quarta-feira, dezembro 27, 2017

Terminou a grande troca dos POW. Libertados 74 ucranianos

"Os reféns ucranianos permanecem no país agressor. Vamos lutar por Sushchenko e Sentsov e todos os outros reféns que estão na Rússia e na Crimeia ocupada para serem libertados e devolvidos à Ucrânia.
O nosso coração dói por eles e estamos lutando pela sua liberação!"
twitter @poroshenko
No dia 27 de dezembro, decorreu a grande troca dos cidadãos detidos, entre Ucrânia e as organizações terroristas que operam nos territórios temporariamente ocupados de Donetsk e Luhansk. Foram libertados 74 cidadãos da Ucrânia, civis e militares, escreve a página ucraniana Novynarnia.com
Serhiy Hlondar e Oleksandr Korinkov
Alguns dos ucranianos estão no cativeiro terrorista já mais de 2 anos, como os dois militares do 3º Regimento do spetsnaz das FAU, Serhiy Hlondar e Oleksandr Korinkov. Eles foram capturados pelos terroristas em fevereiro de 2015, no decorrer dos combates de Debeltseve. Infelizmente, hoje os terroristas não os libertaram.  
Ombudswoman da Ucrânia (de vermelho), representantes da Procuradoria e SBU, junto à viatura
da Cruz Vermelha internacional e uma representante dos terroristas estudam as listas
foto @Iryna Herashenko
A troca decorreu no dia da Contrainteligência do SBU, secreta ucraniana diretamente responsável quer pela libertação dos POW e cidadãos ucranianos, quer pela captura dos separatistas e terroristas. Fisicamente a troca ocorreu no posto de controlo “Mayorsk”, nos arredores de Horlivka ocupada, os ucranianos libertados foram levados para Kyiv ao bordo do avião militar e foram esperados em Kyiv por volta das 19h00 (hora local).
Transporte dos POW, assegurado pela Ucrânia
A segunda etapa de troca poderá decorrer no início de 2018, pela fórmula 70 terroristas por 20 POW e civis ucranianos, explicou o representante da Ombudsman da Ucrânia, Bohdan Kryklyvenko.
POW libertado: Yevhen Chudnetsov, OZSP "Azov" (NGU), natural de Makiivka.
Numa conferência de imprensa, organizada pelos terroristas
Como informa o chefe do SBU, general Vasyl Hrytsak, os terroristas continuam a deter 103 cidadãos da Ucrânia: “conhecemos o nome de cada um deles. Não vamos parar até liberarmos todos. Também temos uma prioridade – a busca e a devolução às famílias as 402 pessoas desaparecidas”. Como explicou o general Hrytsak, contando com os cidadãos libertados hoje, desde início da guerra russo-ucraniana, Ucrânia já libertou ou recuperou os restos mortais de 3.215 cidadãos seus.

Os ex-terroristas que escolheram Ucrânia

Das 306 pessoas, requisitadas pelos terroristas, apenas 237 decidiram voltar aos territórios temporariamente ocupados. Os 69 deles escolheram à viver na Ucrânia.

Por exemplo, um dos que recusou à voltar à Donbas ocupada foi o ex-chefe do conselho municipal da cidade de Toretsk, Volodymyr Sleptsov, que se escondeu no autocarro/ônibus que transportava os cidadãos para a troca e, no último momento, se recusou à ser trocado, voltando, com os jornalistas, para Ucrânia livre.

Todos estes “dissidentes” serão entrevistados pelos representantes da Cruz Vermelha internacional, de forma individual e confidencial, para que eles confirmem claramente a sua decisão de não voltar aos territórios ocupados.

No entanto, mesmo o blogueiro militarista russo el-murid, profundamente anti-ucraniano no seu ódio à nova Ucrânia, reconhece a realidade dos factos: “Aparentemente, trata-se do facto de que, para essas pessoas, mesmo a prisão ucraniana parece melhor do que o lugar que defenderam há alguns anos com armas em suas mãos”.

