terça-feira, agosto 30, 2016

Made in Ucrânia: mini VTNT blindado “Phantom”

Nesta segunda feira, o holding ucraniano UkrOboronProm apresentou o protótipo do novo VTNT ucraniano, “Phantom”, projetado e criado para executar uma ampla gama de missões militares ou pára-militares em áreas perigosas ou de difícil acesso. “Phantom” oferece a maior segurança e eficácia operacionais, mantendo os seus operadores à uma distância segura do ataque inimigo.
O mini-blindado tático multi-funcional guiado à distância, criado na Fábrica de Blindados de Kyiv, é capaz de efetuar as tarefas de reconhecimento e observação remotos, deteção de alvos, suporte de comunicações, pode servir de plataforma de apoio logístico, resgate, combate de incêndios e de evacuação médica.
O “Phantom” pode ser operado através de um canal de rádio codificado às distâncias de até 2,5 km ou via cabo de fibra ótica às distâncias de até 5 km. O veículo está armado com uma metralhadora de calibre 12,7 mm que lhe permite efetuar o fogo nas distâncias de até 1 km, possui a câmara de visão diurna e o termovisor para o trabalho nocturno, p seu corpo é blindado. Além disso, este VTNT de combate pode ser equipado com uma gama completa de armamento, dependendo dos requisitos do cliente.


O novo VTNT ucraniano possui a alcance operacional de 20 km. O veículo pesa 1000 kg e tem a elevada capacidade de carga – até 350 kg. A sua velocidade máxima é de 38 km/h. O “Phantom” é equipado com motor elétrico e gerador, isso lhe permite trabalhar em regime autónomo até um mês. Neste momento é operado por uma tripulação de duas pessoas: um motorista e um artilheiro.
O módulo de direção do "Phantom"
Ler mais: inglês; francês; ucraniano; russo

Ibrahim e Ivan: uma fábula contemporânea

Ibrahim nasceu pesando 3,5 kg e Ivan nasceu com 3,5 kg. Aos três anos, Ibrahim recebeu de presente de seu pai um punhal, Ivan não tinha pai, por isso as amigas da mãe lhe oferecem os brinquedos de pelúcia. Aos seis anos, Ibrahim treinava a luta, e Ivan a dança. Aos nove anos, Ibrahim sozinho matou o seu primeiro carneiro, e ao Ivan compraram um porquinho-da-índia. Aos doze anos, Ibrahim era capaz de desmontar e montar quase qualquer tipo de arma de fogo, e Ivan mal conseguia concertar a corrente de uma bicicleta. Aos quinze anos, Ibrahim já parecia um homem, e Ivan – um menino. Aos dezoito anos, Ivan e Ibrahim foram chamados para cumprir o serviço militar obrigatório... (@Internet)
Recentemente, ambos morreram algures no leste da Ucrânia. Transformados em adubo pelas Forças Armadas da Ucrânia. E moral? Qual é a moral deste texto? Não venham para Ucrânia sem serem convidados! 
A batalha pelo aeroporto de Donetsk: aniquilação do bando "Iskra"

A campanha da Ucrânia contra Trump pró-Putin

Durante anos, Serhiy Leshchenko, um ativista ucraniano do topo da luta anticorrupção trabalhou para expor a cleptocracia do ex-presidente Viktor Yanukovych. Agora, ele está se concentrando em uma nova ameaça percebida pró-russa à Ucrânia: o candidato presidencial dos EUA – Donald Trump.

