quarta-feira, maio 17, 2017

Sargento Kalashnikov e Eng. Hugo Schmeisser: a história secreta de AK-47 (17 fotos)

Pouca gente sabe que o engenheiro alemão Hugo Schmeisser viveu e trabalhou na cidade armeira soviética de Izhevsk entre 1946 e 1952, para onde foi de “livre e espontânea pressão” e onde, nas suas próprias palavras: “deu alguns conselhos úteis” na criação do AK-47.
Eng. Hugo Schmeisser
A teoria que defende que o ícone militar soviético, a pistola automática AK-47 (rifle de assalto Kalashnikov) é produto do roubo intelectual do modelo Sturmgewehr 44 do designer alemão Hugo Schmeisser apareceu mais de 60 anos atrás, desde a primeira “apresentação” do AK-47 à comunidade internacional durante o esmagamento soviético da revolta anticomunista húngara de 1956 em Budapeste. Se pode dizer que a União Soviética foi acusada, desde então, de mais uma fraude histórica.
Em 1946 e na sequência da derrota da Alemanha na II G.M. Hugo Schmeisser recebeu a proposta soviética de viver e trabalhar na URSS, o major do RKKA que fez o seu recrutamento compulsivo tinha prometido ao Schmeisser o salário de 5.000 rublos por mês (cerca de 847,4 dólares, convertidos ao câmbio oficial soviético após a reforma monetária de 1961). O major dizia que o trabalho na URSS não apenas “irá manter a sua família na Alemanha, mas também melhorar a sua condição financeira”.
Mas apenas alguns meses após a sua mudança, Hugo Schmeisser teve que escrever ao diretor de “Izhmash”, a fábrica armeira de Izhevsk, reclamando que em dezembro de 1946 e janeiro de 1947 recebeu os 3.500 rublos mensais (593,2 dólares), de seguida baixados até 2.500 rublos mensais (423,7 USD).
Na carta o engenheiro Schmeisser pede a permissão de regressar de volta a Alemanha, onde viviam a sua esposa e o filho gravemente doente, pois apenas o desejo de ajudar financeiramente a família, o levaram a se mudar para União Soviética.
Não se sabe ao certo se a fábrica de Izhevsk, o empregador do Hugo Schmeisser se dignou à responder oficialmente a carta (na Internet circula apenas a imagem de uma resposta não assinada), 
Ao Sr. Schmeisser Hugo: "o Seu pedido de aumento do Seu salário não posso satisfazer".
Diretor da fábrica.- (P. Sysoev). 4 de abril de 1947
passando produzir, em segredo, os documentos comprometedores ao bom nome do engenheiro, emitindo as avaliações (15 no total) de caráter com acusações de “psicologia capitalista”, de não possuir o diploma de engenharia, e, como tal, alegadamente, “não poder ser utilizado de forma eficaz”. Isso é, apesar de que durante décadas, Eng. Schmeisser foi o criador de armas usadas pelos exércitos mais poderosos da Europa.
Depois disso, H. Schmeiser passou à encarar o seu trabalho em Izhevsk com desinteresse abertamente demonstrado, de facto, a sua estadia em Izhevsk em 1947-1952 foi a primeira “greve branca” da cidade. Ao mesmo tempo, o complexo militar-industrial soviético usou em Izhevsk não menos de 10.000 folhas de documentação técnica, sem contar com os equipamentos retirados da fábrica alemã do Schmeisser na cidade alemã de Suhl.
Além do Hugo Schmeisser trabalharam em Izhevsk mais pelo menos 16 de seus colegas de Suhl e de outras cidades na Alemanha Oriental (RDA), alguns dos quais tinham os nomes reconhecidos no mundo armeiro. O seu estilo de vida na URSS é bem evidenciado nas fotografias da época. Eram especialistas bem pagos que viviam no centro de Izhevsk em um ambiente bastante confortável. Para servir de seu alojamento, foram despejados os moradores soviéticos do prédio inteiro na rua “Krasnaya” № 133, ao lado da Sá Catedral “Alexander Nevsky”, convertida, pelo regime comunista, no cinema “Koloss”. O despejo dos moradores, pertencentes à elite da nomenklatura soviética, para realojar os ex-“fascistas”, causou um verdadeiro choque e dissonância cognitiva na sociedade e nas elites locais que se sentiam os vencedores da II G.M. Embora deve-se notar que os prisioneiros da guerra alemães construíram em Izhevsk os bairros inteiros, em particular, “SotsGorod” (Cidade Socialista), “Aldeia dos Engenheiros Mecânicos”, “A cidadela dos metalúrgicos”.

Em frente do prédio onde moravam de especialistas alemães situava-se a mercearia central №1, o que levou o surgimento da anedota urbana de como o jovem sargento Kalashnikov (com 27 anos e chefe da célula da juventude comunista, Komsomol), corria até aquela loja para comprar a cerveja “Zhigulevskoe”, para agradar o famoso engenheiro alemão Hugo Schmeisser.

Os trabalhos desenvolvidos pelo Eng. Schmeisser em Izhevsk permaneceram sob a classificação “segredo” até o início da década de 1990 (semioficialmente se sabe que na URSS Schmeisser se dedicava à tecnologia do forjamento a frio e estampagem do caixilhos). No entanto, os críticos soviéticos adoram reproduzir todo o absurdo das suas avaliações soviéticas, saboreando, principalmente, a ausência do diploma de engenharia ou adesão ao partido nazi em 1933.
Kalashnikov na capa da revista militar "Combatente soviético", Nr. 11 (1949)
Claramente são as medidas altamente desiguais. Enfatizando as “falhas” do Schmeisser, os seus críticos não percebem que assim descrevem exatamente as mesmas deficiências do Kalashnikov. Como é sabido, Mikhail Kalashnikov, no momento do início da produção de AK-47 não possuía nenhuma formação superior (concluiu apenas a 7ª classe da escola básica soviética e tinha a experiência militar na área dos blindados), e viu, pela primeira vez, um comboio apenas em 1930, na altura de deportação da sua família deskulakizada da região de Altai à região de Tyumen.
A foto em que Kalashnikov pousa à desenhar para os fins de propaganda
Não é muito sábio misturar o génio de engenharia com a sua filiação partidária. Como justamente salientou o próprio Kalashnikov – “o designer armeiro cria as armas para defender o soldado, não para resolver as questões ideológicas”.
Ironicamente, a AK-47 foi produzida na Alemanha Oriental na década de 1970-80 na fábrica Ernst Thälmann na cidade de Suhl sob a licença da União Soviética e com a designação oficial de KK-MPi 69.
@ Fonte e fotos krukov_vasilii | Texto @Ucrânia em África

continua...

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