domingo, maio 31, 2015

A vida da Ucrânia ocupada em fotografias

A vida do jovem africano está fora do perigo, os "militantes antifascistas" estão de bom humor e apenas pretendem tirar uma divertida foto de cariz "antinazi"...
A vida é mais forte do que tudo o resto, e como tal, existe a vida nos territórios da Ucrânia ocupada, nas ditas “repúblicas populares”, conhecidas pelas siglas de dnr/rpd e lnr/rpl. No momento em que na frente da batalha nota-se uma relativa calmaria, e o cidadão médio tem a memória curta, muitos pensam: “há duas semanas sem combates, então estamos em paz”. 

Os moradores de Donetsk contam que os separatistas se tornaram menos histéricos e menos nervosos. Por exemplo, eles já não andam à caça dos “corretores de fogo”, que alegadamente estavam espalhar os “sinalizadores eletrónicos”. Anteriormente todos eram o alvo da suspeição terrorista, mas principalmente, vocês vão se rir, os ciclistas.   
Os alunos das escolas receberam as prendas: t-shirts com símbolos soviéticos e alguns doces...
Os separatistas não têm nada para fazer, e por isso telefonam aos ucranianos, que conheceram nos seus cativeiros e perguntam:

Então, quando é que começa o 3º Maydan?
Vós venceremos e logo iremos para Kyiv. Mas vocês dificultam as coisas, que praga. 

Este diálogo é real, no último ano muitos estabeleceram este tipo de contactos, graças à troca dos prisioneiros. 
Placa numa loja de Luhansk: "não deixamos os cigarros à noite, não percam o tempo"
Luhansk: "Materiais de construção e ferramentas não temos. Não temos nada de valor"
A polícia nas ditas “repúblicas populares” é bastante parecida com a velha polícia ucraniana, pois é a mesma. Eles não andam atrás dos criminosos reais, e nem tocam nas pessoas em fardamentos camuflados, para não levar com a bala. 
Arte monumental à soviética...

De tempo-à-tempo nos territórios ocupados se dão as explosões fortíssimas, parecidas com as explosões dos depósitos de munições. Matam apenas os russo-terroristas, não afetando os bairros residenciais, por isso não são alvo de nenhuma divulgação. São obras das unidades insurgentes ucranianas e da artilharia de longo alcance e de altíssima precisão.


Os separatistas permanentemente contam as estórias: num determinado sítio atiraram contra eles um pacote explosivo, no outro abateram a sua patrulha. Por vezes surgem os sentimentos locais de pânico, após uma ação ucraniana na sua retaguarda, os separatistas pensam, que chegou o seu fim, começou a ofensiva ucraniana. Mas ofensiva não começa e eles rapidamente se acalmam...
"Luhansk é Ucrânia"
DNR são cabrões - escumalha armada! DNR - feiosos.
Os patriotas ucranianos espalham pela cidade os cartazes pró-Ucrânia, deixam as frases antiterroristas nos locais públicos.
"Ucrânia Unida!"
 
