sábado, agosto 31, 2024

O risco de uma guerra diplomática entre Polónia e Ucrânia

As relações entre Ucrânia e Polónia correm o risco de se tornarem vítimas de uma guerra diplomática, encenada por hábeis manipulações externas sobre temas do passado histórico que são dolorosos para ambos os Estados.

Decorreu um ataque mediático ao Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, pelas suas declarações sobre as relações históricas entre a Ucrânia e a Polónia nas décadas de 1930-1940 num fórum público representativo sobre as visões do futuro da Polónia, estamos a lidar com uma guerra de redes culturais.

A propaganda russa passou de operações locais para desacreditar os políticos ucranianos e polacos e certos aspectos das relações para uma guerra em grande escala utilizando códigos mentais, estereótipos e preconceitos históricos, bem como ambições habilmente dirigidas dos políticos.

O gatilho para tal guerra - a pergunta do participante sobre os acontecimentos relacionados com a deportação em massa dos ucranianos e dos polacos após o fim da II G.M., e a perda de população não foi escolhida por acaso. Jogar sobre temas históricos dolorosos é uma oportunidade para os políticos/partidos ganharem popularidade e aumentarem a sua classificação. Além disso, tais temas ganham um número absurdo de likes nas redes sociais e ativam traumas históricos e reivindicações territoriais.

O jogo em torno do discurso do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Kuleba, ganha matizes de uma guerra diplomática provocada a partir de Moscovo.

Os políticos e a sociedade polacos estão imperceptivelmente envolvidos em várias disputas internas, nas quais as questões da divisão da República das Duas Nações (ou a Comunidade Polaco-Lituana) ou os acontecimentos de Volyn se tornam marcadores de pertença a um ou outro partido/grupo político. Num contexto de relações complexas entre diferentes ramos do governo, isto é mais do que suficiente para criar uma poderosa crise parlamentar ou governamental.

A atitude em relação à Ucrânia soma-se às contradições internas em relação à atitude em relação a Bruxelas, à religião, aos migrantes. A Polónia constitui assim outro ponto de tensão com os seus aliados euro-atlânticos, em particular, no que diz respeito ao futuro político da Ucrânia e ao seu apoio militar.

O tema da Ucrânia é actualmente um marco para a comunidade euro-atlântica. A menção activa de traumas históricos pode levar Varsóvia ao caminho do primeiro-ministro húngaro Orbán, que questiona periodicamente os resultados do Tratado de Paz de Trianon, ao abrigo do qual a Hungria perdeu 40% do seu território e acesso aos mares.

A reacção ambígua da comunidade política polaca mostra que a política e a vida pública polacas estão abertas à propaganda russa.

As narrativas russas estão a penetrar no espaço político e de informação polaco, gerando uma atitude específica não só para com a Ucrânia, mas também para com a UE e a NATO.

Esta situação é uma prova de que a Polónia e os países europeus não compreendem a escala e o grau da pressão propagandística, o que cria literalmente uma guerra diplomática e cultural artificial.

A Europa ainda não desenvolveu as tecnologias para resistir à agressão mental russa.

Neste momento, a comunidade polaca está a destruir-se a si própria, acusando os principais políticos de negligenciarem os interesses nacionais, formando uma «frente» de líderes regionais e sugerindo a ascensão de radicais de direita financiados e patrocinados pela rússia em toda a Europa .

A própria comunidade política polaca está a gerar uma crise política e de gestão em grande escala. E a propaganda russa considera normalmente estas crises como um sucesso significativo, acompanhando-as com uma desestabilização em grande escala, em particular, na esfera da segurança.

É do interesse da Polónia pôr termo à histeria anti-ucraniana. A própria Polónia permite que as crises de segurança entrem no seu território, abrindo espaço de informação para as narrativas do Kremlin.

quinta-feira, agosto 29, 2024

Agressão russa sem fronteiras: tempo de uma ação decisiva

Ataque russo contra região de Kyiv

A rússia intensificou significativamente os seus ataques à Ucrânia nos últimos dias, lançando um dos maiores ataques combinados de mísseis e drones desde o início da sua invasão em grande escala. A 26 de agosto de 2024, foram lançadas mais de 230 mísseis e drones

As forças de defesa aérea ucranianas conseguiram abater 102 mísseis e 99 drones, demonstrando resiliência e dedicação na defesa do país. Como sempre, os civis estiveram sob ataque: os ataques mataram sete pessoas e feriram cerca de 50, incluindo quatro crianças.

Mísseis e drones russos abatidos em 26 de Agosto

As consequências destes ataques foram também sentidas pelos países vizinhos: ocorreram cortes de energia na Moldova e um drone kamikaze russo violou o espaço aéreo polaco, o que mostra a dimensão da agressão russa.

Já na noite de 27 de agosto, o Kremlin continuou os ataques massivos em território ucraniano, lançando 10 mísseis e 81 drones de ataque. As forças de defesa aérea ucranianas conseguiram abater cinco mísseis e cerca de 60 drones, mas alguns deles atingiram os seus alvos, com consequências trágicas. Os ataques mataram quatro pessoas e feriram mais de 16. Estes ataques continuam a demonstrar o desejo da rússia de causar o máximo dano às infra-estruturas críticas da Ucrânia e de espalhar o medo entre os civis.

Estas vagas de ataques estiveram entre as maiores e mais destrutivas desde o início da guerra. Os ataques visaram infra-estruturas críticas, afectando muitas regiões do país, especialmente o complexo dos combustíveis e da energia. Em particular, a central hidroeléctrica de Kyiv foi atacada, embora não haja ameaça de rotura da barragem. A intensidade dos ataques indica não só um aumento da agressão militar, mas também uma tentativa deliberada de paralisar as infra-estruturas vitais da Ucrânia.

Além disso, os ataques russos visam cada vez mais jornalistas estrangeiros com o objectivo de os intimidar e impedir a divulgação de informações sobre acontecimentos reais na guerra. Na noite de 25 de agosto, um ataque russo atingiu o Sapphire Hotel, em Kramatorsk, matando Ryan Evans, membro da equipa da agência Reuters, e deixando outros dois jornalistas em estado crítico. Na noite seguinte, um míssil russo atingiu o Hotel Aurora, em Kriviy Rih, matando duas pessoas e ferindo cinco. Estes ataques dirigidos a membros dos meios de comunicação social não são apenas uma violação do direito internacional, mas também uma tentativa da rússia de intimidar os jornalistas para os impedir de cobrir a verdade sobre a guerra na Ucrânia.

Em resposta a estes ataques intensificados e à crescente ameaça aos aliados da Ucrânia, há apelos crescentes para que sejam levantadas as restrições à utilização de armas de longo alcance contra alvos militares russos. A 26 de Agosto de 2024, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, sublinhou a necessidade de rever as actuais restrições à utilização de armas ocidentais para atacar alvos militares em território russo. Na sua declaração, observou que o levantamento destas restrições, no quadro do direito internacional, não só reforçaria a capacidade da Ucrânia de se defender, como também salvaria muitas vidas e reduziria a destruição no seu território. Borrell acrescentou que a Ucrânia deveria ter o direito de utilizar armas de longo alcance para se defender contra a agressão russa: “A remoção das restrições ao uso de capacidades contra os militares russos envolvidos na agressão contra a Ucrânia irá reforçar a autodefesa ucraniana, salvar vidas e reduzir a destruição na Ucrânia."

Deve ser entendido que a falta de armas de longo alcance da Ucrânia a coloca numa desvantagem significativa, especialmente quando o agressor não tem tais restrições. Alargar as capacidades da Ucrânia não é uma escalada do conflito, mas sim garantir o seu direito à protecção e aproximar-se da paz. Os últimos ataques da rússia mostraram que não existem “linhas vermelhas” para ela e que está pronta para tomar quaisquer medidas para atingir os seus objectivos. O reforço das capacidades defensivas da Ucrânia é fundamental para dissuadir novas agressões e proteger não só a Ucrânia, mas também a estabilidade da Europa e do mundo.

A comunidade internacional não pode permitir-se permanecer indiferente à contínua agressão da rússia e ao seu claro desrespeito pelas normas internacionais. Os recentes ataques às infraestruturas críticas da Ucrânia e os ataques dirigidos a jornalistas estrangeiros sublinham a necessidade de uma resposta internacional forte. O mundo não deve ficar parado enquanto a rússia viola a soberania dos seus vizinhos e comete actos que constituem crimes contra a humanidade. A utilização de armas de longo alcance para atacar bases militares e aeródromos russos deve ser considerada um meio legítimo de defesa contra um agressor que não respeita as fronteiras internacionais e a vida humana.

