O
ex-polícia russo Mikhail Popkov, condenado em 2015 à prisão perpétua, devido aos
22 assassinatos e 2 tentativas, confessou mais uma tentativa e 59 assassinatos consumados
de várias mulheres, cometidos por ele, durante cerca de 20 anos.
No
total, o serial killer russo, ativo entre 1992 e 2010, confessou o assassinato
de 81 mulher, possivelmente as suas vítimas foram 83 pessoas, entre eles apenas
um homem, capitão da polícia russa, assassinado em 1999.
Serial killer no tribunal em Irkutsk, 14/01/2015 | foto @Yekaterina Eremenko |
Nos
meados de dezembro de 2017, foi concluída a investigação do seu caso. O “maníaco
de Angarsk”, como era conhecido na imprensa russa, definitivamente é o assassino em série
mais sangrento da Rússia. Procurado, em vão, durante 20 anos, a sua vida será retratada na série criminal do estúdio russo Yellow, Black and White.
O
caso de Mikhail Popkov
No Departamento da polícia de Angarsk | foto @Anton Klimov |
Em
meados da década de 1990, na idade de Angarsk (região russa de Irkutsk) começaram
encontrar regularmente os corpos de mulheres jovens, na sua maioria entre 19 à
28 anos, brutalmente assassinadas e violadas. Durante muito tempo, eram
consideradas vítimas de luta entre os grupos criminais rivais (cerca de 10
principais na época de 1990), a polícia local não prestou nenhuma atenção ao mesmo modo
de cometimento dos assassinatos.
Edifícios, onde funciona a polícia de Angarsk, 2017 | foto @Sasha Sulim |
O caso foi tomado à sério apenas em 2002, após
a publicação de um artigo
no jornal moscovita Moscovsky Komsomolets. Apenas naquele momento de Moscovo ao
Angarsk foram enviados dois investigadores de casos especialmente importantes,
que criaram um grupo local investigativo-operacional, que nos próximos dez anos
estava envolvido na procura do assassino.
Entrada ao campo de concentração soviético de Angarlag, 1953 autor da foto é desconhecido |
Cidade
de Angarsk, foi fundada em 1948 por prisioneiros do GULAG (Angarlag),
nela habitam cerca de 250 mil habitantes, cada quinto morador da cidade é um ex-prisioneiro.
Ainda hoje nos seus arredores estão localizados 4 campos prisionais comuns, 1
cadeia de isolamento operativo (SIZO) e uma colónia penal de menores de idade. Diariamente,
na cidade são cometidos 5-6
assassinatos.
foto @Anton Klimov |
No
início dos anos 1990 Mikhail “Misha Sorriso” Popkov, trabalhou na polícia de
Angarsk, da onde se demitiu em 1998 (até hoje ele é reformado do Ministério do
Interior russo, recebe uma pensão estatal, conservou a sua patente), logo após receber
a patente do 2º tenente. Ele foi detido apenas em 2012: o seu material genético
coincidiu com o encontrado no corpo de uma das suas vítimas. Popkov confessou
os assassinatos. Ele explicou que dava a boleia/carona às mulheres, usando a
viatura própria e às vezes o carro de serviço; se a mulher estivesse bêbada ou ele
não gostasse do seu comportamento (apenas 5% das suas vítimas pertencia aos
elementos desclassificados da sociedade, as restantes faziam parte da classe
média e média-baixa russa, eram casadas, tinham filhos), ele levava as vítimas
aos arredores da cidade, onde as estuprava e matava (usando machado, martelo, faca,
furador, chave de fenda, garrote ou uma combinação destes). Quase todas as suas
vítimas estavam alcoolizadas no momento do assassinato. Praticamente a única
vítima que estava sóbria no momento do assassinato, também foi violada, foi uma
das três mulheres, em cujo corpo o maníaco russo deixou o seu material genético.
foto @Anton Klimov |
É
de recordar que o assassino em série soviético mais sangrento, Andrei Chikatilo, procurado
durante 12 anosa, foi acusado de 53 assassinatos de cariz sexual, 6 dos quais
negou. Foi fuzilado na Rússia, em fevereiro de 1994.
Em
28 de janeiro de 1998, foi achada viva uma das vítimas do Popkov, Svetlana Misiavichus,
jovem de origem lituana, nua, menor de idade e inconsciente por causa de graves
lesões na cabeça. A polícia russa recusou abrir o processo criminal do caso,
apenas 6 meses depois, após várias insistências da mãe, foi registado o seu
depoimento.
Prédio, onde em Angarsk vivia Mikhail Popkov com a sua família foto @Sasha Sulim |
Svetlana
Misiavichus (apenas uma das duas vítimas do assassino que sobreviveu), contou
que no dia 27 de janeiro de 1998, aceitou a boleia/carona de um carro da
polícia, dirigido pelo motorista em uniforme da polícia. O motorista a levou à
floresta, onde ordenou se despir, bateu com a cabeça contra uma árvore, depois
disso a vítima perdeu a consciência.
Na
qualidade da vítima oficial, ela identificou o polícia motorista da Direção do
Ministério do Interior de Angarsk, 1º sargento. No dia seguinte, apontou, com segurança,
a viatura UAZ-469, conduzida habitualmente pelo sargento, Svetlana se lembrou
de vários detalhes característicos do interior da viatura.
Nikolay Kitaev em 2017 | foto @Sasha Sulim |
O
investigador da procuradoria da cidade de Irkutsk, o Conselheiro Sénior da
Justiça, Nikolay Kitaev (com 66 anos em 2017 e 4 formações superiores:
jurídica, psicológica, jornalística e de atividades operacionais e de
investigação), analisou o processo-crime aberto após as múltiplas insistências
da mãe da Svetlana M. (assim a jovem era identificada em 2002): “O
processo crime não contém um único exame médico forense da vítima. O 1º sargento
S., em sua defesa, disse apenas que, deve ser parecido com o tal criminoso. A
verificação de seu álibi foi formal e se limitou ao interrogatório da sua concubina.
S. bebia e tinha uma vida devassa, infectava a sua esposa com sífilis, da qual
ambos eram tratados, o seu casamento foi dado como rescindido”.
Em março de 1997 Popkov matou aqui uma das suas vítimas | foto @Sasha Sulim |
O
caso criminal № 69207: “os danos corporais sérios, associados à agressão sexual”,
cuja vítima Svetlana Misiavichus não foi adiante. Embora os detalhes contados
pelos jornalistas em 2002, conjugados com os dados atuais, indicam fortemente (“eu
sou o mecânico de formação, um simples sargento
da polícia”) que polícia russo, o 1º sargento S., poderia ser Mikhail
Popkov...
Investigador Yevgeni Karchevsky, no caso desde 2014 | foto @Anton Klimov |
A
jornalista russa Sasha Sulim, da publicação letã Meduza.io,
conseguiu falar com o serial killer, à troco de 5.000 rublos (85,15 dólares) e alguns
exemplares de sudoku.
A famosa posição "andorinha" (mãos algemadas atrás das costas curvas), pernas semidobradas. Usada até hoje no sistema prisional russo para escoltar os prisioneiros. |
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