Os “intelectuais” da dnr/rpd se dedicam à dilação. O jornalista de Donetsk, Oleg Podoprikhin, que trabalhou e talvez continua à trabalhar para o canal televisivo ucraniano “Inter”,  colocou no seu FB as fotos dos jornais da parede, feitas numa escola de Donetsk, dedicados à II G.M., com o símbolo de papoila, ou seja, um símbolo “ucraniano”. O “jornalista” escreve: “publico especialmente para o MGB (a secreta dos terroristas) e para o Ministério de Educação”. (E nos dissemosa guerra irá terminar um dia, mas não deveremos esquecer os canalhas).
Oferta de alimentos no bazar: os preços em UAH e alguns em UAH e rublos...
Nas lojas e no bazar há muita mercadoria russa que é cara e de má qualidade (na sociedade ucraniana existem duas visões antagónicas sobre esta questão: bloquear a fronteira totalmente e não permitir a penetração dos fornecimentos ou continuar o comércio com os territórios ocupados. Ambas apresentam argumentos válidos e ambas possivelmente são válidas, dependendo do futuro real dos territórios ocupados).
Vodka barata: a arma de eleição dos ocupantes
Todos os moradores das “repúblicas populares” são salvos apenas pela Ucrânia, para onde eles viajam para comprar a comida boa e mais barata, para comprar os medicamentos, receber as pensões, usar os ATM, fazer os exames nas universidades e resolver outras situações que não conseguem tratar nas “repúblicas imaginárias”. Ninguém queima os documentos de identificação ucranianos, pois é a única possibilidade de receber os frutos da civilização, por vezes é a única maneira de sobreviver, principalmente para os reformados.
Fila de viaturas para entrar na Ucrânia, arredores de Horlivka
O emprego formal é muito raro, fora da colaboração com as estruturas dos ocupantes e sem precisar de correr, de um lado para outro, com a pistola automática ao pescoço. Mesmo o emprego não garante o salário, alguns trabalham no esquema “comida pelo trabalho”.
"Ação!!! Na entrega do metal, a oferta é de um cabaz alimentar.
PARTICIPA E GANHA!"
A ajuda humanitária da fundação do Rinat Akhmetov continua à chegar até Donetsk. A “ajuda humanitária” russa só é vista nos armazéns, ela não é distribuída às populações.
As cidades de Donetsk e Luhansk recebem uma certa atenção da administração dos ocupantes, mas as pequenas vilas e cidades estão desesperadas, entrando na idade de pedra e na auge do apocalipse. Por exemplo, os pontos de receção e reutilização do metal, pagam a mercadoria entregue em alimentos. O metal é depois usado nas fábricas que pertencem ao Rinat Akhmetov...
Cabaz alimentar da ajuda humanitária do Rinat Akhmetov
Embora Akhmetov fechou em Donetsk a sua rede dos supermercados “Brusnitchka”, muitos outros negócios na região continua nas suas mãos. As forças russo-terroristas não interferem com o poder dos oligarcas locais, pelo contrário, os defendem. O poder civil continua nas mãos dos antigos burocratas que foram colocados nos seus postos pelo regime ucraniano deposto, eles prestam a vassalagem aos mesmos oligarcas. Os simplórios da dnr/rpd e lnr/rpl morrem no terreno e rasgam os cús na Internet unicamente para lhes garantir a mão de obra barata, as matérias-primas e a possibilidade de continuar com os esquemas que no passado lhes rendiam os biliões. 

Os moradores de Donetsk provam com as suas fotos que a cidade está praticamente deserta, apesar das tentativas dos propagandistas russo-terroristas de provar que “Donetsk está cheia de vida”. Quem podia foi embora, muitos para Ucrânia, os restantes tentam não sair às ruas sem uma real necessidade. Para tentar demostrar a alegada vida “pujante” sob a sua ocupação, os ocupantes fotografam os mercados, os nós de transporte ou festas com a entrega gratuita da comida.  
A casa de câmbio e casa de penhoras protegidas pela barricada dos sacos de arreia...
Fonte e 50 fotos:
http://pauluskp.com/news/64ee33bdc

sábado, maio 30, 2015

Mikheil Saakashvili é novo líder regional de Odessa

Fotografia © REUTERS / serviço de imprensa do Presidente da Ucrânia, @Mykola Lazarenko
O presidente da Ucrânia, Petró Poroshenko, nomeou o ex-presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili (1967), como o novo chefe da Administração regional de Odessa. O Decreto presidencial sobre a nomeação já foi publicado na página presidencial.
Poroshenko e Saakashvili em Odessa
Apresentando a sua escolha, o presidente ucraniano chamou Saakashvili de “pessoa que faz do impossível – possível”. No twitter presidencial do presidente Poroshenko foi escrito na madrugada do dia 30 de maio corrente ‎@poroshenko: 

Na Ucrânia não haverá o poder dos oligarcas. Haverá disciplina! São as tarefas que coloco perante o novo chefe da administração regional de Odessa, Mikheil Saakashvili. 
Nas vésperas, no dia 29 de maio, Mikheil Saakashvili recebeu a cidadania ucraniana, o respetivo decreto foi assinado no dia 29 de maio. No seu texto, a atribuição extraordinária da nacionalidade ucraniana justifica-se pelo facto de que “a personalidade, que foi aceite na cidadania da Ucrânia representa o interesse estatal ao país”, informa Hromadske.tv.

