terça-feira, maio 23, 2017

Como «Pepsi» e «Fanta» entraram na URSS (14 fotos)

A primeira fábrica da «Pepsi-Cola» começou a laborar na União Soviética ainda em 1974, seguida pela «Fanta» em 1979. Embora ambas as empresas entraram na URSS na era Brejnev, o primeiro “garoto de propaganda” soviético da “Pepsi” foi o próprio Nikita Khrushov.

02. No verão de 1959, no parque moscovita Sokolniki, decorreu aExposição Nacional Americana na URSS, no decorrer da qual o vice-presidente americano, Richard Nixon ofereceu “Pepsi-cola” ao Nikita Khrushov. No dia seguinte, a foto do Khrushov, com a expressão facial cautelosa e com um copo da “Pepsi” nas mãos, foi divulgada em diversas publicações mundiais:
03. Mas o acordo entre “PepsiCo” e governo soviético foi fechado apenas na era Brejnev. A corporação “PepsiCo” se tornou a distribuidora oficial da vodca “Stolichnaya” no Ocidente, em troca do direito de vendas da “Pepsi” na URSS. A “Pepsi” começou ser vendida na União Soviética em abril de 1973 e em 31 de maio de 1974 foi oficialmente aberta a primeira fábrica de “PepsiCo” na cidade de Novorossiysk. A mesma fábrica foi inaugurada pela 2ª vez em 8 de setembro do mesmo ano, já na presença do secretário-geral do PCUS, Leonid Brejnev, que inspeccionou a linha de fabricação da “Pepsi-Cola”:

04. O refrigerante americano se tornou instantaneamente popular em toda a URSS. Entrando na lista da défice tremendo, pois uma única fábrica não conseguia suprir a demanda de toda a população soviética, desejosa de provar o novo sabor ocidental. “Pepsi” foi associado na mente dos consumidores soviéticos com a “vivência ocidental livre” (coca, jazz, caros descapotáveis), o seu sabor era muito diferente das tradicionais limonadas soviéticas, o próprio logótipo, colorido, dinâmico e contemporâneo, bastante diferente do design cinzento dos rótulos descaraterizados dos refrigerantes soviéticos.
A aparência do rótulo soviético da “Pepsi”. O prazo de validade era marcado com os risquinhos em frente do ano e mês na parte baixa do rótulo.

05. A chegada dos Jogos Olímpicos de 1980 levou as autoridades soviéticas apostar na limpeza e modernização de Moscovo (e de outras cidades-capitais da URSS). Do Moscovo foram expulsos diversos “elementos anti-sociais”, como os sem-abrigo ou prostitutas, nas ruas foram instaladas as máquinas de venda de “Pepsi”. Estas máquinas eram bem-parecidas com as máquinas soviéticas de venda de água gaseificada, mas em vez de vender água com gás (1 copeque) ou água com xarope (3 copeque), vendiam “Pepsi” ao preço de 20 copeque.
Nas lojas soviéticas, “Pepsi” custava entre 45 à 50 copeque (incluindo o preço da garrafa de 0,33 l), o que não era pouco, tendo em conta que as limonadas soviéticas custavam desde 11 copeque (incluindo o prelo do vasilhame) e a cerveja custava 21 copeque 0,5 l.

06. Em agosto de 1979, nas vésperas dos JO de Moscovo, na URSS começou a produção daFanta”, produzida pela “Coca-cola”, a concorrente direta daPepsi. As fotos são de 1980, feitas no decorrer dos JO. Já na altura a “Coca-cola” usava o dispositivo de distribuição de líquido (draft), bastante parecido com o de atuais máquinas, usadas nos cafés e aparelhos de self-service.
A viatura oficial da "Fanta" nas ruas de Moscovo, 1980
07. Além da venda do seu refrigerante nas mercearias e lojas de alimentos, “PepsiCooperava em Moscovo os quiosques de venda exclusiva, a foto é de 1983.

08. Outras fotos dos quiosques da marca que tinham um design corporativo único, de aparência bastante futurista:

09. Fotos coloridas do quiosque da “Pepsi”:

10. Fora de Moscovo não existiam os quiosques exclusivos da “Pepsi” ou “Fanta”, estes refrigerantes eram vendidos nas lojas de alimentos, restaurantes, cafés e nos bares dos hotéis. Os refrigerantes eram produzidos em Kyiv, na capital da Estónia – Tallinn e em algumas outras cidades.
Nas zonas do interior soviético, “Pepsi” e “Fanta” eram consideradas um deficit tremendo (tipo bananase eram literalmente varridos das prateleiras. Os consumidores as compravam literalmente às caixas (era considerado como chique e marca de status a oferta da bebida aos pais ou parentes menos influentes e afortunados), apesar do seu preço de 45 copeque (em algumas cidades 50 copeque), por uma garrafa de 0,33 l (o dobro em relação às limonadas soviéticas).

Os consumidores que lembram do sabor da “Pepsi” e da “Fanta”, produzidas na URSS, costumam dizer que este era mais forte e mais agradável, comparando com os sabores atuais. Não somos capazes de fazer essa comparação em relação ao “Pepsi”, mas em relação à “Fanta” essa diferença é real. A “Fanta” produzida na URSS tinha um cheiro citrino bastante concentrado, se assemelhando, no sabor da “Fanta” produzida na França, que possuía uma maior percentagem do concentrado do sumo de laranja.

Fotos Getty Images | Internet | Texto @Maxim Mirovich | @Ucrânia em África

Bónus histórico

O CEO da “PepsiCo”, Donald M. Kendall, recorda as suas negociações com o chefe do Conselho dos Ministros da URSS, Alexei Kossygin, de seguinte forma: Kossygin veio e disse “Queremos fazer comércio convosco, vossa pepsi pela nossa vodca, litro por litro. [...] Estou falar sobre o vosso concentrado, litro por litro”.

“Pepsi” é feita à partir de concentrado, fornecido em embalagens plásticas de 19 litros. O conteúdo deste recipiente é diluído com água de modo à se transformar em 1.000 litros de xarope. Por sua vez, o xarope é diluído com 5.000 litros de água, representando o produto acabado – “Pepsi”. Isto é, um recipiente de 19 litros se transforma em 6000 litros de “Pepsi” ou 18.181 garrafas de vidro de 0,33 l.
Em 1982, o Comité Central do PCUS recebeu a informação detalhada sobre o funcionamento da «PepsiCo» na União Soviética. De acordo com o documento, em 1973-1981 a URSS vendeu aos Estados Unidos 1,9 milhões de decalitros de vodca “Stolichnaya” no valor de 25 milhões de dólares. Ao mesmo tempo, “PepsiCo” produziu 32,3 milhões de decalitros que renderam no mercado soviético 303,3 milhões de rublos, contando com a diferença dos câmbios, 139,3 milhões de rublos à mais. Assim, a fórmula do Kosygin “litros por litro”, na realidade significou a diferença de 1 por 17.

Na primavera de 1990, Mikhail Gorbachev deu o seu aval para que a «PepsiCo» comprasse na União Soviética os 17 submarinos ao preço unitário de 150 mil dólares, como também um cruzador, uma fragata, um destruidor e 10 petroleiros. Depois disso, Kendall disse ao presidente dos Estados Unidos a sua famosa frase: “Estamos desarmar a União Soviética mais rápido do que você!”

Fonte: ©Fishki.net

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