Em fevereiro de 1942, na tristemente famosa ravina de Babyn Yar em Kyiv, foi
fuzilada pelos nazis a poetisa e ativista política ucraniana Olena Teliha (1906-1942), membro proeminente
da Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN-M).
A
sua vida curta parecia um relâmpago: «Amor louco da vida e o desprezo
imprudente pela morte. Poderá haver uma junção mais bela e mais profundo?» Assim
escrevia e assim agia Olena Teliha – poetisa, crítico literário, figura pública
e política, sem dúvida, uma das figuras mais proeminentes da Diáspora ucraniana.
Ela entrou na vida como se fosse numa “dança despreocupada”, e saiu dela como uma
guerreira corajosa. Nascida nos arredores de Moscovo em 1906, ela viveu na
República Checa e na Polónia, mas sempre sonhou e pensou principalmente em Ucrânia.
Morreu também na Ucrânia – em Kyiv ocupada pelos nazis.
Por
pertencer liderança da OUN-M, ela era procurada pela Gestapo. Foi detida nas
instalações da União dos Escritores da Ucrânia, que foi por si liderada durante
a ocupação alemã, presa e executada em 22 de fevereiro, em Babyn Yar. O seu
marido – Mikhaylo Teliha, sem nenhuma relação à literatura (era um engenheiro),
acompanhou, de forma voluntaria, a esposa até a morte.
«Aqui
estava encarcerada e daqui vai ao fuzilamento Olena Teliha», – raspou ela na
parede da sua cela na rua Korolenko № 34 (espaço pertencente ao
NKVD-Gestapo-MGB-KGB), agora a rua Volodymyrska № 33. E ainda por cima – desenhou o tridente
ucraniano. De lá, ela foi levada à morte.
“Eu
não vi a pessoa que morria tão heroicamente como esta bela mulher”, – disse um
dos oficiais alemães antes da execução da poetisa. Pode-se dizer que a sua vida
se duvidiu em duas metades: a primeira – bastante burlesca e despreocupada, e a
segunda – a ideológica e heróica. Olena cresceu num ambiente russo. A sua família
viveu em São Petersburgo, desde 1918 – em Kyiv. O pai de Olena – Ivan Shovheniv
era professor no Instituto Politécnico de Kyiv, na 1ª República ucraniana (1917-1920) dirigiu um dos Departamentos do Ministério dos Caminhos-de-ferro. Após a derrota da
revolução ucraniana, a família emigrou para a Checoslováquia. Olena frequentou
a faculdade de história e de filologia do Instituto Pedagógico Ucraniano de Praga.
Na época de estudante, a falante de língua russa até então, ela opta pela sua identidade ucraniana.
Em
1926 casou com engenheiro ucraniano Mikhaylo Teliha. Na Checoslováquia ganhou
o nome como poetisa e crítico literário. Mais tarde, após um encontro com o
poeta Oleg Olzhych, em 1939, adere às fileiras da Organização dos
Nacionalistas Ucranianos (OUN-M), trabalha no seu departamento cultural.
Prepara os textos de folhetos, manifestos, e outros materiais que eram enviados
a Ucrânia. Após o início da guerra soviético-alemã, em julho de 1941,
juntamente com o escritor Ulas
Samchuk entra ilegalmente na Ucrânia, passa pelo Lviv e no dia 22 de outubro
de 1941 chega a Kyiv. Aqui a poetisa mergulha na vida cultural e organiza a
União de Escritores Ucranianos, colabora com o jornal “Ukrayinske slovo”, onde
publica o complemento literário e artístico “Litavry”. As atividades notadas
pelos nazis, Olena Teliha recebeu o aviso do perigo de ser presa, a pediram deixar
Kyiv, mas ela respondeu: “As pessoas estão esperando por mim. Eu não posso deixar de vir
por medo da prisão... Quando eu não voltar, não se esquecem de mim. Quando eu
morrer, sei que cumpri o meu dever até o fim...”
O monumento da Olena Teliha em Babyn Yar |
No dia 22 de fevereiro de 1942, Olena Teliha, juntamente com o seu marido e outros membros da OUN-M foram fuzilados em Babyn Yar. O poder soviético sempre ignorou e silenciou este facto. Um monumento dedicado aos patriotas ucranianos, foi colocado no local do seu fuzilamento apenas em fevereiro de 2017, no 75º aniversário da sua morte.
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