Fotos @twitter.com/poroshenko

Na conversa com o jornalista ucraniano, Yuriy Butusov, Mikheil Saakashvili mostrou que encara a situação da sua nomeação absolutamente realisticamente:

Eu entendo que de mim irão esperar o milagre e as espectativas são muito altas. Eu entendo a minha responsabilidade. Entendo que os poderes do chefe da administração estatal são pequenos, e a responsabilidade pela região é enorme. A questão-chave são os quadros. A qualidade das pessoas determina o resultado. Encaro esta chamada com a toda a seriedade, e farei tudo para garantir que as pessoas tenham confiança no sucesso, para garantir que os melhores e dos melhores princípios queiram colaborar. Sim, eu compreendo o quão importante é ter coordenação e interação com todos os ramos do poder. A corrupção nas estruturas da lei e ordem à todos os níveis na região de Odessa receberá o mais rígida avaliação. Os corruptos em quaisquer das estruturas de poder regional serão retirados, independentemente do qual serviço eles servem. As reformas não são possíveis sem a confiança da sociedade. E essa confiança não é possível se existir o mínimo indício de corrupção. Vamos trabalhar. Nos primeiros dias eu tomarei a posse, não vou atrasar a tomada de decisões”.

Conferir a visão portuguesa dos acontecimentos do jornal Diário de Notícias.

Blogueiro 

Na blogosfera ucraniana a decisão do Petró Poroshenko é encarada como a colocação da região de Odessa sob o controlo estatal mais efetivo (Mikheil Saakashvili substitui o homem de confiança do oligarca ucraniano Igor Kolomoysky), daí as palavras presidenciais sobre oligarcas e disciplina. Por outro lado, os blogueiros recordam a frase do Athos, herói literário dos “Três mosquiteiros”: “é demasiado para Athos, é muito pouco para o conde de La Fére”, argumentando que a nomeação atual é apenas um passo para os voos mais altos, talvez para que no futuro próximo Mikheil Saakashvili possa ser nomeado o novo Primeiro-Ministro da Ucrânia. Em qualquer dos casos, só o futuro dirá quem é que teve a razão.
Saakashvili com mãe e avó durante o SMO na Transcarpátia ucraniana em 1986
E para informar os menos informados sobre a ligação do Mikheil Saakashvili com Ucrânia: Saakashvili fez o serviço militar no exército de guarda-fronteira soviética na região de Transcarpátia ucraniana em 1986; em 1992 foi graduado pela Universidade Nacional de Kyiv “Taras Shevchenko”, fala a língua ucraniana.

Os militares russos afinal são “mercenários”

Foi conhecida a posição oficial da federação russa no caso dos dois seus militares do GRU, capturados em combate na Ucrânia no último dia 16 de maio (ler e ler): os militares são “mercenários” e “polícias” dos terroristas de Luhansk. 

A posição foi divulgada pelo Kostiantyn Kravchuk, o advogado do sargento Aleksandr Aleksandrov, citando o cônsul da FR na Ucrânia, Aleksey V. Gruby, que disse no encontro com os advogados do Aleksandr Aleksandrov e Yevgeny Erofeev que Rússia os considera como “mercenários” e “polícias da lnr/rpl”. 

Kostiantyn Kravchuk contou que ele e advogada do Yevgeny Erofeev, Oksana Sokolovska, tiveram um encontro com cônsul no dia 28 de maio, cerca das 17h00, hora de Kyiv. No encontro, o cônsul reiterou a posição oficial russa do que: “estes militares, que tiveram o contrato expirado (com exército russo) em dezembro de 2014 são mercenários e não tem nada em comum com o exército russo”, – explicou Dr. Kravchuk.
Cônsul russo durante a visita no hospital
Advogado ucraniano também informou, citando o cônsul, que Rússia faz todos os possíveis para não permitir a saída destes “mercenários” fora dos domínios das ditas “dnr/rpd” e “lnr/rpl”, pois nas palavras do diplomata russo isso “prejudica a imagem da Rússia”. 

