A imprensa internacional dedica a sua atenção a vida dos tártaros da Crimeia que vivem na península sob a constante perseguição e assédio das forças da ocupação russa.
O jornal finlandês Helsigin
Sanomat escreve na sua edição do último domingo: o sistema bancário da
península é um caos, mais de 15 ativistas foram raptados,
alguns encontrados sem vida, com sinais de tortura.
A tártara da Crimeia, Lenie Velieva (77), na primeira foto, já viu de tudo. Estaline, Putin.
Ela não se assusta por pouco, mas os seus filhos têm medo. Em 18 de maio de 1944,
aos 7 anos de idade ela foi deportada, primeiro aos Urais, depois ao
Uzbequistão, onde viveu por quatro décadas.
“Tivemos um quarto de hora para sair (das casas). Fomos levados para a
estação (ferroviária) e colocados em uma carruagem de cavalos. Quando saímos, estávamos
nos Urais”, recorda Lenie Velieva.
Os tártaros da Crimeia resistiram à anexação da península do Mar Negro por Moscovo
em março, e a comunidade muçulmana pagou por isso desde então, informa Al
Jazeera.
As imagens (16): os muçulmanos da Crimeia perseguidos
Aldeia dos tártaros da Crimeia
Ao contrário da maioria étnica russa da Crimeia, a maior parte dos tártaros da
Crimeia resistiu à anexação da península pela Rússia em março. Moscovo respondeu
exilando os líderes comunitários, banindo os comícios, fechando os meios de
comunicação tártaros, e paralisando o trabalho do Mejlis, o parlamento informal
dos tártaros da Crimeia. Pelo menos 15 tártaros e ativistas pró-ucranianas
foram sequestrados ou desapareceram, um foi encontrado morto com marcas de
tortura, um outro supostamente se enforcou em um celeiro isolado.
Casamento típico dos tártaros da Crimeia
Centenas de muçulmanos foram detidos, interrogados e multados por bloquear as
estradas durante manifestações de protesto. Houve tentativas de incendiar duas
mesquitas, e várias outras foram vandalizadas.
Muitos muçulmanos reclamam que oficiais da polícia, durante as buscas domiciliares, quebram as portas e móveis, assediam e humilham-os na frente de suas esposas e
filhos, de acordo com mais de uma dúzia de pessoas entrevistadas pela Al
Jazeera.
O criativo ucranianoPavlo
Banderas (FB) akaPablo Banderas (VK),
criou uma série de jogos simples, mas infestadíssimos de ideologia ultra-liberal
neo-conservadora, afim de transformar os bons e pacatos camponeses ucranianos em
terríveis carrascos da junta sangrenta pró-americana.
Banderas começou a sua teia capitalista aos poucos, um dos seus primeiros
jogos foi o “Pastor Sangrento IV”
Usando o frame do pacífico jogo eletrónico soviético, “Elektronica M 02”, o Banderas,
de uma maneira extremamente cínica, colocou a figura parecida com Oleksandr Turtchynovaka “Pastor Sangrento” à apanhar os ovos de galinhas russófonas para os colocar
na mesa da Guarda Nacional da Ucrânia. Embora também existe uma explicação
muito mais sinistra, os ovos são apenas o símbolo das crianças de Dombass, que
são retirados aos país para a sua crucificação diária... (não podemos falar
mais, lágrimas de indignação caem sobre o nosso teclado, não permitindo escrever
direito).
Comandos: para iniciar o jogo fazer click no botão: uграA (canto superior direito).
Mover o pastor sangrento: lado esquerdo: botões A (cima) / Z (baixo); lado direito: os botões º (cima) / ~ (baixo),
do lado direito os botões ficam lado ao lado, último e penúltimo à direita na mesma
linha do botão da letra A (podem diferir de teclado para o teclado).
Objetivo: recolher o maior número de ovos para a festança capitalista da
Guarda Nacional da Ucrânia.
Nível de diversão: 2 estrelas; próprio aos carrascos infantis.
Para lavar a imagem dos carrascos do “Setor da Direita”, Banderas criou
dois jogos: Nyarosh e Nyarosh II, ambas centradas no embelezamento da imagem do carrasco-mor Dmytro Yarosh.
Comandos: setas “para cima” e “para baixo”.
Objetivo: evitar que imagem do Dmytro Yarosh seja atingida pelos mísseis da
humanidade progressista.
