sábado, novembro 29, 2014

Crimeia sob ocupação russa

A imprensa internacional dedica a sua atenção a vida dos tártaros da Crimeia que vivem na península sob a constante perseguição e assédio das forças da ocupação russa.

O jornal finlandês Helsigin Sanomat escreve na sua edição do último domingo: o sistema bancário da península é um caos, mais de 15 ativistas foram raptados, alguns encontrados sem vida, com sinais de tortura.

A tártara da Crimeia, Lenie Velieva (77), na primeira foto, já viu de tudo. Estaline, Putin. Ela não se assusta por pouco, mas os seus filhos têm medo. Em 18 de maio de 1944, aos 7 anos de idade ela foi deportada, primeiro aos Urais, depois ao Uzbequistão, onde viveu por quatro décadas.

“Tivemos um quarto de hora para sair (das casas). Fomos levados para a estação (ferroviária) e colocados em uma carruagem de cavalos. Quando saímos, estávamos nos Urais”, recorda Lenie Velieva.


A repressão da Rússia aos muçulmanos da Crimeia

Os tártaros da Crimeia resistiram à anexação da península do Mar Negro por Moscovo em março, e a comunidade muçulmana pagou por isso desde então, informa Al Jazeera.

As imagens (16): os muçulmanos da Crimeia perseguidos
Aldeia dos tártaros da Crimeia
Ao contrário da maioria étnica russa da Crimeia, a maior parte dos tártaros da Crimeia resistiu à anexação da península pela Rússia em março. Moscovo respondeu exilando os líderes comunitários, banindo os comícios, fechando os meios de comunicação tártaros, e paralisando o trabalho do Mejlis, o parlamento informal dos tártaros da Crimeia. Pelo menos 15 tártaros e ativistas pró-ucranianas foram sequestrados ou desapareceram, um foi encontrado morto com marcas de tortura, um outro supostamente se enforcou em um celeiro isolado.
Casamento típico dos tártaros da Crimeia 
Centenas de muçulmanos foram detidos, interrogados e multados por bloquear as estradas durante manifestações de protesto. Houve tentativas de incendiar duas mesquitas, e várias outras foram vandalizadas.
Muitos muçulmanos reclamam que oficiais da polícia, durante as buscas domiciliares, quebram as portas e móveis, assediam e humilham-os na frente de suas esposas e filhos, de acordo com mais de uma dúzia de pessoas entrevistadas pela Al Jazeera.

Fotos@ Denis Sinyakov

quinta-feira, novembro 27, 2014

Os jogos da junta sangrenta

O criativo ucraniano Pavlo Banderas (FB) aka Pablo Banderas (VK), criou uma série de jogos simples, mas infestadíssimos de ideologia ultra-liberal neo-conservadora, afim de transformar os bons e pacatos camponeses ucranianos em terríveis carrascos da junta sangrenta pró-americana.

Banderas começou a sua teia capitalista aos poucos, um dos seus primeiros jogos foi o “Pastor Sangrento IV”

Usando o frame do pacífico jogo eletrónico soviético, “Elektronica M 02”, o Banderas, de uma maneira extremamente cínica, colocou a figura parecida com Oleksandr Turtchynov aka “Pastor Sangrento” à apanhar os ovos de galinhas russófonas para os colocar na mesa da Guarda Nacional da Ucrânia. Embora também existe uma explicação muito mais sinistra, os ovos são apenas o símbolo das crianças de Dombass, que são retirados aos país para a sua crucificação diária... (não podemos falar mais, lágrimas de indignação caem sobre o nosso teclado, não permitindo escrever direito).
      
