sábado, março 03, 2018

RIP Reshat Ametov, a primeira vítima ucraniana da ocupação russa da Crimeia

Quatro anos atrás, no dia 3 de março de 2014 na cidade de Simferopol foi raptado e depois assassinado o tártaro da Crimeia, cidadão ucraniano Reshat Ametov. O seu único “crime” era a participação pública num piquete singular com a bandeira da Ucrânia nas mãos.

No dia 3 de março, logo pela manha, às 7h30 Reshat Ametov saiu da sua casa e se dirigiu ao Comissariado militar local, par se alistar, segundo o Decreto da mobilização, nas Forças Armadas da Ucrânia (FAU). Reshat era pai de três filhos, tinha a família numerosa, mas ele fez aquilo que exigia a sua consciência e dignidade. O Comissariado militar estava fechado e Reasht foi ao centro da cidade, onde na praça central iniciou uma ação pública, o piquete singular, em apoio à Ucrânia. Reshat estava sozinho, com a bandeira da Ucrânia nas mãos.
Bases e militares ucranianas bloqueadas na Crimeia pelas forças terroristas sem sinais de identificação
Cerca das 12h00, na praça, ele foi raptado pelos desconhecidos, vestidos como se vestiam os bandos da “autodefesa” pró-russa, levado às montanhas, onde foi submetido às torturas e depois desfigurado. O seu assassino o matou disparando num dos seus olhos.

Reshat Ametov foi a primeira vítima da futura guerra russo-ucraniana, guerra pela Independência da Ucrânia. Reshat não sabia que Ucrânia irá combater, não sabia que o agressor levará o troco. Apesar das torturas, ele não quebrou e então, para amedrontar a população ucraniana da Crimeia, foi assassinado de forma demonstrativa. Foi o primeiro ucraniano que entrou na fileira dos defensores da Ucrânia e foi primeiro ucraniano, assassinado pelos terroristas russos.
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Quando Putin e outros canalhas falam sobre “anexação pacífica da Crimeia” e sobre o “referendo popular”, eles tentam esconder as memórias dos ucranianos que morreram no decorrer da anexação e ocupação, querem esconder a memória do terror russos e dos crimes das forças militares e paramilitares russas. Sem sangue, sem terror, sem ameaças e chantagens, Rússia não conseguiria efetuar a ocupação da Crimeia.

Reshat foi o primeiro. Ele sabia do perigo mas fez uma escolha. Não sabia se Ucrânia conseguiria defender a sua Independência, mas graças ao seu sacrifício, graças à bravura e coragem cívica de milhares, centenas de milhares de ucranianos, os cidadãos se uniram e defenderam o país apesar da fraqueza temporal do Estado. O Herói sacrificou-se pela Ucrânia.

Reshat Ametov ainda não foi condecorado com nenhuma distinção estatal, é detentor do título cívico “Herói Popular da Ucrânia” (fonte).

Memória eterna ao Cidadão...

É de recordar, que em 1939, durante a ocupação nazi da Checoslováquia não morreu nenhum checoslovaco. Em 1940, durante a operação de ocupação da Dinamarca morreu um dinamarquês. Durante a ocupação “pacífica” russa da Crimeia morreram ou foram raptados e desapareceram 10 cidadãos ucranianos. A sua única “culpa” estava no facto de se considerarem ucranianos e não se intimidarem perante ameaças e as armas dos ocupantes russos.

Bónus
O coronel Ihor Bedzay
No dia 3 de março de 2014, os pilotos ucranianos da 10ª Brigada de aviação naval da Marinha da Ucrânia, sob comando do coronel Ihor Bedzay, bloqueados por agressores russos e arriscando as suas próprias vidas e destinos das famílias – reféns dos ocupantes, efetuaram a retirada dos helicópteros e aviões ucranianos do aeroporto militar na aldeia de Novofedorivka na Crimeia para a cidade de Mykolaiv
A operação de reassentamento da aviação naval ucraniana foi concluída com sucesso em 6 de março de 2014, com a descolagem do último helicóptero ucraniano. Os heróis salvaram a aviação naval da Ucrânia, que até hoje está realizando missões de combate no Mar Negro (fonte: Navy.mil.gov.ua).
Coronel de aviação ucraniana Yuliy Mamchur (identificado e desarmado) ameaçado por três (!)
terroristas russos armados, março de 2014 na Crimeia

1 comentário:

francisco júnior disse...

Não entendo o que os russos querem?