Nível de diversão: 2,5 estrelas; próprio aos carrascos infanto-juvenis.
Objetivos: fazer crescer a imagem do Dmytro Yarosh, evitar os choques com
imagens maiores; os choques com cartão de visitas do Yarosh ou com o tridente
ucraniano fazem crescer a sua figura; os choques com a insígnia do “Setor da
Direita” a diminuem, portanto são para evitar. A música irritante pode ser
desligada com um click no canto superior direito.
Nível de diversão: 3 estrelas; próprio aos carrascos adolescentes.
O jogo mais sangrento e desumano produzido pela junta para alienar o que
resta dos bons jovens e adolescentes ucranianos. Os zumbis vestem os casacos de algodão representam o bom povo do Dombass, que tem apenas
uma única “culpa”: abraçou os separatistas; acolheu os cossacos russos, os terroristas
caucasianos e diversa outra escumalha que veio à Ucrânia apenas e só para matar os
ucranianos...
Comandos: disparar / usar a catana: intervalo; virar para esquerda ou direita: as setas; kit de primeiros socorros dá vida; tryzub duplica as forças; para os
recolher usar a seta “para baixo”.
Armamento: pistola (lenta, mas eficaz), pode-se ter duas pistolas; shot-gun
(lento e funcional apenas à curta distância, embora mortal); espingarda de
precisão (mata mais que um zumbi); pistola-automática (dispara rajadas); mini-metralhadora
(dispara as rajadas maiores).
Objetivos: Bender’a nacionalista
deve abater tantos moradores de Dombass, isso é, zumbis, quando conseguir. Há
zumbis de diversos tipos: regulares (lentos); azuis (rápidos, ficam pegajosos
quando apanham Bender’a); maiores (para os matar precisam-se duas catanadas
ou duas balas de pistola); o HUYLO (precisa-se algum esforço para o abater, mas
não é imortal).
Nível de diversão: 4 estrelas; próprio aos carrascos de diversas idades.
Pelo que se percebe à primeira vista é apenas uma tosca tentativa de
promover a imagem da junta sangrenta junto ao público analfabeto (após a total proibição do uso e ensino da língua russa na Ucrânia).
Nível de diversão: 1 estrela; próprio aos aprendizes de carrascos.
O artilheiro do regimento “Azov” canta a canção ucraniana “Estou
vivo, mãezinha, estou vivo!” (aqui é cantado pela Sofia Fedyna, ouvir e/ou descarregar gratuitamente: 3,19 MB):
A blogueira russo-brasileiraManoela Matioli (na foto em cima) deixa as
suas impressões sobre a guerra da libertação na Ucrânia e sobre o papel das FAU
na defesa da nação.
O israelitaGregory
“Olen” Pivovarovnasceu na Rússia, mais tarde emigrou para Israel. O anarquista
e punk bem conhecido dapraça
Dizengoffem Telavive, Gregory
viajou por toda a Europa à boleia, participou na defesa paramilitar da Maydan, depois se tornou o voluntário do batalhão “Aydar”.
Gregory Pivovarov da época punk: último à direita, com o dedinho médio esticado
(O jornalista Edward Doks encontrou Gregory Pivovarov em Kyiv, à onde este
veio para se despedir do seu comandante e amigo Oleksandr “Italiano” Piskizhov,
que morreu defendendo o 32º posto de controlo das FAU, na região de Luhansk).
Gregory nasceu em Leninegrado em 1981. Na década de 1990 a sua família se
repatriou para Israel. Viviam em várias cidades, tiveram a experiência de
kibbutz. Em 1999 ele serviu o SMO na brigada Golani. Depois começou
a vida adulta: trabalhou, passeou, viajou muito por todo o Israel e velho
continente, era um punk...
Gregory Pivovarov punk: último à direita com uma tatuagem e colete jeans azul
No início de 2014 cheguei à Ucrânia (quando Maydan começou a fase de
resistência mais activa). Os meus amigos ucranianos – médicos, ativistas dos
serviços de emergência, estudantes me disseram: “Venha, precisamos da sua
ajuda, aqui (em Kyiv) acontecem as coisas terríveis, precisamos de gente
forte”. Sendo anarquista pela natureza, anti-sistema, eu sem pensar duas vezes decidi
ir e ajudar os amigos. Depois, nos dias 18-19 de fevereiro começaram os
verdadeiros combates. Eu, na realidade vi o terror e as selvajarias
(governamentais) que até ai me contavam. Não presenciei os (acontecimentos) no
parque Mariinsky (carga do “Berkut” aos manifestantes), mas presenciei o
BTR na rua Khreshatyk que nos incendiamos.