O cônsul Aleksey V. Gruby também prometeu que irá visitar Aleksandrov e Erofeev no hospital e tentará garantir os contactos com as suas famílias. O cônsul até prometeu fazer todos os possíveis para que os seus familiares pudessem visitar Kyiv. 
O jornalista russo, Pavel Kanygin, visitou os dois militares detidos no hospital e falou com ambos sobre os seus planos, medos e esperanças (FONTE): 

O sargento Aleksandr Aleksandrov tem esperança não ficar preso na Ucrânia, ele conta que o cônsul que os visitou disse: “para não ficar preocupados, Rússia não se esqueceu de nós. Rússia irá nos ajudar e mesmo se seremos condenados, isso não será por muito tempo”. Ao mesmo tempo, Aleksandrov espera não ficar condenado e não ficar na cadeia, pois como disse “não gostaria de ser terrorista”. 

O capitão Yevgeny Erofeev pretende: “com ajuda do advogado, requalificar as acusações conta si de terrorismo para a espionagem”, sem outros comentários sobre o caso. O capitão Erofeev conta a conversa com o cônsul sobre a sua situação:

“Ele (cônsul) fez me as perguntas simples processuais. Eu também lhe fez as perguntas, ele as apontou. Prometeu vir daqui à uns dias, responde-las de alguma maneira. A pergunta principal, claro, é sobre a minha família. E claro, sobre o artigo (do Código Penal da Ucrânia) que me incriminam – o terrorismo”, explicou Erofeev.

Ambos os militares estão tratados no principal hospital clínico do Ministério da Defesa da Ucrânia, onde estão sendo guardados pelo destacamento “Alfa” do SBU e pelos militares das FAU. Os dois foram capturados em combate no dia 16 de maio nos arredores de Schastia na região de Luhansk pelos militares da 92ª Brigada motorizada especial móvel e pela unidade especial do SBU. Em resultado do combate, morreu um militar ucraniano, dois militares e um operativo do SBU foram feridos. Os militares russos também foram feridos, um na mão, outro na perna.

No dia 18 de maio foram tornados públicos os depoimentos dos militares russos, que são acusados ao abrigo do artigo 258, parte 3 do CP da Ucrânia, “participação nas atividades terroristas”. No dia 22 de maio a sua prisão foi oficializada pelo tribunal ucraniano; no dia 26 de maio eles receberam a primeira e até agora última visita do cônsul russo.

Fontes:
http://rus.newsru.ua/ukraine/29may2015/russia_terroristu.html
http://www.novayagazeta.ru/society/68593.html

sexta-feira, maio 29, 2015

RIP major-general Serhiy Kulchytskiy

Um ano atrás, no dia 29 de maio de 2014, nos arredores de Sloviansk os bandos russo-terroristas abateram o helicóptero Mi-8, na queda do qual morreram 6 militares do grupo especial do Ministério do Interior da Ucrânia (ex-destacamento “Berkut”) de Ivano-Frankivsk e 6 militares da Guarda Nacional da Ucrânia. Com eles morreu o major-general Serhiy Kulchytskiy... 

O grupo voltava para casa após semanas de combates pelo controlo da colina Karachun, que abrigava a torre de televisão e de telecomunicações, defendida pelas forças ucranianas. Hoje, um ano depois, é possível contar que este foi o segundo helicóptero do general, abatido pelos terroristas. Os pilotos conseguiram a aterragem de emergência do primeiro, toda a sua tripulação chegou salva às posições ucranianas. 
General Kulchytskiy era uma pessoa exigente, mas cortes. Ele se empenhou muito nas primeiras semanas de reconstrução da Guarda Nacional da Ucrânia (NGU) e na incorporação nas suas fileiras dos batalhões voluntários. A sua morte se deu pela Ucrânia, assim como de todos os jovens militares que morreram com ele, nas batalhas pelo Sloviansk, hoje uma pacífica cidade ucraniana.
Monumento do general Kulchytskiy em Lviv
E não foi por acaso que o 1º e 2º batalhões dos voluntários de reserva da NGU se juntaram numa das unidades mais combativas da Ucrânia: “Batalhão da Guarda Nacional Kulchytskiy”, escreve na sua página do Facebook o ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov.

