terça-feira, novembro 25, 2014

O PCP-CDU travestidos de pacifistas: a herança estalinista

"A pomba do Jo-Jo"
Seguindo as práticas da Guerra Fria, o Partido Comunista Português (PCP), usa o “pacifismo” para os fins de propaganda, alegadamente apartidária, desta vez dirigida contra Ucrânia e contra o estado ucraniano.

Em 2014, logo no início da agressão russa contra Ucrânia os leitores deste blogue alertaram sobre o aparecimento na Internet de uma petição que ataca violentamente e absolutamente gratuitamente o estado ucraniano e Ucrânia, nestes termos:

À tentativa de legitimar o golpe inconstitucional de Fevereiro passado e impor um novo poder dos oligarcas da Ucrânia, através de eleições presidenciais sob estado de guerra, que uma parte importante do país não aceitou, sucedem-se provocações e actos de pura barbárie e perseguição contra forças políticas e sociais que se lhes opõem e ofensivas militares sobre populações que procuram defender os seus legítimos direitos e a democracia.

A petição, de teor absolutamente propagandista, faltando a verdade factual e irrelevante no seu conteúdo, repita, quase na íntegra, as acusações e chavões anti-Ucrânia produzidas em Moscovo para o consumo externo.

Afinal, a petição em questão foi produzida pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação: (CPPC), organismo que como se pode atestar pela sua página na Internet, alegadamente apartidário, claramente de esquerda, preocupado, sobremaneira, com a paz mundial.

A mesma página revela que à Direcção Nacional do CPPC compete (entre outras coisas):

Empreender iniciativas, campanhas e acções a favor da Paz”; nomeadamente “Estabelecer e desenvolver os contactos e as formas de cooperação com outras organizações e forças de paz, quer em Portugal que no plano internacional, designadamente o Conselho Mundial da Paz e o Comité Internacional de Segurança e Cooperação Europeias”.

Então, só faltava verificar quem é que faz a parte da sua Direção Nacional, composta por 15 elementos: um Presidente, dois Vice-Presidentes, um Tesoureiro, o Secretariado de três membros e oito Vogais.

Presidente: Ilda Figueiredo (PCP);
Vice-presidentes: José Baptista Alves (cabeça de lista da CDU à Câmara Municipal de Sintra em 2005); Rui Namorado Rosa (membro do CC do PCP, cidade de Évora);
Tesoureiro: Filipe Ferreira (eleito da CDU na Freguesia de Parede e candidato à agregação das freguesias de Parede e Carcavelos proposto pela organização de Parede do PCP);
Secretários: Carlos Carvalho (PCP), Rita Lopes (eleita da CDU na Assembleia de Freguesia de Santo Isidoro) e Gustavo Carneiro (CDU);
Vogais: João Gordo Martins (PCP-PEV, candidato de CDU em Lisboa em 2009), Hernâni Magalhães (PCP-PEV, Conselho do Seixal), Inês Seixas (fotógrafa do jornal do PCP Avante), Helena Casqueiro (membro da Comissão Política da Direcção Nacional da JCP), António Lara Cardoso (deputado do PCP-PEV, Conselho do Seixal), Joaquim Mesquita (PCP de Aveiro), Marta Antunes (CDU, Freguesia da Quinta do Conde) e João Alves (CDU).

Contabilizando, dos 15 membros dirigentes de uma organização “apartidária”, os 15 pertencem ao universo do PEV-PCP e CDU, ou seja, 100% dos seus dirigentes.

A propaganda do CPPC em 2023

Presidente: Ilda Figueiredo (PCP)



Secretários: Gustavo Carneiro (membro do Comité Central do PCP), Manuela Pontes de Sousa e Zulmira Ramos (apoiante do PCP).

Vogais: Carlos Garcia, Joaquim Mesquita, Carla Sofia Costa, João Rouxinol, Ana Rita Janeiro, Eduardo Lima, Ana Sofia Calado, Vicente Almeida

Além disso, o CPPC paz parte integrante do Conselho Mundial da Paz (WPC), organismo criado em 1948 na Polónia comunista, com origem em Cominform  (Bureau da Informação Comunista), ambas estruturas -- instrumentos de política externa da URSS.
Correios da URSS, 1951, 40 copeque.
Slogan na bandeira: «Pela Paz!»:
Texto em cima: «A paz será preservada e fortalecida se os povos tomarão o caso
da preservação do paz nas suas mãos e o defenderão até o fim». I. Estaline.
Texto em baixo: «Os soviéticos manifestam a sua vontade inquebrável do paz,
assinando o Apelo do Conselho Mundial da Paz».
O WPC foi expulso da França em 1952 por actividades comunistas subversivas; em 1957, sob as acusações semelhantes, foi banido na Áustria. Durante quase 40 anos a organização negava veemente ser um instrumento de influência soviética e encarava as notícias sobre o seu financiamento pela URSS como as “provocações absurdas”. Mas em 1989, na sua revista “Peace Courier”, № 440, admitiu publicamente que 90% do seu financiamento provinha da URSS que até a data tinha injetado naqueles pacifistas internacionalistas”, no mínimo, 49 milhões de USD. Outros 10 milhões de USD a organização recebeu do Comité Soviético da Paz em 1991 (quando os pensionistas soviéticos já morriam de fome, recebendo as reformas de 10-20 dólares e viram as suas poupanças congeladas nos bancos). Mas o mais interessante, toda a documentação financeira, referente ao período entre 1949 e 1991 foi destruída pela WTC.

Por último, atualmente a WTC é encabeçada pela Socorro Gomes, militante do PC do Brasil  (partido que até a década de 1950 era estalinista, nos anos 1960 se tornou maoísta e desde 1978 reivindicava o comunismo albanês).

Portanto, os seguidores legítimos do estalinismo-maoísmo, duas vertentes comunistas responsáveis pela maior parte das vítimas deste sistema desumano e genocida, pretendem ensinar os ucranianos os caminhos “da paz e da democracia”.

Como vimos, durante a Guerra Fria, os “comunistas pacíficos” eram financiados, quase exclusivamente, pela URSS. Como tal, seria muitíssimo interessante refletir sobre a origem do financiamento do “pacifismo militante” atual, tão preocupado com Ucrânia e com a situação ucraniana. Sem prestar absolutamente nenhuma atenção à ocupação militar dos territórios ucranianos pelos mercenários e pelas forças armadas russas. Afinal, os seus antecessores também nunca condenaram nenhuma invasão ou ocupação militar soviética...

Bónus

A imprensa europeia informa que o partido da extrema-direita francesa “Front National”, tinha recebido um empréstimo de 9 milhões de Euros do “First Czech Russian Bank” (FCRB), instituição bancária russa sediada em Moscovo, próxima do Kremlin e encabeçada pelo Roman Popov (1972), empresário com fortes ligações ao poder russo, o dono das 100% das ações do banco.

Fontes: Mediapart.fr (francês); France24 (inglês)  

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