Nos
últimos dias surgiram algumas novidades no caso Lusvarghi,
o terrorista brasileiro tem um novo advogado, especializado na defesa dos
terroristas e mercenários russos presos na Ucrânia. Além disso, o caso recebeu
o interesse da rede “Globo”, que lhe dedicou a reportagem do programa
“Fantástico”.
No programa Fantástico,
demonstrado no Brasil em 5 de fevereiro, os jornalistas do «Globo» acusam indiretamente Ucrânia em uso de tortura, baseando-se nas palavras do novo advogado do mercenário
brasileiro – Valentim
Rybin, proprietário
e fundador da «Fundação
de Assistência Jurídica aos estrangeiros "Ulisses"».
Sr. Rybin se especializa na defesa dos cidadãos russos, presos na Ucrânia e acusados em terrorismo e violação de integridade territorial ucraniana. Ele aparece constantemente nos diversos meios separatistas e propagandistas russos (por exemplo, é convidado constante da “agência de informação de Kharkiv”, um recurso separatista baseado na cidade russa de São Petersburgo), com os “conselhos úteis”
aos terroristas e separatistas ao estilo «o
que fazer se você é detido pelo SBU»,
nas
suas entrevistas acusa Ucrânia de “não respeitar nenhuns acordos” ou possuir os «campos secretos».
Advogado Valentim Rybin. Imagem @«Fantástico» / «Globo» |
No
caso do Lusvarghi, Rybin afirma que trabalha «pro bono». O advogado costuma dizer que a sua fundação funciona “apenas através de doações”. No caso da sua defesa dos dois terroristas russos do GRU
(após o seu julgamento e condenação, trocados com a Rússia pela Nadia Savchenko), Rybin
mudou o discurso por algumas vezes. Começou por dizer que foi contratado pelo
consulado russo em Kyiv, depois desmentiu as suas próprias palavras, afirmando
que recebeu a carta das esposas dos sabotadores presos, embora não soube
explicar com essa suposta carta chegou às suas mãos.
Importante recordar que um dos sabotadores, capitão Yevgeny Yerofeev acabou por oficialmente e por escrito recusar quaisquer serviços do referido advogado, desconfiando, e com razão, das intenções da sua intervenção, continuando a usar os préstimos da defensora pública
ucraniana, Dra. Oksana Sokolovska, informou, na altura, a TV ucraniana TSN.ua
A análise da reportagem
Voltando
ao «Fantástico» e à rede «Globo». Na
sociedade brasileira, o «Globo», é conhecida pela sua falta de imparcialidade, é
constantemente acusada de desonestidade e de tentativa de intromissão nos
assuntos de Estado. Não é por acaso que um dos slogans populares contra as
intervenções idológicas e manipulativas da «Globo» é: «O povo não é bobo, abaixo a rede Globo!»
A reportagem se concentra, e muito, no facto de que, no decorrer do
julgamento Rafael fica
«dentro da jaula», embora mais tarde explica que é uma
prática comum em muitos tribunais ucranianos. A jaula, embora não tem a aparência
muito “tolerante”, é uma forma de proteger o público dos réus violentos e por
vezes os próprios réus, da possível fúria do público, também impede a eventual fuga
dos cadastrados perigosos.
Lusvarghi: "EU SOU NAZISTA e desde pivete..." |
Um
dos exemplos claríssimos da manipulação da opinião pública, por parte da equipa
do “Fantástico” é a sua tentativa, de retratar Lusvarghi apenas como um «instrutor» dos separatistas e não um terrorista
mercenário ativo: «Rafael exibia na Internet os treinamentos (!) na Ucrânia
(2´00´´), isso é, mostrando Lusvarghi
disparando um morteiro contra as forças da Ucrânia. Ao mesmo tempo, a reportagem omite, por completo, quer as convicções nazis do seu «herói», quer as suas próprias declarações, em mais que uma entrevista, ainda
em liberdade e na Ucrânia ocupada, sobre o seu papel direto e ativo na morte
dos quatro militares ucranianos.
A intervenção do advogado brasileiro do Lusvarghi, Dr. Roberto Marinho, é bastante equilibrada, ele mais uma vez recorda os lugares comuns. Sobre a queda do seu cliente aos
“ambientes militares” ou do desejo dele de “ajudar ao povo”, sem esclarecer que povo é este.
Advogado Daniel Cândido. Imagem @«Fantástico» / «Globo» |
Acusação grave de que Rafael Lusvarghi confessou os seus crimes «sob as torturas» é feita na base das declarações do Sr. Rybin, apresentado, na reportagem, como o “dono de escritório de advogados que defende os estrangeiros presos [na Ucrânia]”. Rybin chega à afirmar coisas bastante
disparatadas: «o
procurador [no
processo] era
ucraniano, a
juíza é ucraniana, a
tradutora, foi contratada pelo governo ucraniano, até o advogado oficioso representava o
governo, é por isso Rafael foi condenado à essa pena horrorosa». Dado
que o julgamento decorreu na Ucrânia, é lógico que funcionou o sistema
judiciário ucraniano, composto pelos cidadãos da Ucrânia. Mais, abandonado quer
pela(s) sua(s) família(s), quer pelos supostos “apoiantes e torcedores” da
causa terrorista, sem nenhum tostão no bolso, nem Rafael, nem ninguém,
mostraram-se interessados em arranjar o advogado pago. E o Sr. Rybin,
coincidência ou não, apareceu apenas após a condenação do Lusvarghi na primeira
instância.
