o filme de propaganda russa, realizado pela propagandista russa Anastasia Trofimova, que recentemente negou as atrocidades russas cometidas em Bucha e outros lugares da Ucrânia.

Com a missão do TIFF de “transformar a forma como as pessoas veem o mundo através do cinema”, vemos isto como uma tentativa de encobrir os crimes de guerra cometidos por militares russos na Ucrânia. O filme, realizado pela antiga documentarista do canal estatal propagandista russo Russia Today, Anastasia Trofimova, que nas suas recentes declarações em Veneza negou ss atrocidades russas cometidas em Bucha deturpa deliberadamente a realidade da guerra da rússia contra Ucrânia.

Acreditamos que é irresponsável que o TIFF, um dos palcos cinematográficos mais conceituados do mundo, seja utilizado para disseminar a propaganda russa. Apelamos ao festival para cancelar a exibição deste filme.

A realizadora Trofimova, ex-Russia Today

Devido ao seu engajamento na propaganda anti-ucraniana; pela violação ilegal e deliberada da fronteira estatal da Ucrânia com o objectivo de penetração na Donbas temporariamente ocupada por ocupantes russos Anastasia Trofimova está presenta na base de dados Myrotvorets.

#TIFF2024

sexta-feira, setembro 06, 2024

Fashion Week em Kyiv nos tempos da guerra

Os veteranos de guerra ucranianos que usam próteses levam à pista para demonstrar roupas dos designers Andreas Moskin e Andriy Bilous durante o programa da Fashion Week em Kyiv, na terça-feira, 3 de setembro de 2024. 


A Semana da Moda Ucraniana regressou a casa pela primeira vez desde a invasão russa em 2022. O evento contou com cerca de 50 marcas e visava destacar a resiliência da indústria da moda da Ucrânia, mesmo à medida que a guerra avança. (Photo AP/Efrem Lukatsky)

quinta-feira, setembro 05, 2024

A “inocência imperial”: a especialidade intelectual do imperialismo russo

Muitos russos, mesmo entre os que se opõem à guerra da Rússia contra Ucrânia, ainda hesitam em assumir responsabilidades, atribuindo a invasão à provocação da NATO ou a teorias da conspiração sobre a intromissão dos EUA e um golpe de Estado. Os especialistas dizem que isto acontece porque a mentalidade de “vítima” persiste hoje na sociedade russa. Mas porque é que isso acontece? 

Esta foi a primeira pergunta à Dra. Botakoz Kassymbekova, professora assistente de História Moderna na Universidade de Basileia, especializado em história imperial soviética e russa.

Como sabem, Catarina, a Grande, justificou a colonização do Cáucaso como uma missão cristã de bondade. Os historiadores russos liberais, críticos fervorosos de Vladimir Putin, como Yuri Pivovarov, afirmam que o colonialismo russo foi benéfico ou mesmo crucial para a sobrevivência dos colonizados. Recentemente, sugeriu que os não-russos beneficiaram do império russo porque os seus autores foram traduzidos para a língua russa e tornaram-se conhecidos por mais pessoas, sugerindo que de outra forma os “selvagens” nem sequer seriam conhecidos pelo mundo.

É claro que ele pensa que a desintegração da federação russa não será benéfica para as repúblicas não russas. A ideia de que a rússia civiliza e permite prevaleceu desde a minha infância, com os professores russos a afirmarem que deveríamos estar gratos por termos evitado o destino da Índia sob o domínio colonial britânico. Esta auto-imagem de um poder benevolente e sacrificado está profundamente enraizada no discurso russo.

Quando vejo com que violência desumana os soldados russos colonizam a Ucrânia, traço paralelos entre este discurso de benevolência e inocência e a violência extrema, ambos estão interligados. Defendo que esta violência decorre de um desejo de punir. Portanto, o exército russo não se limita a ocupar, quer castigar os ucranianos por não sentirem gratidão pela grandeza russa, pela deslealdade. Os ucranianos para eles são traidores, que não apreciaram o sacrifício russo. A mensagem é clara: 'Trouxemos-lhe bondade, sofremos e deve estar grato. Caso contrário, será punido. Este pensamento paternalista acaba por se traduzir em desumanidade. A extrema crueldade a que assistimos na Ucrânia está enraizada nesta narrativa imperial mais ampla, alimentada pelo regime, pela sociedade e pelos intelectuais russos.”