Bónus

As fotos e o diário de Donbas do fotógrafo ucraniano Vasily Maximov:
http://stampsy.com/user/39344/latest/15602

terça-feira, maio 26, 2015

Bar “Karatel” inspirado na propaganda russa

No início de maio corrente, em Kyiv foi aberto o bar-restaurante Karatel (punidor-carrasco), inspirado no seu design na propaganda russa, na sua visão e descrição destorcidas da realidade das unidades voluntárias ucranianas e das forças armadas da Ucrânia em geral. A comida é ucraniana e internacional, os preços são simplesmente fantásticos, nenhum prato custa mais que 200 UAH (10 USD).
A trollagem está mesmo na ementa, pois “Karatel” oferece “Dom-fafes grelhados” (codorniz grelhado, 100 UAH), “Pessoas educadas” (pernas de rã, 90 UAH), “Miliciano na grelha” (salmão grelhado, 95 UAH), “Berkut na grelha” (peito de frango), “Bandera cínico” (sanduíche clássico com o presunto), sobremesa “Pensionista da Crimeia” (panquecas do queijo com nata), “O que se passa lá com os ucranianos?” (prato com toucinho, alho e croûtons).
Dentro do bar existe o “local de estacionamento para os escravos” (com algemas e outros acessórios BDSM), um “altar nacional” dedicado ao Stepan Bandera e karaoke patriótico, com a permissão de cantar as canções dos que apoiaram e apoiam a invasão russa, tudo pela módica quantia de 250 USD.
"Estacionamento para os escravos"
O cofundador do estabelecimento, Yevhen Vasiliev, explica que a ideia do bar amadureceu durante cerca de meio ano, após verificar que na cidade de Kyiv não existe nenhuma local onde poderiam se encontrar os voluntários, combatentes da OAT, artistas e simplesmente patriotas da Ucrânia.
 
O bar oferece os descontos de 15% aos militares da OAT e também pretende apoiar as forças ucranianas financeiramente: «agora estamos decidir se será uma ajuda personalizada à unidade, onde estava combater um dos nossos, ou será uma ementa na forma de souvenir que os clientes poderão comprar, com os fundos canalizados à ajuda aos militares ucranianos», — explica Vasiliev (fonte e fotos).

A jornalista Laetitia Peron da agência francesa AFP foi conhecer o local e os seus proprietários e clientes mais de perto.
Altar ficcional ao Stepan Bandera
O título do menu: “Viva a Junta” e as caricaturas ao Vladimir Putin à imitar Hitler são alguns dos gags mais benignas de um novo bar em Kyiv, lotado todas as noites. Inaugurado este mês, o bar “Karatel”, cujo nome pode ser traduzido como “O Punidor”, oferece uma visão gastronômica de todas as principais clichês da propaganda russa sobre a guerra da Ucrânia com as forças russo-terroristas no leste do país.
"Punidor: local do propósito espacial"
Os proprietários, alguns deles veteranos do exército ucraniano, dizem que o seu humor negro é inofensivo e que ajuda as pessoas afetadas pelo conflito se sentir à vontade. Mas servindo novidades como o salmão “separatista grelhado” e peito de frango “Berkut grelhado”, uma referência à unidade de polícia, acusada ​​de dispersar com brutalidade os manifestantes pró-ocidentais na Maydan em 2014 – o bar empurra descaradamente os limites do politicamente correto.

Quando entram no “Karatel”, os clientes são convidados à deixar algemados os seus “escravos” na porta, em uma referência à uma reportagem na televisão russa, à afirmar que Kyiv oferece dois escravos para cada militar que luta contra os terroristas pró-Moscovo.
“Todas essas coisas engraçadas no restaurante são inspirados nas histórias falsas usadas pela campanha de desinformação da Rússia”, disse o gerente do bar Igor Pylyavets (29), convocado ao exército da Ucrânia e sofrendo um ferimento grave no verão de 2014 no cerco de Ilovaysk. Pylyavets explica que ele e os seus amigos não poderiam fazer nada, à não sendo rir pela designação russa dos soldados ucranianos como “punidores”, que pretendiam “estripar a população do leste da Ucrânia”.

