sábado, novembro 30, 2013

Partiu Natalya Gorbanevskaya

Natalya Gorbanevskaya (1936 – 29.11.2013) – poeta e tradutora, foi uma das dissidentes soviéticas que em 1968 saiu à Praça Vermelha de Moscovo para protestar contra a invasão soviética da Checoslováquia.

Por ser mãe recentemente, foi presa apenas em dezembro de 1969, em abril de 1970 foi lhe diagnosticada a “esquizofrenia atônita” (sem apontar nenhum sinal da suposta doença), durante 2 anos e dois meses foi submetida ao tratamento compulsório em um hospital psiquiátrico do tipo prisional. A cantora Joan Baez dedicou lhe uma canção chamada “Natalia”, do álbum “From Every Stage” (1976).

Desde 2005 era cidadã da Polônia, vivia e trabalhava neste país de acolhimento.
 Ver no YouTube:

sexta-feira, novembro 29, 2013

Ucranianos manifestaram-se em Lisboa pela UE


por: Ruben Abreu, editado por Patrícia Viegas (título é da responsabilidade do nosso blogue)

Imigrantes ucranianos manifestaram-se esta tarde junto à embaixada da Ucrânia em Lisboa para exigir que o Presidente Viktor Ianukovitch assine o acordo de associação com a União Europeia na Cimeira da Parceria Oriental, que se realiza hoje e amanhã em Vilnius, capital da Lituânia

Algumas dezenas de ucranianos estiveram concentrados à porta da embaixada da Ucrânia, em Lisboa, ao início da tarde de hoje, num protesto a favor da assinatura do acordo de associação entre a União Europeia (UE) e a Ucrânia, que deveria acontecer na Cimeira da Parceria Oriental de hoje e amanhã em Vilnius.

Liderados por Pavlo Sadokha, o presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal (www.spilka.pt), os manifestantes estavam solidários com os seus compatriotas que nos últimos dias têm saído à rua na Ucrânia, bem como com as suas aspirações europeias.

Os ucranianos residentes em Portugal, acreditam ter interiorizado os valores comuns europeus e apelam ao Presidente ucraniano, Viktor Ianukovitch, para que assine o acordo de associação entre a União Europeia e a Ucrânia durante esta cimeira na capital da Lituânia.
Facebook da Aline Gallasch-Hall de Beuvink
A Ucrânia deverá escolher por si o seu futuro sem ceder a pressões”, disse ao DN Stefan, um estudante universitário, que vive há quatro anos em Lisboa. “É inevitável a demissão de Ianukovitch e do Governo se não assinarem o acordo com a EU”, afirmou, por sua vez, Anatoly, um imigrante ucraniano que chegou a Portugal há 12 anos.

O protesto decorreu sem incidentes. Os manifestantes procuraram ainda dialogar com o embaixador da Ucrânia em Portugal, Oleksandr Nykonenko, mas tal não foi possível por inexistência de agendamento prévio.

Na semana passada, o Governo da Ucrânia decidiu inesperadamente renunciar à assinatura de um acordo de associação e de comércio livre com a União Europeia, tendo a oposição acusado o Executivo de ter cedido à pressão de Moscovo. A Rússia tinha claramente advertido Kiev das consequências comerciais de um acordo com a União Europeia.

Fonte:

quarta-feira, novembro 27, 2013

Euromaydan em Lisboa

MANIFESTAÇÃO DA COMUNIDADE UCRANIANA EM FRENTE À EMBAIXADA DA UCRÂNIA

26 de novembro de 2013               

COMUNICADO DE IMPRENSA

Como é do conhecimento público, foi com pesar e perplexidade que a comunidade ucraniana tomou conhecimento da decisão do Governo da Ucrânia de suspender o processo de preparação para o Acordo de Associação com a UE, retomando um diálogo ativo com a Federação Russa e outros países da sua esfera de influência, visando uma União Aduaneira.

Depois de a comunidade ucraniana, que considera Portugal a sua segunda casa, interiorizar os valores comuns europeus e por se identificar com o povo ucraniano na Ucrânia, bem como com as suas aspirações europeias, a comunidade ucraniana em Portugal pretende, no dia 28 de Novembro de 2013, realizar uma manifestação em frente à embaixada da Ucrânia em Lisboa (Avenida das Descobertas, № 18), para que o Presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovych, assine o Acordo de Associação entre a UE e a Ucrânia durante a III Cimeira da Parceria Oriental, a ter lugar em Vilnius, durante os dias 28-29 de Novembro de 2013.


