No Cazaquistão foi proibida a revista independente Adam
Bol, publicada em língua russa, formalmente por causa do seu artigo sobre os voluntários daquele país da
Ásia Central que pretendiam participar na Operação anti-terrorista (OAT) na Ucrânia,
combatendo a agressão terrorista russa.
O artigo da autoria do editor da revista, Miras
Nurmuhanbetov, chamado “Os nossos na guerra alheia”, foi publicado em
agosto de 2014. A Direção da política interna do Conselho municipal (Akimat) da
cidade de Almaty considerou que a publicação continha a “propaganda de guerra”
e recorreu ao tribunal para proibir a edição impressa e on-line da revista. O
tribunal deliberou a sua decisão prévia sem a presença dos representantes da
revista e sem a imprensa, em formato fechado.
O editor da revista considera que o poder do Cazaquistão já bastante tempo estava
à procura de um pretexto para fechar a revista, conotada com a oposição. Miras
Nurmuhanbetov acredita que o seu trabalho estava irritar os responsáveis em
Astana e em Moscovo.
A decisão prévia do tribunal foi entregue à editora-chefe da revista, Guljan Ergalieva, no dia 20 de
novembro. Na sua deliberação, o tribunal satisfez plenamente o pedido do Conselho
municipal de Almaty sobre o fecho total da revista até a sua decisão final. Os
jornalistas da Adam Bol estão convictos do que a decisão proibitiva já foi
tomada e que neste momento apenas a difusão do caso na imprensa e a pressão
internacional podem os proteger da censura e da falta de liberdade
de imprensa no país.
De momento, as autoridades do Cazaquistão tentam, à todo o custo, silenciar
o caso, para o efeito, na rede Internet são bloqueadas as páginas nacionais que noticiam o caso, como a edição Total.kz
(artigo), entre outras.
O artigo, publicado na edição № 31 (42) de 29 de agosto de 2014, foi
baseado na entrevista concedida pelo Aydos Sadykov, político de
oposição, que neste momento vive no exílio na Ucrânia. Sadykov falava
sobre a possibilidade de criação de um batalhão internacional que participará
na OAT e cuja criação, alegadamente, já foi solicitada ao presidente ucraniano Petró
Poroshenko. As passagens que mais irritaram as autoridades do Cazaquistão foram
as seguintes:
“É errado pensar que o batalhão será limitado à apenas algumas nacionalidades
[...] As nacionalidades e o número dos que farão parte do nosso batalhão, não
serão revelados, esta é a informação secreta. Apenas explico que há voluntários
de vários pontos do mundo que expressaram o seu desejo de vir à Ucrânia. Neste
momento está sendo resolvida a questão do estatuto jurídico (recorremos
oficialmente ao presidente Poroshenko nesta questão), depois iremos agir. [...]
Nem todas as pessoas hoje querem revelar as suas identidades, pois eles podem
ser processadas nos países de origem. Mas, seja como for, neste caso é uma
guerra justa [...] Não haverá nenhum mercenário que luta pelo dinheiro. Isso é
absolutamente claro. O batalhão será formado por aqueles que sinceramente querem
proteger a integridade territorial da Ucrânia, que entendem que no caso de
vitória da Rússia, Putin não irá parar e avançará mais”.
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