A expansão colonial russa envolveu frequentemente o envio de prisioneiros ou párias, que de outra forma poderiam ser aprisionados, para territórios distantes como a Sibéria, o Cáucaso e a Ásia Central. Isto também se verificou na fundação do sistema Gulag, que se destinava à colonização de áreas remotas. Este conceito, conhecido como colonização penal, foi também praticado para colonizar a Austrália.

Há uma narrativa forte que combina a vitimização e a expansão imperial. Mesmo como prisioneiros, os russos foram colonizadores destes lugares distantes, o que fortaleceu a identidade cultural de sofrimento e sacrifício. Esta experiência produziu uma figura cultural do colonizador que era também um cativo, mais fortemente expressa na figura do Cativo Caucasiano, primeiro criado por Pushkin e depois recontado por Tolstoi, Lermontov, autores soviéticos e depois russos pós-soviéticos. A ideia base é que a Rússia sacrificou os seus melhores filhos para salvar (leia-se colonizar) os não-russos. Esta narrativa está também ligada à ideia da rússia como a “Terceira Roma”, responsável por proteger os valores cristãos e encarnar o dever moral de sofrer.

Tenho notado que os russos reivindicam frequentemente o estatuto de vítimas quando discutem história e política, como o Holodomor ou o “Renascimento Executado” na Ucrânia. Sempre que eu mencionava estes acontecimentos com os russos, eles rapidamente apontavam que também eram vítimas, como se isso fosse uma defesa útil.

“Sim, é compreensível porque muitos russos sofreram de facto. No entanto, o conceito de vitimização varia consoante o contexto. A nação ucraniana, por exemplo, enfrentou tentativas de apagar a sua literatura, pensamento e independência. Embora muitos russos, incluindo críticos do regime, tenham sido presos e sofridos sob o domínio soviético, as experiências diferem significativamente. A cultura, a língua e a literatura russas foram celebradas e preservadas, mesmo durante a era soviética. Em treze dos quinze hinos republicanos soviéticos, os não-russos tiveram de agradecer aos russos a sua felicidade. Em contraste, as culturas ucraniana, cazaque, chechena e outras culturas foram suprimidas e as suas línguas lutaram para sobreviver.

A diferença na vitimização reside não só nos números – como a morte catastrófica de 40% da população do Cazaquistão – mas também no impacto cultural mais amplo. Embora os intelectuais e os clássicos russos prosperassem, também porque os recursos estavam concentrados nas metrópoles, muitas outras culturas não conseguiram desenvolver-se de forma semelhante ou foram extintas. Esta disparidade pode ser difícil de reconhecer, especialmente quando se considera a cultura de alguém como especial e benéfica para os outros. No início da década de 1990, alguns intelectuais russos reconheceram e falaram sobre esta questão, mas tais vozes tornaram-se mais raras desde a década de 2000. O desejo de grandeza nacional ofusca, muitas vezes, a capacidade de reconhecer os outros como iguais e dignos de reconhecimento. Ainda não se sabe se isso vai mudar.”

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quarta-feira, setembro 04, 2024

Os ocupantes russos atingem o centro histórico de Lviv

Esta manhã, os ocupantes russos atingiram, com mísseis, o centro histórico de Lviv. Morreram 7 (duas crianças de 7 e 14 anos) e foram feridos 53 ucranianos. Não havia instalações militares no local — apenas um bairro residencial com edifícios antigos.


O nome deste homem é Yaroslav Bazylevych (familiar idireto do poeta ucraniano Ivan Franko). Hoje ele perdeu tudo o que havia de mais valioso na sua vida. De manhã cedo, em Lviv, os russos mataram toda a sua família: a sua mulher Evgenia, as filhas Yaryna, Daryna e Emilia.