Agradeceríamos a presença da comunicação social e a gentileza de divulgarem a nossa iniciativa.         

Com os melhores cumprimentos,
Em nome da Associação dos ucranianos em Portugal (www.spilka.pt),
Presidente – Pavlo Sadokha


Imagens@ Elias Strngowski (a divulgação e uso das imagens é livre).

quinta-feira, novembro 21, 2013

Engenheiro austríaco testemunha Holodomor

No verão de 1933, no auge do Holodomor, na capital ucraniana da época, cidade de Kharkiv, viveu e trabalhou o engenheiro austríaco Alexander Wienerberger. Com a sua Leica ele fotografava tudo que acontecia ao seu redor. Naquele ano aconteciam as coisas absolutamente terríveis, Ucrânia foi atingida pelo Holodomor.


Os camponeses ucranianos que fugiam do Holodomor morriam nas ruas da capital. Os seus corpos caídos podiam ser vistos nas bermas, ao lado dos murros. Os citadinos quase não reagem, o que significa que a situação era habitual. Crianças famintas, que se tornaram órfãos, juntavam-se em grupos. Cidadãos montavam as filas para comprar o pão. Tudo isso, mesmo arriscando a sua vida, era fotografado pelo Wienerberger.
Alexander Wienerberger foi aprisionado pelo exército russo em 1915, na sequência da I G.M., viveu na URSS durante 19 anos, até 1934. Sendo engenheiro químico especializado em explosivos, o poder soviético precisava dos seus conhecimentos. Em 1933 ele ocupava o cargo do diretor técnico da fábrica sintética de Kharkiv, testemunhando as consequências do Holodomor ucraniano. As três dezenas de fotos que tirou sobre o Holodomor são hoje quase 1/3 de todas as fotos conhecidas da tragédia ucraniana.
Voltando para Áustria, Wienerberger entregou 25 fotos, acompanhadas pelos seus comentários ao arcebispo de Viena, cardeal Theodor Innitzer. Em 1935, Ewald Ammende, publicou em Viena o livro “Muss Russland Hungern? Menschen- und Völkerschicksale in der Sowjetunion, W. Braumüller Universitäts-Verlagsbuchhandlung, Wien 1935; xxiii”, com a legenda na página 355: “Der Hunger in der Hauptstadt der Ukraine. Bilder, Aufgenommen in Charkow im Sommer 1933”. Em 1939 o próprio Wienerberger publica o livro de memórias chamado “Hart auf Hart” (Tempos Duros), onde compara a União Soviética ao regime nazi.
Os originais das fotografias até hoje estão guardados no arquivo da Diocese de Viena, no espólio do cardeal Innitzer. Em 1933 ele criou e encabeçou o comité internacional da ajuda às vítimas de fome na URSS, Ewald Ammende era o seu secretário. O comité divulgava na Áustria a informação sobre o Holodomor ucraniano.
Na Ucrânia estas fotos foram publicadas em 2007, no livro do historiador Vasyl Marochko “Holodomor de 1932-33”. As cópias podem ser vistas no Arquivo Estatal Central de Cinema, Fotografia e Fonografia da Ucrânia (TSDKFFA).
Na década de 1930, a URSS empregava diversos especialistas estrangeiros qualificados: americanos, checos, eslovacos, austríacos. Em dezembro de 1931 viviam em toda Ucrânia 1056 técnicos estrangeiros, alguns empenhados na construção da Dniproges.

Fonte: Gazeta.ua

Mais fotos do Holodomor:
http://www.ukrinform.ua/ukr/news/golodomor_v_ukraiini_mav_naysuvorishi_masshtabi_fotoreportag_1883950

terça-feira, novembro 19, 2013

Holodomor em espelho sociológico

39% das famílias ucranianas sofreram com Holodomor de 1932-1933. Outros 39% dos respondentes disseram que não tinham vítimas da tragédia na sua família, 22% não têm essa informação. São resultados de estudo de opinião da fundação “Iniciativas Democráticas”.