Comandos: para iniciar o jogo fazer click no botão: uгра A (canto superior direito).
Mover o pastor sangrento: lado esquerdo: botões A (cima) / Z  (baixo); lado direito: os botões º (cima) / ~ (baixo), do lado direito os botões ficam lado ao lado, último e penúltimo à direita na mesma linha do botão da letra A (podem diferir de teclado para o teclado).
Objetivo: recolher o maior número de ovos para a festança capitalista da Guarda Nacional da Ucrânia.
Nível de diversão: 2 estrelas; próprio aos carrascos infantis.
Jogar (isso é, indignar-se): http://www.volikanime.com/pastor4.html

Nyarosh e Nyarosh II

Para lavar a imagem dos carrascos do “Setor da Direita”, Banderas criou dois jogos: Nyarosh e Nyarosh II, ambas centradas no embelezamento da imagem do carrasco-mor Dmytro Yarosh.
  

Comandos: setas “para cima” e “para baixo”.
Objetivo: evitar que imagem do Dmytro Yarosh seja atingida pelos mísseis da humanidade progressista.
Nível de diversão: 2,5 estrelas; próprio aos carrascos infanto-juvenis.
Indignação 1ª parte: http://volikanime.com/nyarosh.swf

Comandos: rato / rato tático
Objetivos: fazer crescer a imagem do Dmytro Yarosh, evitar os choques com imagens maiores; os choques com cartão de visitas do Yarosh ou com o tridente ucraniano fazem crescer a sua figura; os choques com a insígnia do “Setor da Direita” a diminuem, portanto são para evitar. A música irritante pode ser desligada com um click no canto superior direito.
Nível de diversão: 3 estrelas; próprio aos carrascos adolescentes.
Indignação 2ª parte: http://volikanime.com/nyarosh2.swf

Carrasco do Algodão

O jogo mais sangrento e desumano produzido pela junta para alienar o que resta dos bons jovens e adolescentes ucranianos. Os zumbis vestem os casacos de algodão representam o bom povo do Dombass, que tem apenas uma única “culpa”: abraçou os separatistas; acolheu os cossacos russos, os terroristas caucasianos e diversa outra escumalha que veio à Ucrânia apenas e só para matar os ucranianos...


Comandos: disparar / usar a catana: intervalo; virar para esquerda ou direita: as setas; kit de primeiros socorros dá vida; tryzub duplica as forças; para os recolher usar a seta “para baixo”.
Armamento: pistola (lenta, mas eficaz), pode-se ter duas pistolas; shot-gun (lento e funcional apenas à curta distância, embora mortal); espingarda de precisão (mata mais que um zumbi); pistola-automática (dispara rajadas); mini-metralhadora (dispara as rajadas maiores).
Objetivos: Bender’a nacionalista deve abater tantos moradores de Dombass, isso é, zumbis, quando conseguir. Há zumbis de diversos tipos: regulares (lentos); azuis (rápidos, ficam pegajosos quando apanham Bender’a); maiores (para os matar precisam-se duas catanadas ou duas balas de pistola); o HUYLO (precisa-se algum esforço para o abater, mas não é imortal).
Nível de diversão: 4 estrelas; próprio aos carrascos de diversas idades.

Junta

Pelo que se percebe à primeira vista é apenas uma tosca tentativa de promover a imagem da junta sangrenta junto ao público analfabeto (após a total proibição do uso e ensino da língua russa na Ucrânia).
Nível de diversão: 1 estrela; próprio aos aprendizes de carrascos.
Indignar-se moderadamente: http://volikanime.com/junta.swf

Bónus

Estou vivo, mãezinha, estou vivo!

O artilheiro do regimento Azov canta a canção ucraniana “Estou vivo, mãezinha, estou vivo!” (aqui é cantado pela Sofia Fedyna, ouvir e/ou descarregar gratuitamente: 3,19 MB):

https://www.youtube.com/watch?v=YFqMfKyhj4M

quarta-feira, novembro 26, 2014

Viagem à guerra ucraniana

A blogueira russo-brasileira Manoela Matioli (na foto em cima) deixa as suas impressões sobre a guerra da libertação na Ucrânia e sobre o papel das FAU na defesa da nação.