ED: Vocês atiravam os «cocktail Molotoff»?
GP: Em geral, usávamos escudos, eu era o «escudeiro», com os «cocktail» não
acertávamos, até que a barricada foi rompida pelo blindado. Ficamos — não sei
como aguentamos. Na manha do dia 19 recebi a contusão, foi acompanhar um amigo
até o apartamento onde estavam os rapazes feridos. Após a vitória da Maydan me
juntei aos estudantes que tomaram o controlo do Ministério de Educação e
Ciência. Como o combatente mais experiente me pediram ajudar à sua guarda. Me orgulho
do que era único ministério onde não houve nenhuma nomeação política à partir
de cima e onde o ministro foi a pessoa ligada à educação. Depois a Rússia meteu
as suas tropas na Crimeia e eu me inscrevi na centena da auto-defesa da Maydan.
Pois temos que continuar no mesmo espírito de liberdade. Isso é aquilo que
queria o povo ucraniano. Eu não posso esquecer os olhos das pessoas que vinham
de todos os lados. Não havia nenhuma diferença quem te és: georgiano, judeu...
Nos todos juntos atirávamos as pedras e gritávamos: «Não por nós! Pelo futuro sem
a corrupção!» [...] Somos livres. Não precisamos nem dos EUA, nem da Rússia, não
somos inimigos de ninguém…
Gregory no batalhão "Aydar"
[...]
E num belo dia, 19 de maio me ligam os meus camaradas, que naquele momento estavam
no (batalhão) “Aydar” e dizem “Venha!”. Desde ai estou desempenhar as tarefas de
combate no batalhão “Aydar”. Estas férias (estadia em Kyiv) estão ligadas à morte
do meu amigo e comandante do “Pelotão de Ouro”. Ele morreu em combate pelo 32º posto
de controlo, salvando com a própria vida os combatentes de um outro batalhão.
Era uma pessoa inesquecível, todo o seu tempo ele entregava aos seus companheiros,
mesmo de férias não nós deixava.
Gregory (1º à esquerda) com Oleksandr «Italiano» Piskizhov (no meio)
ED: Gregory, és da Rússia, em combate podes encontrar os seus amigos da
infância…
GP: E daí, sou o globalista, acho que o mundo é sem as fronteiras. Não há más
nações ou países, existem apenas más pessoas. Todos somos criaturas de Deus,
todos somos paridos por uma mãe e todos seremos sepultados na terra. A questão é,
onde cada um encontra o seu lugar, o meu lugar é aqui. Na Ucrânia eu achei o
meu lugar, embora estive em muitos países. [...] Quando nós estávamos com os escudos
na Maydan e contra nós eram atiradas as granadas (do “Berkut”) e todos estávamos
à arder, um jovem que estava ao lado disse me: «Eu sou do “Setor da Direita”, e
me indiferente que és judeu, antifa e anarquista, diz me o seu nome, se nos
iremos morrer, pelo menos os nossos
corpos serão reconhecidos». Eu estava à arder, os companheiros conseguiram
apagar o fogo.
[...] Vendo o terror que acontece do outro lado, eu entendi, os ucranianos
são simplesmente anjos. Eu soube que os (mercenários) do Kadyrov e sérvios
violam e matam as pessoas. Ou por exemplo, a unidade que opera morteiro AGS, dispara
contra as posições ucranianas do território do hospital, depois foge de lá, espera
20 minutos e depois dispara contra o hospital, acusando do sucedido o exército
ucraniano. Exemplosdestessãomuitos. «Aydar» sempre vem à frente, não sem ajuda do Deus, pois como,
então, explicar que com as pistolas automáticas nos paramos os blindados.
Gregory em Kyiv com a foto do seu avô, oficial do exército soviético
ED: Qual é a idade média dos combatentes do “Aydar”?
