O
Ministério da Defesa russo anunciou que na noite de 1 de julho, um incêndio em
um aparelho de águas profundas da frota do Norte matou 14 submarinistas. Eram
sete capitães do primeiro escalão e dois heróis da federação russa.
Segundo
o relatório oficial, o aparelho estava envolvido no estudo do relevo inferior do
fundo do mar – a batimetria. O tipo de aparelho em que o incêndio ocorreu não
foi especificado, mas, de acordo com fontes da página russa RBC, morreu
a tripulação completa da estação nuclear de águas profundas “Kalitka” (AS-12, o
nome informal “Losharik”). Mais tarde, a Open
Media, citando duas fontes na Frota do Norte, relatou que o acidente havia
ocorrido no submarino BK-64 “Podmoskovye”. A página lituana Meduza reuniu os
dados de fontes OSINT sobre “Losharik” e sobre “Podmoskovye” e sobre o seu
serviço conjunto.
Submarino
«Losharik»
A
estação nuclear АС-12
é o desenvolvimento de projetos anteriores de estações de águas profundas
(“Kashalot” e “Paltus”) construídos pela União Soviética nas décadas de 1970-1990.
Todos eles são projetados para pesquisa e manipulação de objetos no fundo do
oceano: por exemplo, para recuperar os destroços de navios, aviões e satélites,
etc. Os militares dos EUA acreditam que as unidades também podem ser usadas
para fins de espionagem ou sabotagem – por exemplo, para se acoplar aos cabos
submarinos de comunicação secreta ou cortar os cabos da Internet global. No total, a URSS construiu três submarinos “Kashalot”,
três “Paltus” e um “Losharik”. Todos os aparelhos possuem o reator nuclear. Oficialmente,
eles não carregam nenhuma arma. Em vez disso, têm braços manipuladores para
fins diferentes para trabalhar com objetos submersos.
Fragmento de uma fotografia da revista Top Gear, feita em 2014 na região de Severodvinsk. Acredita-se que pode ser mostrado AC-12 “Losharik” | foto: forums.airbase.ru |
«Losharik»
foi lançado em 2003. Ele recebeu o seu nome não oficial em homenagem ao
personagem de desenho animado de mesmo nome, consistindo de bolas; a estação
também consiste em compartimentos esféricos dispostos em uma linha. A
profundidade máxima de mergulho do «Losharik» é muito maior que a de seus
antecessores (1.000 metros / outros dados apontam aos 3.000 metros do «Losharik» contra 700-1000 do «Kashalot» e mais
de 1.000 metros do «Paltus»).
Em
2012, quando a Rússia mais uma vez decidiu provar que os cumes submarinos de
Lomonosov e Mendeleev que passam pelo Pólo Norte (e com eles todo o setor
oceânico juntamente com o pólo) pertencem à plataforma continental russa, «Losharik»
foi enviado ao fundo do oceano. As amostras que ele recolheu como justificativa
da reclamação russa foram enviadas à ONU em 2015. Uma aplicação semelhante em
2014 foi apresentada pela Dinamarca, que considera o cume do Lomonosovryggen como
uma continuação da plataforma da Gronelândia. A Comissão das Nações Unidas sobre a propriedade da
plataforma ainda não tomou nenhuma decisão.
Submarino
«Podmoskovye»
As
estações de águas profundas nucleares não podem, elas próprias, fazer longas marchas
e, portanto, são transportadas para o local da sua atuação por um grande
submarino nuclear especial. Na marcha, a estação é anexada ao fundo de um submarino
maior. O submarino BS-136 “Orenburg” servia para este propósito desde 2002, mas
em 2015 foi colocado para as reparações (não há informações OSINT sobre o fim
da sua reparação).
Submarino nuclear “Podmoskovye” com um dispositivo de ancoragem para mini-submarinos do projeto 18 270 «Bester». Foto: twitter / @covertshores |
Por
quase dois anos, o «Losharik» e outras estações não tinham uma transportadora
até que, em 2016, o submarino BS-64 «Podmoskovye» (antigo submarino de mísseis nucleares
K-64 construído em 1984) foi novamente lançado à água após uma modernização de 16 anos. Em 2020, outro
grande submarino fará lhe a companhia, o K-329 «Belgorod», que pode transportar
tanto estações nucleares de águas profundas como submarinos não tripulados
(torpedos) «Poseidon» com ogiva nuclear. Neste momento no «Belgorod» decorrem os testes.
«Podmoskovye» (no vídeo acima), «Belgorod» e todas as estações
nucleares de águas profundas estão consolidadas na 29ª brigada submarina,
subordinada diretamente à Direção Geral de Pesquisas em Mar Profundo do
Ministério da Defesa russo. O comando da unidade está na cidade de Peterhof, e
os submarinos em Olenya Guba, perto da aldeia de Gadzhievo, na região russa de
Murmansk.
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