quarta-feira, julho 10, 2019

Ucrânia: entre Europa civilizacional e cú da história

O blogueiro ucraniano Volodymyr Zavgorodny desenhou esquematicamente o caminho civilizacional que Ucrânia percorreu nos últimos 30 anos. Sempre cambalhotando entre “Europa” e “cú da história”, ou seja entre a civilização e um beco sem saída.

Autor explica que não deve ficar preso aos termos, bastante aleatórios. À direita poderia ser escrito “império russo”, “URSS”, “federação russa”, “Horda Federativa Tartaro-Mongol”, “União de Taiga” ou mesmo outras versões alternativas especialmente excêntricas do universo.

Da mesma forma, do lado esquerdo, em vez da palavra Europa, poderia ser escrito “marditos liberais”, liberdades civis, a economia que realmente funciona, Estado de Direito" e até a oportunidade de ganhar mais de meio varenyk”, pode não ser muito óbvio, mas por via de regra, todas essas coisas estão inter-relacionadas: pessoas ganham dinheiro com mais frequência e mais facilidade em países onde há liberdades e funciona a economia de mercado, e menos frequentemente e mais difícil é ganhar dinheiro nos países onde em vez de liberdades e do mercado reinam as tradições retrógradas, fé medieval e outros mísseis Iskander que tentam se rir de uma forma desagradável.

[...]

E somente nos últimos anos Ucrânia [...] se afastou bruscamente de abraços imperiais amorosos. Sistematicamente se movendo na direção à Europa. Introduzindo as reformas, descentralização, descomunização, isenção de vistos, companhias aéreas de baixo custo, Tomos, renovando o exército – uma lista completa de coisas que alguns de ucranianos acham que “não se pode comer ao pequeno-almoço/cafe-de-manha” e, portanto, limitadas na sua visão e perspectiva, persistentemente tentam meter no cú. Independentemente de alguém gostar ou não, tudo isso aconteceu durante a presidência do presidente Petró Poroshenko. Embora, outros são livres de pensar que isso é apenas uma mera coincidência.

E agora olhamos novamente para o nosso cronograma, o que acontece depois. E vemos que em geral, o que acontece, não é uma coisa muito boa. Porque [oligarca] Kolomoisky está perseguir as companhias aéreas de baixo custo, o nome de [carniceiro] Zhukov é devolvido às ruas, o [lugar-tenente do Yanukovych] Portnov retorna ao país e manda, cada vez mais, não apenas na Internet, e o novo presidente em vez de uma janela para a Europa, quer reconstruir a ponte aos territórios ocupados. São os seus interesses. Nem se sabe como tudo isso aconteceu.

Por favor, notem que o último ponto no gráfico é mais à direita, mas ainda não se enquadra na área convencionalmente designada por nós como “cú”. Isto é, de alguma forma ainda há esperança. Há esperança para conseguir chamar à razão, há esperança de mudança.
Mas a tendência é simplesmente alarmante, entendem?
Ora o presidente eleito despede o [ministro dos negócios estrangeiros] Klimkin, ora o amigo do presidente eleito quer fornecer a água à Crimeia ocupada, ora o canal da TV anuncia “os pontes televisivos de amizade”, porque eles precisam urgentemente conversar com alguém.
Para onde Ucrânia irá a seguir?

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