As ações da rússia nos últimos dias são um lembrete das ambições mais amplas e dos objetivos imperiais do Presidente Vladimir Putin. Se não for abordada, a rússia não se ficará pela Ucrânia. É vital que a comunidade internacional responda de forma decisiva, apoiando a Ucrânia no seu direito à defesa e garantindo o cumprimento das normas que apoiam a paz e a segurança globais. O custo da inacção é demasiado elevado; o mundo deve agir agora para evitar uma nova escalada e responsabilizar a rússia pelas suas ações.

quinta-feira, agosto 22, 2024

Como a rússia está a minar a infra-estrutura militar da Europa

Imagem: shutterstock.com/Maclevan

A rússia está a tomar medidas deliberadas para desestabilizar a Europa, para enfraquecer as infra-estruturas militares dos países da NATO e reduzir o seu apoio à Ucrânia. Os ataques híbridos (ataques cibernéticos, campanhas de desinformação, espionagem e atos de sabotagem) são utilizados para este fim.

Os recentes incidentes na Alemanha são o melhor exemplo de tais ações. Por exemplo, a 13 de agosto de 2024, a água potável apresentou anomalias na base militar de Colónia-Wahn da Bundeswehr, levando a suspeitas de sabotagem. Vários funcionários da base queixaram-se de sintomas de envenenamento, tendo sido ali detetado um buraco na vedação, indicando uma possível entrada ilegal. A base militar foi isolada para investigação.

No dia seguinte, 14 de agosto de 2024, os níveis de segurança foram aumentados na base militar de Geilenkirchen devido a suspeitas de possível contaminação da água. Estes dois incidentes, que ocorreram num curto espaço de tempo, apenas aumentaram as suspeitas sobre uma sabotagem coordenada destinada a minar a capacidade de combate e a unidade dos países da NATO.

Os membros do Bundestag, Markus Faber e Konstantin von Notz, acreditam que os incidentes em duas bases militares na Alemanha podem ser o resultado de uma operação de sabotagem russa.

“Dada a proximidade temporal dos incidentes nos dois quartéis, pode-se assumir que um ator hostil está a tentar demonstrar aqui as suas capacidades de sabotagem. O ator com maior interesse é Putin”, disse Faber.

Opiniões semelhantes foram expressas pelo chefe da Comissão de Controlo Parlamentar do Bundestag, Konstantin von Notz (o Partido Verde).

A guerra russa híbrida representa uma séria ameaça para a comunidade internacional. As autoridades alemãs manifestaram preocupação com o facto de a Rússia poder recorrer a actos de sabotagem para desviar recursos e atenções da Ucrânia, como parte de uma estratégia mais ampla do Kremlin para enfraquecer os aliados ocidentais e o seu apoio a Ucrânia.

A rússia utiliza também activamente outros métodos de desestabilização em vários países. No final de maio de 2024, os serviços de segurança polacos detiveram um homem na Polónia que tentava recolher dados sobre equipamento militar destinado à Ucrânia. Houve também casos de ataques incendiários, que se acredita terem sido levados a cabo pela inteligência russa.

Um incêndio num armazém com ajuda humanitária à Ucrânia em março de 2024 levou a que dois homens fossem acusados ​​de incêndio criminoso e de ajudar os serviços de informação russos.

Os descarrilamentos de comboios na Suécia e as tentativas de pirataria informática aos sistemas de sinalização ferroviária checos estão entre os incidentes que estão a ser investigados quanto ao potencial envolvimento russo.

Ocorreram também incidentes relacionados com as atividades dos serviços de informação russos na Bélgica. Um desses incidentes ocorreu em 2022, quando os serviços de informação belgas identificaram uma rede de espionagem russa que estava a recolher informações sobre alvos militares e políticos no país. Durante a operação, foram detidas várias pessoas suspeitas de espionagem para a rússia. Além disso, em 2023, ocorreu uma explosão num armazém com equipamento militar em Antuérpia, o que foi considerado um possível ato de sabotagem. Embora não houvesse provas claras de uma ligação com a rússia, o incidente suscitou preocupações entre as autoridades belgas.

Estes exemplos mostram que a Alemanha, a Polónia, a Bélgica e outros países europeus se tornaram alvo de actividades de sabotagem e espionagem russas destinadas a minar a infra-estrutura militar e a desestabilizar a situação na região.

Estes incidentes realçam a gravidade e o alcance da guerra híbrida da rússia. A NATO já manifestou profunda preocupação com tais actividades e está a desenvolver activamente contra-medidas, incluindo o reforço da protecção das infra-estruturas críticas e a partilha de informações de inteligência. Assim, as tentativas russas de desestabilizar a situação na Europa, bem como de enfraquecer o apoio global à Ucrânia, requerem uma atenção especial e uma acção coordenada por parte dos aliados internacionais para combater eficazmente esta ameaça.

quarta-feira, agosto 21, 2024

Ucrânia e Nord Stream 2: porque é que as acusações são falsas

Foto: Danish Defence / AFP / Scanpix

As acusações de envolvimento da Ucrânia na sabotagem do gasoduto Nord Stream 2, ocorrida em Setembro de 2022, estão a espalhar-se activamente no espaço mediático. No entanto, uma análise de todos os factos disponíveis indica que estas acusações não têm qualquer base de factos e são provavelmente parte de uma ampla campanha de desinformação orquestrada pela rússia.

A Ucrânia negou consistentemente qualquer envolvimento nos danos do Nord Stream 2. As autoridades ucranianas, incluindo o Presidente Volodymyr Zelensky, sublinharam que a Ucrânia não beneficia de tais acções e nunca recorreria a tais métodos. Estas declarações são apoiadas pela ausência de quaisquer provas concretas que indiquem a participação ucraniana na sabotagem.

As alegações contra Ucrânia podem fazer parte de uma campanha sistemática de desinformação russa que visa desacreditar Ucrânia a nível internacional. A divulgação de versões do envolvimento da Ucrânia através dos meios de comunicação ocidentais é uma continuação dos ataques de informação que a rússia tem levado a cabo contra Ucrânia desde o início da sua agressão militar. Esta estratégia passa pela utilização de vários canais de informação para influenciar a opinião pública mundial e criar dúvidas sobre o apoio à Ucrânia.

O Nord Stream sempre foi uma ferramenta importante para a expansão energética russa, e os danos no gasoduto beneficiam principalmente a própria rússia. Isto permite à rússia utilizar o factor energético como arma na política internacional, especialmente para exercer pressão sobre a Europa no contexto da guerra contra Ucrânia.

Alguns especialistas e analistas especularam que as teorias sobre o envolvimento ucraniano podem ser criadas deliberadamente para desviar a atenção dos verdadeiros iniciadores da sabotagem, o que poderia ser parte de uma táctica de “operação de bandeira falsa”. Esta abordagem permite à rússia evitar simultaneamente acusações diretas e criar o caos informativo.

As investigações na Dinamarca e na Suécia encontraram motivos insuficientes para acusações criminais e foram encerradas. Isto mina a versão do envolvimento da Ucrânia e confirma a falta de provas concretas da sua participação na sabotagem. Além disso, os países ocidentais que conduziram as suas próprias investigações também não conseguiram encontrar provas conclusivas, o que indica que as versões divulgadas pela propaganda russa são falsas.

A rússia está a obstruir activamente as investigações internacionais e a utilizá-las para desacreditar ainda mais Ucrânia. Isto confirma o interesse de Moscovo em difundir informações falsas e utilizar a desinformação como instrumento para influenciar a política internacional.

Com base nas provas disponíveis, as acusações contra Ucrânia de envolvimento na sabotagem do Nord Stream 2 parecem ser infundadas e podem fazer parte de uma campanha de desinformação mais ampla destinada a minar o apoio internacional à Ucrânia. É importante manter o pensamento crítico e não ser influenciado por informação não verificada, especialmente numa situação geopolítica tão complexa e tensa.

quinta-feira, agosto 15, 2024

Rendição em massa do militares russos na frente de Kursk

14 operativos da força especial da secreta SBU (CSO «A») capturaram 102 militares russos. Os russos pertenciam ao 448º Regimento de Espingardas Motorizadas de Guardas aquartelados num ponto de apoio feito para durar. 