Yaryna Bazylevych (21), gestora de programas em «Lviv — European Youth Capital 2025»

Yaroslav Bazylevych

Enquanto isso, o mundo limita-se a abanar a cabeça, profundamente preocupado. Permitindo silenciosamente que ucranianos sejam mortos, não permitindo à Ucrânia de dar uma resposta adequada aos ocupantes russos.

Ucrânia quer viver. Quer que o agressor a deixe em paz, saia do país e pare de matar os ucranianos.

Ucrânia está a pedir tanto?

O inimigo russo luta deliberadamente contra cidadãos inocentes e monumentos arquitetónicos - como convém aos bárbaros. Há muito que se sabe e hoje está mais uma vez confirmado: não existem regiões seguras na Ucrânia. A pata com garras de um invasor imprudente pode chegar a qualquer lado. A única salvação é reforçar o sistema de defesa aérea.





Ucrânia não precisa de simpatia hipócrita e de profunda preocupação - precisa de uma economia militar, onde todos os fundos dos doadores e daqueles que pagam impostos na Ucrânia deveriam ir para garantir a segurança e as necessidades militares. Precisa de produzir sistemas de mísseis e munições suficientes. São necessários aviões próprios! Precisa de permissão para atingir as bases militares dentro do país agressor, de onde são lançados mísseis mortíferos contra Ucrânia!

Ocidente, liberte as mãos ucranianas, dê a oportunidade de defender-se, iguale as hipóteses ucranianas nesta batalha! Porque assistir à destruição de uma nação e de um país no século XXI é uma prova da fraqueza da humanidade, do desamparo da civilização, onde a força vence o direito e a dignidade.

A história repete-se. Lições da Segunda Guerra Mundial

A 1 de setembro de 1939, teve início a Segunda Guerra Mundial – a maior guerra da história da humanidade, que ceifou a vida a milhões de pessoas e deixou uma marca indelével na história mundial. Oitenta e cinco anos se passaram. Parece que o mundo ainda não aprendeu as lições desta tragédia, que é proporcionada pela actual situação geopolítica, em particular, pelas acções da rússia moderna.

A história da Segunda Guerra Mundial mostra que as concessões e as tentativas de satisfazer as ambições agressivas dos ditadores não podem parar a guerra. “Se tivesse de escolher entre a guerra e a vergonha, e escolhesse a vergonha, então obtê-las-ia”, disse Winston Churchill. Esta lição é mais relevante hoje do que nunca. A expansão agressiva de Adolf Hitler foi justificada pela ideia da superioridade nacional e do excepcionalismo da Alemanha nazi. A rússia moderna, sob a liderança de Vladimir Putin, utiliza os mesmos métodos, justificando a sua agressão com mitos sobre “restaurar a justiça histórica” e “proteger a população russófona”.

É muito mais fácil parar uma agressão logo no início, antes de o agressor se tornar mais forte e se adaptar às novas condições. Foi exatamente isso que os Aliados fizeram durante a Segunda Guerra Mundial, decidindo-se pela rendição incondicional da Alemanha nazi. Esta determinação ajudou a evitar mais vítimas e destruição. Hoje, o mundo enfrenta um desafio semelhante: como travar a agressão da rússia, que procura restaurar a sua influência na Ucrânia, no espaço pós-soviético e não só, utilizando a força militar e a propaganda.

A rússia moderna, apresentando-se como herdeira dos vencedores da Segunda Guerra Mundial, repete paradoxalmente os mesmos erros que outrora conduziram o mundo a uma catástrofe global. A retórica russa acusa frequentemente outros países de “fascismo”, mas, na prática, o regime do Kremlin foi sobretudo agido como um regime fascista no passado. A rússia, tal como a Alemanha nazi, utiliza activamente a propaganda para justificar as suas acções e suprimir a oposição interna.

Pouco antes do trágico aniversário do início da Segunda Guerra Mundial, a rússia demonstrou mais uma vez a sua agressividade ao lançar um bombardeamento maciço contra civis em Kharkiv, a 30 de agosto de 2024. Pelo menos oito pessoas foram mortas, mais de uma centena ficaram feridas, incluindo mais de 20 crianças. Entre as vítimas estava uma rapariga de 14 anos, além de uma jovem artista que enviou a sua última fotografia a uma amiga uma hora antes de morrer. Os russos continuam a destruir o futuro da Ucrânia, procurando matar as esperanças e os sonhos da próxima geração. Estas ações podem ser comparadas ao genocídio, pois visam destruir a vida cultural e espiritual do povo.

