Ninguém
sabe o seu número exato, a sua existência não é confirmada, de forma oficial,
nem na Ucrânia, nem na Rússia. Mais uma etapa das negociações em Minsk nos meados
de maio não clarificou a sua posição, nem o estatuto legal. Na Ucrânia eles são
considerados terroristas e criminosos, na Rússia são simplesmente “esquecidos”
e abandonados.
O
jornal russo MK
calcula
o número dos separatistas pró-russos das ditas “dnr/lnr” e terroristas russos, cidadãos
da federação russa, capturados na Donbas e presos nas cadeias da Ucrânia em
cerca de 1.000 pessoas.
Eles
contactaram o «MK» — por desespero, sentindo que ninguém mais quer saber deles.
Todos estão nas cadeias e cadeias de isolamento operativo (SIZO) da Ucrânia,
alguns já foram condenados às penas pesadas. Dado que na Ucrânia decorre a Operação
Antiterrorista (OAT) e não uma guerra, os mercenários russos não têm o direito de
usufruir de qualquer estatuto legal [à não ser do de combatente ilegal/unlawful combatant],
os protocolos da convenção da Genebra não se aplicam aos seus casos e ninguém
quer saber deles.
Um combatente “de ninguém”
“Que
o meu marido foi capturado, fui informada pelo investigador ucraniano [do SBU].
Ele entrou em contato comigo através de uma página na rede social [em setembro
de 2016], escreveu que é preciso confirmar a identidade do Denis, já que ele não
possuía nenhuns documentos de identificação”, – conta a esposa do mercenário, Kristina
Sidorova. Ela não vê o seu marido por quase dois anos – desde que em 2015 este partiu
para a Donbas.
Após
saber da sua captura, as estruturas da dita “dnr” afirmaram que Denis Sidorov
não possui qualquer relação com eles. A unidade terrorista, onde Denis tinha servido,
o colocou imediatamente fora das suas listas. A prática usual de “descartar”.
Assim acontecia [na URSS/Rússia] desde a grande guerra patriótica (II G.M.): foste
capturado pelo inimigo – é melhor morreres, ninguém irá se preocupar com a sua
libertação.
Ex-polícia
(2004-10), formado em direito, na juventude Denis passou pela guerra na Chechénia
(2001). A família não compreendeu, nem aceitou a sua decisão de lutar pelo “mundo
russo” na Ucrânia: a jovem esposa, o filho Mikhail (2011) à crescer – porque razão
ele precisou disso tudo?!
No
dia 8 de setembro de 2016, Denis Sidorov, o batedor do “3º batalhão especial da
infantaria motorizada” dos terroristas (o 1º Corpo militar das forças armadas
russas), foi ferido na perna (à facada, num combate corpo-à-corpo) e capturado
pelas Forças Armadas da Ucrânia. A sua família foi contactada pela parte ucraniana
já no dia seguinte.
«Mercenário russo revelou-se “de ninguém”»
— após o seu comando negar qualquer relação com ele, Denis não foi colocado nas
listas de troca de prisioneiros. Em Kyiv, ele foi julgado e condenado aos 12
anos de cadeia severa, em junho de 2017 será apreciada a sua recorrência, sem
grandes esperanças na redução da pena.
[“Eu
sinto muito que eu vim ao território da dnr. Quero fazer um apelo aos meus
compatriotas à não irem ao território do Donbas. Os moradores locais são
capazes de resolver suas as próprias diferenças e problemas”, – declarava Sidorov
em setembro de 2016].
Cristina
chegou à declarar na polícia russa que o seu marido “desapareceu”, na tentativa
de forçar as autoridades russas de o procurar formalmente. Em resposta, o
Ministério dos Negócios Estrangeiros russos informou Cristina que “o seu pedido
é analisado” e dos resultados lhe serão comunicadas oportunamente.
Neste
momento, os separatistas presos na Ucrânia [apenas os cidadãos da Ucrânia] recebem
a proposta de assinar a declaração de que não desejam retornar às [“dnr/lnr”], casos
o cidadão concorda, ele recebe a promessa de uma libertação antecipada. Muitos [separatistas] concordam com a oferta.
A culpa “solteira”
O
separatista Maxim Garmash
está preso na Cadeia Operativa (SIZO №3) da cidade de Dnipro. Foi detido na cidade
de Kharkiv no fim de verão de 2015, na posse de granadas. Foi julgado ao abrigo
dos Art. 110, 2ª parte; Art. 260, 2ª parte e Art. 263, 1ª parte do Código Penal
da Ucrânia: “atentado contra à integridade territorial e inviolabilidade da
Ucrânia”; “participação na criação de formações paramilitares ilegais” e “posse
ilegal de armas”.