Por: Roman Olearchyk em Kyiv para FT


O jornalista e membro do parlamento ucraniano Serhiy Leshchenko mostra as páginas com alegadas assinaturas de pagamentos ao chefe da campanha presidencial de Donald Trump, Paul Manafort, à partir do livro de contabilidade ilegal do partido do ex-presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, durante a conferência de imprensa em Kyiv, em 19 de agosto de 2016. As autoridades ucranianas divulgaram os dados sobre a linha de pagamentos no valor de milhões de dólares que o chefe da campanha presidencial de Donald Trump supostamente recebeu dos líderes pró-russos, agora depostos, em Kyiv. As revelações do Bureau Nacional de Anticorrupção (NABU), em 18 de agosto de 2016 foram seguidos em 19 de agosto por reivindicações do legislador do topo, sugerindo que Paul Manafort fez lobby ao favor do partido pró-Kremlin, mesmo após o fevereiro de 2014 quando começou a revolta pró-UE que levou Ucrânia fora da órbita da Rússia. Manafort serviu como um consultor de relações públicas para presidente apoiado por Moscovo, Viktor Yanukovych (que agora vive em exílio auto-imposto na Rússia), e ao seu Partido das Regiões, entre 2007 e 2012.

A perspectiva do Sr. Trump, que tem elogiado o arqui-inimigo da Ucrânia, Vladimir Putin, tornar-se líder do maior aliado do país tem estimulado não apenas Sr. Leshchenko mas a liderança política mais ampla de Kyiv para fazer algo que nunca teria tentado antes: intervir, mesmo que indiretamente, em uma eleição norte-americana.

Sr. Leshchenko e o Departamento anticorrupção da Ucrânia publicaram [em agosto] um caderno secreto de contabilidade que as autoridades [ucranianas] afirmam mostrar milhões de dólares de pagamentos escondidos e em dinheiro ao Paul Manafort, diretor de campanha do Sr. Trump, enquanto ele estava aconselhando o Partido das Regiões de Yanukovich desde 2005.

Sr. Manafort, que negou vigorosamente qualquer delito, posteriormente se demitiu do seu papel da campanha. Mas o Sr. Leshchenko e outros atores políticos em Kyiv dizem que vão continuar os seus esforços para impedir um candidato – que recentemente sugeriu que a Rússia pode manter Crimeia, que anexou há dois anos – de atingir o cume do poder político americano.
O telefone fotografado no escritório do Partido das Regiões em 2007.
Escrito à vermelho Davis-Manafort
A presidência Trump mudaria a agenda pró-ucraniana na política externa americana”, o Sr. Leshchenko, disse ao Financial Times. “Para mim, foi importante para mostrar não só o aspecto de corrupção, mas que ele é [o] candidato pró-russo, que pode quebrar o equilíbrio geopolítico no mundo”.

A ascendência [política] do Sr. Trump levou a uma nova clivagem no establishment político da Ucrânia. Hillary Clinton, a candidata democrata, é apoiada pelo governo pró-ocidental que tomou o poder depois de Yanukovych foi derrubado por protestos de rua em 2014. O antigo campo de Yanukovich, com o apoio público drasticamente diminuído, inclina-se para o Sr. Trump.

Se o candidato republicano perde em novembro, alguns observadores sugerem que ações de Kyiv podem ter jogado, pelo menos, um pequeno papel [nesta derrota].

Os ativistas anticorrupção da Ucrânia provavelmente já salvaram o mundo ocidental”, twittou Anton Shekhovtsov, um académico da base ocidental, especializado na Rússia e na Ucrânia, após a demissão do Sr. Manafort.

As preocupações com o Sr. Trump dispararam em Kyiv, quando ele deu a entender, algumas semanas atrás, ele pode reconhecer a alegação da Rússia sobre a Crimeia, sugerindo que “o povo da Crimeia, pelo que tenho ouvido, preferia estar com a Rússia do que onde eles estavam”.

Natalie Jaresko, a ex-funcionária do Departamento de Estado de origem ucraniana que serviu durante um ano como ministra das Finanças da Ucrânia, fez uma série de tweets às autoridades dos EUA. Em um deles, ela desafiou o ex-candidato presidencial republicano John McCain: “Por favor, nos assegure que você não concorda com as declarações sobre Crimea / Ucrânia. Mentiras de Trump não são a posição do mundo livre, incluindo o partido Republicano”.