GP: De 17 à 60 anos. Temos dois muçulmanos que combateram no Afeganistão, nos
diferentes lados das barricadas. Um é tártaro, outro é afegão, hoje ambos
combatem pela Ucrânia. [...] Geralmente no exército cada um tem a sua
especialidade, mas no nosso batalhão todos sabem fazer tudo. Eu era operador do
RPG, artilheiro do BTR, batedor e guarda. Quando os mísseis “Uragan” (russos)
bombardearam as nossas bases Pobeda e Dmytrivka e deles não restou absolutamente
nada, os nossos rapazes estavam recolher as coisas. Elesacharamlá aquipáemetrouxeram. «Ésjudeu, ficacomisso», — disserameles. [...]
O mais importante que nós sabemos que nós temos a razão, a vitória será nossa,
a verdade vencerá. Se não teríamos a razão será que o Deus nos ajudaria? Quer
ao nosso batalhão, quer aos outros militares ucranianos. E se Ele nos ama,
significa que nós temos a razão.
Quando o gravador já foi desligado e no escritório, onde decorria a
entrevista, entraram os companheiros do Gregory, ele com um sentimento e fortíssimo
sotaque russo recitou um poema patriótico bonito e longo em ucraniano. «O verdadeiro
ucraniano», — sorriu em aprovação um camarada bigodudo.
Defendendo Ucrânia desde 2014, Gregory visivelmente envelheceu. Nascido em 1981, ele já aparenta ter uns 10 anos à mais. Nas FAU Gregory subiu do posto de simples voluntário estrangeiro até a posição de comandante do pelotão do 24º Batalhão Especial de Assalto «Aydar». Nessa entrevista de 2023 ele fala sobre os combates, a sua experiência militar e outros acontecimentos da guerra:
Seguindo as práticas da Guerra Fria, o Partido Comunista Português (PCP), usa o “pacifismo” para os fins de propaganda, alegadamente
apartidária, desta vez dirigida contra Ucrânia e contra o estado ucraniano.
Em 2014, logo no início da agressão russa contra Ucrânia os leitores deste blogue alertaram sobre o aparecimento na
Internet de uma petição que ataca violentamente e absolutamente gratuitamente o
estado ucraniano e Ucrânia, nestes termos:
À tentativa de legitimar o golpe inconstitucional de Fevereiro passado e impor
um novo poder dos oligarcas da Ucrânia, através de eleições presidenciais sob
estado de guerra, que uma parte importante do país não aceitou, sucedem-se
provocações e actos de pura barbárie e perseguição contra forças políticas e
sociais que se lhes opõem e ofensivas militares sobre populações que procuram
defender os seus legítimos direitos e a democracia.
A petição, de teor absolutamente propagandista, faltando a verdade factual e
irrelevante no seu conteúdo, repita, quase na íntegra, as acusações e chavões
anti-Ucrânia produzidas em Moscovo para o consumo externo.
Afinal, a petição em questão foi produzida pelo Conselho Português para a
Paz e Cooperação: (CPPC), organismo
que como se pode atestar pela sua página na Internet, alegadamente apartidário, claramente de
esquerda, preocupado, sobremaneira, com a paz mundial.
A mesma página revela que à Direcção Nacional do CPPC compete (entre outras
coisas):
“Empreender iniciativas, campanhas e acções a favor da Paz”; nomeadamente “Estabelecer
e desenvolver os contactos e as formas de cooperação com outras organizações e
forças de paz, quer em Portugal que no plano internacional, designadamente o
Conselho Mundial da Paz e o Comité Internacional de Segurança e Cooperação
Europeias”.
Então, só faltava verificar quem é que faz a parte da sua Direção Nacional,
composta por 15 elementos: um Presidente, dois Vice-Presidentes, um Tesoureiro, o
Secretariado de três membros e oito Vogais.
Vice-presidentes: José Baptista Alves (cabeça de lista da CDU à Câmara
Municipal de Sintra em 2005); Rui Namorado Rosa (membro do CC do PCP, cidade de Évora);
Tesoureiro: Filipe Ferreira (eleito da CDU na Freguesia de Parede e candidato
à agregação das freguesias de Parede e Carcavelos proposto pela organização de
Parede do PCP);
Secretários: Carlos Carvalho (PCP), Rita Lopes (eleita da CDU na Assembleia
de Freguesia de Santo Isidoro) e Gustavo Carneiro (CDU);
Vogais: João Gordo Martins (PCP-PEV, candidato de CDU em Lisboa em 2009),
Hernâni Magalhães (PCP-PEV, Conselho do Seixal),
Inês Seixas (fotógrafa do jornal do PCP Avante), Helena
Casqueiro (membro da Comissão Política da Direcção Nacional da JCP), António
Lara Cardoso (deputado do PCP-PEV, Conselho do Seixal), Joaquim Mesquita (PCP
de Aveiro), Marta
Antunes (CDU, Freguesia da Quinta do Conde) e João Alves (CDU).
