Enciclopédia da vida ucraniana histórica e contemporânea
segunda-feira, dezembro 25, 2017
Deportação dos 249 comunistas dos EUA ao bordo do “arco vermelho”
No
dia 23 de dezembro de 1919, pela decisão do Procurador-geral dos EUA, A. Mitchell Palmer,
as autoridades americanas colocaram ao bordo do navio «Buford» os 249 diversos ativistas
da esquerda (terroristas, bombistas, anarquistas) e os deportaram à Rússia soviética.
O navio foi chamado na imprensa americana de "arco soviético" ou "arco vermelho"
foto @Wikipédia
No
decorrer, mas principalmente no fim da I G.M., os diversos grupos
esquerdistas intensificaram a sua luta contra o Estado e Governo americanos. A esquerda
totalitária americana apostou em tática dos atentados bombistas. Em junho de
1919, decorreu uma série de ataques terroristas em oito cidades dos EUA, também tiveram
o lugar várias tentativas de assassinatos dos gestores de grandes empresas, mas
o objetivo número um era o Procurador-geral Alexander Palmer. Uma das bombas
danificou a sua casa em Washington, outra bomba explodiu perto do lugar onde estava
Franklin Roosevelt, na altura ainda uma figura aspirante no Partido Democrata.
No
local das explosões foram encontradas mensagens de terroristas da esquerda, o
que permitiu estabelecer a culpa da esquerda na organização de ataques
terroristas. A imprensa e a opinião pública exigiram que as autoridades
federais americanas apliquem as medidas drásticas para prevenir novas ações de violência.
Com
o apoio do Congresso e da opinião pública, Alexander Palmer lançou uma ofensiva
contra terroristas e sindicatos radicais. Palmer e seu jovem assistente Edgar
Hoover de apenas 24 anos, organizaram uma nova divisão no Gabinete de Investigações do
Ministério da Justiça – a Divisão de Inteligência Geral (General Intelligence Division).
Em outubro de 1919, o departamento de Hoover reuniu um dossiê dos quase 150 mil
agitadores. Usando esses dados, Palmer realizou uma série de raides repentinos [Palmer Raids] contra escritórios
de sindicatos e organizações comunistas e socialistas. Durante essas ações, foi
dada especial atenção às pessoas de origem estrangeira [não americana],
sobre os quais existia a informação de sua simpatia à ideologia comunista,
socialista ou anarquista.
Alguns dos radicais deportados: Goldman (1ª à esquerda) e Berkman (último)
imagem @Wikipédia
Em
dezembro de 1919, os agentes de Palmer prenderam 249 ativistas radicais mais
perigosos, colocando-os à bordo do navio «Buford» e enviando à Rússia
soviética. Entre os deportados estavam os ideólogos do anarquismo americano
Emma Goldman e Alex(ander) Berkman, ambos nascidos na atual Lituânia. Eles
foram recebidos na Rússia soviética, de braços abertos pelo próprio Vladimir
Lenine, que lhes ofereceu os importantes postos de trabalho no aparelho
comunista soviético. No entanto, o terror
vermelho, a repressão contra adversários políticos (incluindo anarquistas)
causaram cada vez mais decepções na Emma e Alex. O último golpe foi a
supressão da revolta
de Kronstadt pelos bolcheviques no início de 1921. Foi então que Goldman e
Berkman decidiram deixar o país, apesar do facto de que, como Goldman escreveu: “a idéia de deixar a Rússia nunca antes nascia na minha cabeça”. Após o Kronstadt,
ela estava convencido de que “o triunfo do estado significou a derrota da
revolução”. Os dois anarquistas solicitaram imediatamente os passaportes de saída
e, depois de os receber em dezembro de 1921, exatamente dois anos após a
deportação dos Estados Unidos, deixaram a Rússia soviética “devastados e
desprovidos de sonhos”.
Em
geral, é bastante eloquente a frase no diário de Berkman, escrita na primavera de
1921: “Os dias cinzentos passageiros. Um à um, acabaram as caldas de esperança.
O terror e o despotismo dominaram a vida nascida em outubro de 1917. A
revolução está morta e eu decidi abandonar a Rússia”.
Da
Rússia soviética eles partiram para a emigração, o que se transformou para eles
numa longa série de vistos temporários em vários países europeus. No final,
Berkman instalou-se na França, onde cometeu suicídio em 1936. Goldman
estabeleceu-se na Inglaterra, onde continuou a exortar à uma revolução
anarquista geral. No final, ela se mudou para Canada, onde morreu em 1940 (fonte).
Em
1923 Emma Goldman publicou a primeira compilação de artigos escritos para o
jornal New York World, chamada “Minha Desilusão
na Rússia” (My Disillusionment in Russia). Nesta compilação ela retratava a
decepção frente ao que viu e viveu durante sua passagem pela Rússia soviética dominada
pelos bolcheviques. Em 1924 seguiu-se a “Minha Nova Desilusão na Rússia” (My
Further Disillusionment in Russia) para o mesmo jornal. Também nesta compilação
autora retrata a decepção frente ao que viu e viveu durante sua passagem pela
Rússia soviética.
Bónus
O
anúncio publicitário da TV estatal russa RT:
o Died
Moroz toma Santa Claus como refém e obriga uma criança americana assustada declamar
a poesia russa. Tudo nas suas melhores tradições: invasão de território
estrangeiro, violência gratuita, desprezo absoluto e destruição da cultura
alheia:
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