“Nós rimos e é assim que nós decidimos chamar o nosso bar, criando um lugar onde as pessoas que passaram por guerra estão confortáveis”, – explica ele.
Sempre cheio

O grupo de amigos procurou a ajuda do cozinheiro-chefe francês Andre Pettre (60), que acredita que o bar é um sucesso porque apela à curiosidade das pessoas. Pettre compara o humor sarcástico negro do bar ao estilo de revista francesa “Charlie Hebdo”. “Desde que abrimos, nós estamos sempre cheios”, disse Pettre, que já havia trabalhando no mesmo local, quando aqui abriu “Claude Monet”, um restaurante francês.
Uma das bandas cujas músicas são mais tocadas aqui é “Okean Elzy”, que foi muito ativa durante a Revolução Laranja de 2004-05 e nos protestos da Maydan de 2013-14. Na sua decoração o bar misturou as paredes em tons de creme e toalhas de mesa elegantes com as cartazes do regimento “Azov”, a rede de camuflagem no lugar das cortinas e as camisetas do exército, usados ​​pelos barmans e garçons.

Com o conflito em Donetsk e Luhansk arrastando no seu 14º mês, muitos cafés agora fazem as referências à guerra e da anexação de Moscovo à península ucraniana da Crimeia, ocorrida em março de 2014. Mas “Karatel” é o primeiro bar em Kyiv à se concentrar inteiramente no tema da Operação antiterrorista (OAT) no leste da Ucrânia, disse Pylyavets.
“Algumas pessoas criticam-nos, porque acham que não é o momento certo para fazê-lo, durante a guerra. Mas é o momento certo. Nós não estamos atacando ninguém e nós não atiçamos nenhum ódio. Nós só estamos rindo”, disse ele (fonte e fotos).
http://karatel.kiev.ua
Visitar: Kyiv, rua Turgenevska № 25 (a entrada do estabelecimento);
Funcionamento: das 11h00 à 1h00

Pensar: Polina Gagarina: “A Million Voices”:

segunda-feira, maio 25, 2015

Ucranianos: NATO, União Europeia e corrupção *

http://www.iri.org/resource/first-ever-iri-ukraine-national-municipal-poll-ukrainians-deeply-concerned-over-corruption
O Instituto Internacional Republicano (IRI), uma respeitada ONG americana, acaba de anunciar os dados de um estudo de opinião massificado, conduzido em 22 cidades da Ucrânia, envolvendo mais de 17,000 respondentes (800 por cada região), para perceber a sua atitude sobre a política, corrupção, economia, NATO, União Europeia, Rússia, e diversas outras questões importantes. De fora ficaram as cidades de Lugansk, Donetsk e toda a Crimea. 

por: Mark Adomanis (o texto é apenas o resumo do artigo original)

Até que ponto Ucrânia atualmente é “incrivelmente dividida”?

O que mostra a realidade? Ao nível nacional, 57% dos respondentes votariam “sim” para aderir à União Europeia (apenas 13% escolheriam a “União Aduaneira” pró-Kremlin), quando 47% votariam “sim” para aderir ao NATO, contra 29% que votariam “não”.
As maiores diferenças regionais se manifestam na questão de aderência ao NATO, 51% das respostas “não” em Odessa e apenas 4% em Lviv. Quando à aderência à UE, enquando em Odessa, Kharkiv e Mykolaiv o número dos que desejam entrar na UE é de 30%, na região de Ternopil os sentimentos pró-Europa somam 92%.

Tudo isso, com praticamente nenhuma diferença estatística entre os ucranianos que falam ucraniano e os que falam russo, de acordo com Stephen Nix, o chefe do programa Euroasiático do IRI.
Será que Ucrânia é dividida? Sim. Mas muito menos do que anteriormente.

* O título do artigo é da responsabilidade deste blogue.

Ler o texto integral em inglês:
“The International Republican Institute Just Released A Fascinating Poll On Ukraine”
http://www.forbes.com/sites/markadomanis/2015/05/20/the-international-republican-institute-just-released-a-fascinating-poll-on-ukraine

domingo, maio 24, 2015

Estreia da série “A Guarda”: ver online

O nosso blogue já falou sobre a produção da nova série ucraniana A Guarda, passando 6 meses, no último dia 23, o canal ucraniano 2+2 finalmente fez a sua estreia oficial, demonstrndo os primeiros quatro capítulos da série.

