Desde
maio de 2016, o Parlamento Europeu e Parlamento da Ucrânia estavam organizar a
visita dos deputados europeus aos territórios do Donbas. Dois dias antes de visita,
o PE decidiu, unilateralmente limitar o seu programa oficial apenas visitando a
cidade de Kyiv – “devido à situação de segurança”. Dos 20 deputados, apenas 3
(!) tiveram a coragem de sair da capital ucraniana para visitar a região de Donbas.
A
decisão de não sair de Kyiv foi tomada por presidente do Parlamento Europeu,
social-democrata alemão Martin
Schulz, em concordância com todos os líderes dos grupos parlamentares e políticos
do PE. Mais, o Parlamento Europeu proibiu expressamente (!) aos seus funcionários e tradutores de deixar a cidade de Kyiv. No caso dos deputados, o PE foi “magnânimo”:
apenas recomendou limitar a visita à Ucrânia pela segura cidade de Kyiv, o
resto do território da Ucrânia só para quem quer e de forma não oficial!
Alguns dos deputados corajosos em Mariinka (sob controlo da Ucrânia) |
Apenas
Rebecca Harms (Verdes
– Alemanha), Michał Boni
(democrata liberal/PPE da Polónia) e Jaromír Štětina
(PPE – República Checa) tiveram a coragem de visitar Donbas.
A
vice-chefe do Parlamento ucraniano, Iryna
Gerashchenko, colocou aos seus colegas europeus uma série de perguntas incómodas:
“Nós
temos grandes perguntas aos nossos colegas europeus: como é que vocês insistem
na realização das eleições nas áreas onde aos vossos funcionários é inseguro
permanecer mesmo por uma hora? E como lá deverão ficar os observadores [eleitorais],
já não falo sobre a segurança das assembleias de voto ... e em geral, a
federação russa, tinha garantido o regime de silêncio [militar]... Lá vivem
milhares de ucranianos – quem irá cuidar da sua segurança? Ou as eleições só são
necessários “para inglês ver” e não de verdade?...”
Obviamente
e claramente, estamos perante “pesos e medidas” bem diferentes e Ucrânia irá falar
sobre isso em cada reunião internacional!
O tipo de ferimentos mostra que os terroristas usam o armamento pesado |
Os
três deputados foram levados ao hospital militar “Mechnikov” na cidade de Dnipro,
Mechnikov. Em mais de dois anos da guerra aqui foram salvos mais de 2.000 militares
ucranianos. Hoje, a reanimação do hospital está abarrotar dos gravemente feridos
– vindos da zona industrial Avdiivka e de outros locais de frente de combates. Os
europeus ficaram chocados visto a natureza dos ferimentos: membros rasgados, pernas
que são novamente cozidas, corpos costurados de meninos muito novos, quase
crianças. “Nós defendemos a Pátria” – sussurrou um menino, à quem removeu o rim
e metade de estômago. No hospital aos deputados europeus foi também mostrada uma
coleção de balas, estilhaços de minas e de mísseis “Grad” que foram removidos dos
corpos dos ucranianos feridos que diariamente defendem os valores europeus de liberdade,
independência e dignidade.
Algumas das balas e estilhaços retirados dos corpos dos militares ucranianos |
Pois,
como nota, com toda a justiça Iryna Gerashchenko: “os
deputados europeus estão convencidos de que aqueles que defendem o levantamento
das sanções contra a Rússia, devem visitar Mariinka – para ver os efeitos do “amor
fraterno” russo. Para não falar de forma pretensiosa sobre os deveres dos acordos
de Minsk, vistos à partir das seguras capitais europeias”.
Posto de controlo "Mariinka": a passagem entre Ucrânia e os territórios ocupados |
Rua Prokofiev, casa № 208 (ex-Lenine) em Mariinka |
A cave onde a família da casa № 208 se esconde quando os terroristas russos alvejam a Mariinka |
Na
final da sua visita ao Donbas, na cidade de Kramatorsk (bem longe da linha de
separação e dos combates) os deputados europeus encontraram a missão da OSCE,
perguntando quantos quilómetros diários estes fazem durante a sua missão de monitoramento.
“Bem, cerca de 150-200” – responderam eles. Nesta segunda-feira (20/09/2016) o
grupo da Rebecca Harms, Michał Boni e Jaromír Štětina fizeram cerca de 800!
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