Partiu
aos 97 anos, a 16 de dezembro de 2015. [...] Acreditou no comunismo, viveu-o,
e por isso morreu anticomunista.
por:
José Manuel Fernandes (a versão
curta)
Cândida Ventura à beira do Tejo, década 1940 |
Já
segui para Moscovo com dúvidas [...] Depois, em Sochi, a estância para onde iam
os quadros dos partidos amigos, encontrei um casal de médicos e [...] quando
consegui ter um momento para lhes falar a sós, disse-me que era um dos médicos
do processo dos ‘batas brancas’ [O
caso dos médicos assassinos]. O meu choque foi tão brutal que, quando
voltei a Praga, disse ao José
Gregório que ia deixar o partido. Ele pediu-me para ter calma. Convenceu-me
de que as coisas não iriam continuar como estavam.
Olhámo-nos,
ele aproximou-se e, discretamente, levantou o chapéu para me deixar ver os
sinais das feridas que lhe tinham deixado os 'tratamentos' sofridos em Moscovo.
Abraçámo-nos sem trocar uma só palavra. Não era preciso.
A
ilusão de que o comunismo era reformável, que o estalinismo fora um passo em
falso, um erro que ainda podia ser corrigido, (...) essa ilusão foi esmagada
pelos tanques a 21 de Agosto de 1968 e nunca se recompôs.
Tony Judt, em Pós-guerra (edição: 2007;
editora: Edições 70; ISBN: 9789724413006; preço: 36,00€; esgotado de momento).
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