Além disso, tal como a Alemanha nazi, a rússia moderna está a tentar mudar a identidade das crianças ucranianas, utilizando-as para as suas necessidades militares. Nos territórios temporariamente ocupados (TOT) da Ucrânia, as autoridades russas impõem o seu próprio currículo escolar com elementos de propaganda. Isto inclui uma nova disciplina, “Fundamentos de Segurança e Defesa da Pátria”, para alunos dos 8 aos 10 anos e poemas lamentando a “operação militar especial” para crianças pequenas. Trata-se de uma violação grave do direito internacional humanitário, que proíbe o Estado ocupante de fazer alterações injustificadas ao currículo e proíbe qualquer forma de militarização das crianças.

A Rússia envolve ativamente as crianças TOT ucranianas nas suas atividades militar-patrióticas, procurando impor-lhes uma identidade russa e prepará-las para o serviço no seu exército. Para este efeito, a organização juvenil Yunarmiya foi criada na rússia com a missão de preparar as crianças enquanto jovens para oito anos de serviço militar e educá-las no espírito de lealdade ao Estado. É importante notar que o Yunarmiya recruta ativamente crianças ucranianas do TOT da Ucrânia. A sua participação nesta organização é uma ferramenta de militarização e de mudança forçada da sua identidade, o que viola os seus direitos e contradiz as normas internacionais, proibindo a utilização de crianças para fins militares e qualquer forma de assimilação forçada. Esta abordagem faz lembrar os métodos utilizados pela Alemanha nazi, onde a organização juvenil de Hitler criava as crianças no espírito de lealdade ao regime nazi e as preparava para o serviço militar. A participação forçada de crianças em tais organizações viola normas e direitos internacionais, em particular, a Convenção sobre os Direitos da Criança, que proíbe categoricamente a utilização de crianças em hostilidades e qualquer forma de mudança forçada da sua identidade.

Segundo o Procurador-Geral da Ucrânia, mais de 19,5 mil crianças ucranianas foram deportadas ilegalmente desde o início da invasão russa em grande escala. Segundo várias estimativas, o número total de crianças dadas como levadas para a Rússia chega às 700 mil. A deportação forçada e a subsequente russificação das crianças ucranianas são vistas como parte de uma política que visa destruir a identidade ucraniana.

Tais medidas violam as normas internacionais, em particular a Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, uma vez que alteram completamente a identidade cultural e nacional das crianças. A rússia cria também obstáculos ao regresso destas crianças à sua terra natal, alterando a sua cidadania, transferindo-as para famílias russas e limitando a sua capacidade de regressar à Ucrânia.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de detenção para Vladimir Putin e Maria Lvova-Belova por alegados crimes de guerra relacionados com a deportação ilegal de crianças ucranianas dos territórios ocupados da Ucrânia para a rússia. As suas ações foram condenadas pela comunidade internacional, incluindo a ONU, o Conselho da Europa, a OSCE e os países do G7. É importante levar os responsáveis ​​à justiça e prosseguir os esforços da comunidade internacional para devolver todas as crianças ucranianas deportadas ilegalmente pela rússia.

A posição da comunidade internacional deveria ser tão decisiva como o foi durante a Segunda Guerra Mundial. Para evitar novas agressões e violações do direito internacional, é necessário manter-se firme nos princípios de protecção da soberania e da integridade territorial. A capitulação incondicional da Alemanha de Hitler mostrou que os compromissos com os agressores não trazem paz a longo prazo. Hoje, mais do que nunca, é importante travar a agressão antes que esta se descontrole e provoque vítimas ainda maiores.

