Algum
tempo atras, o blogueiro ucraniano Victor Tregubov, propôs
aos seus leitores participar num jogo divertido — mencionar a data e o
acontecimento que os fez entender que Rússia é algo estranho. Não
necessariamente hostil, mas simplesmente estranho/alienígena. Quando, pela primeira
vez a sua música, natureza ou cultura causaram um reflexo constante de rejeição?
Por
que isso é interessante? Porque é óbvio: o jogo ainda não terminou. Ainda é
preciso explicar isso aos milhares de ucranianos no contexto da desmistificação da
terra ucraniana, no processo da sua libertação da mitologia soviética,
sentimentos excessivos pelo povo-irmão e as convicções do que a rede social VKontakte
é um local cool para ver os vídeos e que Moscovo é a cidade legal para ganhar
dinheiro. E para fazê-lo bem, é precisa entender como este encanto funcionou no
caso ucraniano.
Ainda
na década de 1990, a sociedade ucraniana basicamente compartilhava as mesmas
mitologias, lia as mesmas notícias, torcia pelos sérvios, ofendidos por marvados
dos americanos, assistia, ativamente, diversos shows da TV russa. Os cómicos de
Odessa até o início dos anos 2000 ainda se referiam nas suas piadas ao caso de
1995, quando Vladimir Zhirinovsky atirou água aos seus oponentes.
Uma
vez que foram processados mais de mil comentários, a pesquisa já possui um
certo – embora não muito grande – grau de representatividade. E, relativamente
recentemente, o pessoal do grupo SocioPats
preparou a visualização da maioria das respostas:
Surpreendentemente,
a classificação, estranhamente alta foi obtida pela invasão russa da Geórgia. Foi um
ponto decisivo quando as pessoas abriram os olhos. E isso, apesar do facto de
que uma parte das forças políticas ucranianas (“Batkivshyna” da Yulia
Tymoshenko e Partido das Regiões) e uma parte da mídia ucraniana (por exemplo,
a TV “Inter”!) se não diretamente, então indiretamente apoiaram a narrativa russa.
Mesmo assim, o choque por causa da invasão de um país, que os ucranianos consideravam
como amigável, obrigou os cidadãos à reorganizar as suas prioridades e mudou os
limites da sua percepção. É uma pena que, na altura, não se chegaram às devidas
conclusões.
Particularmente
interessante é que mesmo a 1ª guerra na Chechénia (apresentada na Ucrânia, com
raras exceções, através do prisma da mídia russa) serviu como fator de
rejeição. Alguns participantes da pesquisa mencionam o favorito do público
russo e absolutamente monstruoso na sua agressividade gratuita, filme “Brat – 2”
(Irmão 2) e, ao mesmo tempo, as séries e filmes clássicos do cinema criminal russo
– “Boomer” e “Brigada” [obras que iniciaram a introdução das mensagem subliminares, mas
fortemente anti-ucranianas, na consciência
de massa dos cidadãos russos].
De
facto, em algum certo momento, os ucranianos se afastaram dos russos por causa
daquilo que os próprios russos gostavam em si mesmos, aquilo que era imediatamente
estetizado por eles. A pesquisa revelou-se útil – permite chegar às algumas
conclusões práticas.
1.
A única coisa que pode afastar os ucranianos da Rússia é a ação da própria federação
russa. O governo ucraniano, a mídia e a sociedade civil neste caso podem, como no
jogo de curling, apenas esfregar o gelo em frente do ferro, ajudando-o à chegar
ao lugar certo.
2.
O facto de que a mídia ucraniana dedica uma parte da sua atenção à agenda política
e social russa, embora seja repugnante para aqueles que já se separaram da
Rússia, mas é útil para aqueles que ainda não o fizeram. Mais chances de que estes
últimos se juntem aos primeiros.
3.
Para destruir a mitologia de “povos irmãos”, é necessário não só falar em
detalhes sobre a agressão russa contra outros países, mas também destacar os
aspectos culturais tradicionais russos que são adorados pelos próprios russos,
mas profundamente repugnantes aos padrões do mundo exterior em geral, e
ucranianos em particular. Simplificando, é necessário levar as pessoas à abanar
a cabeça e olhar novamente às narrativas culturais russas, mas já com um olhar mais
crítico.
Tudo
indica é uma questão resolvível (fonte).
Top-10
dos acontecimentos que afastaram os
ucranianos da Rússia:
Guerra
contra Geórgia (2008)
Revolução
Laranja (2004-05)
Anexação
da Crimeia (2014)
Conflito
na ilha de Tuzla (2003)
1ª
Guerra na Chechénia (1994-96)
Euromaydan
(2013-14)
2º
Guerra na Chechénia (1999-2009)
Chegado
do Putin ao poder (2000)
Ataque
contra a escola em Beslan (1/09/2004)
Conflitos
à volta de gás.
E
vocês, os nossos queridos leitores, em que momento se afastaram da narrativa
cultural russa?
2 comentários:
Interessante! A guerra russa-georgiana com a Rússia fazendo a "passaportização" (entrega de passaportes) de cidadãos das áreas rebeldes para achar meios jurídicos para legitimar uma invasão na Geórgia. Também me fez perceber que a Rússia não era o que eu pensava. E isso não faz nem um mês talvez.
Via a Rússia com bons olhos no caso de defender o cristianismo e seus valores mas pouco tempo depois descubro que Putin abriu uma enorme mesquita e anda muito amigado com o "presidente" terrorista checheno, e apoiando suas medidas islâmicas terroristas e extremistas.
Este "presidente" checheno anda ameaçando e aterrorizando mulheres que andam sem burca nas ruas chechenas, apoia a tortura de gays, que até mesmo eu que sendo um cristão contra a prática homossexual não quero ninguém torturado pelo seus pecados.
Enquanto temos uma horda de políticos de esquerda na Europa defendendo terrorismo, burcas como liberdade feminina e outros absurdos mais, Putin que outrora deu sermões aos europeus por causa de sua baixa fertilidade e bizarrices do relativismo, Putin se alia com aquilo que seria a nossa maior ameaça. Quem estuda o Islã, o alcorão e a mentalidade dos povos islâmicos, sabe o que eu estou falando.
Só resta a esperança dos imãs daquelas mesquitas russas serem controladas pelo governo para não "extremar" os chamados "moderados".
Que Jesus, o Deus de Israel proteja à nós e a Ucrânia também. Amém!!
Estimado Daniel Liu,
realmente percebeste a essência dessa propaganda enganosa, nas décadas de 1950-1990 a URSS fazia de conta que era defensora dos "oprimidos" e muita boa gente acreditou nisso; o resultado pode ser visto em Cuba, Etiópia, Afeganistão, etc.; hoje a federação tenta se passar pela "defensora do cristianismo e dos seus valores", o resultado é o surgimento do jihad ortodoxo que queima os cinemas, ameaça as pessoas de morte por causa de um filme e se comporta como se fosse no país dos ayatollahs e talvez pior...
Ou seja, que Deus nos protege, enquanto Ucrânia protege a Europa e todo Ocidente.
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