Contabilizando, dos 15 membros dirigentes de uma organização “apartidária”, os
15 pertencem ao universo do PEV-PCP e CDU, ou seja, 100% dos seus dirigentes.
Vogais: Carlos Garcia, Joaquim Mesquita, Carla Sofia Costa, João Rouxinol, Ana Rita Janeiro, Eduardo Lima, Ana Sofia Calado, Vicente Almeida
Além disso, o CPPC paz parte integrante do Conselho Mundial da Paz (WPC), organismo
criado em 1948 na Polónia comunista, com origem em Cominform (Bureau da Informação Comunista), ambas estruturas -- instrumentos de política externa da URSS.
Correios da URSS, 1951, 40 copeque.
Slogan na bandeira: «Pela Paz!»:
Texto em cima: «A paz será preservada e fortalecida se os povos tomarão o caso
da preservação do paz nas suas mãos e o defenderão até o fim». I. Estaline.
Texto em baixo: «Os soviéticos manifestam a sua vontade inquebrável do paz,
assinando o Apelo do Conselho Mundial da Paz».
O WPC foi expulso da França em 1952 por actividades comunistas subversivas;
em 1957, sob as acusações semelhantes, foi banido na Áustria. Durante
quase 40 anos a organização negava veemente ser um instrumento de influência
soviética e encarava as notícias sobre o seu financiamento pela URSS como as “provocações
absurdas”. Mas em 1989, na sua revista “Peace Courier”, № 440, admitiu publicamente
que 90% do seu financiamento provinha da URSS que até a data tinha injetado naqueles “pacifistas internacionalistas”, no mínimo, 49 milhões de USD. Outros 10 milhões de
USD a organização recebeu do Comité Soviético da Paz em 1991 (quando os
pensionistas soviéticos já morriam de fome, recebendo as reformas de 10-20
dólares e viram as suas poupanças congeladas nos bancos). Mas o mais interessante,
toda a documentação financeira, referente ao período entre 1949 e 1991 foi
destruída pela WTC.
Por último, atualmente a WTC é encabeçada pela Socorro Gomes, militante do PC do Brasil
(partido que até a década de 1950 era
estalinista, nos anos 1960 se tornou maoísta e desde 1978 reivindicava o
comunismo albanês).
Portanto, os seguidores legítimos do estalinismo-maoísmo, duas vertentes
comunistas responsáveis pela maior parte das vítimas deste sistema desumano e
genocida, pretendem ensinar os ucranianos os caminhos “da paz e da democracia”.
Como vimos, durante a Guerra Fria, os “comunistas pacíficos” eram financiados,
quase exclusivamente, pela URSS. Como tal, seria muitíssimo interessante refletir
sobre a origem do financiamento do “pacifismo militante” atual, tão preocupado com
Ucrânia e com a situação ucraniana. Sem prestar absolutamente nenhuma atenção à ocupação militar
dos territórios ucranianos pelos mercenários e pelas forças armadas russas. Afinal,
os seus antecessores também nunca condenaram nenhuma invasão ou ocupação militar
soviética...
Bónus
A imprensa europeia informa que o partido da extrema-direita francesa “Front
National”, tinha recebido um empréstimo de 9 milhões de Euros do “First Czech
Russian Bank” (FCRB), instituição bancária russa sediada em Moscovo, próxima do
Kremlin e encabeçada pelo Roman Popov (1972), empresário com fortes ligações ao
poder russo, o dono das 100% das ações do banco.
Mykola e Ihor Kuznetsov, cidade de Kyiv, 18.2.2014
Os moradores de Kyiv – pai e filho – se tornaram um dos símbolos da Maydan.
O Ph.D., membro da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia, Prémio
estatal de Ciência e Tecnologia, Mykola Kuznetsov (56) e o seu filho Ihor (27),
também Ph.D. em ciências técnicas, foram brutalmente espancados pela polícia de
choque “Berkut” na rua Instytutska no dia 18 de fevereiro de 2014.