No Facebook, Arseny Yatsenyuk, o ex-primeiro-ministro [da Ucrânia], advertiu que o Sr. Trump tinha “desafiado os próprios valores do mundo livre”. Arsen Avakov, o ministro do Interior, chamou a declaração do candidato de “diagnóstico de um marginal perigoso”.

Os políticos ucranianos também se irritaram com o suposto papel da equipa de Trump na remoção de uma referência ao fornecimento de armas para Kyiv [retirada] do programa do Partido Republicano na sua convenção de julho.

Adrian Karatnycky, o membro sénior do think-tank Atlantic Council [baseado em] Washington, disse que “não é de admirar que algumas principais figuras políticas ucranianas estão se envolvendo em um grau sem precedentes na tentativa de enfraquecer o movimento Trump”.

Kyiv foi além da crítica verbal quando Bureau Nacional Anticorrupção da Ucrânia e Sr. Leshchenko – que tem a reputação de ser próximo do bureau – publicaram, na semana passada, o livro de contabilidade secreta mostrando supostos pagamentos ao Sr. Manafort.

As revelações provocaram indignação entre os ex-aliados do Partido das Regiões. Perguntado por telefone sobre as atividades do Sr. Manafort na Ucrânia, um ex-apoiante do Yanukovych, agora à desempenhar o papel de liderança no sucessor do Partido das Regiões, chamado “Bloco de Oposição”, soltou uma série de palavrões. Ele acusou a mídia ocidental de “trabalhar no interesse de Hillary Clinton, tentando derrubar Trump”.

Embora a maioria dos ucranianos estão desiludidos com a liderança atual do país, por causa das reformas paralisadas e os esforços anticorrupção sem brilho, o Sr. Leshchenko disse que os acontecimentos dos últimos dois anos haviam ligado Ucrânia ao curso pró-ocidental. A maioria dos políticos da Ucrânia, acrescentou, estão “do lado de Hillary Clinton”.

Blogueiro: talvez pela primeira vez na história, Ucrânia interfere na eleição presidencial americana. Faz isso no interesse nacional para garantir que o mais alto cargo dos EUA não caia nas mãos da pessoa que possivelmente colocaria os seus interesses empresariais acima dos interesses da democracia e dos valores liberais. Tal como dizia a personagem Charlie (Mark Wahlberg) no filme The Italian Job II (2003): “Cause if there’s one thing I know, it’s that you never mess with Mother Nature, mother-in-laws, or mother-f***ing Ukrainians.” Verdadeiramente esclarecedor!

segunda-feira, agosto 29, 2016

Islam Karimov morre após 26 anos no poder no Uzbequistão

O presidente do Uzbequistão, Islam Karimov, homem que governou o seu país natal com a mão de ferro por 26 anos, morreu em 2 de setembro em Tashkent aos 79 anos, vítima de uma hemorragia cerebral, que ocorreu há alguns dias, escreve Fergananews.com.

Islam Karimov nasceu em 1938 na cidade de Samarcanda, em 1960 foi graduado pelo Instituto Politécnico da Ásia central, em 1964 se filiou no PCUS e em 1967 terminou o Instituto da Economia Popular de Tashkent, viveiro dos quadros da elite soviética partidária e económica. É engenheiro mecânico pela sua formação.

Desde 1966 trabalhou na Planificação Estatal (GosPlan) do Uzbequistão Soviético; em 1983 se tornou o ministro de finanças da sua República, em 1986 — o vice-ministro do Conselho dos Ministros e chefe da Planificação Estatal do Uzbequistão. Em 1986-1989 é chefe do PCUS ao nível distrital, desde junho de 1989 é Primeiro Secretário do CC do PC do Uzbequistão.

No dia 24 de março de 1990 se torna o presidente do Uzbequistão Socialista, numa eleição pelo parlamento, sem candidatos alternativos (antes do fim da URSS), repete a eleição em 1991 (após a desintegração da União Soviética). Em 1995 prorroga as suas funções até 2000, repete a dose em 2000, 2007 e 2015. Deixa a viúva e duas filhas Gulnara (1972) e Lola (1978).