A trama começa na Ucrânia no início de 2014. A Revolução de Dignidade triunfou, a liderança do antigo regime foi escorraçada e fugiu do país, mas Ucrânia teve que enfrentar um novo inimigo: a agressão militar da vizinha Rússia. O parlamento ucraniano anuncia a restauração da Guarda Nacional da Ucrânia (NGU) e os primeiros voluntários se dirigem aos treinos, vindos diretamento da Maydan.
Cada um deles têm a sua própria motivação de ir à guerra. Eles têm as diferentes idades, provêm dos meios sociais diversos e até divergem nas suas origens étnicas. O voluntário “Tártaro” vem da Crimeia, “Duque” é de Odessa; “Vuyko” é de Transcarpátia; o empresário “tio Guram” é de Kyiv. Entre os voluntários também temos o “Tenente”, o ex-polícia do destacamento “Berkut” e a jovem franco-atiradora “Nata” (diminuitivo da Natália), entre outros. O papel principal cabe ao “Ded” (Velhote), o ator, músico e DJ ucraniano Alexey Gorbunov (ver mais).

Ver integralmente os primeiros 4 capítulos da série:

Também aconselhamos o trabalho do grupo Antitela (Anticorpos) e a sua composição “Ucrânia não será quebrada” (Antitela ft. Nezhalezhniy-Independente):

“Sombras” ucranianas liquidam os terroristas (4)

O líder dos insurgentes ucranianos do agrupamento “Tini” (Sombras), Alexandr Gladky, informa que o terrorista Aleksey Mozgovoy do bando “Prizrak” foi liquidado pelas forças ucranianas, após escapar a última tentativa de sua eliminação, ocorrida em 7 de março de 2015. 

Mozgovoy foi atingido à distância pelas duas (minas) MON-50, cerca das 18h48, nos arredores da vila Mykhaylivka, no cruzamento da autoestrada Perevalsk – Luhansk. Se locomovia desde a localidade de Stakhanov. No momento de explosão juntamente com Mozgovoy morreram 3 pessoas, outros três foram abatidos com auxílio dos dois (pistolas-metralhadoras) AK, calibre 7,62. 

“... Os MON funcionaram simultaneamente, o empacto principal se deu atrás do lado direito, onde estava sentado Mozgovoy ... foi logo atingido pela explosão mas ainda grunhia, demos duas rajadas deixou de grunhir...”

“... jeep Toyota, cor caqui, vidros fumados ... (explosão) funcionou atrás, no eixo da trás, apenas os três da frente sairam, nós os abatemos, pode ser que havia mais corpos dentro da viatura, por isso informam que juntamente com Mozgovoy morreram 7 pessoas, mas eu contava do meu lado, ele (Mozgovoy) era bem visível, o resto eram apenas a massa triturada...

Havia viatura jeep Chevrolet de acompanhamento, ficou para trás e não saiu atrás da curva. Nós saimos logo, perto está uma vila e de lá avançaram os prussianos (russos), eles estão aquartelados lá, uns 100 pessoas... Retiramo-nos em direção da vila Lotykovo, depois demos um círculo e através da vila ...

Sabe-se que os terroristas já anuniaram a recompensa de 300.000 dólares pelas cabeças dos insurgentes (avaliação baixa, diz Gladky) e 100.000 dólares pela informação sobre os mesmos. O valor que deveriam depositar no Fundo da Defesa da Ucrânia. Disseram, devem pagar, pois Donbas se promete cumpre?!)), (brincou Gladky: FONTE).