Nas vésperas do primeiro aniversário da Revolução de Dignidade, os
jornalistas localizaram a família. A sua casa não mudou nada, é bastante
modesta. Apenas aumentou o número de livros.
Os Kuznetsov iam à Maydan em família, desde o início de novembro de 2013.
— Quando a situação começou a deteriorar-se, eu tentei dissuadir o filho e marido
de irem ao Maydan – confessa a esposa de Mykola, Alla Shumska (56), a Profª
associada do Instituto Politécnico de Kyiv. — Mas o marido disse: “As crianças
de vinte anos resistem ao regime totalitário, como eu posso neste momento sentar-se
calmamente em casa”.
No dia 18 de fevereiro, Mykola Kuznetsov com o seu filho, como de costume,
fui à faculdade, e após o almoço, eles se apressaram à praça de Independência.
— Na rua Instytutska chegamos à poucos minutos antes do ataque – se recorda
Mykola Kuznetsov. — De repente, as forças de segurança começaram a avançar, os
ativistas da Maydan recuaram. As pessoas tropeçavam e caíam. A polícia de
choque avançava rapidamente, e nós com Ihor ficamos bloqueados por todos os
lados. Cada um dos comandos que passava, tentava nos bater algumas vezes com o
cassetete. Não eram os cassetetes de borracha, mas de plástico, que possuem a
força do golpe mais poderosa. Batiam nós nos ombros, nos rins, mas
principalmente apontavam para a cabeça.
Mais tarde, descobre-se que os manifestantes não eram apenas agredidos, eram
abatidos.
— Eu tinha o medo de perder o filho no meio da multidão e firmemente segurava
a mão dele – conta o homem. — Corremos assim, agarrando as mãos, e naquele
momento recebíamos as bastonadas. Dos ferimentos jorrava sangue, mas isso, parece
apenas instigava os polícias do “Berkut”. Passamos cerca de cinquenta metros,
ficando de pé. Mas ao lado de uma reclame fomos derrubados ao chão, batiam já não
só com os cassetetes, davam-nos os pontapés.
E mesmo assim, caímos muito bem. Embora os olhos estavam cobertos de
sangue, eu vi à dois metros de distância um porão raso. Dei o sinal ao filho para
gatinhar até lá. Os polícias “Berkut” que corriam ao lado, olhavam para o
porão, mas para nos agredir eles tiveram que ganhar o jeito.
Quando houve uma calmaria, saímos do nosso esconderijo. Nós viu um polícia “Berkut”
– ele ordenou que mostrássemos o conteúdo de nossos bolsos, se dignando explicar
que estava interessado em armas. Eu nada tinha além de um par de chips no metro.
Ihor tirou o relógio, mas não teve as força de colocá-lo de volta. Passando
pelos pátios, queríamos deixar o lugar perigoso. No caminho encontramos médicos
voluntários que nos forneceram os primeiros socorros, colocando as ligaduras na
cabeça. Não tínhamos forças para continuar, nem eu, nem o meu filho, ambos mal
podíamos se mover. Finalmente, se demos com entrada de um prédio para recuperar
o fôlego e descansar.
Quando a situação na rua se tornou mais ou menos calma, Mykola Kuznetsov telefonou para a sua esposa.
— Kolya (Mykola) disse que eles estavam bem, que eles se escondem em um dos
prédios e virão em breve – conta Alla Antonivna. — Mas eu senti que algo tinha
acontecido. Estranhamente comportava-se a nossa cadela, ela gemia
melancolicamente e andava de quarto à quarto. Liguei a TV e vi “Berkut” espancar
os manifestantes. Tentei chamar um táxi para trazer o marido e filho para casa.
Quando os operadores se percebiam do local, recusavam-se completamente à
aceitar o pedido. “Você sabe o que está acontecendo lá? — perguntavam. — Você lá
mandaria o seu filho?” Em desespero, eu sai à rua e sem saber o que fazer,
comecei a vagar na procura de um carro. Finalmente, um motorista de táxi
privado concordou em ir. Por causa dos engarrafamentos enormes com muitas
dificuldades chegamos ao local onde me esperava o marido e filho. A rua já estava
escura, por isso não vi imediatamente o estado em que ambos estavam. Feliz por
estarem vivos, eu os abracei e ... não consegui me separar deles – colei. Era
sangue pegajoso que encharcou todas as roupas que meu filho e marido. Só então
eu vi que eles tinham as cabeças em ligaduras, e meu marido – o braço partido. Ambosmalestavamseaguentardepé.
