A
primeira fábrica da «Pepsi-Cola» começou a laborar
na União Soviética ainda em 1974, seguida pela «Fanta» em 1979. Embora ambas
as empresas entraram na URSS na era Brejnev, o primeiro “garoto de propaganda”
soviético da “Pepsi” foi o próprio Nikita Khrushov.
02. No verão de 1959, no parque moscovita Sokolniki, decorreu a 1ª Exposição Nacional Americana na URSS, no decorrer da qual o vice-presidente americano, Richard Nixon ofereceu “Pepsi-cola” ao Nikita Khrushov.
No dia seguinte, a foto do Khrushov, com a expressão facial cautelosa e com um
copo da “Pepsi”
nas mãos, foi
divulgada em diversas publicações mundiais:
03. Mas
o acordo entre “PepsiCo” e governo soviético foi fechado apenas na era Brejnev.
A corporação “PepsiCo” se
tornou a distribuidora oficial da vodca “Stolichnaya” no Ocidente, em troca do direito
de vendas da “Pepsi” na URSS. A “Pepsi” começou ser vendida na União Soviética em
abril de 1973 e em 31 de maio de 1974
foi
oficialmente aberta a primeira fábrica de “PepsiCo” na cidade de Novorossiysk. A
mesma fábrica foi inaugurada pela 2ª vez em 8 de setembro do mesmo ano, já na
presença do secretário-geral do PCUS, Leonid Brejnev, que inspeccionou a linha
de fabricação da “Pepsi-Cola”:
04. O
refrigerante americano se tornou instantaneamente popular em toda a URSS.
Entrando na lista da défice tremendo, pois uma única fábrica não conseguia
suprir a demanda de toda a população soviética, desejosa de provar o novo sabor
ocidental. “Pepsi” foi associado na mente dos consumidores soviéticos com a
“vivência ocidental livre” (coca, jazz, caros descapotáveis), o seu sabor era
muito diferente das tradicionais limonadas soviéticas, o próprio logótipo,
colorido, dinâmico e contemporâneo, bastante diferente do design cinzento dos
rótulos descaraterizados dos refrigerantes soviéticos.
A
aparência do rótulo soviético da “Pepsi”. O prazo de validade era marcado com os risquinhos em frente do ano e mês na parte baixa do rótulo.
05. A
chegada dos Jogos Olímpicos de 1980 levou as autoridades soviéticas apostar na limpeza
e modernização de Moscovo (e de outras cidades-capitais da URSS). Do Moscovo foram
expulsos diversos “elementos anti-sociais”, como os sem-abrigo ou prostitutas,
nas ruas foram instaladas as máquinas de venda de “Pepsi”. Estas máquinas eram bem-parecidas
com as máquinas soviéticas de venda de água gaseificada, mas em vez de vender
água com gás (1 copeque) ou água com xarope (3 copeque), vendiam “Pepsi” ao
preço de 20 copeque.
Nas
lojas soviéticas, “Pepsi” custava entre 45 à 50 copeque (incluindo o preço da
garrafa de 0,33 l), o que não era pouco, tendo em conta que as limonadas
soviéticas custavam desde 11 copeque (incluindo o prelo do vasilhame)
e a cerveja custava 21 copeque 0,5 l.
06. Em agosto de 1979, nas vésperas dos JO de Moscovo, na URSS começou a produção da “Fanta”, produzida pela “Coca-cola”, a concorrente direta da “Pepsi”. As fotos são de 1980, feitas no decorrer dos
JO. Já na altura a “Coca-cola” usava o dispositivo de distribuição de líquido (draft),
bastante parecido com o de atuais máquinas, usadas nos cafés e aparelhos de
self-service.
A viatura oficial da "Fanta" nas ruas de Moscovo, 1980 |
08. Outras fotos dos quiosques da marca que tinham um design corporativo único, de
aparência bastante futurista:
09. Fotos coloridas do quiosque da “Pepsi”:
10. Fora
de Moscovo não existiam os quiosques exclusivos da “Pepsi” ou “Fanta”, estes refrigerantes
eram vendidos nas lojas de alimentos, restaurantes, cafés e nos bares dos hotéis.
Os refrigerantes eram produzidos em Kyiv, na capital da Estónia – Tallinn e em
algumas outras cidades.
Nas
zonas do interior soviético, “Pepsi” e “Fanta” eram consideradas um deficit
tremendo (tipo bananas) e eram literalmente varridos das
prateleiras. Os consumidores as compravam literalmente às caixas (era considerado como chique e marca de status a oferta da bebida aos pais ou parentes menos influentes e afortunados), apesar do seu
preço de 45 copeque (em algumas cidades 50 copeque), por uma garrafa de 0,33 l (o dobro em relação às limonadas
soviéticas).
Os
consumidores que lembram do sabor da “Pepsi” e da “Fanta”, produzidas na URSS, costumam dizer que este era mais forte e mais agradável, comparando com os
sabores atuais.
Não somos capazes de fazer essa comparação em relação ao “Pepsi”, mas em
relação à “Fanta” essa diferença é real. A “Fanta” produzida na URSS tinha um
cheiro citrino bastante concentrado, se assemelhando, no sabor da “Fanta”
produzida na França, que possuía uma maior percentagem do concentrado do sumo
de laranja.
Bónus
histórico
O
CEO da “PepsiCo”, Donald
M. Kendall, recorda as suas negociações com o chefe do Conselho dos
Ministros da URSS, Alexei
Kossygin, de seguinte forma: Kossygin veio e disse “Queremos fazer comércio
convosco, vossa pepsi pela nossa vodca, litro por litro. [...] Estou falar sobre
o vosso concentrado, litro por litro”.
“Pepsi”
é feita à partir de concentrado, fornecido em embalagens plásticas de 19
litros. O conteúdo deste recipiente é diluído com água de modo à se transformar
em 1.000 litros de xarope. Por sua vez, o xarope é diluído com 5.000 litros de
água, representando o produto acabado – “Pepsi”. Isto é, um recipiente de 19
litros se transforma em 6000 litros de “Pepsi” ou 18.181 garrafas de vidro de
0,33 l.
Em
1982, o Comité Central do PCUS recebeu a informação detalhada sobre o
funcionamento da «PepsiCo» na União Soviética. De acordo com o documento, em 1973-1981
a URSS vendeu aos Estados Unidos 1,9 milhões de decalitros de vodca “Stolichnaya”
no valor de 25 milhões de dólares. Ao mesmo tempo, “PepsiCo” produziu 32,3
milhões de decalitros que renderam no mercado soviético 303,3 milhões de
rublos, contando com a diferença dos câmbios, 139,3 milhões de rublos à mais.
Assim, a fórmula do Kosygin “litros por litro”, na realidade significou a
diferença de 1 por 17.
Na
primavera de 1990, Mikhail Gorbachev deu o seu aval para que a «PepsiCo» comprasse
na União Soviética os 17 submarinos ao preço unitário de 150 mil dólares, como também
um cruzador, uma fragata, um destruidor e 10 petroleiros. Depois disso, Kendall
disse ao presidente dos Estados Unidos a sua famosa frase: “Estamos desarmar a
União Soviética mais rápido do que você!”
Fonte:
©Fishki.net
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