Legado político

Após a independência, Karimov tinha cultivado os símbolos islâmicos, a fim de cooptar a oposição religiosa. No entanto, desde 1999, começou a luta contra o “wahabismo”, o termo que tornou-se o guarda-chuva para se referir a todas as cepas de oposição islâmica. No Usbequistão tornou-se a prática comum a prisão dos cidadãos sem julgamento, o uso frequente de tortura, assim como os casos dos ocasionais “desaparecimentos”. Em termos geopolíticos, o país balançava entre os EUA e a Rússia.

Sofreu a hemorragia cerebral na manha do 27 de agosto de 2016, morreu às 15h35 (hora local) em 29 de agosto de 2016. UPD: A morte do Karimov foi confirmada oficialmente no dia 2 de setembro de 2016, sabe-se que o corpo será sepultado em 3 de setembro em Samarcanda, na sua terra natal, o país decretou o lito nacional de 3 dias.

domingo, agosto 28, 2016

Recordar tudo e todos: cerco de Ilovaysk

Dois anos atrás, em 28 de agosto de 2014, o pelotão do 42º Batalhão da Defesa Territorial (BTrO) foi enviado ao reforço do agrupamento ucraniano cercado em Ilovaisk. Os militares ucranianos não sabiam que o cerco em redor de Ilovaysk foi fechado três dias atrás e o seu caminho estará barrado pelo grupo tático de batalhão reforçado das forças armadas da federação russa...
Nos arredores da aldeia de Novakaterynivka o seu camião, “Ural” № 6601 N9, foi alvejado pelo fogo inimigo. Naquele combate morreram (desapareceram) 12 militares ucranianos: Illya Pismeny “Poeta” (1980); Yuriy Kiriyenko “Krit” (1982); Dmytro Ilgildinov (nasceu na Rússia em 1989); Anatoliy Lyfar (1981).
Nas vésperas, à uma distância de 400 metros, morreram em combate com o grupo de sabotagem russo os outros militares do 42º BTrO: Yevhen Melnychuk (1985); Volodymyr Tatomyr (1983); Maksym Kharchenko (1978); juntamente com soldado da 92ª Brigada especial mecanizada Volodymyr Usenko (1965). Os seus corpos foram achados pelo grupo de busca e procura “Missão Evacuação-200” (“Tulipa Negra”) em setembro de 2014. Os militares foram identificados através da análise do ADN.
O mais velho tinha 49 anos, o mais novo, apenas 25. Eles deixaram as esposas, os filhos, os pais idosos. Todos eles foram condecorados com a Ordem Militar “Pela coragem” do 3º grau (a título póstumo). O decreto do Presidente da Ucrânia № 436/2015 de 17 de Julho de 2015 sublinha a sua “coragem pessoal e alto profissionalismo demonstrados na defesa da soberania nacional e da integridade territorial da Ucrânia, lealdade para com o juramento militar”.
"Solovey", 42º BTrO
"General", 42º BTrO
"Sorokoviy", 42º BTrO
"00", 42º BTrO
Nós nunca esqueceremos os seus nomes. Esta postagem é dedicada à sua memória, o seu texto foi escrito por Ivan Pogorelyi um militar daquele pelotão que sobreviveu por um milagre...

Os mercenários russos em Síria: as empresas miliares privadas

As empresas militares privadas (EMP) é um negócio lucrativo global. Na Rússia são legalmente proibidas, mas permitidas de facto, para serem usadas nas guerras que o estado russo fomenta fora do seu território: na Síria e na Ucrânia. 
O vilarejo de Molkino na região russa de Krasnodar abriga a unidade militar № 51532, o local de aquartelamento da 10ª Brigada especial do GRU das forças armadas russas. Apenas alguns dezenas de metros fora da auto-estrada federal “M-4 Don”, fica o primeiro posto de controlo, segue o polígono e mais um posto de controlo, guarnecido pelo pessoal armado com AK-74. É o local do campo de treino da EMP “grupo Vagner”.
A análise das fotos de arquivo do Google Earth mostra que em agosto de 2014 o campo de treino ainda não existia, começando funcionar nos meados de 2015. No interior, como contam as testemunhas, se encontram duas dezenas de tendas, debaixo da bandeira soviética, tudo cercado pela cerca não muito alta de arame farpado. No território ainda existem vários barracas residenciais, torre de vigia, a unidade canina, complexo de treino e o parque de estacionamento.