“Um rebanho frouxo, perdido, alguns a chorar, a lembrar palavras ucranianas como “sejam bem-vindos”, foi assim que os participantes da operação comentaram a rendição em massa dos russos.

 

O 448º Regimento de Espingardas Motorizadas de Guardas não teve motivos especiais para se render. O seu ponto de apoio era forte e confortável, exatamente do tipo que foi construído “para mostrar na TV” - com casas de banho, sala de jantar, ícones, gabinete do comandante e retratos de Putin. Havia muita comida, assim como munição. 

90% dos russos que se renderam eram novatos à morrer de medo. Mas a massa “frouxa” russa (como está agora na moda no exército russo) foi reforçada por um par de kadyrovistas marvados, um «comissário político» bêbado, vindo do FSB e alguns veteranos mais experientes. Havia, como é habitual, a presença de droga leve e pesada, mas em quantidades razoáveis: eram apenas 6 pessoas completamente drogadas (no momento de rendição). 

Acontece que a rendição em massa não foi 100% “suave”.

O «comissário político» surpreendeu pela positiva: homem se ofereceu para ajudar a amarrar as mãos dos seus filhos espirituais e políticos. Os «Kadirov boys» também se comportaram de forma razoável, mas estavam um pouco envergonhados porque os seus telefones estavam cheios de pornografia gay. Os drogados (que nem se aperceberam que já estavam em cativeiro ucraniano) continuaram a cantar as suas “kalinkas-malinkas” e convidavam os oficiais da SBU para dançar.

Mas surgiu um “patriota da mãe-rússia” que tentou fazer algum barulho “pela pátria”. Foi imediatamente acalmado, com pontapé “nos tomates” pelo seus, o que causou um breve burburinho na multidão. 

As Forças Armadas Ucranianas avançaram entre 500 m à 1,5 km na região de Kursk nas últimas 24 horas e ocuparam agora uma área de 1.150 km². As aldeias de Mirny, Bondarevka, Mikhailovka e Syrsky foram libertadas. Ucrânia criou o primeiro gabinete do comandante militar nos territórios controlados da região de Kursk. 

Bónus 

O bombardeiro estratégico russo Tu-22M caiu na região russa de Irkutsk. À partir destas aeronaves que os criminosos de guerra russos lançam ataques com mísseis contra alvos civis na Ucrânia. A rússia atualmente já não produz este tipo de aeronaves.


Que ótimas notícias!

O caso do agente do GRU, o russo-espanhól Pablo González Yagüe

O cidadão russo-espanhól Pablo González (nascido Pavel Rubtsov) é um espião do secreta militar russa GRU. Foi desoberto pelo SBU, capturado pela secreta polaca ABW em 2022 e agora regressou à rússia no âmbito da troca dos prisioneiros entre Ocidente e rússia. 

Oito pessoas regressaram à rússia das prisões ocidentais a 1 de Agosto, por causa das quais o Kremlin libertou 16 presos políticos e os extraditou para o estrangeiro. Entre aqueles que Vladimir Putin acolheu pessoalmente em Moscovo estava o oficial dos serviços de informação Pablo González, também conhecido por Pavel Rubtsov, que foi preso na Polónia nos primeiros dias de uma guerra de grande escala. Cidadão da rússia e de Espanha, González trabalhou disfarçado durante vários anos como jornalista e correspondente militar, comunicou extensa e confidencialmente com oposicionistas russos (incluindo Ilya Yashin e Vladimir Kara-Murza) e transmitiu informações sobre eles a Moscovo. A publicação russa Meduza conta a incrível história de talvez o mais talentoso dos oito espiões russos que participaram na histórica troca. 

Rubtsov foi detido na Polónia a 28 de fevereiro de 2022, no quarto dia de uma invasão russa em grande escala, a sete quilómetros da fronteira com Ucrânia. O russo acusado de trabalhar para o GRU passou mais de dois anos em regime de solitária. Durante todo este tempo, continuou a insistir que não era um espião, mas estava a filmar uma reportagem sobre refugiados da Ucrânia para os meios de comunicação espanhóis. 

O momento da detenção do Rubtsov na Polónia / ABW

Foi como o jornalista e politólogo espanhol Pablo González Yagüe (tinha um passaporte com esse nome), e não como o oficial dos serviços de informação ilegais Pavel Rubtsov, que os jornalistas de Madrid, as organizações especializadas europeias e a oposição russa o conheceram. Além disso, o seu desfarce – ao contrário das coberturas defeituosas de outros espiões russos expostos era bastante forte. 

Dois passaporte do González-Rubtsov com os nomes diferentes

González-Rubtsov não fingiu ser espanhol - na verdade nasceu em Moscovo em 1982 numa família de imigrantes espanhóis. O seu avô, Andres González Yagüe, foi levado à URSS ainda criança, salvando-se da guerra civil espanhóla. A filha de Andres, María Elena González, casou com o cientista soviético Alexei Rubtsov; chamaram o seu filho de Paul. “Estas famílias sempre estiveram no campo de visão da inteligência soviética e russa, eram seguidas”, explica a investigadora de inteligência e editora-chefe adjunta da página russa Agentura.ru Irina Borogan. “Porque eles, pela sua origem, falam línguas e têm parentes no estrangeiro e, por isso, são perfeitos para o recrutamento.”

Após o divórcio dos pais e a queda do Muro de Berlim – Pavel tinha nove anos na altura – a sua mãe levou-o de volta à sua terra natal histórica, o País Basco, e mudou o nome do filho para Pablo González Yagüe. Segundo o The Objective, que estudou o livro de família emitido pelo cartório de registo civil e departamento de adoção do Consulado Geral de Espanha em Moscovo, este foi feito de acordo com a lei: María Elena apresentou ao consulado uma certidão de divórcio e registou o seu filho em o registo civil com a versão espanhola do seu nome e apelido.

González tinha dois nomes desde a infância, mas começou a escondê-los mais tarde. Em 2003, aos 21 anos, Pablo recebeu um passaporte interno russo em nome de Pavel Rubtsov, e em 2016 - um passaporte estrangeiro. No entanto, na oposição política russa e entre a emigração pré-guerra, era conhecido exclusivamente como cidadão espanhol. Sempre defendeu este desfarce - por exemplo, queixava-se de que não sabia como obter um visto de trabalho russo (na realidade visitava constantemente o pai em Moscovo).

González-Rubtsov com o pai, sua esposa e meia-irmã em Londres

Após a detenção de Pablo, tanto os seus colegas espanhóis como a mãe dos seus três filhos, a espanhola Oiana Goiriena, insistiram na sua inocência e, numa entrevista, referiu que não há “nada de excepcional” em ter dois passaportes com dois nomes diferentes. Até a Amnistia Internacional e os Repórteres Sem Fronteiras se manifestaram em apoio de Rubtsov. 

No entanto, até agosto de 2024, a Polónia continuou a deter o oficial dos serviços de informação, que, segundo os serviços de informação, realizou “operações a favor da Rússia”. Varsóvia enfatizou que o seu “estatuto de jornalista” lhe permitiu “viajar” para “zonas de conflitos militares” e “tensões políticas”. No entanto, não foi formalmente acusado.

“Exigia orçamentos de media aos meus curadores”

Na Universidade de Barcelona Rubtsov estudou jornalismo e concluiu o mestrado em filologia eslava. Fez carreira como jornalista, posicionando-se como um especialista na Europa de Leste, nos Balcãs e em todos os conflitos quentes e territórios não reconhecidos que aí surgiram após o colapso da URSS, desde a «dnr» e a Transnístria até ao Kosovo e Alto Karabakh. Acabou por lançar o seu próprio website chamado Eulixe, que se auto-intitula “meios de comunicação independentes” que se opõem às “elites”. 

De acordo com os relatórios descobertos pela ABW nos dispositivos de Rubtsov, Pablo “exigia orçamentos de media aos seus curadores” - para “um site que criou que “refletia a informação correta”. Por “apenas algumas centenas de euros por mês”, a sua página, Eulixe apresentou, por exemplo, material de uma conferência de imprensa da Bonanza Media, uma publicação que, sob o controlo do GRU russo, tentou negar o papel da rússia no derrube do voo MH17. 