Glória à Ucrânia

Sabe-se que os terroristas nomearam Yuri Shevchenko como o novo comandante do bando “Prizrak” e um tal Pyotr Biryukov, como o seu vice-comandante (vídeo da autoria dos terroristas). Sabe-se também que o triunvirato dos terroristas que, de momento, encabeçou o bando “Prizrak” (Fantasma) querem lhe dar o nome do Mozgovoy. Nesta ótica a unidade passará se chamar “brigada Prizrak Aleksey Mozgovoy”, ou seja “brigada Fantasma do Aleksey Mozgovoy”. E depois ainda dizem que não há nenhum problema mental entre os terroristas...

sábado, maio 23, 2015

Ciborgue Oleh Kuzminykh libertado e condecorado

O comandante do 90º Batalhão da 81ª Brigada das FAU, tenente-coronel Oleh Kuzminykh foi libertado do cativeiro terrorista, 124 dias após a sua captura nas imediações do aeroporto de Donetsk, quando em 20 de janeiro de 2015, a unidade por si comandada se desorientou naquela área num fortíssimo nevoeiro. 
O presidente da Ucrânia, Petró Poroshenko condecorou o coronel Kuzminykh com a ordem militar “Pela Bravura” do 3º Grau. Sabe-se que a sua libertação do ciborgue foi negociada pelo Centro de auxílio de libertação de reféns da secreta ucraniana SBU. Também é de domínio público que o coronel já se reuniu com a família, informa Hromadske.tv.
No twitter do presidente ‎@Poroshenko foi escrito em 23 de maio:
PP: Nós não abandonamos os nossos! Com grande prazer apertei a mão do Oleh Kuzminykh e lhe entreguei a Ordem “Pela Bravura”.

O irmão do coronel, Serhiy Kuzminykh, contou à televisão Hromadske TV que o seu irmão começou coxear após o cativeiro e agora sente as dificuldades de andar, embora no vídeo filmado pelos terroristas logo em 20 de janeiro de 2015 nota-se que coronel não tinha nenhuns problemas nas pernas. Além disso, a família do ciborgue foi obrigada à pagar aos terroristas um certo valor monetário: “pequeno para o resgate, grande, mas não grandioso para as benefícios”, – revelou ele à Hromadske.tv.
O terrorista "Givi" empunha uma pistola, ameaçando à matar o coronel Kuzminykh
É de recordar que os terroristas exibiram coronel Oleh Kuzminykh à turba de Donetsk como um trofeu da guerra, permitindo à populaça insultar e agredir o oficial ucraniano. O coronel Kuzminykh também foi vítima das tentativas de humilhação e do exibicionismo doentio do terrorista Mikhail “Givi” Tolstykh), que, espera-se, pagará em breve, pelos crimes da guerra, por si praticados (UPD: o terrorista “Givi” foi liquidado em Makiivka em 8 de fevereiro de 2017).  
"Feliz aniversário! O melhor filho, marido, irmão, pai. Nós te amamos! Aguente, ciborgue". Bilboard na cidade de Zhytomyr
Liquidação do terrorista Mozgovoy
Como informaram os diversos órgãos de comunicação social, no dia 23 de maio foi liquidado o terrorista Aleksey Mozgovoy (1975), fundador do bando terrorista “Prizrak” (Fantasma), ativo na região de Luhansk. 

O canal televisivo russo LieLifeNews, próximo das forças russo-terroristas, informa que a viatura do terrorista foi emboscada e metralhada perto da localidade de Mykhaylivka. Os atacantes liquidaram Mozgovoy, a sua “secretária de imprensa” Anna Gukova, entre três à seis guarda-costas, entre eles “Hols”, “Metla” (Vassoura) e o condutor-chefe da segurança do terrorista, conhecido pela alcunha de “Pesnya” (Canção).

Os terroristas apontam a ação do grupo de sabotagem, sem mencionar à que forças pertence o alegado grupo. Uma quantidade considerável dos comentários publicados nas páginas próximas dos terroristas acusa na morte do Mozgovoy o líder da “lnr/rpl” Plotnitsky, em conflito público, permanente e de longa data com o terrorista e com o seu bando.

Desde o fevereiro de 2015 Mozgovoy também se encontrava na “lista negra” da União Europeia.

Blogueiro

Respondendo ao nosso leitor anónimo que pedia para confirmar se “a novorossia foi desmantelada” (uatoday.tv), temos que dizer honestamente que ainda não, mas diversos últimos acontecimentos mostram que o projeto anti-ucraniano pode ser definitivamente fechado na sua ótica das “repúblicas populares”, na tentativa de usar as mesmas como as ferramentas de destabilização, mas já no interior da Ucrânia.