Nas
vésperas do Ano Novo e do Natal ortodoxo, a propaganda russa lançou os diversos
projetos com o mesmo nome de código: “os povos irmãos”. Nas páginas
especialmente criadas e nos sítios já existentes, aparece a narrativa do
diálogo pseudo fraterno: “Mi-mi-mi, não temos nada para dividir, tudo isso é a
política suja, enquanto somos irmãos!”
Como
em todos os outros semelhantes projetos do Kremlin, a base é a forma impessoal:
“política suja”. Sem nenhuma explicação por parte da propaganda russa, sobre a autoria
desta política suja, que trouxe as “desavenças” aos “povos irmãos”.
Quem
esqueceu, vamos recordar:
- Intrusão
na política interna de um Estado soberano “fraterno”;
- anexação
e ocupação da península ucraniana da Crimeia;
- ocupação militar de uma parte do território no leste da Ucrânia e apoio ao enclave terrorista no território
ucraniano;
- tortura de prisioneiros de guerra ucranianos;
- assassinatos
dos cidadãos ucranianos nos territórios ocupados;
- assassinatos
dos cidadãos ucranianos nos territórios da Ucrânia (por exemplo, o bombardeamento da cidade
de Mariupol
em 24.01.2015);
-
a propaganda anti-ucraniana aguda na mídia russa durante os dois últimos anos;
-
o roubo descarado da propriedade [estatal e privada] ucraniana, a destruição das
fábricas e indústrias, remoção dos equipamentos à Rússia.
E
quando as putas “fraternais” com uma mão declaram os “laços inquebráveis” entre
as nações, e com a outra, levam ao suicídio o menino de 18 anos de idade, apenas
pela sua posição pró-ucraniana, lembrem-se: na Ucrânia não foi tocado nenhum
russófilo. Mesmo nas cidades da linha de frente. Mesmo no estado da guerra. Por
isso e por outros, recebam o nosso, “vão mas é para o c@ralho”, coletivo e coloquem
o debaixo da vossa árvore de Natal. Agora vocês terão de viver com isso quase uma
eternidade (por Yaroslav Matjushyn).
RIP
Vlad Kolesnikov (2 de
junho de 1997 – 25
de dezembro de 2015)
Na
cidade russa de Zhigulyovsk,
no dia do Natal, suicidou-se Vlad Kolesnikov (18), jovem russo que se tornou conhecido
pela sua posição pública em apoio à Ucrânia.
Em
junho de 2015, Vlad veio à sua escola técnica vestindo uma t-shirt com bandeira
da Ucrânia e slogan “Devolver a Crimeia!”, ele também tinha colocado um banner
antiguerra, na cidade de Podolsk,
onde vivia na altura. As
repressões não tardaram: Vlad foi expulso da escola, a polícia russa foi “investigar”
onde ela arranjou a t-shirt “subversiva”, o seu avô, adorador do regime, mandou
o jovem para casa do pai em Zhigulyovsk.
Na
entrevista à rádio Liberdade, Vlad contou
que no comissariado militar russo tinha dito que não queria servir no exército [russo]
e não queria ir à guerra contra os seus irmãos [ucranianos]. No seu telefone
celular ele tinha o hino da Ucrânia [...] que ligou e disse: “Rapazes, eu não
vou à guerra no exército russo”.
O Vlad apoiava Ucrânia ativamente no seu Facebook, participava
em uma série de comunidades russas na oposição. Infelizmente, não teve o apoio
da própria família e se tornou a vítima da atual agressiva e militarista sociedade russa:
“Os
relacionamentos com as pessoas são simplesmente horríveis – já prometeram [me] espancar,
atiraram contra me a lama e bolas de neve, [recebo] os insultos constantes, cotoveladas e empurrões
nos corredores [da escola]. Uma [pessoa] até me esmurrou na cara (não muito,
felizmente). Eu não posso ir à polícia (lá, ainda no verão, deixaram claro que
não me vão ajudar, e, cito, “até eu próprio te dava um murro na cara pelas tais
coisas...”). Em Zhigulyovsk podem fazer comigo tudo e mais alguma coisa.
Desesperadamente procuro, para onde posso ir”, – escreveu Vlad em novembro ao jornalista
da rádio Liberdade.
Em
25 de dezembro Vlad Kolesnikov tomou
uma dose letal de medicamentos. A polícia informou que não consegui salva-lo (rádio Liberdade).
Não
esquecermos todos aqueles que deram a vida pela Ucrânia!
Na
frente da batalha ou na retaguarda, na Ucrânia ou no estrangeiro!
Pedimos
à Deus que tenha a misericórdia e piedade da alma imortal do Vlad!