"A pomba do Jo-Jo" |
Seguindo as práticas da Guerra Fria, o Partido Comunista Português (PCP), usa o “pacifismo” para os fins de propaganda, alegadamente
apartidária, desta vez dirigida contra Ucrânia e contra o estado ucraniano.
Em 2014, logo no início da agressão russa contra Ucrânia os leitores deste blogue alertaram sobre o aparecimento na
Internet de uma petição que ataca violentamente e absolutamente gratuitamente o
estado ucraniano e Ucrânia, nestes termos:
À tentativa de legitimar o golpe inconstitucional de Fevereiro passado e impor
um novo poder dos oligarcas da Ucrânia, através de eleições presidenciais sob
estado de guerra, que uma parte importante do país não aceitou, sucedem-se
provocações e actos de pura barbárie e perseguição contra forças políticas e
sociais que se lhes opõem e ofensivas militares sobre populações que procuram
defender os seus legítimos direitos e a democracia.
A petição, de teor absolutamente propagandista, faltando a verdade factual e
irrelevante no seu conteúdo, repita, quase na íntegra, as acusações e chavões
anti-Ucrânia produzidas em Moscovo para o consumo externo.
Afinal, a petição em questão foi produzida pelo Conselho Português para a
Paz e Cooperação: (CPPC), organismo
que como se pode atestar pela sua página na Internet, alegadamente apartidário, claramente de
esquerda, preocupado, sobremaneira, com a paz mundial.
A mesma página revela que à Direcção Nacional do CPPC compete (entre outras
coisas):
“Empreender iniciativas, campanhas e acções a favor da Paz”; nomeadamente “Estabelecer
e desenvolver os contactos e as formas de cooperação com outras organizações e
forças de paz, quer em Portugal que no plano internacional, designadamente o
Conselho Mundial da Paz e o Comité Internacional de Segurança e Cooperação
Europeias”.
Então, só faltava verificar quem é que faz a parte da sua Direção Nacional,
composta por 15 elementos: um Presidente, dois Vice-Presidentes, um Tesoureiro, o
Secretariado de três membros e oito Vogais.
Presidente: Ilda Figueiredo
(PCP);
Vice-presidentes: José Baptista Alves (cabeça de lista da CDU à Câmara
Municipal de Sintra em 2005); Rui Namorado Rosa (membro do CC do PCP, cidade de Évora);
Tesoureiro: Filipe Ferreira (eleito da CDU na Freguesia de Parede e candidato
à agregação das freguesias de Parede e Carcavelos proposto pela organização de
Parede do PCP);
Secretários: Carlos Carvalho (PCP), Rita Lopes (eleita da CDU na Assembleia
de Freguesia de Santo Isidoro) e Gustavo Carneiro (CDU);
Vogais: João Gordo Martins (PCP-PEV, candidato de CDU em Lisboa em 2009),
Hernâni Magalhães (PCP-PEV, Conselho do Seixal),
Inês Seixas (fotógrafa do jornal do PCP Avante), Helena
Casqueiro (membro da Comissão Política da Direcção Nacional da JCP), António
Lara Cardoso (deputado do PCP-PEV, Conselho do Seixal), Joaquim Mesquita (PCP
de Aveiro), Marta
Antunes (CDU, Freguesia da Quinta do Conde) e João Alves (CDU).
Contabilizando, dos 15 membros dirigentes de uma organização “apartidária”, os
15 pertencem ao universo do PEV-PCP e CDU, ou seja, 100% dos seus dirigentes.
Presidente: Ilda Figueiredo (PCP)
Vice-presidentes: Rui Garcia (presidente da Câmara Municipal da Moita pelo CDU em 2017) e Deolinda Machado (candidata da CDU à Câmara Municipal de Lisboa em 2022)
Tesoureiro: Carina Francisco (cabeça de lista na candidatura do CDU à Assembleia de Freguesia do Beato em 2022)
Secretários: Gustavo Carneiro (membro do Comité Central do PCP), Manuela Pontes de Sousa e Zulmira Ramos (apoiante do PCP).
Vogais: Carlos Garcia, Joaquim Mesquita, Carla Sofia Costa, João Rouxinol, Ana Rita Janeiro, Eduardo Lima, Ana Sofia Calado, Vicente Almeida
Além disso, o CPPC paz parte integrante do Conselho Mundial da Paz (WPC), organismo
criado em 1948 na Polónia comunista, com origem em Cominform (Bureau da Informação Comunista), ambas estruturas -- instrumentos de política externa da URSS.
O WPC foi expulso da França em 1952 por actividades comunistas subversivas;
em 1957, sob as acusações semelhantes, foi banido na Áustria. Durante
quase 40 anos a organização negava veemente ser um instrumento de influência
soviética e encarava as notícias sobre o seu financiamento pela URSS como as “provocações
absurdas”. Mas em 1989, na sua revista “Peace Courier”, № 440, admitiu publicamente
que 90% do seu financiamento provinha da URSS que até a data tinha injetado naqueles “pacifistas internacionalistas”, no mínimo, 49 milhões de USD. Outros 10 milhões de
USD a organização recebeu do Comité Soviético da Paz em 1991 (quando os
pensionistas soviéticos já morriam de fome, recebendo as reformas de 10-20
dólares e viram as suas poupanças congeladas nos bancos). Mas o mais interessante,
toda a documentação financeira, referente ao período entre 1949 e 1991 foi
destruída pela WTC.
Por último, atualmente a WTC é encabeçada pela Socorro Gomes, militante do PC do Brasil
(partido que até a década de 1950 era
estalinista, nos anos 1960 se tornou maoísta e desde 1978 reivindicava o
comunismo albanês).
Portanto, os seguidores legítimos do estalinismo-maoísmo, duas vertentes
comunistas responsáveis pela maior parte das vítimas deste sistema desumano e
genocida, pretendem ensinar os ucranianos os caminhos “da paz e da democracia”.
Como vimos, durante a Guerra Fria, os “comunistas pacíficos” eram financiados,
quase exclusivamente, pela URSS. Como tal, seria muitíssimo interessante refletir
sobre a origem do financiamento do “pacifismo militante” atual, tão preocupado com
Ucrânia e com a situação ucraniana. Sem prestar absolutamente nenhuma atenção à ocupação militar
dos territórios ucranianos pelos mercenários e pelas forças armadas russas. Afinal,
os seus antecessores também nunca condenaram nenhuma invasão ou ocupação militar
soviética...
Bónus
A imprensa europeia informa que o partido da extrema-direita francesa “Front
National”, tinha recebido um empréstimo de 9 milhões de Euros do “First Czech
Russian Bank” (FCRB), instituição bancária russa sediada em Moscovo, próxima do
Kremlin e encabeçada pelo Roman Popov (1972), empresário com fortes ligações ao
poder russo, o dono das 100% das ações do banco.
Fontes: Mediapart.fr
(francês); France24
(inglês)
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