Quem são os ucranianos libertados?
Adepto/torcedor do FC “Zoria” Vladyslav Ovcharenko interrogado pelos terroristas
Slogan nas costas (em russo): Luhansk é Ucrânia!
Entre os ucranianos libertados estão cientista Ihor Kozlovsky (a sua libertação foi pedida diretamente aos terroristas pelo presidente checo Miloš Zeman); ciborgue Oleksandr Morozov, blogueiro Eduard Nedeliaev, adeptos/torcedores do FC “Zoria” Vladyslav “Vlad” Ovcharenko e Artem Ahmerov (“culpados” e condenados às penas pesadas de 17 e 13 anos pela espionagem (Sic!) por queimar publicamente a bandeira terrorista). Uma ucraniana libertada hoje pelos terroristas acabou por não voltar à Ucrânia, pois apesar da posição absolutamente pró-ucraniana, em Donetsk ocupada vive a sua família.
Militar ucraniano Olexiy "Lys" (Raposo) Hordiychuk, 3 anos e 4 meses de cativeiro terrorista!
O último defensor ucraniano da colina Saur-Mohyla.
foto @Facebook do Rodion Shovkoshytnyi
Militar ucraniano Olexiy "Lys" (Raposo) Hordiychuk, 3 anos e 4 meses de cativeiro terrorista!
O último defensor ucraniano da colina Saur-Mohyla. Finalmente na Ucrânia livre.
foto @Facebook do Yuriy Butusov
Todos os cidadãos ucranianos libertados e a suas famílias receberão ajuda social e financeira, decisão confirmada pelo Primeiro-ministro da Ucrânia, Volodymyr Groysman.
foto @MOD da Ucrânia
foto @Yuriy Biryukov
O Ministério da Defesa da Ucrânia enviou para a zona próxima de troca o avião militar de transporte Il-76MD, que levara os ucranianos libertados para Kyiv. Como explicou o assessor do Ministro da Defesa, Yuriy Biryukov, os ucranianos liberados serão recebidos com chá, comidas leves, cobertores e bandeiras ucranianas, “o primeiro sinal de que estão em casa”. Os POW foram recebidos no aeroporto pelas famílias, amigos, voluntários e veteranos de OAT, os autocarros gratuitos levaram as pessoas do metro «Boryspilska» ao local do encontro, no aeroporto militar de “Boryspil”.
Os POW ucranianos recebidos em Kyiv | foto @Олег Слабоспицький
A vice-chefe do Parlamento da Ucrânia, Iryna Herashenko, publicou as fotos dos terroristas e separatistas que foram entregues na troca, como se pode ver nas fotos, alguns deles escondem as suas faces:

Alguns dos 16 POW´s e civis ucranianos que foram libertados do cativeiro da dita “lnr”:
Uma das páginas controladas pelos separatistas cita as palavras do Vladyslav Laktionov, o militar ucraniano libertado (batedor-operador de metralhadora da 92ª Brigada mecanizada das FAU) que mostra a vontade de voltar ao serviço efetivo no exército ucraniano: “Dependerá da saúde. Possivelmente voltarei ao serviço, continuarei o serviço militar sob contrato”.

Caso Lusvarghi
É de notar que o terrorista brasileiro Rafael Lusvarghi, preso na Ucrânia em outubro de 2016 e condenado em janeiro de 2017 aos 13 anos de cadeia, foi colocado previamente, na lista da possível troca. O mecanismo jurídico da sua possível troca-vs-libertação não é nada fácil e será abordado num outro texto. As primeiras informações indicam que brasileiro não foi libertado hoje, pode não ser libertado tão já, e só será, alguma vez libertado, em forma de “moeda de troca”, caso os terroristas libertem determinados POW ucranianos, cuja libertação é exigida pela Ucrânia. 
A zoeira da autoria do Lusvarghi e a zoeira real que o destino cruel preparou ao Lusvarghi...
As informações da última hora indicam que Ucrânia libertará Lusvarghi apenas em troca direta com o seu país da sua cidadania, Brasil. E a legislação brasileira, considera Lusvarghi como um terrorista, basta conferir a base legal, nomeadamente o Decreto da Presidência da República do Brasil № 5.938, de 19 de outubro de 2006 que promulgou o Tratado de Extradição entre a República Federativa do Brasil e Ucrânia, celebrado em Brasília, em 21 de outubro de 2003, e que estabelece a seguinte definição do terrorismo: “o atentado contra pessoas ou bens cometidos mediante o emprego de bombas, granadas, foguetes, minas, armas de fogo, explosivos ou dispositivos similares” (artigo № 3, alínea 5, ponto c) III).
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Bónus

Todos os nossos estão connosco. Respiramos.
Ontem eu chorei [no ombro] do carrasco:
“Trezentos deles pelos setenta nossos! Mas que proporção?! Parece Israel. Assim é injusto! Por que temos que entregar tantos deles?
Obteve uma resposta imperturbável:
– Não faz mal, apanharemos mais deles.
Nada para contra-argumentar.
Hurra! Arrancamos os nossos rapazes daquele pesadelo.
Simplesmente feliz.
(por Olga Halchenko

Blogueiro: o nosso blogue também está feliz. Mesmo os terroristas que tem a sangue ucraniana nas mãos podem e devem servir de moeda de troca para libertar os ucranianos cativos. A sua prisão não devolverá, às famílias, os heróis caídos da Ucrânia. Mas na troca, os terroristas servirão, para libertar os POW e cidadãos ucranianos das masmorras terroristas. Israel trocou o cabo Gilad Shalit por 1.027 terroristas. Temos que aceitar. Aceitaremos...   

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