Rubtsov-González posicionou-se também como politólogo: graças à sua “especialização” nos países do espaço pós-soviético e na região dos Balcãs, integrou-se no meio especializado de Madrid. Em particular, Pavel colaborou com o importante grupo analítico European Council on Foreign Relations (ECFR), cujos membros incluem vários antigos presidentes e primeiros-ministros de países da NATO. Juntamente com co-autores do ECFR, Rubtsov escreveu o livro “Ucrânia: da Revolução Maidan à Guerra no Donbass”. Foi publicado em 2016 com o nome de Gonzalez na capa. No livro Rubtsov chamava a agressão russa de “intervenção direta” e “guerra híbrida”. 

Rubtsov conseguiu também infiltrar-se na Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE), onde, aparentemente, foi acreditado como jornalista. Após a sua detenção, a PACE chegou a pedir a libertação de González, comparando-o com Julian Assange. 

Rubtsov participou também em várias conferências na Polónia. No fórum de Rzeszow, foi mesmo convidado para moderar um painel – após o evento, escreveu num relatório aos seus curadores: “Parece que consegui plantar a semente da dúvida entre os euro-atlantistas”. Os jornalistas locais descobriram mais tarde que, ao comunicar com os polacos, González “estava concentrado em intensificar... narrativas que eram importantes do ponto de vista dos interesses da federação russa”.

Algumas de publicações do González na rede X

Em 2019, Rubtsov mudou-se para Varsóvia e começou a comunicar com muitos jornalistas estrangeiros aí sediados. Tinha também a namorada local chamada Magda, que “conheceu num evento qualquer em Alto Karabakh”, combinando a sua nova relação com um casamento oficial em Espanha. 

Rubtsov-González compilou um dossier detalhado sobre a sua nova amante, que enviou ao GRU. “Usar mulheres é uma tática padrão dos oficiais ilegais dos serviços de informação russos; foi utilizado nas décadas de 1930 e 1940. Um homem solitário levanta sempre suspeitas, mas uma mulher local pode encaixa-o em qualquer lugar. “Que tipo suspeito anda por aí?” — “Ah, é o namorado da Magda!” 

O agente do GRU infiltrou-se na Fundação Nemtsov em 2016 graças à acreditação jornalística no PACE. A fundação organizou então um evento à margem do Conselho da Europa apelando à nomeação de um relator especial do PACE no caso do assassinato de Boris Nemtsov. O Pablo apareceu e pediu à Zhanna [Nemtsova] uma entrevista em russo muito bom. 

Pablo González, Alisa Ganieva, Ilya Yashin, Pavel Elizarov (entre Outubro de 2021 era noivo e depois marido da Zhanna Nemtsova. Casamento terminou em Outubro de 2023).
Foto: do arquivo pessoal de Alisa Ganieva.

A entrevista de Nemtsova saiu em basco, e o “jornalista espanhol” interessado na rússia foi incluído na lista de discussão dos eventos da organização. Graças a eles, ao longo de vários anos, González teve acesso aos políticos Ilya Yashin, Vladimir Kara-Murza, Mikhail Kasyanov, aos advogados Ilya Novikov e Vadim Prokhorov (do portátil pessoal de Zhanna Nemtsova o agente russo copiou até as cartas do seu pai).

Os truques psicológicos da secreta militar russa

Sobre a guerra russa na Ucrânia (2014-2022): geralmente González “expressava total simpatia pelo lado ucraniano e não apoiava os separatistas”. Noutras conversas Rubtsov dizia que era “do País Basco livre”, que travou a sua própria luta armada pela independência, e que “compreende o povo de Donbas que quer a sua auto-determinação.»

Com Ilya Yashin, que Gonzalez entrevistou, encontraram o interesse comum no futebol. ”... alguns anos depois, este homem do GRU e eu acabámos em Madrid ao mesmo tempo e divertimo-nos muito no jogo local do Atlético”, contou Yashin.

Durante todo este tempo, González-Rubtsov escreveu relatórios detalhados aos curadores sobre muitos dos seus amigos e conhecidos. Compilou informações não só sobre oposicionistas proeminentes, mas também sobre participantes comuns da escola da Fundação Nemtsov que vieram da Ucrânia e dos Estados Unidos para o curso intensivo (Pablo suspeitava que um deles trabalhasse para a CIA). González-Rubtsov também era fotógrafo – tirava fotografias a toda a equipa da Fundação Nemtsov, agora está claro para onde foram todas estas fotos.

Os relatórios de González ao GRU, consistiam geralmente em três partes: uma descrição dos contactos realizados, uma avaliação dos custos financeiros de sua “inserção” (com um pedido de compensação financeira) e uma história sobre os planos para o futuro. Na tentativa de demonstrar aos seus curadores do GRU que estava a receber acesso exclusivo à oposição russa, Rubtsov incluiu não só as moradas, números de telefone e descrições dos familiares das pessoas à quem espiava, mas também histórias detalhadas sobre os próprios esforços para estabelecer contacto - até que marca de vinho comprou no presente e de que forma exatamente este vinho foi presenteado.

Rubtsov também fazia longas disserções sobre os traços de caráter das pessoas por ele espiadas, uma espécie do retrato psicológico detalhado.

Os investigadores russos especializados nos serviços de informação, Andrei Soldatov e Irina Borogan acreditam que o trabalho de Rubtsov, homem que recolhia informações sobre “os opositores de Putin, que são depois perseguidos e presos”, foi, útil para o Kremlin:

«Krasikov (o assassino russo preso na Alemanha, o principal interesse russo na recente troca) é apenas um executante e, ao contrário de Pablo, nunca conseguirá infiltrar-se em lado nenhum. Uma das tarefas de um agente “ilegal” como González é precisamente identificar pessoas que possam ser posteriormente recrutadas. Descubrindo mais sobre a sua vida pessoal. Recrutam as pessoas não com base em opiniões: “Dizem que é a fã de Navalny - não quer trabalhar para Putin?” A abordagem é feita quando descobrem que a tua mãe [por exempo] está doente e precisa de ajuda no hospital.»

Em relatórios aos seus curadores, Pablo escreveu diretamente que, por cautela, usaria apenas cartões bancários ligados a familiares – e abriu um deles em nome do seu pai que vivia em Moscovo. Alexey Rubtsov enviava-lhe ao 350 euros mensais. Os familiares de Pablo alegavam que Rubtsov pai apenas sustentava financeiramente o seu filho: enviava-lhe, um freelancer sem rendimentos estáveis, “dinheiro pelo aluguer de vários apartamentos da sua avó em Moscovo”.

Pelo contrário, nunca pareceu aos conhecidos de González que este precisasse de dinheiro - o “jornalista” comprava regularmente o equipamento mais caro e, na fronteira polaco-ucraniana, nos primeiros dias da guerra, trabalhou no mais recente MacBook Pro.

quarta-feira, agosto 14, 2024

Ucrânia traz a paz e ajuda humanitária à região de Kursk

A televisão ucraniana TSN divulgou uma reportagem de Sudzha. A reportagem mostrou como as Forças Armadas da Ucrânia retiram as bandeiras russas e trazem ajuda humanitária à população civil da região de Kursk.

O canal de TV ucraniano TSN divulgou a reportagem da cidade de Sudzha, libertada pelas Forças Armadas Ucranianas durante a ofensiva na região de Kursk. O canal transmitiu a reportagem em direto, sublinhando que esta foi a primeira transmissão dos media ucranianos do território da federação russa. 

No início da reportagem a jornalista Natália Nahorna mostrou uma bandeira russa, que, os militares ucranianos retiraram de um dos edifícios administrativos da cidade. De seguida, o canal exibiu o vídeo filmado pela equipa do TSN em que os militares ucranianos derrubam a bandeira russa e a atiram-a para o chão.

“Estamos em Sudzha precisamente naquele momento histórico em que a tricolor russa cai no chão”, comenta Nagorna sobre o que está a acontecer. A bandeira russa foi retirada do edifício de um colégio interno não muito longe da administração municipal. Segundo o jornalista do TSN, a bandeira retirada será transferida para o museu da guerra russo-ucraniana.

Natália Nagorna disse ainda que viu equipamento militar russo aniquilado perto da cidade. Na própria Sudzha, segundo o jornalista, ainda há civis. Ela afirmou que estavam escondidos em caves por causa dos bombardeamentos russos.