Oitenta e cinco anos desde o início da Segunda Guerra Mundial, o mundo deve recordar as lições da história. A reconciliação com o agressor, a indiferença e as tentativas de “apaziguar” os ditadores só conduzem a tragédias maiores. A rússia de hoje, ao declarar o seu direito de restaurar a justiça histórica, está a repetir os mesmos passos que levaram o mundo à catástrofe no passado. A comunidade internacional deve unir-se e opor-se firmemente a quaisquer tentativas de revanchismo e agressão, a fim de manter a paz e a segurança para as gerações futuras. 

terça-feira, setembro 03, 2024

Os bombardeamentos russos de Kharkiv novamente atingem civis

31 de agosto e 1 de setembro - os dias em que Kharkiv sofreu poderosos ataques com rockets e bombas contra instalações civis - edifícios residenciais, um centro comercial, um complexo desportivo e outras instalações de infraestruturas civis.

A rússia está a recorrer à táctica de destruir as grandes cidades para enfraquecer o potencial industrial da Ucrânia e levar a população à emigração, criando deliberadamente um colapso energético, alimentar e humanitário.

Como sempre, há um certo simbolismo nos duros ataques russos. O dia 1 de setembro é um dia alegre, amável e festivo, o início de um novo ano letivo.

A rússia está a tentar não só matar fisicamente o maior número possível de ucranianos, mas também destruir o património cultural no território da Ucrânia, os códigos culturais, as tradições históricas e as prioridades para o futuro.

Os parceiros da Ucrânia deveriam compreender que as acções da rússia na Ucrânia são uma guerra total para destruir uma nação inteira, bem como um duro «treino» na organização de guerra nas grandes cidades.

A estratégia de “observação” pode falhar. A destruição das grandes cidades levará ao abalo de todos os sistemas de defesa e segurança do continente.

Qualquer cidade europeia pode actualmente enfrentar uma guerra deste tipo. Esta é uma guerra levada a cabo por métodos combinados para destruir não só e não tanto as instalações militares-industriais, mas também a transformação propositada de grandes territórios em terrenos baldios impróprios para a vida.

Obviamente, uma tal estratégia de destruição bárbara da civilização urbana exige respostas sistémicas.

O Ocidente deve actualizar os seus princípios de defesa e as plataformas de armas.

Ucrânia precisa desesperadamente de soluções técnicas e tecnológicas para proteger a fronteira e as suas cidades.

A sistematização da obtenção de armas junto dos parceiros deveria ser a mesma que a sistematicidade dos bombardeamentos russos.

As promessas relativas ao fornecimento de armas, sistemas adicionais de defesa antiaérea/antimíssil e, mais importante, a proibição existente de ataques com armas de longo alcance contra alvos na rússia, custam diariamente a vida aos ucranianos.

A guerra deve ser devolvida ao território da federação russa. Os aeródromos russos de onde são lançadas bombas e mísseis devem ser destruídos.

É necessário encontrar soluções tecnológicas para combater as bombas aéreas guiadas.

Obviamente, este deveria ser um assunto coletivo. O Ocidente deve aprender a defender-se e a melhorar a defesa das cidades, em particular das cidades-chave. Além disso, o princípio das ações conjuntas deve ser alargado à defesa das cidades ucranianas

A nova face do novamente executado renascimento ucraniano

«Olhar da realidade»
A pintora ucraniana Verónica Kozhushko (18) vivia em Kharkiv, onde desenhava e sonhava, até que dias atrás foi morta por um míssil russo... 

Uma hora antes da sua morte, em consequência do ataque russo a Kharkiv, a artista Veronika Kozhushko, de 18 anos, enviou um desenho seu ao poeta ucraniano Serhii Zhadan. Desenhava frequentemente ilustrações para versos dos seus poemas.

«Qual é o sentido de tudo isto sem a nossa dor e a frustração?» (S. Zadan)
«A Luta»


O seu último desenho

Com poeta Serhii Zhadan

«O que vais levar, pequeno caracol, quando saíres de uma casa em chamas?»

“O coração deve ser inundado de sangue e destilar, destilar”... (S. Zhadan)


«O estado mental»

«Estou à aguentar»

«O Esgotamento»


«Em breve, tudo acabará»
Memória brilhante de Verónica. Deixem os desenhos dela viverem, ao menos aqui, na Internet...