[Graças
ao trabalho exepcional da página Myrotvorets,
ele foi julgado e condenado aos 8 anos de cadeia, sem confisco dos bens, pois o
tribunal levou em consideração que separatista tem uma filha menor ao seu cargo
e que não cometeu os crimes mais graves].
Perguntado
pela “MK” se entre os presos há muitos cidadãos russos, Garmash conta que
último foi trazido na sexta-feira última [19/05/2017], nas suas palavras: “capturado em combate, ferido
com a arma de fogo numa perna, começou a gangrena, a operação não foi feita”.
O
mesmo separatista conta que nas cadeias ucranianas têm bastantes cidadãos russos
presos, na sua maioria, eles conseguem ter o acesso aos meios de comunicação,
mas precisam de paga-los. De acordo com Garmash, os mercenários russos e os
separatistas são colocados nas celas juntamente com os outros presos
ucranianos, incluindo com os veteranos da OAT, o que provoca os conflitos permanentes.
A
guerra de ninguém
Donbas ucraniana após a chegada do mundo russo |
Os
militares ucranianos, afetos às Forças Armadas da Ucrânia, presos nos cativeiros
terroristas de Donbas são, pelas contas de “MK” apenas cerca de 100 pessoas
(pelas contas da Ucrânia
em 12 de abril de 2017 estavam detidos
pelos terroristas 126
cidadãos da Ucrânia, civis e militares). Desde que os militares ucranianos pertencem às FA oficiais, à eles se aplica a Convenção de Genebra [ao contrário dos
combatentes ilegais e militares russos que participam na guerra contra Ucrânia
em fardamentos descaraterizados e sem os distintivos].
Recordar os 121 POW ucranianos em poder das forças russo-terroristas:
Recordar os 121 POW ucranianos em poder das forças russo-terroristas:
Em
2014 na Donbas entrou na moda a profissão de negociador, aquele que negociava
os termos da troca de prisioneiros e levava estas trocas até o fim. Os
primeiros combatentes eram trocados ainda nos campos de batalha. No início, na troca
pela troca, depois por dinheiro. Não era muito caro – alguns milhares de dólares
por cabeça. Havia trocas que envolviam os objetos – por exemplo, as viaturas. O
processo era bastante agilizado e era mais ou menos claro. “Às vezes mesmo os
comandantes [das forças inimigas] ligavam uns aos outros após os combates para
verificar as listas e rapidamente fazer a troca dos seus”, – contaram ao
jornalista russo nas ditas “dnr/lnr”.
A
espiã russa na dita “dnr”
Nada
disso existe agora. Nas “repúblicas populares” tudo está burocratizado ao
limite. Oficialmente, a troca de prisioneiros de guerra é tratada na dita “dnr”
pela “provedora de justiça” Daria Morozova. Anteriormente em Donetsk também funcionava
a “tenente” Liliya
Radionova (14.09.1967), que nos primeiros anos da guerra russo-ucraniana presidia
a “comissão de prisioneiros de guerra”.
“Com
o tempo, nas atividades da comissão intervieram os representantes do poder [da dita
“dnr”] – alguém era colocado nas listas para ser trocado, outros eram excluídos
de trocas”, – conta ela ao “MK”. – Depois, a nossa pequena equipa entrou aos
quadros do “ministério da defesa da dnr”, e desde ai, nada decidimos por conta
própria”.
Após
passar a lista dos combatentes ilegais russos, presos na Ucrânia, às
autoridades russas, Sra. Radionova foi considerada inimiga das repúblicas não
reconhecidas e acusada de espionagem à favor da Rússisa! A separatista tinha que
fugir de Donbas: «Eu não poderia supor que tal informação pode constituir um
segredo de Estado – ao contrário, tinha boas intenções”, – desabafa ela.
Tudo
isso está no passado. Agora, a maioria [dos separatistas e russos] que estão nas
prisões ucranianas são abertamente chamados de criminosos. Uma parte destes membros
de grupos armados ilegais já foi condenada, outros ainda esperam pelo seu
destino. Os separatistas e terroristas acreditam que o objetivo da Ucrânia é
levar todos os condenados à Haia, para serem julgados como criminosos de
guerra, escreve “MK”.
Blogueiro:
embora não se percebe o que eles estão à temer, as cadeias europeias são bastante
confortáveis, seguramente na Europa os prisioneiros ilegais contarão com
melhores condições da sua detenção. Isso é, aqueles que sobreviverão até
então...
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