Premiado em Sundance e vencedor de Óscar do melhor filme documental, “Icarus” do Bryan Fogel, revela
os segredos ocultos do sistema do doping estatal russo. Sistema cujo cúmulo se
deu nos JO-2014 de Sochi, com conhecimento absoluto do Estado russo e apoio
operativo do FSB.
O
principal herói do filme do Bryan Fogel é o cientista russo Grigory
Rodchenkov (foto em baixo), especialista de doping, que hoje conta tudo que sabe, ou
quase tudo, porque sabe que é sua única garantia de sobrevivência.
Após
a sua fuga aos EUA, Rodchenkov, com ajuda do Fogel, rapidamente percebeu a única
verdade certa: a garantia da sua segurança pessoal só pode ser dada se ele
contar tudo às autoridades americanas e expor à opinião mundial o sistema
estatal de doping russo. Entrevista foi dada, WADA
foi atuando contra o sistema russo de dopagem e o caso Rodchenkov se tornou o
maior escândalo na história do desporto mundial.
O
filme começa com a fuga do Rodchenkov da Rússia ao Los Angeles, ele levava
consigo o bilhete de ida e volta e o disco duro do seu computador pessoal, mais
três cópias, jogando pelo seguro.
Rodchenkov nos EUA |
O
filme não explica até a exaustão como e porque Rodchenkov decidiu se tornar o
arqui-inimigo do sistema por si criado. Sendo talentoso líder e cientista, ele dedicou
a maior parte de sua carreira bem-sucedida ao apanhar e proteger, dopar e punir
os atletas russos de alto rendimento, simplesmente porque assim estava acostumado
e encontrava neste processo uma profunda satisfação pessoal.
A
liderança do programa de dopagem, que quase o levou à prisão, lhe calhou de
forma inesperada. Denunciado por algum atleta mais rancoroso, apanhado pelo FSB,
Rodchenkov ficou ao mercê dos serviços secretos russos, que por “lavar a sua
culpa”, o obrigaram à criar o esquema fraudulento em Sochi, organizado e
encomendado desde o topo da liderança política russa e com a ajuda de centenas
de oficiais do FSB.
Numa
frase irónica, dita sobre os seus “feitos” em Sochi, Rodchenkov definiu o credo
do sistema russo: “Nós somos aldrabões de primeira classe. Para nos apanhar/pegar, é precisa ser mais inteligente”.
Após
as mortes súbitas, em 2016 e no período de apenas 10 dias, do Nikita Kamaev, o ex-diretor executivo do laboratório antidoping russo
RUSADA e do Vyacheslav Sinev, o chefe do Conselho executivo do mesmo organismo, Grigory Rodchnkov começou temer a vingança dos serviços
secretos russos. Quando na Rússia foi aberto o processo-crime contra ele, os
EUA o colocaram no programa de protecção de testemunhas.
Os
usuários patrioteiros russos, falando sobre Rodchenkov na Internet, costumam
discutir a forma de como iriam matar o “traidor da Pátria”. Geralmente falam em
picareta, a arma que matou Lev Trotsky. Propaganda televisiva não chega tão longe, Putin chamou o cientista de um “idiota” qualquer.
É
um bom filme e pode ser visto na NetFlix.
1 comentário:
Não esperava isso dos russos ... lol
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