segunda-feira, março 12, 2018

“Icarus”: a história oculta do doping estatal russo (3 vídeos)

Premiado em Sundance e vencedor de Óscar do melhor filme documental, “Icarus” do Bryan Fogel, revela os segredos ocultos do sistema do doping estatal russo. Sistema cujo cúmulo se deu nos JO-2014 de Sochi, com conhecimento absoluto do Estado russo e apoio operativo do FSB.

O principal herói do filme do Bryan Fogel é o cientista russo Grigory Rodchenkov (foto em baixo), especialista de doping, que hoje conta tudo que sabe, ou quase tudo, porque sabe que é sua única garantia de sobrevivência.
Após a sua fuga aos EUA, Rodchenkov, com ajuda do Fogel, rapidamente percebeu a única verdade certa: a garantia da sua segurança pessoal só pode ser dada se ele contar tudo às autoridades americanas e expor à opinião mundial o sistema estatal de doping russo. Entrevista foi dada, WADA foi atuando contra o sistema russo de dopagem e o caso Rodchenkov se tornou o maior escândalo na história do desporto mundial.

O filme começa com a fuga do Rodchenkov da Rússia ao Los Angeles, ele levava consigo o bilhete de ida e volta e o disco duro do seu computador pessoal, mais três cópias, jogando pelo seguro.
Rodchenkov nos EUA
O filme não explica até a exaustão como e porque Rodchenkov decidiu se tornar o arqui-inimigo do sistema por si criado. Sendo talentoso líder e cientista, ele dedicou a maior parte de sua carreira bem-sucedida ao apanhar e proteger, dopar e punir os atletas russos de alto rendimento, simplesmente porque assim estava acostumado e encontrava neste processo uma profunda satisfação pessoal.

A liderança do programa de dopagem, que quase o levou à prisão, lhe calhou de forma inesperada. Denunciado por algum atleta mais rancoroso, apanhado pelo FSB, Rodchenkov ficou ao mercê dos serviços secretos russos, que por “lavar a sua culpa”, o obrigaram à criar o esquema fraudulento em Sochi, organizado e encomendado desde o topo da liderança política russa e com a ajuda de centenas de oficiais do FSB.
Numa frase irónica, dita sobre os seus “feitos” em Sochi, Rodchenkov definiu o credo do sistema russo: “Nós somos aldrabões de primeira classe. Para nos apanhar/pegar, é precisa ser mais inteligente”.


Após as mortes súbitas, em 2016 e no período de apenas 10 dias, do Nikita Kamaev, o ex-diretor executivo do laboratório antidoping russo RUSADA e do Vyacheslav Sinev, o chefe do Conselho executivo do mesmo organismo, Grigory Rodchnkov começou temer a vingança dos serviços secretos russos. Quando na Rússia foi aberto o processo-crime contra ele, os EUA o colocaram no programa de protecção de testemunhas.


Os usuários patrioteiros russos, falando sobre Rodchenkov na Internet, costumam discutir a forma de como iriam matar o “traidor da Pátria”. Geralmente falam em picareta, a arma que matou Lev Trotsky. Propaganda televisiva não chega tão longe, Putin chamou o cientista de um “idiota” qualquer.

É um bom filme e pode ser visto na NetFlix.

1 comentário:

francisco júnior disse...

Não esperava isso dos russos ... lol