A foto tirada imediatamente após a detenção do Rafael Lusvarghi na Ucrânia |
Rybin também afirma que o seu novo cliente «foi obrigado à confessar, alvo de torturas e maus
tratos na cadeia» (momento
4´45´´). Apresentando, ele e o “Fantástico” a foto do mercenário
com a face inchada.
Como explicou o procurador Dr. Ihor Vovk, na realidade, a foto foi tirada apenas
algumas horas após a detenção do Lusvarghi no aeroporto de “Boryspil”, em 6 de
outubro de 2016, onde o mercenário tentou oferecer alguma resistência aos
operativos do SBU, no decorrer da sua detenção. Como tal, foi alvo de uso de
força absolutamente proporcional às circunstâncias. Como já escreveu o nosso
blogue, para domar o “cossaco da novaróssia”, SBU usou apenas 2-3 operativos,
sem precisar de recorrer aos meios dissuasores mais fortes, como o gás pimenta
ou as balas de borracha, usados contra Lusvarghi pela polícia brasileira na sua
detenção em 2014. Nos vídeos da autoria da página ucraniana “Novynarnia”,
feitos no dia do julgamento, e após, pelo menos, dois episódios de alegados espancamentos,
Lusvarghi mostrava a boa forma física sem nenhuns sinais visíveis de quaisquer
danos à sua integridade, explica que foi bem tratado na cadeia do SBU, onde permaneceu
desde a sua detenção até o início de janeiro de 2017. Mais, no decorrer do
julgamento, Rafael pede para ser transferido de volta para a cadeia do SBU,
pois segundo a sua explicação, lá, se sentia em segurança...
O momento da detenção do Lusvarghi no Brasil em 12 de junho de 2014 |
Como já escreveu o nosso blogue (artigo Rafael Lusvarghi: esquecido, abandonado e arrependido), na realidade ele foi julgado e condenado pela sua participação «geral» nas atividades terroristas e em combates militares nas unidades armadas ilegais (o que é confirmado pelas dezenas de vídeos colocados pelo próprio no YouTube, pela sua “caderneta militar da dnr”, pela sua
condecoração
por «execução
exemplar das ordens das forças armadas da dnr», pela «bênção do Filaret de Moscovo à guerra na
Ucrânia», pelos
dados do 1º hospital militar da “dnr” sobre o seu tratamento médico após os
ferimentos, etc., etc., etc.,) e não pela participação num determinado crime,
ocorrido num determinado local da Ucrânia.
Ou seja, na realidade, Rafael não precisou de confessar ao SBU absolutamente
nada, pois já tinha confessado tudo em público e divulgado, de forma mais ampla
na Internet. Neste aspeto, Lusvarghi é um criminoso exemplar, ele usou o máximo
de esforço próprio para facilitar o trabalho de acusação (o Ministério Público
/ a Procuradoria) da Ucrânia.
Além
disso, Dr. Ihor Vovk, desde início tinha proposto «não investigar as principais provas escritas, pois estas não são contestadas pelo acusado». Lusvarghi e o seu
advogado, Maxim Herasko, concordaram com o procedimento simplificado. Por sua vez, a adaptação deste procedimento prevê que na apelação não seria possível contestar nenhuma circunstância do crime, apresentada pela acusação.
No fim da reportagem do “Fantástico”, Sr. Rybin explica que pegou o caso já após a condenação do Lusvarghi (25 de janeiro de 2017), diz que se encontra com o seu cliente 3-4 vezes por semana, discutindo a maneira de reverter a acusação (6´15´´). O advogado promete recorrer da decisão
e jura, perante o seu patronato e os telespetadores brasileiros: «faremos tudo para que Rafael volte ao Brasil».
Todo este “compromisso ardente” do advogado, combinado
com a evidente relutância de Lusvarhi de ser incluído na troca de prisioneiros com
os terroristas da “dnr”, pode significar que o seu destino, provavelmente, já
foi traçado pelos curadores moscovitas das “repúblicas populares”. Ou seja,
decidiu-se fazer todo o que é legalmente possível, para Rafael, que, como se
sabe, estava ativamente cooperando com SBU, finalmente parar de falar, não
comprometendo, mais do que já comprometeu, o país que apoia, de forma mais que
ativa, o separatismo e terrorismo russo no leste da Ucrânia.
3 comentários:
Curiosidade, a matéria dá Globo não fala sobre os soldados ucranianos mortos por aventureiros russos e nem mesmo das suas famílias. Só unicamente Deus pra confortar o povo ucraniano dessa guerra maligna. Espero que algum dia tenha paz no Donbass.
Givi morreu assim como seu comparsa Motorola. Quem pela espada ferir - pela espada será ferido. Os soldados ucranianos mortos e torturados por esses dois indivíduos finalmente devem estar aliviados.
A alegação de que Rafael Lusgarvi confessou seus crimes sob tortura não procede, pois o réu fora soldado da polícia militar do Estado de São Paulo-Brasil e recebeu bons estudos de direito penal. Não pode portanto alegar ignorancia.
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Com efeito, Rafael produziu prova material contra si, quando nas redes sociais confessou o assassinato de vários ucranianos que defendem seu território de uma invasão russa.
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Sua pena foi branda pois no Brasil a pena por assassinato pode chegar a 30 anos de prisão, sem contar que se fosse no caso do Brasil e ele tivesse lutado, como esquerdista que é, em uma guerra contra a integridade territorial do Brasil, poderia pegar pena perpétua ou pena de morte por traição em tempos de guerra.
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Lucas Janusckiewicz Coletta
Advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil - Estado de São Paulo n. 281.271
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