A estrutura não tem o nome oficial, não se conhece oficialmente o nome do seu diretor, nem o seu orçamento ou os lucros.

Mercenários e EMP russas: dificuldades da legalização

A lei russa determina que os seus cidadãos podem trabalhar na área militar apenas para o estado russo. O mercenarismo é proibido: a participação nos conflitos militares no estrangeiro é punida com a pena de prisão de até 7 anos (art. 359 do CP russo); o recrutamento, a formação, o financiamento dos mercenários, “bem como o seu uso em conflitos armados ou nas operações militares” é punido com a pena de até 15 anos. Na Rússia não existe nenhuma outra legislação que regule o funcionamento das EMP.

Em março de 2016, na Duma estatal russa foi apresentado o projeto-lei sobre as “atividades das organizações privadas militares e de segurança”. Os objetivos destas atividades, segundo os seus autores, eram a “garantir a segurança nacional através da implementação e prestação de operações e serviços militares e de segurança, assim como a “protecção dos interesses da Rússia no estrangeiro”. O projeto previa que o licenciamento das EMP estaria ao cargo do Ministério da Defesa e monitoramento seria assegurado pelo FSB e pela Procuradoria-Geral. O governo russo se manifestou contra a adaptação da lei, evocando a contradição com a constituição russas que proíbe o mercenarismo e a criação das unidades armadas. Após disso, os próprios autores do documento, o retiraram o documento da Duma, explicando a sua decisão com a posição do FSB e dos militares que os pediram “não agravar a situação”.
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Para contornar a lei, as EMP russas se registam em zonas offshore. Por exemplo, a EMP russa Moran Security Group (MSG) pertence em 50% à empresa Neova Holdings, Ltd (Ilhas Virgens Britânicas).

«Tarefas especiais»

Em março de 2016, o comandante do contingente russo na Síria, general Aleksandr Dvornikov disse na entrevista à Gazeta.ru: “Não vamos esconder, no território da Síria atuam as unidades das nossas forças de operações especiais”.

Um dos que estava engajado nestas operações era Sergey Chupov, ex-militar das tropas do Ministério do Interior, ex-veterano da 1ª e 2ª guerras chechenas, morto na Síria em fevereiro de 2016 e sem nenhum registo no Ministério da Defesa russo. Aqueles que conheciam o mercenário russo, dizem que ultimamente era funcionário da EMP “grupo Vagner”.

O perfil doSlavonic Corps/ “grupo Vagner”
Dmitry "Vagner" Utkin o alegado fundador da EMP "grupo Vagner"
Apesar de não existir certezas absolutas considera-se que o próprio “Vagner” se chama Dmitry Utkin, ex-militar do GRU que se reformou em 2013. No mesmo ano, aderiu à uma unidade mercenária russa, “Slavonic Corps”, registada em 2012 no registo das pessoas jurídicas de Hong-King sob o nome de Slavonic Corps Limited.
A presença do "Slavonic Corps" na Síria em 2013 registada nas redes sociais
Os gestores do “Slavonic Corps”, Evgeni Sidorov e Vadim Gusev, ex-gestores da Moran Security Group, prometiam aos seus funcionários os salários na ordem de 5.000 dólares mensais e as tarefas de proteção e guarnição do oleoduto e armazém de petróleo na cidade síria de Deir ez-Zor. Na realidade, os 267 mercenários foram lançados numa operação contra as forças de Daesh/EI na província de Homs. Sofrendo várias perdas, em outubro de 2013 a EMP deixou a Síria de forma inglória. Em janeiro de 2015, já na Rússia, Sidorov e Gusev foram condenados ao abrigo do art. 359 do CP russo, pela sua participação nas atividades de mercenarismo. Ambos foram condenados aos 3 anos de cadeia, embora os seus subordinados não foram perseguidos judicialmente, FSB apenas recolheu todos os meios de informação digital em seu poder.