O texto bilíngue em português e russo: Viagem à guerra  

E dado que “saco vazio não fica de pé”, também não percam o blogue da Alessandra Araujo que publica a receita de borsch na versão vegetariana, em texto e vídeo.
https://www.youtube.com/watch?v=wCCPhr7DeOs
Além disso, Manoela e Alessandra gravaram a mensagem de apoio aos militares e ao povo da Ucrânia (em português e russo).
https://www.youtube.com/watch?v=8ZYd3UvKNVI&feature=youtu.be

terça-feira, novembro 25, 2014

Voluntário do “Aydar”: judeu israelita, punk e anarquista

O israelita Gregory “Olen” Pivovarov nasceu na Rússia, mais tarde emigrou para Israel. O anarquista e punk bem conhecido da praça Dizengoff  em Telavive, Gregory viajou por toda a Europa à boleia, participou na defesa paramilitar da Maydan, depois se tornou o voluntário do batalhão “Aydar”.
Gregory Pivovarov da época punk: último à direita, com o dedinho médio esticado
por: Edward Doks (versão curta)

(O jornalista Edward Doks encontrou Gregory Pivovarov em Kyiv, à onde este veio para se despedir do seu comandante e amigo Oleksandr “Italiano” Piskizhov, que morreu defendendo o 32º posto de controlo das FAU, na região de Luhansk).

Gregory nasceu em Leninegrado em 1981. Na década de 1990 a sua família se repatriou para Israel. Viviam em várias cidades, tiveram a experiência de kibbutz. Em 1999 ele serviu o SMO na brigada Golani. Depois começou a vida adulta: trabalhou, passeou, viajou muito por todo o Israel e velho continente, era um punk...
Gregory Pivovarov punk: último à direita com uma tatuagem e colete jeans azul
No início de 2014 cheguei à Ucrânia (quando Maydan começou a fase de resistência mais activa). Os meus amigos ucranianos – médicos, ativistas dos serviços de emergência, estudantes me disseram: “Venha, precisamos da sua ajuda, aqui (em Kyiv) acontecem as coisas terríveis, precisamos de gente forte”. Sendo anarquista pela natureza, anti-sistema, eu sem pensar duas vezes decidi ir e ajudar os amigos. Depois, nos dias 18-19 de fevereiro começaram os verdadeiros combates. Eu, na realidade vi o terror e as selvajarias (governamentais) que até ai me contavam. Não presenciei os (acontecimentos) no parque Mariinsky (carga do “Berkut” aos manifestantes), mas presenciei o BTR na rua Khreshatyk que nos incendiamos.
 
ED: Vocês atiravam os «cocktail Molotoff»?

GP: Em geral, usávamos escudos, eu era o «escudeiro», com os «cocktail» não acertávamos, até que a barricada foi rompida pelo blindado. Ficamos — não sei como aguentamos. Na manha do dia 19 recebi a contusão, foi acompanhar um amigo até o apartamento onde estavam os rapazes feridos. Após a vitória da Maydan me juntei aos estudantes que tomaram o controlo do Ministério de Educação e Ciência. Como o combatente mais experiente me pediram ajudar à sua guarda. Me orgulho do que era único ministério onde não houve nenhuma nomeação política à partir de cima e onde o ministro foi a pessoa ligada à educação. Depois a Rússia meteu as suas tropas na Crimeia e eu me inscrevi na centena da auto-defesa da Maydan. Pois temos que continuar no mesmo espírito de liberdade. Isso é aquilo que queria o povo ucraniano. Eu não posso esquecer os olhos das pessoas que vinham de todos os lados. Não havia nenhuma diferença quem te és: georgiano, judeu... Nos todos juntos atirávamos as pedras e gritávamos: «Não por nós! Pelo futuro sem a corrupção!» [...] Somos livres. Não precisamos nem dos EUA, nem da Rússia, não somos inimigos de ninguém…
Gregory no batalhão "Aydar"
[...]

