Em
1954 na URSS foi exibido o filme propagandista à preto-e-branco «Isso não pode
ser esquecido», dedicado a vida na Ucrânia Soviética. Hoje, 63 anos depois o
filme é novamente atual como nunca.
Um
dos papéis secundários, mas bastante marcante, estava ao cargo do jovem ator Vyacheslav Tikhonov que se tornou a
mega estrela do cinema soviético após a sua participação em Dezassete
momentos da primavera (1973) no papel do Standartenführer da SS Max Otto
von Stierlitz (alias, o espião soviético Maxim Isaev).
O
enredo do «Isso não pode ser esquecido» se desenrola em 1949 na Ucrânia Ocidental.
O herói do Tikhonov, o estudante ucraniano Rostyslav Donchenko que também é um jovem
poeta que ama o seu país natal, Ucrânia e mostra exorta este amor poeticamente.
Num
belo dia, Rostyslav declama um dos versos à Galina, a sua namorada e colega da
Universidade. Após ouvir as palavras «Eu
amo Ucrânia cada vez mais, eterna e imutável»,
o poeta é alvo de fortíssima obstrução e
acusações de odiar o povo da Ucrânia e de ser seguidor dos pensamentos do [historiador]
Mykhaylo Hrushevsky
e do [líder nacionalista] Stepan
Bandera.
Não
acreditando na sua namorada, Rostyslav vai ter com um escritor ucraniano famoso
de linha soviética que sofria na “Polónia senhorial”, onde não eram publicadas as
suas obras. Ouvindo a poesia do jovem, o escritor fica furioso, declarando: “Nós
sabemos, Rostyslav, que as pessoas se dividem entre os que amam Moscovo e os
que a odeiam. No que toca as suas riminhas, tire dos meus olhos este papelinho,
eu nem o quero tocar!”
Na
reunião da juventude comunista, Komsomol, o poeta é alvo das fortíssimas
críticas da sua amada. Galina declara que ama Rostyslav “mas fica mais doente de ver como ele mudou, como
chegou ao ponto de escrever a poesia abominável...”
O jovem poeta com o seu professor "nacionalista" à elogia-lo |
Na
sua poesia, o jovem apenas declarava o amor à Ucrânia, sem nenhuma referência
ao regime ou aos líderes soviéticos, ao comunismo ou amizade com o povo russo. Isso era o maior crime possível e imaginário, ninguém na URSS tinha a permissão de amar o seu povo
e a sua pátria natal, fora da opção socialista e da
menção obrigatória sobre a amizade “secular” com o “irmão russo”.
Quem não colaborava, era no mínimo “iludido”, possivelmente um inimigo...
No sebo / no alfarrabista "nacionalista" |
Após
uma série de peripécias, Rostyslav Donchenko novamente se torna bom cidadão
soviético, ele já não usa a camisa bordada e apesar de ainda escrever a poesia, declara claramente: “Eu amo, amo Ucrânia”, mas apenas “aquela Ucrânia que Kiev
e Moscovo aparentou para
sempre!”.
Já sem a camisa bordada, o jovem acusa o seu professor da história de descaminha-lo das ideias comunistas |
Aparência muda completamente, vyshyvanka dá lugar ao gorro de pele e blusão de malha |
Neste momento Ucrânia
está em guerra para que os ucranianos pudessem amar a sua Ucrânia por ser sua
pátria amada, realmente eterna e imutável, única e saudosa, sem nenhuma obrigação de amar,
por tabela, os vizinhos moscovitas, berlinenses ou polacos.
1 comentário:
Glória à Ucrânia! Os russos só sabem puxar saco de tiranos. Tem até uma rua com o nome Fidel Castro em Moscou. Enquanto isso não há nenhuma rua em nenhuma cidade russa com o nome de um brasileiro. Os brasileiros devem parar de adular o Kremlin e enxergar que o verdadeiro povo que luta por independência ou morte é o ucraniano.
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