“As pessoas que conhecemos disseram que não foram avisadas de que tinham de evacuar, não foram levadas... Tinham muito pouca comida, mas hoje a situação mudou precisamente porque a ajuda humanitária chegou”, disse ela correspondente do TSN.

A jornalista conta que numa das caves a equipa do canal conheceu adolescentes dos 13 aos 14 anos. “Mas a criança mais nova que conhecemos tem agora um ano”, disse Nagorna. Depois disso, a reportagem mostrou imagens dos militares ucranianos a entregarem ajuda humanitária aos residentes de Sudzha.

Durante uma semana de combates na região de Kursk, as tropas russas não conseguiram impedir a ofensiva das Forças Armadas ucranianas. As brigadas ucranianas, a julgar pelos dados de fontes abertas, ocuparam a cidade de Sudzha.

POW russos rendidos às forças ucranianas

O Ministério da Defesa russo não reconheceu oficialmente a rendição de Sudzha. O comandante das forças chechenas conhecidas como «Kadirov boys» e «exército dos Tik-Tok», Apty Alaudinov, disse que as tropas ucranianas não estabeleceram o controlo sobre a cidade.

O The Wall Street Journal, citando responsáveis ​​norte-americanos, noticiou que a Rússia estava a retirar parte das suas forças da Ucrânia em resposta à ofensiva das Forças Armadas Ucranianas na região de Kursk.

A ofensiva das Forças Armadas ucranianas na região de Kursk começou a 6 de agosto. Desde então, as tropas ucranianas avançaram pelo menos 30 quilómetros em território russo. Uma fonte do Serviço de Segurança Ucraniano afirmou que até 10 de agosto, algumas unidades das Forças Armadas Ucranianas avançaram 40 quilómetros em direção a Kursk.

O presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, afirmou na noite de 13 de agosto que 74 vilas e aldeias russas estão sob o controlo dos militares ucranianos. A 12 de agosto, o governador em exercício da região de Kursk, Alexey Smirnov, disse que as Forças Armadas Ucranianas capturaram 28 assentamentos. O Ministério da Defesa russo declarou posteriormente que não houve mais nenhum avanço das forças ucranianas na região.

Comunistas russos exortam à lealdade

Na página oficial do PC russo da região de Kursk apareceu o texto seguinte:

«Tendo em conta o avanço temporário das unidades das Forças Armadas Ucranianas no território russo e assumindo uma possível ocupação da cidade de Kursk, o Partido Comunista recomenda que os cidadãos comuniquem educadamente com os militares ucranianos, não os provoquem, apresentem os documentos necessários mediante pedido e, se possível, cooperam com eles na organização de uma vida segura e na prevenção de pilhagens após a saída das unidades policiais russas da cidade.

O principal é preservar a sua vida e a liberdade. Isso pode ser conseguido através de expressões comuns e contidas de lealdade e da ausência de agressividade

Algum tempo depois a liderança comunista local afirnmou que a página foi hackeada e que o texto é «uma psy-op ucraniana». É de recorar que PC russo, ao nível das suas estruturas locais foi único partido russo, com a representação parlamentar, que protestou contra a guerra russa. Embora a liderança nacional do partido, encabeçado pelo Gennadiy Ziuganov, está absolutamente alinhada com Kremlin, propagando ódio aos ucranianos e apoia o militarismo estatal russo.

As Forças Armadas da Ucrânia estão a distribuir ajuda humanitária aos residentes da Sudzha. Quando o exército russo invadiu a Ucrânia, os ocupantes russos saquearam, violaram e mataram os civis ucranianos.

A militarização forçada russa das crianças ucranianas

Desde o início da ocupação da Crimeia e de partes do Donbas, em 2014, a rússia lançou uma campanha sistemática de militarização das crianças ucranianas, que se intensificou desde a invasão em grande escala da Ucrânia em 2022. 

Esta política visa desenvolver a lealdade ideológica à rússia entre a geração mais jovem e prepará-la para uma potencial participação nas hostilidades, e o Kremlin não poupa despesas com isto! O orçamento atribuído aos programas de militarização das crianças aumentou dez vezes - de 4 mil milhões para quase 50 mil milhões de rublos. Isto demonstra a escala e a seriedade das intenções por detrás desta política.

A militarização afecta as crianças desde tenra idade. Os manuais de propaganda e os programas destinados a incutir lealdade à rússia nas crianças estão a ser ativamente introduzidos nos jardins de infância, escolas e campos de férias. Por exemplo, a Yunarmiya, uma organização paramilitar de jovens, ensina as crianças a montar armas, a tácticas militares básicas e outras competências que são utilizadas para as preparar para uma potencial participação em hostilidades.

A Yunarmiya é uma organização paramilitar juvenil criada em 2016 por iniciativa do Ministério da Defesa russo. Posiciona-se como um movimento que visa a educação patriótica dos jovens, mas na prática serve como uma ferramenta para preparar as crianças para o serviço militar e fortalecer a sua lealdade ao regime russo. Como parte do Yunarmiya, as crianças aprendem habilidades militares, participam em eventos patrióticos e passam por treino tático. A organização atua nos territórios ocupados da Ucrânia, envolvendo dezenas de milhares de crianças ucranianas nas suas atividades.

Outro exemplo são os cursos militar-patrióticos “Tempo dos Jovens Heróis”, que recrutam activamente adolescentes dos territórios ocupados da Ucrânia para participarem em programas intensivos destinados à militarização e doutrinação. O curso tem a duração de 21 dias e inclui as seguintes áreas de formação: engenharia, treino tático, comunicações, fundamentos da segurança nacional russa, formação de bombeiros, pilotagem de UAV, medicina tática e jogos desportivos militares. Estes programas criam condições para a formação de lealdade à rússia e ao pensamento militar em crianças e adolescentes, o que é especialmente perigoso no contexto da sua idade e vulnerabilidade. As crianças ucranianas nos territórios ocupados estão sujeitas a uma inclusão forçada nestes cursos, o que faz parte de uma estratégia mais vasta de russificação e militarização. Este processo visa apagar a sua identidade nacional e introduzir uma ideologia que justifique a agressão russa. Só em 2023-2024, mais de sete mil crianças ucranianas foram levadas à força para campos russos para a chamada “reabilitação”!

Os professores e propagandistas russos começam a influenciar as crianças ucranianas desde cedo, a partir dos 4-5 anos de idade, dando-lhes uma visão distorcida do mundo e suprimindo a sua identidade nacional. Esta doutrinação é realizada em jardins de infância, escolas e através de programas extracurriculares. No âmbito destes acontecimentos, as crianças aprendem que o seu dever é servir e morrer pela rússia. São atribuídos recursos financeiros significativos a estes programas “patrióticos”, especialmente na Crimeia ocupada. A igreja também está envolvida no processo, onde, sob o controlo das autoridades de ocupação, são realizadas cerimónias religiosas destinadas a fortalecer a ideologia militar, incluindo a consagração de armas que são utilizadas nas hostilidades contra a Ucrânia. Estas ações decorrem perante as crianças, reforçando ainda mais a sua perceção da guerra como um dever sagrado.

As organizações internacionais, incluindo a ONU e o Tribunal Penal Internacional (TPI), condenaram as ações da Rússia, caracterizando-as como crimes de guerra. Em Março de 2023, o TPI emitiu mandados de detenção contra o Presidente russo, Vladimir Putin, e a Comissária da Criança, Maria Lvova-Belova, pelo seu papel na deportação ilegal e na militarização de crianças ucranianas. De acordo com a acusação, estas ações são classificadas como crimes de guerra porque incluem a transferência forçada de crianças dos territórios ocupados da Ucrânia para a Rússia, a sua doutrinação sistemática e a sua utilização como ferramentas de propaganda e potenciais participantes nas hostilidades.

A comunidade internacional tem também a responsabilidade moral e legal de apoiar Ucrânia na libertação dos territórios ocupados para garantir a segurança e o futuro das crianças ucranianas. Face à contínua agressão russa, é vital que a Ucrânia receba fornecimentos regulares de sistemas de defesa aérea, armas modernas e assistência financeira. Estas medidas não só protegerão os civis, como também acelerarão a libertação de territórios onde as crianças estão expostas ao perigo e à pressão ideológica.

