sábado, março 17, 2018

General luso-americano que destruiu e aniquilou os mercenários russos

Apesar da negação oficial russa, hoje são conhecidos os nomes dos cerca de 20 mercenários russos abatidos na noite de 7 de fevereiro de 2018 nos arredores de Deir ez-Zor na Síria. O general luso-americano que comandou aquele combate confirma o número de baixas entre os mercenários, cerca de 200-300 efetivos.

por: Richard Engel (em Deir ez-Zor) e Kennett Werner (em Londres), NBC News

Recentemente, a equipa de reportagem do canal americano NBC visitou o local do sucedido e falou com o brigadeiro general Jonathan Braga que comandou as forças americanas que liquidaram o grupo dos mercenários russos do “grupo Vagner”, abatendo entre 200 à 300 efetivos, sem sofrer uma única baixa.

De pé em um montículo varrido pelo vento, o brigadeiro general Jonathan Braga apontou ao local a apenas uma milha [1,6 km] de distância de onde mercenários russos e combatentes leais ao governo sírio dispararam contra os seus soldados.
“Esses obuses de artilharia poderiam ter caído e matado americanos, e é por isso que continuamos a preparar nossas defesas”, disse Braga, o chefe de operações da coligação/coalizão anti-Daesh/EI, liderada pelos Estados Unidos.

A poucos passos de distância fica uma refinaria, à crescer, de petróleo e gás que as forças americanas capturaram ao Daesh/EI no ano passado [2017] e que está apenas começando a funcionar novamente.

As forças de Braga repeliram o ataque surpresa dos combatentes pro-Bashar al-Assad e os contratados militares russos. O choque de 7 de fevereiro foi a primeira vez em 50 anos que os americanos e russos participaram em um combate direto. Embora não houvesse vítimas da parte americana, Braga se preocupa que mais confrontos possam ocorrer. Os americanos e seus aliados estão fortificando os aterros para se preparar para potenciais confrontações futuras.

Uma equipa da NBC News visitou a base esta semana para falar com Braga e outros militares americanos que estiveram no terreno durante o ataque – o primeiro grupo de jornalistas a fazê-lo. Há cerca de 2.000 soldados americanos na Síria que estão a lutar contra o Daesh/EI, que foi empurrado para fora de grande parte do território que controlava.

Enquanto eles [Daesh/EI] se oponham ao governo de Assad, os americanos não viam como alvo os soldados do regime [sírio] e os seus aliados na guerra civil, incluindo a Rússia, o Irão e a milícia libanesa do Hezbollah.
Os homens de Braga lançaram ataques punitivos de aviação e artilharia contra combatentes pró-regime e mercenários russos. O Pentágono chamou o ataque de retaliação pela incursão deles, “não provocada”, ao território controlado pelas Forças Democráticas Sírias, apoiadas pelos Estados Unidos, uma coligação/coalizão de curdos e rebeldes sírios.

Braga também confirmou relatórios anteriores da imprensa/mídia que entre 200 à 300 mercenários, empregados por uma empresa contratante russa morreram no ataque. Esses números estão “próximos de nossas estimativas”, disse ele no primeiro reconhecimento público de um funcionário dos EUA de que mercenários da Rússia participaram no confronto [que durou] seis horas.

Visto que os mercenários que trabalham para uma empresa russa estavam envolvidos, existia o risco de acender as tensões com Moscovo, um resultado que a Casa Branca e o Kremlin procuraram evitar. Ambos minimizaram o envolvimento de combatentes russos.

Na noite do ataque, Braga disse que estava “absolutamente preocupado”, o combate poderia se transformar em um confronto maior com a Rússia. A força atacante, recuou, desde então e agora está estacionada a três milhas [4,82 km] de distância. “Não há motivos para que essa quantidade de forças de combate nos observe de tão perto”, diz Braga. “Eu não acho que isso seja saudável para a de-escalação”.
foto @bishopfeehan.com | ler mais
As autoridades dos EUA disseram que o incidente de 7 de fevereiro foi o maior ataque que as forças americanas enfrentaram na Síria desde que entraram no conflito. A força de ataque provavelmente esperava capturar vários campos de petróleo e gás natural controlados pelos aliados dos Estados Unidos, de acordo com vários oficiais militares dos EUA com conhecimento direto do incidente.

Nas horas que antecederam ao ataque, Braga disse que as forças dos EUA notaram “movimentos de veículos, movimentos de tropas, preparativos que nunca tínhamos visto antes” – seguidos, duas horas depois, por fogo de artilharia. Braga contou que ele imediatamente contactou os seus homólogos russos em uma linha telefónica de “de-escalação” e continuou a falar com eles durante todo o confronto. Os russos, explicou ele, asseguraram que não eram as suas forças que avançavam contra a base dos EUA. Ele descreveu as conversas como “profissionais e suscetíveis”.

Em declarações públicas após o incidente, a administração [americana] ofereceu poucos detalhes sobre o sucedido e omitiu qualquer menção ao envolvimento de combatentes russos. Quando pressionado por repórteres, o secretário de Defesa James Mattis e outros oficiais militares se recusaram a comentar sobre a composição da força atacante.

As declarações do Kremlin foram vagas e contraditórias. Em primeiro lugar, o Kremlin disse que nenhum russo estava envolvido e que o ataque não havia sido autorizado ou coordenado com o Ministério da Defesa russo. Uma semana depois – na sequência de relatórios nos meios de comunicação russos de que os contratados militares privados russos tinham sido mortos – o Kremlin anunciou que cinco cidadãos russos morreram. Este número foi posteriormente alterado para “várias dezenas” de russos e cidadãos da ex-União Soviética.

“É notável que a Rússia e os EUA tentaram minimizar, especialmente devido às baixas envolvidas”, disse Noah Bonsey, analista sénior do International Crisis Group. Forças dos EUA “queriam enviar uma mensagem de que defenderão essa posição. Ao minimizar [o sucedido], torna mais fácil, para o outro lado, de minimizar”.

“Os EUA não vêem interesse em escalar [as tensões] com a Rússia”, disse Bonsey.

Bónus
Enquanto isso, a força aérea síria efetuou o bombardeamento, com as munições incendiárias, contra a vila de Kafr Batna, um dos subúrbios de Damasco. Em resultado do ataque, pelo menos 61 civis foram mortos, pelo menos 200 ficaram feridos, algumas das vítimas estão sob os escombros e ainda não foram retiradas.
fotos de Kafr Batna @el-murid
As notícias indicam o aeródromo de al-Dumayr como o local da onde foi efetuada a incursão, alegadamente por dois caças-bombardeiros da Su-22 da força aérea síria. É de reter este nome geográfico, que possivelmente poderá ser o alvo do ataque iminente da coligação/coalizão internacional.

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