Entre as pessoas maiores de 55 anos, 55% disseram que a sua família sofreu com a tragédia, enquanto 35% dos jovens não sabem do assunto.

Maior parte das vítimas é oriunda do Centro (56%) e Sul (40%) da Ucrânia, no Leste são 17% e no Ocidente apenas 16%. Um número considerável dos respondentes do Leste (30%) e do Centro (31%) não sabe se as suas famílias foram vítimas do Holodomor.

Paradoxalmente, entre os adeptos do partido comunista, 59% pessoas reconheceram que as suas famílias sofreram com genocídio. Ao mesmo tempo, 27% dos respondentes acreditam que Holodomor une os ucranianos, 16% acham que desune e 57% creem que memória da tragédia não tem influência sobre a unidade nacional.

Maioria dos ucranianos (61%) acha que lembrança da memória das vítimas do Holodomor deve ser feita ao nível do Estado, 13% descorda, o resto não tem opinião. A maioria dos que querem o empenho estatal vive no Ocidente 77%, no Leste são 45%. Essa visão é compartilhada pelos adeptos de todas as ideologias, desde nacionalistas do VO Liberdade (94%) até aos adeptos do PC da Ucrânia (64%).

O estudo de opinião foi realizado pela fundação “Iniciativas Democráticas” em conjunto com serviço sociológico Ukrainian Sociology Service, nos dias 5-16 de outubro de 2013, foram feitos 2000 inquéritos aos cidadãos ucranianos maiores de 18 anos, margem de erro é de 2,3%.

Fonte:

sexta-feira, novembro 15, 2013

Ucrânia em 1958

Kyiv, igreja de São André na rua Anriivska
O turista americano John Schultz visitou a Europa em 1958 na companhia da sua esposa. Ele produziu um extenso álbum das fotografias, hoje publicado na Internet. O blogueiro ucraniano Joanerges separou 39 fotos que foram tiradas na Ucrânia: em Kyiv e os seus arredores.

O álbum tem uma importância redobrada, pois John Schultz usava a película colorida, na altura inacessível aos fotógrafos ucranianos e porquê a maioria das fotos retrata a vida real dos ucranianos, fora dos clichés propagandísticos adotados pelos estrangeiros, amigos do regime soviético.

Álbum do John Schultz:


Obrigado pela dica ao História Maximus

sábado, novembro 09, 2013

ALZHIR: as crianças no GULAG soviético

O sistema dos campos de concentração soviéticos, GULAG, era composto por cerca de 700 campos, distribuídos de forma desigual por quase todo o território da União Soviética. O campo de ALZHIR (Cazaquistão) era um deles...

O campo ALZHIR (Campo de Akmolinsk de Esposas dos Traidores da Pátria) se situava nos arredores da cidade de Akmolinsk (atual capital do Cazaquistão, Astana) e oficialmente se chamava “17º campo feminino do departamento especial da Direção dos campos de reeducação-laboral de Karaganda”. Ao campo eram enviadas as esposas dos responsáveis soviéticos, acusados pelo regime comunista de serem “inimigos do povo”, “sabotadores”, “traidores” ou “agentes dos serviços secretos estrangeiros” (no total passaram pelo campo cerca de 20.000 à 22.000 mulheres e crianças).
Os maridos, geralmente, eram fuzilados logo após a sua prisão. E as esposas e os filhos menores de 3 anos enviados ao GULAG. Ultrapassando o limite de idade os filhos eram retirados das mães e colocados nos orfanatos. Alguns seriam “adotados” pelos chefões do GULAG que lhes atribuíam os seus próprios apelidos, pois diziam: “estas crianças não são filhos de criminosos ou prostitutas, tem sangue boa”.

O campo era dirigido pelo Sergey Barinov. Em 1937 ele já era o chefe de NKVD da cidade de Kalinin (atual Tver). No auge do Grande Terror ele denunciou os crimes praticados pelo NKVD. Não foi fuzilado, apenas despromovido e colocado como chefe do campo ALZHIR, tarefa desempenhada entre 1937 e 1954. Os filhos das prisioneiras recordam ele com carinho, pois mantendo todas as aparências do regime, ele ajudava às mulheres e as suas crianças. Por exemplo, foi da sua autoria a norma interna de “não considerar os filhos das prisioneiras da ALZHIR como inimigos do povo”.
Em cima: "Obrigado ao camarada Estaline pela infância feliz!"
Do resto, as condições do campo eram pesadíssimas, as temperaturas de -40ºC no inverno, cada prisioneira tinha o direito de receber apenas 10 kg de alimentos 1 vez em 3 meses (apenas alimentos não perecíveis, as encomendas maiores de 10 kg eram recusadas). Com início da II G.M., as prisioneiras perderam o direito às visitas.