Sem este apoio, existe o risco de milhares de crianças perderem a sua identidade e o direito a uma infância segura, porque a ocupação não só limita fisicamente a sua liberdade, como também causa traumas psicológicos profundos, destruindo as suas ideias sobre o mundo e os fundamentos morais. Por conseguinte, a assistência internacional activa deverá incluir não só medidas militares e financeiras, mas também programas a longo prazo para a reabilitação e adaptação social das crianças que regressaram da ocupação. As crianças ucranianas merecem o direito de crescer em paz e não à sombra da guerra e da ocupação. É, por isso, importante que os líderes mundiais continuem a exercer pressão sobre o agressor russo, aumentando as sanções e a pressão diplomática, aumentando simultaneamente a assistência à Ucrânia em todos os aspetos necessários.

segunda-feira, agosto 12, 2024

Crime de guerra russo em Kostyantynivka

A 9 de agosto de 2024, as forças armadas russas lançaram mais um ataque maciço contra alvos civis na vila de Kostyantynivka, região de Donetsk. Este brutal acto de terror faz parte de uma campanha de agressão em curso contra a população civil da Ucrânia. Os principais alvos da greve incluíram um supermercado, um posto de correio, uma clínica e várias outras instalações no centro da cidade. O ataque já custou a vida a 14 pessoas, incluindo duas crianças, e feriu mais de 43 outras.

Tragicamente, existe a possibilidade de mais três crianças permanecerem presas debaixo dos escombros. Mais uma vez, as crianças ucranianas estão a sofrer! Estes acontecimentos horríveis confirmam que a rússia está a travar uma guerra não contra os militares ucranianos, mas visando sistematicamente a população civil e as infra-estruturas.

Tais ações não podem ficar impunes. A rússia deve ser responsabilizada pela destruição generalizada das infra-estruturas civis na Ucrânia. De acordo com as agências policiais ucranianas, desde o início da guerra, foram registadas mais de 179 mil estruturas danificadas ou destruídas, incluindo 144.833 edifícios residenciais, 3.425 instituições de ensino, 821 instalações médicas, 628 locais culturais e 191 edifícios religiosos. Mais de 200 escolas foram completamente destruídas e mais de 1.600 instituições educativas foram danificadas, restringindo severamente o acesso das crianças à educação.

Os bombardeamentos regulares e a destruição de infra-estruturas civis revelam a intenção da rússia não só de desmantelar o Estado ucraniano, mas também de aniquilar a própria nação, privando-a das gerações futuras. A guerra na Ucrânia continua a devastar as vidas de civis inocentes, especialmente crianças, que são forçadas a adaptar-se a ameaças constantes. Nas zonas da linha da frente, os incansáveis ​​bombardeamentos russos impossibilitam as crianças de frequentar a escola em segurança.

As crianças ucranianas não devem ser privadas de educação e de uma vida plena, mesmo em tempo de guerra. Cada criança merece a oportunidade de aprender, crescer e desenvolver-se, apesar das circunstâncias desafiantes. É por esta razão que estão a ser feitos esforços significativos para criar condições seguras para a escolarização, especialmente nas regiões mais vulneráveis. Atualmente, quase um milhão de crianças ucranianas estudam online. Embora a aprendizagem online seja essencial dada a situação, não pode substituir totalmente a educação presencial. Para as crianças, é crucial não só adquirir conhecimentos, mas também envolver-se na interação social, conectar-se com os professores e com os colegas – uma parte integrante do seu desenvolvimento e bem-estar emocional.

Apesar das duras condições nas cidades da linha da frente da Ucrânia, as crianças continuam a lutar pela educação e por uma vida normal. Em resposta aos ataques implacáveis ​​das forças armadas russas, estão a ser construídas escolas subterrâneas em todo o país, oferecendo segurança aos estudantes mesmo durante os bombardeamentos. Uma das primeiras escolas subterrâneas foi criada em Kharkiv, situada a seis metros abaixo do solo e construída para cumprir todos os padrões de segurança modernos. Esta instalação pode acomodar até 900 crianças, permitindo-lhes continuar a sua educação mesmo durante os ataques com mísseis. Esforços semelhantes estão em curso noutras cidades ucranianas, incluindo Dnipro, Odesa, Zaporizhzhia e Sumy. Nestas cidades, estão a ser ativamente desenvolvidos projetos para adaptar os edifícios existentes ou construir novas instalações subterrâneas, garantindo que as crianças possam frequentar a escola em segurança, apesar da ameaça contínua de bombardeamentos.

A construção de escolas subterrâneas e a criação de condições seguras para as crianças não seriam possíveis sem o apoio da comunidade internacional. Por exemplo, a UNICEF está activamente envolvida no fornecimento de recursos essenciais às escolas, permitindo que as crianças continuem a sua educação apesar da guerra em curso. No entanto, garantir a segurança e o bem-estar das crianças ucranianas exige mais do que apenas ajuda financeira e humanitária por parte dos parceiros internacionais. Uma componente crítica na protecção dos territórios ucranianos é o apoio militar internacional, particularmente o fornecimento de sistemas de defesa aérea e de defesa antimíssil. Estes sistemas desempenham um papel vital na salvaguarda de civis e de infra-estruturas contra ataques de mísseis russos.

Exemplo deste apoio é a recente declaração do Departamento de Defesa dos EUA, a 9 de agosto de 2024, anunciando ajuda militar adicional à Ucrânia no valor de até 125 milhões de dólares. Este pacote inclui recursos cruciais destinados a reforçar as capacidades defensivas da Ucrânia. Contribuições significativas estão também a ser feitas por outros países. Por exemplo, a Lituânia está a preparar-se para entregar novos veículos blindados de transporte de pessoal M113, sistemas de guerra electrónica, sistemas de mísseis terra-ar de curto alcance e equipamento e fornecimentos adicionais à Ucrânia.

É importante sublinhar que o apoio internacional à Ucrânia faz mais do que apenas ajudar o país a defender-se contra a agressão russa; actua também como um elemento dissuasor contra a potencial expansão de acções agressivas do Kremlin para outras nações europeias. A rússia ameaçou repetidamente vários Estados na prossecução das suas ambições imperiais, representando uma ameaça significativa à estabilidade e segurança de todo o continente europeu. Ao apoiar Ucrânia, a comunidade internacional não só ajuda a defesa de uma única nação, como também evita a potencial propagação do conflito por toda a região.

A questão da concessão de permissão à Ucrânia para utilizar armas de longo alcance fornecidas pelos seus parceiros para atacar alvos militares em território russo continua a ser altamente relevante. Isto inclui atingir bases, depósitos e campos de aviação a partir dos quais são lançados ataques à Ucrânia. Esta autorização aumentaria significativamente a capacidade da Ucrânia para dissuadir a agressão e desmantelar elementos críticos da infra-estrutura militar inimiga.

As ações da comunidade internacional mostram claramente que os líderes mundiais reconhecem a importância crítica de apoiar a Ucrânia na sua luta para manter a independência e garantir a segurança. Este apoio é essencial para alcançar uma paz justa e salvaguardar o futuro das crianças ucranianas, da população civil e de outras nações contra a agressão russa. Além disso, esta assistência ajuda a evitar a escalada do conflito e a limitar as ambições da rússia de se expandir para outros territórios, o que é vital para preservar a estabilidade na Europa e fora dela.

domingo, agosto 11, 2024

Drones desconhecidos tentam atrair Minsk para a guerra, criando atmosfera de medo na Europa

A 9 de agosto de 2024, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Belarus acusou Ucrânia de violar o espaço aéreo belarusso com um grupo de drones. As declarações da Belarus podem ser vistas como lançando as bases para o seu potencial envolvimento na guerra do lado da rússia.

Em resposta a este incidente, Minsk iniciou consultas com os seus aliados e também tomou medidas para reforçar a sua defesa, transferindo equipamento militar para a fronteira com Ucrânia. No entanto, estas medidas levantam sérias preocupações e suspeitas sobre as verdadeiras intenções da Belarus, particularmente no contexto do seu papel ativo na agressão russa contra Ucrânia.

A 10 de agosto de 2024, o Ministro da Defesa da Belarus, Viktor Khrenin, anunciou a colocação de sistemas de mísseis «Polonez» e «Iskander» nas regiões de Gomel e Mozyr, perto da fronteira com Ucrânia. Esta medida foi apresentada como uma reacção às violações levantadas do espaço aéreo belarusso pelos drones supostamente ucranianos. Esta transferência de equipamento militar aumenta significativamente o risco de uma nova escalada e intensifica a situação na fronteira com Ucrânia, levantando sérias preocupações sobre as intenções de Minsk e o seu potencial envolvimento na agressão da rússia contra Ucrânia.

