domingo, agosto 26, 2012

Crimes de estalinismo: Dniproges

Nos dias 17-18 de agosto de 1941, o 157° regimento de guarda do NKVD e o tenente-coronel Boris Epov, receberam a ordem secreta do Estaline de explodir a maior hidroelétrica soviética – DniproHESEm resultado e devido ao afogamento, as estimativas mais conservadoras apontam a morte de cerca de 80.000 civis e 20.000 militares soviéticos.

Cituada na cidade ucraniana de Zaporizhia, o orgulho da industrialização soviética, DniproHES era uma cópia das hidroelétricas americanas, desenhada pela Freyn Engineering Company de Chicago. As suas turbinas hidráulicas foram fabricadas pela norte-americana Newport News Shipbuilding and Drydock Company. Em 1932, DniproHES era a maior e mais poderosa hidroelétrica europeia, produzindo cerca de 50% de toda a eletricidade usada nas indústrias da parte europeia da URSS. A hidroelétrica também elevou o nível do rio Dnipro em cerca de 37 metros.
Na noite de 17 para 18 de agosto de 1941, o exército alemão rompeu as defesas do Exército vermelho e a cidade de Zaporizhia estava condenada. A 274ª divisão de infantaria, completada pelos soldados inexperientes, empurrada pelos alemães, começou a sua retirada.

No dia 18 de agosto na represa da hidroelétrica foram colocados 20 toneladas de trotil, tapado com sacos de arreia para direcionar a força da explosão contra a crista da DniproHES. Os sapadores eram comandados pelo técnico principal do laboratório de minas e explosivos, engenheiro militar e tenente-coronel (segundo outras fontes, coronel), Boris Epov (Epin?), o mesmo que em 1931 comandou a destruição da Igreja do Cristo Redentor em Moscovo.

Segundo diversas fontes, a explosão que ocorreu entre 20h00 à 20h30, causou um rombo entre 100 e 165 metros na represa da hidroelétrica, através do qual uma onda gigantesca de 25-30 metros de altura avançou, causando a destruição total à sua passagem.
Foto alemã, após a explosão
Nem a população local, nem as unidades do Exército vermelho foram avisados de antemão. As aldeias inteiras, animais, colunas de refugiados, unidades militares, hospitais de campanha, não tiveram o tempo de se salvar e foram aniquilados momentaneamente. A onda gigantesca destruiu equipamentos militares e armazéns de alimentos e munições, afundou diversas embarcações da frota militar de Zaporizhia, juntamente com as suas tripulações. Foram atingidas as unidades da Frente Sul (2° Corpo da cavalaria, 9° e 18° Exércitos), que em combate se retiravam em direção ao Kherson. Uma parte dos militares se afogou, outros foram capturados pelos alemães, não conseguindo passar para a margem esquerda do rio Dnipro. A quantidade total das vítimas nunca foi contabilizada. As estimativas mais conservadoras apontam a morte de cerca de 80.000 civis e 20.000 militares soviéticos [1].

As perdas dos alemães foram avaliadas pelo comandante do 3° Corpo de blindados, coronel, mais tarde general, Hasso-Eccard von Manteuffel em cerca de 1500 homens. Os números semelhantes foram mencionados pelo general e marechal-de-campo alemão, Ewald von Kleist.

Crime e castigo
Foto alemã, após a explosão
A ordem formal foi assinada pelo marechal soviético Semion Budionny. Mas a liderança política e militar da Frente Sul, o chefe do Conselho Militar, general A. Zaporozhets e o chefe do Departamento político, Leonid Brejnev, não foram informados sobre a operação. Em consequência disso, Boris Epov e os seus subordinados diretos foram desarmados e entregues ao SMERSH. Por sua vez, SMERSH também não sabia da operação e durante 10 dias torturou Epov, exigindo confessar a alegada “traição da Pátria”.

Um outro responsável do Departamento político da Frente Sul, Mamonov, enviou um telegrama ao chefe do Departamento Político Geral do Exército, Lev Mekhlis:

Tenente-coronel Petrovsky … e tenente-coronel Epin (provavelmente Epov) … não informando o Conselho Militar da Frente, explodiram a represa e a ponte (a crista da represa funcionava e funciona com a ponte sobre o rio Dnipro) … os responsáveis foram detidos e entregues ao juízo do Tribunal militar”.

Apenas no dia 20 de setembro, após pôr Epov “em ordem” (colocação da maquilhagem para dissimular as torturas), ele foi enviado a Moscovo, onde no ano seguinte foi condecorado com Prémio Estaline de 1942-43 [2].

Quarenta e seis dias após a explosão, quando os alemães tomaram a cidade de Zaporizhia, a parte danificada de represa foi parcialmente reconstruída e no verão de 1942 a hidroelétrica renovou o seu funcionamento. Em 1943, deixando a cidade, os alemães novamente explodiram o que restava da DniproHES.   
  
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set № 1 e ser № 2

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Bibliografia


Blogueiro

Cerca de 100.000 cidadãos soviéticos foram sacrificados para atingir 1.500 alemães. Este era o preço terrível que os cidadãos da URSS tiveram de pagar pelo mito estalinista de “vencer o inimigo à custa do pouco sangue no seu próprio território”. Após o fim da II G.M., durante o julgamento de Nuremberga, a URSS apresentou a caso de destruição de DniproHES como um dos crimes nazis. E Alemanha teve que pagar pelo crime comunista.

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