  
Outro campo que abrigava as crianças era Karlag, um dos maiores campos de concentração soviéticos. As testemunhas notavam que o campo tinha a parecença incrível com o campo nazi de Mauthausen, apenas as “barracas de Karlag eram mais cumpridas e não havia o crematório”. Em 1939 Karlag habitualmente emprisionava 500 crianças, dos quais todos os meses morriam cerca de 50 meninos.

Em 1956 o território de campo foi chamado de Malinovka, as barracas demolidas e o seu lugar ocupado pelas habitações e uma fábrica de criação de frangos…

Os realizadores russos, Daria Violina e Sergey Pavlovskiy, realizaram dois filmes documentais sobre a problemática destes campos: “Nos viveremos” (We Will Live On) de 2009 e “Mais longo do que a vida” (outubro de 2013), ambos podem ser vistos aqui: http://1543.ru/SP/DV/index.htm



domingo, novembro 03, 2013

Repressões comunistas atingiram 350 mil lituanos

Vagões usados pela URSS para deportar os lituanos
No verão de 1940, na sequência do Pacto soviético-nazi Molotov-Ribbentrop, os estados Bálticos foram invadidos e anexados pela URSS. O poder soviético lançou-se imediatamente na luta contra todos aqueles que ousavam discordar da entrada na “família dos povos soviéticos”.

Da Lituânia foram imediatamente deportados 18.000 pessoas. As vítimas principais era a elite política lituana, empresariado, profissionais livres e camponeses abastados. O cúmulo das deportações foi atingido em junho de 1941, os principais locais do destino foram a República Komi, Krasnoiarsk e Sibéria (província de Novosibirsk).

Com a ocupação da Lituânia pelos nazis nada mudou, entre 50 a 60 mil lituanos foram levados à Alemanha como a mão-de-obra semi-escrava.

Em 1944, com a retoma da Lituânia pela URSS, começou o êxodo dos lituanos para o estrangeiro. Cerca de 60.000 lituanos ficaram alojados nos campos de refugiados na Alemanha pós-guerra. Após 1948, juntamente com os lituanos que faziam parte das diversas unidades de Wehrmacht, na sua maioria, eles emigraram aos EUA.

As primeiras vítimas das novas deportações soviéticas foram alemães residentes na Lituânia, as pessoas que falavam alemão e os protestantes. Em maio de 1945 cerca de 1.000 pessoas desta categoria foram deportados para o exílio permanentemente no Tajiquistão.

A resistência armada lituana, conhecida como Irmãos de Floresta, usando as diversas táticas da guerrilha resistia à ocupação soviética. Para quebrar a resistência, desde 1947 NKVD começou as deportações em massa dos familiares e apoiantes da guerrilha. Assim, em 1948 foram deportados para Sibéria 44.000 pessoas (operação “Primavera”), em 1949 – 33.500 pessoas (operação “Ressaca”).

Outros 150.000 lituanos foram deportados ao GULAG como vítimas da coletivização forçada. Destes, 111.000 seriam exilados permanentemente na Sibéria e no Cazaquistão.

Todas as decisões sobre as deportações eram tomadas pelo Conselho dos Ministros da URSS e executadas pelo NKVD com a colaboração dos funcionários comunistas locais. No terreno as deportações eram conduzidas pela NKVD e unidades stribai (da palavra russa «destruidores») — colaboradores ativos do regime soviético.

Contando todos os presos, fuzilados e mortos nos campos de concentração soviéticos, é possível estabelecer o número de cerca de 350.000 lituanos que foram vítimas do regime comunista soviético.

Fonte:
“Rússia e URSS nas guerras do século XX: Estudo estatístico”, Moscovo, Olma-PRESS, 2001

Ler online:
http://lib.ru/MEMUARY/1939-1945/KRIWOSHEEW/poteri.txt (em russo)