É de notar que, no passado, quando os drones russos atravessaram repetidamente a fronteira entre a Belarus e Ucrânia, Minsk permaneceu em silêncio. A falta de resposta às ações da rússia e a forte condenação da Ucrânia realçam a duplicidade de critérios na política da Belarus e a sua dependência de Moscovo/ou.

As declarações da Belarus sobre “provocações” por parte de forças externas e “ameaças de autodefesa” podem ser vistas como lançando as bases para o seu potencial envolvimento na guerra do lado da rússia. Minsk, que anteriormente afirmava procurar a paz, está a apoiar as intenções agressivas de Moscovo/ou através das suas acções e retórica, duplicando a sua declarada neutralização.

Além disso, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Belarus apelou à Europa, alertando para a possível expansão da guerra e para a ameaça de o conflito se alastrar para o território da UE. Esta declaração visa claramente criar uma atmosfera de medo e desestabilização entre os políticos ocidentais e o seu público. Tais medidas destinam-se a intimidar os países europeus, a semear o pânico e a dividir a União Europeia, enfraquecendo a sua determinação em apoiar a Ucrânia. Estas acções fazem parte de uma estratégia russa mais vasta, concebida para minar a solidariedade europeia, desacreditar as políticas em relação à Ucrânia e desviar a atenção das próprias acções agressivas de Moscovo/ou e da guerra que está a travar contra Ucrânia.

Assim, a Belarus está efectivamente a tornar-se um instrumento nas mãos da rússia, apoiando activamente a sua agressão e desestabilização na região. O desejo declarado de paz e neutralidade de Minsk não resiste ao escrutínio à luz das ações que conduzem a uma nova escalada e ameaçam a segurança europeia.

quarta-feira, agosto 07, 2024

As FAU entraram na região de Kursk e entrincheiraram-se na zona fronteiriça

POW russos, que se entregaram às FAU

As tropas ucranianas, que entraram na região de Kursk na noite de 6 de Agosto, estão presentes em 11 povoações a uma profundidade ao território russo de até 15 km, - informam os TG canais russos sobre a situação na região de Kursk.

Tal como foi noticiado na noite de 7 de agosto pelo TG canal russo «Rybar», próximo ao Ministério da Defesa da federação russa, as unidades das Forças Armadas da Ucrânia terão ocupado as aldeias de Nikolayevo-Daryno, Sverdlykovo e Daryno no distrito de Sudzha, na região de Kursk (Daryino fica a quatro quilómetros da fronteira com Ucrânia). Alega-se também que o exército ucraniano tentou assumir o controlo da autoestrada Rylsk-Sudzha. Além disso, de acordo com informações do «Rybar», os militares ucranianos avançaram em direção ao subúrbio ocidental de Sudzha - Honcharovka (a oito quilómetros da fronteira), onde, segundo informações não confirmadas, decorrem combates. Além disso, ocorrem combates na aldeia fronteiriça de Oleshnya.

Como afirma o «Rybar», as Forças Armadas Ucranianas controlam a estação de medição de gás Sudzha, que transporta gás para a Europa através da Ucrânia. Situa-se a 500 metros da fronteira, perto do posto de controlo de Sudzha. Não se sabe se as Forças Armadas Ucranianas conseguiram capturar o posto de controlo da fronteira.

O TG canal russo «Dois Majores», critico ao MoD russo, anunciou na manhã do dia 7 de agosto que os militares ucranianos estão localizados nos assentamentos de Daryno, Sverdlykovo, Gogolevka, Honcharovka, e em Oleshno. Além disso, é relatado que as Forças Armadas Ucranianas realizam a mineração remota na autoestrada Sudzha-Belitsa. “Dois majores” declararam que as forças ucranianas “não se retiraram do território ocupado”, a cidade de Sudzha está “realmente evacuada”. Segundo o canal, na noite de 7 de agosto, aviões militares russos e drones atingiram o avanço das colunas das Forças Armadas na região da cidade de Sudzha. Além disso, o canal afirma que, “de acordo com fontes abertas”, a largura da frente na região de Kursk é de 10 à 11 quilómetros. Numa frente estreita, as Forças Armadas ucranianas avançaram 10 quilómetros para oeste de Sudzha. 

Segundo vários relatos, um ou dois batalhões das FAU entraram no território da região de Kursk. Segundo «Rybar», no total, até 400 militares entraram no território da região, e até dois mil militares estão concentrados ao longo da fronteira. O canal TG russo «Arcanjo Spetsnaz Z» afirma que na noite de 7 de agosto, as Forças Armadas da Ucrânia colocaram em batalha até dois batalhões (ou seja, até 800 pessoas), que avançam em direção a Sudzha.

Os lados ucraniano e russo sofreram perdas de equipamento. Os canais ucranianos mostraram as fotografias de dois MBT russos que terão sido destruídos à entrada de Sudzha e um helicóptero Ka-52 à arder. Além disso, de acordo com o TG canal ucraniano DeepState, a julgar pelas imagens publicadas, os militares ucranianos derrotaram a infantaria russa, que se encontrava no território do Mosteiro de São Nicolau Belogorsky, na aldeia fronteiriça de Hornal. Ucrânia viu atingidos alguns veículos blindados e um sistema de mísseis antiaéreos. 

Vários soldados russos foram capturados. A 6 de agosto, os canais ucranianos do Telegram transmitiram uma gravação vídeo de soldados russos que terão sido capturados pelas Forças Armadas Ucranianas durante os combates na fronteira da região de Kursk. Cerca de 30 militares russos foram capturados, incluindo alguns recrutas. 

POW russos

O Estado-Maior General das Forças Armadas da Ucrânia e a Direcção Principal de Informações do Ministério da Defesa da Ucrânia ainda não se pronunciaram sobre este assunto.

A ofensiva das Forças Armadas não se assemelha aos ataques na região de Belgorod, realizados em 2023 por destacamentos da Direcção Principal de Informações do Ministério da Defesa da Ucrânia. Desta vez, em vez de várias companhias de infantaria ligeira, reforçadas por uma dúzia de unidades de veículos blindados - como foi em 2023, companhias mecanizadas do exército regular com um grande número de veículos blindados estão a operar no território da rússia, provavelmente usando os meios da 22ª brigada mecanizada das FAU. 

No início do verão de 2024, esta brigada, que combateu na zona de Chasiv Yar, foi enviada para reagrupamento. No verão, apareceu um vídeo na página de Facebook da brigada da zona da passagem fronteiriça de Suzha, na fronteira das regiões de Sumy e Kursk, captada pelas Forças Armadas russas. No entanto, para além da brigada, outras unidades estão também envolvidas na ofensiva, em particular, um grande grupo de defesa aérea. Além disso, o vídeo mostrou equipamento anteriormente em serviço com outras brigadas – em particular, um veículo de engenharia baseado no veículo blindado de transporte de pessoal Stryker. Até agora, o Stryker foi utilizado em combate apenas pela 82ª Brigada de Assalto das Forças Armadas Ucranianas.

A julgar pelas escassas provas de vídeo recebidas, as Forças Armadas da Ucrânia estão a desferir o golpe principal a oeste de Sudzha. Num dia, conseguiram atravessar a estrada Rylsk - Sudzha e avançar ainda mais - até Leonidovo, a 10 quilómetros da fronteira. Não é totalmente claro até que ponto as tropas ucranianas conseguiram aproximar-se de Sudzha pelo oeste e pelo sul. Em particular, não há provas fiáveis ​​de que tenham conseguido capturar a aldeia de Sverdlykovo, que fica mais próxima da cidade, na estrada de Rylsk. 

O comando russo (a região de Kursk - a área de responsabilidade do grupo «Norte», que atacou Kharkiv e Vovchansk a partir de maio de 2024) tentou inicialmente impedir o avanço ucraniano com forças de aviação - tanto bombardeiros como helicópteros. Conseguiram atingir algumas colunas mecanizadas, mas não conseguiram impedir a ofensiva.

segunda-feira, agosto 05, 2024

A importância dos F-16 na Defesa Aérea da Ucrânia

Foto: Zelenskiy Official

No dia 31 de julho de 2024 Ucrânia recebeu o primeiro lote de dez caças F-16 via “Coligação/Coalizão de Caça” internacional. No dia 4 de agosto, durante as comemorações do Dia da Força Aérea das Forças Armadas da Ucrânia, os aviões de combate F-16 apareceram pela primeira vez no céu ucraniano.