E num belo dia, 19 de maio me ligam os meus camaradas, que naquele momento estavam no (batalhão) “Aydar” e dizem “Venha!”. Desde ai estou desempenhar as tarefas de combate no batalhão “Aydar”. Estas férias (estadia em Kyiv) estão ligadas à morte do meu amigo e comandante do “Pelotão de Ouro”. Ele morreu em combate pelo 32º posto de controlo, salvando com a própria vida os combatentes de um outro batalhão. Era uma pessoa inesquecível, todo o seu tempo ele entregava aos seus companheiros, mesmo de férias não nós deixava.
Gregory (1º à esquerda) com Oleksandr «Italiano» Piskizhov (no meio)
ED: Gregory, és da Rússia, em combate podes encontrar os seus amigos da infância…

GP: E daí, sou o globalista, acho que o mundo é sem as fronteiras. Não há más nações ou países, existem apenas más pessoas. Todos somos criaturas de Deus, todos somos paridos por uma mãe e todos seremos sepultados na terra. A questão é, onde cada um encontra o seu lugar, o meu lugar é aqui. Na Ucrânia eu achei o meu lugar, embora estive em muitos países. [...] Quando nós estávamos com os escudos na Maydan e contra nós eram atiradas as granadas (do “Berkut”) e todos estávamos à arder, um jovem que estava ao lado disse me: «Eu sou do “Setor da Direita”, e me indiferente que és judeu, antifa e anarquista, diz me o seu nome, se nos iremos  morrer, pelo menos os nossos corpos serão reconhecidos». Eu estava à arder, os companheiros conseguiram apagar o fogo.

[...] Vendo o terror que acontece do outro lado, eu entendi, os ucranianos são simplesmente anjos. Eu soube que os (mercenários) do Kadyrov e sérvios violam e matam as pessoas. Ou por exemplo, a unidade que opera morteiro AGS, dispara contra as posições ucranianas do território do hospital, depois foge de lá, espera 20 minutos e depois dispara contra o hospital, acusando do sucedido o exército ucraniano. Exemplos destes são muitos. «Aydar» sempre vem à frente, não sem ajuda do Deus, pois como, então, explicar que com as pistolas automáticas nos paramos os blindados.
Gregory em Kyiv com a foto do seu avô, oficial do exército soviético
ED: Qual é a idade média dos combatentes do “Aydar”?

GP: De 17 à 60 anos. Temos dois muçulmanos que combateram no Afeganistão, nos diferentes lados das barricadas. Um é tártaro, outro é afegão, hoje ambos combatem pela Ucrânia. [...] Geralmente no exército cada um tem a sua especialidade, mas no nosso batalhão todos sabem fazer tudo. Eu era operador do RPG, artilheiro do BTR, batedor e guarda. Quando os mísseis “Uragan” (russos) bombardearam as nossas bases Pobeda e Dmytrivka e deles não restou absolutamente nada, os nossos rapazes estavam recolher as coisas. Eles acharam lá a quipá e me trouxeram. «És judeu, fica com isso», — disseram eles. [...] O mais importante que nós sabemos que nós temos a razão, a vitória será nossa, a verdade vencerá. Se não teríamos a razão será que o Deus nos ajudaria? Quer ao nosso batalhão, quer aos outros militares ucranianos. E se Ele nos ama, significa que nós temos a razão.

Quando o gravador já foi desligado e no escritório, onde decorria a entrevista, entraram os companheiros do Gregory, ele com um sentimento e fortíssimo sotaque russo recitou um poema patriótico bonito e longo em ucraniano. «O verdadeiro ucraniano», — sorriu em aprovação um camarada bigodudo.

Fonte:
http://www.lechaim.ru/2732

Defendendo Ucrânia desde 2014, Gregory visivelmente envelheceu. Nascido em 1981, ele já aparenta ter uns 10 anos à mais. Nas FAU Gregory subiu do posto de simples voluntário estrangeiro até a posição de comandante do pelotão do 24º Batalhão Especial de Assalto «Aydar». Nessa entrevista de 2023 ele fala sobre os combates, a sua experiência militar e outros acontecimentos da guerra: 

O PCP-CDU travestidos de pacifistas: a herança estalinista

"A pomba do Jo-Jo"
Seguindo as práticas da Guerra Fria, o Partido Comunista Português (PCP), usa o “pacifismo” para os fins de propaganda, alegadamente apartidária, desta vez dirigida contra Ucrânia e contra o estado ucraniano.

