domingo, dezembro 27, 2015

A fraternidade sangrenta do “povo irmão”

Nas vésperas do Ano Novo e do Natal ortodoxo, a propaganda russa lançou os diversos projetos com o mesmo nome de código: “os povos irmãos”. Nas páginas especialmente criadas e nos sítios já existentes, aparece a narrativa do diálogo pseudo fraterno: “Mi-mi-mi, não temos nada para dividir, tudo isso é a política suja, enquanto somos irmãos!

Como em todos os outros semelhantes projetos do Kremlin, a base é a forma impessoal: “política suja”. Sem nenhuma explicação por parte da propaganda russa, sobre a autoria desta política suja, que trouxe as “desavenças” aos “povos irmãos”.   

Quem esqueceu, vamos recordar:
- Intrusão na política interna de um Estado soberano “fraterno”;
- anexação e ocupação da península ucraniana da Crimeia;
- ocupação militar de uma parte do território no leste da Ucrânia e apoio ao enclave terrorista no território ucraniano;
- tortura de prisioneiros de guerra ucranianos;
- assassinatos dos cidadãos ucranianos nos territórios ocupados;
- assassinatos dos cidadãos ucranianos nos territórios da Ucrânia (por exemplo, o bombardeamento da cidade de Mariupol em 24.01.2015);
- a propaganda anti-ucraniana aguda na mídia russa durante os dois últimos anos;
- o roubo descarado da propriedade [estatal e privada] ucraniana, a destruição das fábricas e indústrias, remoção dos equipamentos à Rússia.

E quando as putas “fraternais” com uma mão declaram os “laços inquebráveis” entre as nações, e com a outra, levam ao suicídio o menino de 18 anos de idade, apenas pela sua posição pró-ucraniana, lembrem-se: na Ucrânia não foi tocado nenhum russófilo. Mesmo nas cidades da linha de frente. Mesmo no estado da guerra. Por isso e por outros, recebam o nosso, “vão mas é para o c@ralho”, coletivo e coloquem o debaixo da vossa árvore de Natal. Agora vocês terão de viver com isso quase uma eternidade (por Yaroslav Matjushyn).

RIP Vlad Kolesnikov (2 de junho de 1997 – 25 de dezembro de 2015)
Na cidade russa de Zhigulyovsk, no dia do Natal, suicidou-se Vlad Kolesnikov (18), jovem russo que se tornou conhecido pela sua posição pública em apoio à Ucrânia.
Em junho de 2015, Vlad veio à sua escola técnica vestindo uma t-shirt com bandeira da Ucrânia e slogan “Devolver a Crimeia!”, ele também tinha colocado um banner antiguerra, na cidade de Podolsk, onde vivia na altura. As repressões não tardaram: Vlad foi expulso da escola, a polícia russa foi “investigar” onde ela arranjou a t-shirt “subversiva”, o seu avô, adorador do regime, mandou o jovem para casa do pai em Zhigulyovsk.     

Na entrevista à rádio Liberdade, Vlad contou que no comissariado militar russo tinha dito que não queria servir no exército [russo] e não queria ir à guerra contra os seus irmãos [ucranianos]. No seu telefone celular ele tinha o hino da Ucrânia [...] que ligou e disse: “Rapazes, eu não vou à guerra no exército russo”.
O Vlad apoiava Ucrânia ativamente no seu Facebook, participava em uma série de comunidades russas na oposição. Infelizmente, não teve o apoio da própria família e se tornou a vítima da atual agressiva e militarista sociedade russa:

“Os relacionamentos com as pessoas são simplesmente horríveis – já prometeram [me] espancar, atiraram contra me a lama e bolas de neve, [recebo] os insultos constantes, cotoveladas e empurrões nos corredores [da escola]. Uma [pessoa] até me esmurrou na cara (não muito, felizmente). Eu não posso ir à polícia (lá, ainda no verão, deixaram claro que não me vão ajudar, e, cito, “até eu próprio te dava um murro na cara pelas tais coisas...”). Em Zhigulyovsk podem fazer comigo tudo e mais alguma coisa. Desesperadamente procuro, para onde posso ir”, escreveu Vlad em novembro ao jornalista da rádio Liberdade

Em 25 de dezembro Vlad Kolesnikov tomou uma dose letal de medicamentos. A polícia informou que não consegui salva-lo (rádio Liberdade). 
Não esquecermos todos aqueles que deram a vida pela Ucrânia!
Na frente da batalha ou na retaguarda, na Ucrânia ou no estrangeiro!
Pedimos à Deus que tenha a misericórdia e piedade da alma imortal do Vlad! 

2 comentários:

Anónimo disse...

https://en.wikipedia.org/wiki/Vira_Vovk

vc sabe algo sobe ela

Anónimo disse...

A ideia de que russos e ucranianos são povos irmãos eh falaciosa. Se vc tiver se referindo aos russos elavos pode ate ser que sim, são irmaos, mas o povo russo não se compõe apenas de eslavos. Há mais de 190 etnias na Russia, sem falar nos mesticos. Russos são tártaros, finno-uralicos, mongóis e outros povos turquicos e muitos outros.... o atual general mor das forcas armadas russas eh mongol.