No entanto, em 30 de
julho de 2015, caiu no cativeiro terrorista, foi torturado e libertado exatamente 4 meses depois, na
troca pelo militar russo, major Starkov, capturado na Ucrânia em 2015.
Depois da saída do
Aeroporto (DAP), “Rakhman” contou os pormenores dos últimos dias dos heróis
ucranianos que defendiam DAP, mesmo quando já não havia quase nada para
defender...
Major Hrechaniy e presidente Petró Poroshenko, madrugada do dia 1/12/2015 |
Andriy Hrechaniy é natural
da região de Dnipropetrovsk, foi graduado na escola militar, serviu no exército
e em 2009 passou à reforma com a patente do major. Quando começou a guerra
russo-ucraniana, foi voluntário, chamado aos vários batalhões voluntários escolheu
o exército regular, pois como disse: “amo exército nas coisas boas e nas coisas
más”.
Nas FAU foi lhe oferecido o posto do comandante da companhia na 74ª Brigada, depois surgiu o posto superior e assim ele se transferiu para a 81ª brigada, onde tinha amigos, incluindo o comandante.
Sendo militar profissional, estava moralmente preparado para a guerra, sabia o que lá o esperava, mas ficou surpreendido com os jovens: na vida civil seriam uns adolescentes brincalhões, mas revelaram-se os verdadeiros guerreiros.
Não esperava no aeroporto a baixeza do inimigo, principalmente durante a evacuação de mortos e feridos. Os ucranianos concediam aos terroristas os corredores e a possibilidade de levar as suas baixas e estes não davam a mesma oportunidade aos ucranianos. Eles não só não deixavam passar as viaturas ucranianas mas ainda destruíam as que eram paradas e inoperacionais. Pelo princípio da raiva, havia, por exemplo um blindado ucraniano já sem lagartas, todo quebrado, sem a tripulação, e eles mesmo assim o continuavam à alvejar.
No total, no aeroporto, major Andriy Hrechaniy passou 30 ou 31 dias.
"Rakhman" após a saída do DAP |
No dia 16 de janeiro até
o posto “portinhola” veio um soldado que informou que no fundo da sala ficou
apenas um combatente ucraniano. Major “Rakhman” foi com ele, levando as
granadas para o RPG. Disse ao soldado que mantinha o posto que deveriam sair,
pois seriam facilmente alvejados do 2º piso. Os separatistas avançavam de todas
as direções usando o fogo cerradíssimo dos RPG. Mas conseguiram sair.
No dia 17 de janeiro os ucranianos ensaiaram a retirada em combate. No dia 19 os separatistas, pela primeira vez, usaram os explosivos para demolir o edifício, com os ciborgues lá dentro. A explosão foi fortíssima, mesmo assim os ucranianos, semi-abalados montaram a defesa circular. A segunda explosão originou um terror: os ciborgues foram soterrados, caíram na cave. “Rakhman” teve a contusão, ficou abalado, esperava que os separatistas avançarão ou acabarão com eles lançando as granadas. Estava semienterrado, imóvel, mas tinha à mão duas espingardas, sua e de um companheiro, ainda pensou que mesmo assim conseguiria abrir o fogo.
O seu amigo, Ihor Bulya desenterrou “Rakhman”, e muitos outros, dos escombros. Do aeroporto não ficou quase nada, mesmo assim os ciborgues ficaram lá até as últimas.
Ciborgue Andriy "Sever" |
Quando fica sozinho, tenta não pensar sobre aqueles acontecimentos. Era muito difícil moralmente, quando os terroristas lançavam os fumos, o gás. O cansaço era tremendo, as pernas não obedeciam, apenas a vontade dizia: deves disparar!!!
O mais difícil são as perdas. No DAP não se podiam usar as lanternas, nem telefones. Andando na escuridão total, tocas algo, perguntas: “Irmão, estas à dormir?” Percebes que ele adormeceu para sempre. Está num saco-cama, simplesmente foi lá encostado. Pedes desculpa e continuas à caminhar. Era penoso carregar os camaradas mortos aos blindados. Por vezes, eles serviam de escudos aos vivos que não cabiam dentro. Os irmãos, mesmo mortos, eles ajudavam assim. Que nós perdoam por isso.
Logo depois do DAP,
major Andriy Hrechaniy sabia que iria voltar à guerra. Embora queria se casar
com Tatiana, a jovem que o esperava, como eles diz: “é a melhor parte da minha
vida agora”.
Recordamos, em 19 de novembro de 2015 no cativeiro terrorista permanecem no mínimo 148 ucranianos.
RIP Volodymyr Rybak
No dia 30 de novembro de 1971 nasceu Volodymyr Rybak, em 2015 ele completaria 44 anos. O deputado municipal, ex-polícia, ele sobreviveu Maydan, dizendo aos amigos: “se sobrevivi estes dias, vou viver durante muito tempo...” Viveu apenas dois meses, foi sequestrado pelos russo-terroristas na cidade de Horlivka no dia 17 de abril de 2014 após a manifestação pró-ucraniana “Pela Ucrânia Unida”. Nunca mais foi visto com a vida...
O SBU possui os dados que permitem apontar como os
mandantes e executantes da morte do Volodymyr Rybak dois cidadãos russos: os
líderes terroristas Igor Bezler (alcunha “Bes”, Demónio) e Igor Girkin “Strelkov”.
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