Este evento não só testemunha o apoio contínuo da Ucrânia por parte dos parceiros ocidentais, como também abre novas perspectivas para a capacidade de defesa aérea da Ucrânia. Afinal de contas, a Ucrânia tem lutado contra os ataques diários do Kremlin às suas cidades, infra-estruturas civis e energéticas, hospitais, maternidades, escolas e casas de civis há dois anos e meio...

A Coligação de Caça, também conhecida como Coligação F-16, é uma coligação internacional de 14 países empenhados em apoiar a Ucrânia na sua luta contra a invasão russa. A coligação inclui países como a Bélgica, Grã-Bretanha, Grécia, Dinamarca, Canadá, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega, Polónia, Portugal, Roménia, EUA, França e Suécia. Estes estados estão a unir esforços para organizar o fornecimento de F-16, treinar pilotos, técnicos e pessoal de terra ucranianos e criar a infra-estrutura necessária que permitirá que estas aeronaves sejam efectivamente utilizadas em condições de combate.

O principal objectivo da coligação é reforçar as capacidades da Força Aérea Ucraniana para repelir os ataques aéreos russos e proteger os civis. Os países membros da coligação fornecem não só aeronaves, mas também o equipamento e as armas necessárias e formam especialistas militares ucranianos. Esta cooperação foi possível graças ao apoio dos países da NATO e ao seu desejo de reforçar as capacidades de defesa da Ucrânia face à contínua agressão da rússia.

Os F-16, ou “falcões de combate”, como são conhecidos nos círculos profissionais, estão entre as aeronaves de combate mais versáteis e eficazes. Estes caças multifuncionais, desenvolvidos na década de 1970, continuam a ser uma das principais aeronaves no arsenal de muitos países do mundo, graças às constantes atualizações e à elevada eficácia de combate. São capazes de realizar uma vasta gama de tarefas: desde o combate aéreo até aos ataques contra alvos terrestres.

Para a Ucrânia, que tem lutado contra um agressor russo há mais de dois anos e meio, rejeitando uma guerra russa total e não provocada, o F-16 representa um impulso significativo. Com a sua ajuda, as forças aéreas ucranianas poderão combater de forma mais eficaz os ataques de mísseis e drones russos. A presença do F-16 permitirá à Ucrânia reduzir significativamente o número de ataques às suas cidades e infra-estruturas críticas, o que é especialmente importante no contexto dos constantes bombardeamentos por parte da rússia.

Os pilotos ucranianos que treinaram no estrangeiro tiveram à sua disposição mais do que apenas modelos padrão de F-16. Os caças F-16 têm capacidade multifuncional e desempenharão um papel fundamental não só na defesa da Ucrânia, mas também em potenciais operações ofensivas. Estes caças estão equipados com sistemas de mira avançados, incluindo miras JHMCS montadas no capacete, que permitem aos pilotos atacar com precisão. Isto é especialmente importante para missões estratégicas, tais como ataques a alvos militares inimigos legítimos – bases militares, campos de aviação, depósitos de munições e outras instalações utilizadas para operações de combate. Assim, para além da defesa, os F-16 podem ser utilizados para realizar ataques preventivos contra alvos que representem uma ameaça à segurança da Ucrânia.

Além disso, os F-16 ucranianos estão equipados com postes modernos com sensores de alerta de ataque de mísseis integrados e sistemas de guerra eletrónica. Estas tecnologias são concebidas não só para melhorar as capacidades de combate dos aviões de combate, mas também para garantir a segurança dos pilotos em condições de combate intensas.

A Ucrânia espera que o número de F-16 aumente para 20 até ao final de 2024, com o número total destes caças a atingir os 79 até 2025. Tal aumento da frota de aviação permitirá à Força Aérea Ucraniana não só defender eficazmente as suas fronteiras, mas também conduzir operações ofensivas activas contra o agressor, o que poderá até alterar o rumo da guerra.

O aparecimento dos F-16 nos céus da Ucrânia não é apenas uma vitória militar, mas também uma vitória simbólica para o país. Esta é uma demonstração de que o impossível é possível quando a comunidade internacional se une para apoiar aqueles que lutam pela sua liberdade e independência.

Ucrânia, com o apoio de parceiros internacionais, planeia criar uma poderosa componente de aviação, que irá fortalecer significativamente a sua Força Aérea. O desenvolvimento desta componente visa garantir não só a protecção da soberania e integridade territorial da Ucrânia, mas também dar um contributo significativo para a segurança de todo o continente europeu. Isto é de particular importância nas actuais condições dos países bálticos, da Polónia, da Moldova e de outros Estados europeus, que têm sido repetidamente ameaçados pela federação russa. Face ao aumento da agressividade por parte da federação russa, estes países enfrentam uma ameaça crescente, o que torna necessário reforçar as capacidades de defesa de toda a Europa.

Recordemos que o Secretário-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, num comentário para o Bild, enfatizou a importância da rápida entrega de caças F-16 à Ucrânia, referindo que este seria um exemplo significativo de apoio militar dos países da NATO. Stoltenberg observou que o facto de os aliados da NATO não só fornecerem o F-16, mas também treinarem pilotos e fornecerem armas para estes caças, é um exemplo importante da significativa assistência militar prestada à Ucrânia pela aliança.

Mateusz Morawiecki, Primeiro-Ministro da Polónia, enfatizou a importância de transferir caças modernos, como o F-16, para a Ucrânia, para reforçar as suas capacidades de defesa. Deu nota que a Polónia está pronta para apoiar a Ucrânia, fornecendo armas e treinando os militares ucranianos. Morawiecki sublinhou ainda que a Polónia apoia activamente os esforços da comunidade internacional na prestação de assistência à Ucrânia e vê este passo como um elemento importante para dissuadir a agressão russa.

Alexander De Croo, primeiro-ministro da Bélgica, manifestou apoio às decisões de transferência do F-16 para a Ucrânia, dizendo que isso demonstra a solidariedade da comunidade internacional com a Ucrânia na sua luta pela soberania. De Croo observou que a Bélgica também está envolvida em esforços internacionais para formar pilotos ucranianos e fornecer armas, o que representa um contributo importante para a segurança geral da Europa.

De que outras necessidades necessita a Ucrânia para combater o agressor russo? Assim, as principais necessidades da Ucrânia mantêm-se relevantes e inalteradas: em primeiro lugar, sistemas de defesa aérea modernos e eficazes, como o Patriot e o SAMP/T, bem como os mísseis de acompanhamento necessários para garantir o pleno funcionamento destes complexos. Além disso, os sistemas de artilharia e munições, os mísseis de longo alcance, os veículos aéreos não tripulados e os sistemas de guerra electrónica são fundamentais. Tudo isto é necessário em quantidades suficientes para repelir totalmente a agressão da rússia.

Para garantir a proteção completa e fiável do território da Ucrânia, são necessários pelo menos 25 sistemas Patriot. Estes complexos tornar-se-ão uma componente crítica na protecção do espaço aéreo do país e impedirão que as aeronaves russas penetrem a um alcance tal que lhes permitiria usar bombas guiadas para atacar alvos civis e militares.

A permissão concedida pelos Estados Unidos da América para utilizar armas fornecidas à Ucrânia para atacar alvos militares em território russo já demonstrou a sua eficácia. Isto ajudou a travar a ofensiva russa em Kharkiv. O levantamento adicional de todas as restrições à utilização das armas fornecidas, bem como um aumento do volume de fornecimento de sistemas defensivos, permitirão à Ucrânia combater de forma ainda mais eficaz a agressão russa e libertar gradualmente os territórios temporariamente ocupados.

Além disso, para combater eficazmente a aviação russa, que utiliza mais de 300 aeronaves contra a Ucrânia todos os dias, é necessário dotar o exército ucraniano de, pelo menos, 128 aviões de combate modernos. Garantir capacidades de ataque de longo alcance e criar um sistema de defesa aérea moderno e multifacetado são elementos-chave para acabar com o terror diário da Rússia. Estas medidas não só protegerão as cidades e as infra-estruturas ucranianas, como também criarão condições para a rápida restauração da paz, não só em solo ucraniano, mas também na Europa e no mundo.