quinta-feira, agosto 22, 2024

Como a rússia está a minar a infra-estrutura militar da Europa

Imagem: shutterstock.com/Maclevan

A rússia está a tomar medidas deliberadas para desestabilizar a Europa, para enfraquecer as infra-estruturas militares dos países da NATO e reduzir o seu apoio à Ucrânia. Os ataques híbridos (ataques cibernéticos, campanhas de desinformação, espionagem e atos de sabotagem) são utilizados para este fim.

Os recentes incidentes na Alemanha são o melhor exemplo de tais ações. Por exemplo, a 13 de agosto de 2024, a água potável apresentou anomalias na base militar de Colónia-Wahn da Bundeswehr, levando a suspeitas de sabotagem. Vários funcionários da base queixaram-se de sintomas de envenenamento, tendo sido ali detetado um buraco na vedação, indicando uma possível entrada ilegal. A base militar foi isolada para investigação.

No dia seguinte, 14 de agosto de 2024, os níveis de segurança foram aumentados na base militar de Geilenkirchen devido a suspeitas de possível contaminação da água. Estes dois incidentes, que ocorreram num curto espaço de tempo, apenas aumentaram as suspeitas sobre uma sabotagem coordenada destinada a minar a capacidade de combate e a unidade dos países da NATO.

Os membros do Bundestag, Markus Faber e Konstantin von Notz, acreditam que os incidentes em duas bases militares na Alemanha podem ser o resultado de uma operação de sabotagem russa.

“Dada a proximidade temporal dos incidentes nos dois quartéis, pode-se assumir que um ator hostil está a tentar demonstrar aqui as suas capacidades de sabotagem. O ator com maior interesse é Putin”, disse Faber.

Opiniões semelhantes foram expressas pelo chefe da Comissão de Controlo Parlamentar do Bundestag, Konstantin von Notz (o Partido Verde).

A guerra russa híbrida representa uma séria ameaça para a comunidade internacional. As autoridades alemãs manifestaram preocupação com o facto de a Rússia poder recorrer a actos de sabotagem para desviar recursos e atenções da Ucrânia, como parte de uma estratégia mais ampla do Kremlin para enfraquecer os aliados ocidentais e o seu apoio a Ucrânia.

A rússia utiliza também activamente outros métodos de desestabilização em vários países. No final de maio de 2024, os serviços de segurança polacos detiveram um homem na Polónia que tentava recolher dados sobre equipamento militar destinado à Ucrânia. Houve também casos de ataques incendiários, que se acredita terem sido levados a cabo pela inteligência russa.

Um incêndio num armazém com ajuda humanitária à Ucrânia em março de 2024 levou a que dois homens fossem acusados ​​de incêndio criminoso e de ajudar os serviços de informação russos.

Os descarrilamentos de comboios na Suécia e as tentativas de pirataria informática aos sistemas de sinalização ferroviária checos estão entre os incidentes que estão a ser investigados quanto ao potencial envolvimento russo.

Ocorreram também incidentes relacionados com as atividades dos serviços de informação russos na Bélgica. Um desses incidentes ocorreu em 2022, quando os serviços de informação belgas identificaram uma rede de espionagem russa que estava a recolher informações sobre alvos militares e políticos no país. Durante a operação, foram detidas várias pessoas suspeitas de espionagem para a rússia. Além disso, em 2023, ocorreu uma explosão num armazém com equipamento militar em Antuérpia, o que foi considerado um possível ato de sabotagem. Embora não houvesse provas claras de uma ligação com a rússia, o incidente suscitou preocupações entre as autoridades belgas.

Estes exemplos mostram que a Alemanha, a Polónia, a Bélgica e outros países europeus se tornaram alvo de actividades de sabotagem e espionagem russas destinadas a minar a infra-estrutura militar e a desestabilizar a situação na região.

Estes incidentes realçam a gravidade e o alcance da guerra híbrida da rússia. A NATO já manifestou profunda preocupação com tais actividades e está a desenvolver activamente contra-medidas, incluindo o reforço da protecção das infra-estruturas críticas e a partilha de informações de inteligência. Assim, as tentativas russas de desestabilizar a situação na Europa, bem como de enfraquecer o apoio global à Ucrânia, requerem uma atenção especial e uma acção coordenada por parte dos aliados internacionais para combater eficazmente esta ameaça.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu não me surpreenderia q indivíduos da extrema direta estejam sendo recrutados para fins de espionagem e sabotagem.