– Meu pai e minha mãe são profissionais
de saúde, por isso a minha escolha foi óbvia. Eu tinha certeza que no pelotão médico farei a maior
diferença benéfica, – conta a jovem.
– Aconteceu em Pisky (arredores do aeroporto de Donetsk) – se
lembra ela – eu saí de abrigo e foi buscar água, e de nas proximidades explodiu
uma mina. De forma automática me atirei ao chão. Recuperei os sentidos e
rapidamente corri ao abrigo e só lá reparei nos meus
joelhos feridos, como na época quando era uma criança.
Depois vieram os primeiros
feridos. Hanna recorda mais do combatente Vasyl, com a hemorragia arterial. Após
aplicação dos primeiros socorros, ele, acompanhado pela “Malva” foi evacuado para a cidade do Dnipro.
– Em algum lugar no meio do
caminho, o militar recuperou a consciência e pediu água, e então ele disse as
palavras que eu me lembrarei em toda a minha vida: “Você olha para mim como a minha mãe”. Ouvindo essas palavras, os meus olhos ficaram com as lágrimas – retendo as emoções, se
lembra Hanna.
Vasyl foi levado ao hospital,
onde os médicos continuaram a lutar por sua vida. Mas ele ficou grato para
sempre à uma menina frágil com grandes olhos bonitos. Infelizmente, havia
aqueles que não puderam ser salvos. Hanna prefere não pensar nisso, e apenas diz
que é a sua dor que vai ficar com ela para sempre.
Juntamente com os seus companheiros “Malva” participou na libertação e na defesa de Dobropillia,
Vodiane, Pisky, Zaitseve e outros pontos quentes de Donbas.
Em maio de 2016, Hanna Komar assinou o
contrato com as Forças Armadas da Ucrânia, agora ela serve numa das baterias de
morteiros de uma das brigadas mecanizadas.
Em momentos de calmaria essa
menina sonha sobre o primeiro dia após a guerra. Como ela vestirá um belo
vestido, calçará os sapatos de salto alto, dos quais sente as saudades, e será
novamente parecida com os seus pares. Pelo menos exteriormente, porque o que
ela tinha visto e vivido na guerra mudou para sempre o seu mundo interior.
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