Em casa descobri que à Kolya e Ihor doía absolutamente tudo – eles não
podiam sentar, nem ficar de pé, nem deitar-se. Todo o corpo doía, as cabeças
zumbiam. Tive medo de chamar as emergências médicas, decidiu que de manhã os levo
à um médico conhecido. Eaicomecei, euprópria,
à tratarasferidas.
Mykola Kuznetsov tive a cabeça rachada em dois locais, os médicos tiveram
que colocar dez pontos. Além disso, “Berkut” lhe quebrou a escapula, ele teve que
usar gesso durante muito tempo. Ihor tive a cabeça rachada em três locais. Os dois
homens tiveram as costas e ombros azuis dos espancamentos, ficaram com as marcas
das balas de borracha.
O pai e filho não se lembram do momento exacto em que eles foram fotografados
pelo repórter da agência Reuters.
— Lembro-me que alguém fez click – diz Ihor Kuznetsov. — Na mesma noite a
foto apareceu na Internet, nós começaram telefonar os amigos, queriam saber
como estávamos, se éramos nós, ofereciam ajuda.
[...]
Devemos dizer que o pai e filho Kuznetsov, literalmente se ofereciam para participar na Operação anti-terrorista (OAT).
Pai e filho em novembro de 2014
— Infelizmente, não fomos aceites para a frente de batalha, — suspira Mykola
Kuznetsov. — Ordenaram que fiquemos na retaguarda, por isso ajudamos à
aproximar a vitória com todos os meios disponíveis. Mensalmente oferecemos uma
parte de salários às necessidades da OAT. Compramos aos militares as lanternas potentes,
que focam à quinhentos metros. Ajudamos também aos feridos, em particular, na
aquisição de próteses de qualidade. Entregamos a nossa casa de campo para
servir de moradia da família dos refugiados.
Agora, o mais importante é parar a guerra. Nós já provamos que somos uma
nação forte, superaremos este mal. O vencedor não é quem tem as armas mais poderosas,
mas quem é mais forte no espírito. Lembre-se, um ano atrás, nós com os paus íamos
contra as armas de fogo e ganhamos na Maydan!
O que aconteceu com os Kuznetsov pode ser chamado de verdadeiro fascismo.
Dois bons homens, intelectuais da primeira linha que muitos dos países
gostariam de ter como investigadores ou cientistas, sobreviveram com muita
sorte à mistura, ataque de um regime em sua pura agonia hitleriana. E depois
aparecem os idiotas úteis que defendem as ações de “Berkut”, que afinal também
sofreram, afinal também são vítimas e até são anti-fascistas e representam o lado
progressista da história...
Recordar o Holodomor
O bailado “Flutua o barco” (Holodomor 1932-33) da autoria do Ruslan Ishchuk.
Coreografia do grupo folclórico “Barvinok”, Ontário – Canadá (2008). O link em baixo levará ao vídeo em questão.
https://www.youtube.com/watch?v=8_HE8RHT3hk
A obra se baseia no caso documental, publicado na revista soviética “Ogonyok”
em 1989, uma das primeiras publicações sobre o Holodomor na Ucrânia, que
apareceu na imprensa oficial. Escreveu o editor-chefe da revista, Vitaly Korotych:
Na região ucraniana de Cherkasy vi um homem grisalho que levava as coroas de
flores silvestres ao rio. Os aldeões me contaram que em 1933, após a morte da
esposa pela fome, o homem ficou sozinho com os sete filhos. Quando as pessoas
na aldeia comeram todos os gatos, cães e começaram à desaparecer as crianças, ele
meteu num barco todos os seus filhos, já inchados pela fome e disse-lhes que irão
de barco para apanhar alguns crustáceos que depois iam comer. No meio do rio, pai
virou o barco para se afogar juntamente com os seus filhos... Mas quando acordou,
levado à margem por ondas, e percebeu o que fez, e que ele sobreviveu sozinho – enlouqueceu. E desde aquele momento, cada dia, o pai fazia as sete coroas e as levava
ao rio...