Em 2014, logo no início da agressão russa contra Ucrânia os leitores deste blogue alertaram sobre o aparecimento na Internet de uma petição que ataca violentamente e absolutamente gratuitamente o estado ucraniano e Ucrânia, nestes termos:

À tentativa de legitimar o golpe inconstitucional de Fevereiro passado e impor um novo poder dos oligarcas da Ucrânia, através de eleições presidenciais sob estado de guerra, que uma parte importante do país não aceitou, sucedem-se provocações e actos de pura barbárie e perseguição contra forças políticas e sociais que se lhes opõem e ofensivas militares sobre populações que procuram defender os seus legítimos direitos e a democracia.

A petição, de teor absolutamente propagandista, faltando a verdade factual e irrelevante no seu conteúdo, repita, quase na íntegra, as acusações e chavões anti-Ucrânia produzidas em Moscovo para o consumo externo.

Afinal, a petição em questão foi produzida pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação: (CPPC), organismo que como se pode atestar pela sua página na Internet, alegadamente apartidário, claramente de esquerda, preocupado, sobremaneira, com a paz mundial.

A mesma página revela que à Direcção Nacional do CPPC compete (entre outras coisas):

Empreender iniciativas, campanhas e acções a favor da Paz”; nomeadamente “Estabelecer e desenvolver os contactos e as formas de cooperação com outras organizações e forças de paz, quer em Portugal que no plano internacional, designadamente o Conselho Mundial da Paz e o Comité Internacional de Segurança e Cooperação Europeias”.

Então, só faltava verificar quem é que faz a parte da sua Direção Nacional, composta por 15 elementos: um Presidente, dois Vice-Presidentes, um Tesoureiro, o Secretariado de três membros e oito Vogais.

Presidente: Ilda Figueiredo (PCP);
Vice-presidentes: José Baptista Alves (cabeça de lista da CDU à Câmara Municipal de Sintra em 2005); Rui Namorado Rosa (membro do CC do PCP, cidade de Évora);
Tesoureiro: Filipe Ferreira (eleito da CDU na Freguesia de Parede e candidato à agregação das freguesias de Parede e Carcavelos proposto pela organização de Parede do PCP);
Secretários: Carlos Carvalho (PCP), Rita Lopes (eleita da CDU na Assembleia de Freguesia de Santo Isidoro) e Gustavo Carneiro (CDU);
Vogais: João Gordo Martins (PCP-PEV, candidato de CDU em Lisboa em 2009), Hernâni Magalhães (PCP-PEV, Conselho do Seixal), Inês Seixas (fotógrafa do jornal do PCP Avante), Helena Casqueiro (membro da Comissão Política da Direcção Nacional da JCP), António Lara Cardoso (deputado do PCP-PEV, Conselho do Seixal), Joaquim Mesquita (PCP de Aveiro), Marta Antunes (CDU, Freguesia da Quinta do Conde) e João Alves (CDU).

Contabilizando, dos 15 membros dirigentes de uma organização “apartidária”, os 15 pertencem ao universo do PEV-PCP e CDU, ou seja, 100% dos seus dirigentes.

A propaganda do CPPC em 2023

Presidente: Ilda Figueiredo (PCP)



Secretários: Gustavo Carneiro (membro do Comité Central do PCP), Manuela Pontes de Sousa e Zulmira Ramos (apoiante do PCP).

