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Foto: Lev Rebet no campo de concentração de Auschwitz |
Em 1957, Lev Rebet (1912-1957), um judeu ucraniano e líder da ala «liberal» da OUN, foi morto pelo agente do KGB Bohdan Stashinsky (que mais tarde assassinou Stepan Bandera).
Ambos os ataques ocorreram em Munique segundo o mesmo cenário, utilizando o mesmo tipo de arma desenvolvida num laboratório especial do KGB. Entre dois locais fatais uma distância de uma caminhada de cerca de 25 minutos.
A 12 de outubro de 1957, Stashinsky entrou na Karlsplatz 8, subiu um piso e parou no patamar, segurando nervosamente um jornal na mão.
Passado algum tempo, Lev Rebet, o professor da Universidade Ucraniana Livre, teórico do nacionalismo democrático ucraniano e líder da sua ala liberal, que se separou da ala revolucionária da OUN, chegou à redação do jornal «Independentista Ucraniano», onde era editor.
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«Independentista Ucraniano» |
Em 1954, como resultado de um conflito aberto com Stepan Bandera; Lev Rebet e Zynoviy Matla anunciaram a criação de novos órgãos executivos das Unidades Estrangeiras da OUN (ZCh OUN), que seriam liderados «pela dupla» - por isso, os membros desta ala foram chamados em ucraniano de «dviykari».
Rebet, em particular, estava se opondo à ideia de «Ucrânia aos ucranianos», defendida por Bandera e Stetsko, acusando-os de «adesão ao totalitarismo e ao autoritarismo». Logo de seguida os «dviykari» realizaram uma conferência na qual legitimaram a nova organização - OUN (Z), isto é, «no estrangeiro». KGB, que apostava fortemente no fomento de conflitos e inimizades entre os ucranianos da Diáspora, decidiu o assassinato do líder liberal, muito provavelmente, exatamente para acusar OUN (R) do Bandera do cometimento deste crime.
Subindo rapidamente as escadas, Rebet mal prestou atenção ao homem desconhecido que descia na sua direção. E mal teve tempo de compreender porque é que as escadas começaram subitamente a girar rapidamente sob os seus pés.
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Lev Rebet com a sua família em Munique. Uma das últimas fotos. Foto: uahistory.com |
Um momento depois, o estranho saiu e dirigiu-se para um hotel próximo. Lev Rebet foi deixado caído na escada. Os médicos de serviço que chegaram, confirmaram a morte natural: não havia motivos para duvidar do que o homem forte, de 45 anos, tivesse morrido de insuficiência cardíaca. Ninguém prestou atenção aos microscópicos pedaços de vidro que lhe brilhavam no rosto.
Quando, dois anos e três dias depois, a história se repetiu com precisão na casa da Kreutzmeierstrasse 7 e os médicos declararam Stepan Popel morto (sob essa identidade vivia o líder da OUN(R), Stepan Bandera), não devia ficar um único pedaço de vidro no rosto do assassinado.
Nessa altura, os laboratórios do KGB já tinham aperfeiçoado a arma: entre a ampola com cianeto de potássio e o cano da zarabatana, agora de cano duplo, que pulverizava com força o veneno mortal, foi instalada uma malha de metal para evitar que os estilhaços voassem.
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Arma do KGB que matou Stepan Bandera |
Mas como o assassino disparou muito perto da cara da vítima, ou porque Bandera consegui reagir, no último momento virando a face, havia marcas na cara de Bandera, e desta vez os médicos alemães conseguiram detectar o cianeto de potássio. No entanto, a polícia nunca descobriu exatamente como e com a ajuda de que o gás mortal entrou no corpo do assassinado.
Dois anos depois, em 1961, uma bomba informativa explodiu na Alemanha: tendo fugido da União Soviética através da RDA para Berlim Ocidental, Bohdan Stashinsky dirigiu-se à polícia e declarou que tinha morto duas figuras proeminentes do movimento nacionalista ucraniano. Lev Rebet foi a primeira pessoa em quem esta engrenagem da implacável máquina soviética testou o seu propósito.