Vogais: Carlos Garcia, Joaquim Mesquita, Carla Sofia Costa, João Rouxinol, Ana Rita Janeiro, Eduardo Lima, Ana Sofia Calado, Vicente Almeida

Além disso, o CPPC paz parte integrante do Conselho Mundial da Paz (WPC), organismo criado em 1948 na Polónia comunista, com origem em Cominform  (Bureau da Informação Comunista), ambas estruturas -- instrumentos de política externa da URSS.
Correios da URSS, 1951, 40 copeque.
Slogan na bandeira: «Pela Paz!»:
Texto em cima: «A paz será preservada e fortalecida se os povos tomarão o caso
da preservação do paz nas suas mãos e o defenderão até o fim». I. Estaline.
Texto em baixo: «Os soviéticos manifestam a sua vontade inquebrável do paz,
assinando o Apelo do Conselho Mundial da Paz».
O WPC foi expulso da França em 1952 por actividades comunistas subversivas; em 1957, sob as acusações semelhantes, foi banido na Áustria. Durante quase 40 anos a organização negava veemente ser um instrumento de influência soviética e encarava as notícias sobre o seu financiamento pela URSS como as “provocações absurdas”. Mas em 1989, na sua revista “Peace Courier”, № 440, admitiu publicamente que 90% do seu financiamento provinha da URSS que até a data tinha injetado naqueles pacifistas internacionalistas”, no mínimo, 49 milhões de USD. Outros 10 milhões de USD a organização recebeu do Comité Soviético da Paz em 1991 (quando os pensionistas soviéticos já morriam de fome, recebendo as reformas de 10-20 dólares e viram as suas poupanças congeladas nos bancos). Mas o mais interessante, toda a documentação financeira, referente ao período entre 1949 e 1991 foi destruída pela WTC.

Por último, atualmente a WTC é encabeçada pela Socorro Gomes, militante do PC do Brasil  (partido que até a década de 1950 era estalinista, nos anos 1960 se tornou maoísta e desde 1978 reivindicava o comunismo albanês).

Portanto, os seguidores legítimos do estalinismo-maoísmo, duas vertentes comunistas responsáveis pela maior parte das vítimas deste sistema desumano e genocida, pretendem ensinar os ucranianos os caminhos “da paz e da democracia”.

Como vimos, durante a Guerra Fria, os “comunistas pacíficos” eram financiados, quase exclusivamente, pela URSS. Como tal, seria muitíssimo interessante refletir sobre a origem do financiamento do “pacifismo militante” atual, tão preocupado com Ucrânia e com a situação ucraniana. Sem prestar absolutamente nenhuma atenção à ocupação militar dos territórios ucranianos pelos mercenários e pelas forças armadas russas. Afinal, os seus antecessores também nunca condenaram nenhuma invasão ou ocupação militar soviética...

Bónus

A imprensa europeia informa que o partido da extrema-direita francesa “Front National”, tinha recebido um empréstimo de 9 milhões de Euros do “First Czech Russian Bank” (FCRB), instituição bancária russa sediada em Moscovo, próxima do Kremlin e encabeçada pelo Roman Popov (1972), empresário com fortes ligações ao poder russo, o dono das 100% das ações do banco.

Fontes: Mediapart.fr (francês); France24 (inglês)  

domingo, novembro 23, 2014

As vítimas do fascismo: a família Kuznetsov

Mykola e Ihor Kuznetsov, cidade de Kyiv, 18.2.2014
Os moradores de Kyiv – pai e filho – se tornaram um dos símbolos da Maydan. O Ph.D., membro da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia, Prémio estatal de Ciência e Tecnologia, Mykola Kuznetsov (56) e o seu filho Ihor (27), também Ph.D. em ciências técnicas, foram brutalmente espancados pela polícia de choque “Berkut” na rua Instytutska no dia 18 de fevereiro de 2014.

Nas vésperas do primeiro aniversário da Revolução de Dignidade, os jornalistas localizaram a família. A sua casa não mudou nada, é bastante modesta. Apenas aumentou o número de livros.

Os Kuznetsov iam à Maydan em família, desde o início de novembro de 2013.

Quando a situação começou a deteriorar-se, eu tentei dissuadir o filho e marido de irem ao Maydan – confessa a esposa de Mykola, Alla Shumska (56), a Profª associada do Instituto Politécnico de Kyiv. — Mas o marido disse: “As crianças de vinte anos resistem ao regime totalitário, como eu posso neste momento sentar-se calmamente em casa”.

No dia 18 de fevereiro, Mykola Kuznetsov com o seu filho, como de costume, fui à faculdade, e após o almoço, eles se apressaram à praça de Independência.

Na rua Instytutska chegamos à poucos minutos antes do ataque – se recorda Mykola Kuznetsov. — De repente, as forças de segurança começaram a avançar, os ativistas da Maydan recuaram. As pessoas tropeçavam e caíam. A polícia de choque avançava rapidamente, e nós com Ihor ficamos bloqueados por todos os lados. Cada um dos comandos que passava, tentava nos bater algumas vezes com o cassetete. Não eram os cassetetes de borracha, mas de plástico, que possuem a força do golpe mais poderosa. Batiam nós nos ombros, nos rins, mas principalmente apontavam para a cabeça.

Mais tarde, descobre-se que os manifestantes não eram apenas agredidos, eram abatidos.

Eu tinha o medo de perder o filho no meio da multidão e firmemente segurava a mão dele – conta o homem. — Corremos assim, agarrando as mãos, e naquele momento recebíamos as bastonadas. Dos ferimentos jorrava sangue, mas isso, parece apenas instigava os polícias do “Berkut”. Passamos cerca de cinquenta metros, ficando de pé. Mas ao lado de uma reclame fomos derrubados ao chão, batiam já não só com os cassetetes, davam-nos os pontapés.

E mesmo assim, caímos muito bem. Embora os olhos estavam cobertos de sangue, eu vi à dois metros de distância um porão raso. Dei o sinal ao filho para gatinhar até lá. Os polícias “Berkut” que corriam ao lado, olhavam para o porão, mas para nos agredir eles tiveram que ganhar o jeito.
Quando houve uma calmaria, saímos do nosso esconderijo. Nós viu um polícia “Berkut” – ele ordenou que mostrássemos o conteúdo de nossos bolsos, se dignando explicar que estava interessado em armas. Eu nada tinha além de um par de chips no metro. Ihor tirou o relógio, mas não teve as força de colocá-lo de volta. Passando pelos pátios, queríamos deixar o lugar perigoso. No caminho encontramos médicos voluntários que nos forneceram os primeiros socorros, colocando as ligaduras na cabeça. Não tínhamos forças para continuar, nem eu, nem o meu filho, ambos mal podíamos se mover. Finalmente, se demos com entrada de um prédio para recuperar o fôlego e descansar.

Quando a situação na rua se tornou mais ou menos calma, Mykola Kuznetsov telefonou para a sua esposa.

Kolya (Mykola) disse que eles estavam bem, que eles se escondem em um dos prédios e virão em breve – conta Alla Antonivna. — Mas eu senti que algo tinha acontecido. Estranhamente comportava-se a nossa cadela, ela gemia melancolicamente e andava de quarto à quarto. Liguei a TV e vi “Berkut” espancar os manifestantes. Tentei chamar um táxi para trazer o marido e filho para casa. Quando os operadores se percebiam do local, recusavam-se completamente à aceitar o pedido. “Você sabe o que está acontecendo lá? — perguntavam. — Você lá mandaria o seu filho?Em desespero, eu sai à rua e sem saber o que fazer, comecei a vagar na procura de um carro. Finalmente, um motorista de táxi privado concordou em ir. Por causa dos engarrafamentos enormes com muitas dificuldades chegamos ao local onde me esperava o marido e filho. A rua já estava escura, por isso não vi imediatamente o estado em que ambos estavam. Feliz por estarem vivos, eu os abracei e ... não consegui me separar deles – colei. Era sangue pegajoso que encharcou todas as roupas que meu filho e marido. Só então eu vi que eles tinham as cabeças em ligaduras, e meu marido – o braço partido. Ambos mal estavam se aguentar de pé.

Em casa descobri que à Kolya e Ihor doía absolutamente tudo – eles não podiam sentar, nem ficar de pé, nem deitar-se. Todo o corpo doía, as cabeças zumbiam. Tive medo de chamar as emergências médicas, decidiu que de manhã os levo à um médico conhecido. E ai comecei, eu própria, à tratar as feridas.

Mykola Kuznetsov tive a cabeça rachada em dois locais, os médicos tiveram que colocar dez pontos. Além disso, “Berkut” lhe quebrou a escapula, ele teve que usar gesso durante muito tempo. Ihor tive a cabeça rachada em três locais. Os dois homens tiveram as costas e ombros azuis dos espancamentos, ficaram com as marcas das balas de borracha.

O pai e filho não se lembram do momento exacto em que eles foram fotografados pelo repórter da agência Reuters.

Lembro-me que alguém fez click – diz Ihor Kuznetsov. — Na mesma noite a foto apareceu na Internet, nós começaram telefonar os amigos, queriam saber como estávamos, se éramos nós, ofereciam ajuda.

[...]
Devemos dizer que o pai e filho Kuznetsov, literalmente se ofereciam para participar na Operação anti-terrorista (OAT).
Pai e filho em novembro de 2014
Infelizmente, não fomos aceites para a frente de batalha, — suspira Mykola Kuznetsov. — Ordenaram que fiquemos na retaguarda, por isso ajudamos à aproximar a vitória com todos os meios disponíveis. Mensalmente oferecemos uma parte de salários às necessidades da OAT. Compramos aos militares as lanternas potentes, que focam à quinhentos metros. Ajudamos também aos feridos, em particular, na aquisição de próteses de qualidade. Entregamos a nossa casa de campo para servir de moradia da família dos refugiados.

Agora, o mais importante é parar a guerra. Nós já provamos que somos uma nação forte, superaremos este mal. O vencedor não é quem tem as armas mais poderosas, mas quem é mais forte no espírito. Lembre-se, um ano atrás, nós com os paus íamos contra as armas de fogo e ganhamos na Maydan!

Fonte:

Blogueiro

O que aconteceu com os Kuznetsov pode ser chamado de verdadeiro fascismo. Dois bons homens, intelectuais da primeira linha que muitos dos países gostariam de ter como investigadores ou cientistas, sobreviveram com muita sorte à mistura, ataque de um regime em sua pura agonia hitleriana. E depois aparecem os idiotas úteis que defendem as ações de “Berkut”, que afinal também sofreram, afinal também são vítimas e até são anti-fascistas e representam o lado progressista da história...

Recordar o Holodomor

O bailado “Flutua o barco” (Holodomor 1932-33) da autoria do Ruslan Ishchuk. Coreografia do grupo folclórico “Barvinok”, Ontário – Canadá (2008). O link em baixo levará ao vídeo em questão.
https://www.youtube.com/watch?v=8_HE8RHT3hk

A obra se baseia no caso documental, publicado na revista soviética “Ogonyok” em 1989, uma das primeiras publicações sobre o Holodomor na Ucrânia, que apareceu na imprensa oficial. Escreveu o editor-chefe da revista, Vitaly Korotych:

Na região ucraniana de Cherkasy vi um homem grisalho que levava as coroas de flores silvestres ao rio. Os aldeões me contaram que em 1933, após a morte da esposa pela fome, o homem ficou sozinho com os sete filhos. Quando as pessoas na aldeia comeram todos os gatos, cães e começaram à desaparecer as crianças, ele meteu num barco todos os seus filhos, já inchados pela fome e disse-lhes que irão de barco para apanhar alguns crustáceos que depois iam comer. No meio do rio, pai virou o barco para se afogar juntamente com os seus filhos... Mas quando acordou, levado à margem por ondas, e percebeu o que fez, e que ele sobreviveu sozinho – enlouqueceu. E desde aquele momento, cada dia, o pai fazia as sete coroas e as levava ao rio...