A existência do novo grupo Vagner e a sua participação na guerra síria se tornou pública em outubro de 2015, após a publicação na edição russa Fontanka. A publicação informava que ex-mercenários do “Slavonic Corps” participaram na ocupação e invasão da Crimeia em fevereiro – março de 2014 e na agressão contra Ucrânia em 2015, já na qualidade da unidade especial, engajada, primeiramente na liquidação dos comandantes e unidades rebeldes” nas fileiras dos terroristas. A participação do «grupo Vagner» em combates contra as forças ucranianas em Donetsk e Luhansk em 2015 foi noticiada pelo The Wall Street Journal. No mesmo artigo, os jornalistas contaram sobre a morte dos 9 mercenários do grupo em Síria. O Ministério da Defesa russo tentou desmentir a informação. “Fontanka” não possui os dados certos sobre as perdas do “grupo Vagner” na Ucrânia, mas os situa entre 30 à 80 mercenários.

Coincidentemente ou não, o centro de treino de Molkino foi criado após o fim do período mais quente dos combates na região de Luhansk (meados de 2015). O centro passou à ser usado como a base de preparação dos mercenários russos para a guerra na Síria. De forma não oficial, o “grupo Vagner” é supervisionado pelo GRU russo, informação confirmada pelas fontes russas militares e do FSB.

Na Síria o “grupo Vagner” ficou aquartelado entre as cidades de Aleppo e Latáquia, seu o contingente que passou pela guerra civil naquele país é avaliado em quase 2.500 pessoas, comandados pelos oficiais do GRU e do FSB. O recrutamento era efetuado através das redes sociais, em 2016 o grupo operava na Síria com contingentes entre 1.000 à 1.600 mercenários, dependendo da gravidade de situação na linha da frente. As fontes que conhecem o grupo, explicam que os salários são pagos em dinheiro, as compras de armamentos e equipamentos são suportados pelo estado russo e pelos empresários de “altos escalões” que pretendem estar nas boas graças do Kremlin.

A mesma publicação “Fontanka”, escreveu no verão de 2016 que nos últimos dois anos, Dmitry “Vagner” Utkin era visto frequentemente na companhia das pessoas que trabalham para Yevgeni Prigozhin (1961), o empresário do ramo de restauração, bastante próximo ao Putin. O dono da empresa “Konkord M” e da fábrica de alimentação “Konkord”, Prigozhin fez a fortuna fornecendo as refeições à administração presidencial russa; se tornou, de facto, o monopolista no mercado de refeições escolares em Moscovo; e um dos maiores fornecedores de serviços terciários ao Ministério da Defesa russo. 

Financiamento híbrido

É difícil calcular os gastos do “grupo Vagner”, pois este usa, gratuitamente, as facilidades e terrenos, pertencentes ao Ministério da Defesa russo. Por outro lado, só o polígono da base da 10ª Brigada especial do GRU custou ao estado russo cerca de 615.000 dólares (41,7 milhões de rublos). A manutenção da própria base, no biénio de 2015–2016 custou em média, anualmente, cerca de 217.000 USD (14,7 milões de rublos), sem contar com os contratos secretos, cujos orçamentos não são divulgados publicamente.

Os pagamentos dos salários do “grupo Vagner” são feitos em dinheiro ou via transferência aos cartões de “pagamento imediato”, sem o nome do dono gravado e emitidos em nomes das pessoas físicas alheias aos seus reais proprietários. Cartões deste tipo são emitidos pelo banco público russo Sberbank e alguns bancos comerciais.

Os valores

O servente civil do “grupo Vagner” recebe cerca de 885 USD (60.000 rublos) mensais; o mercenário simples pode contar com 1.180 USD (80.000 rublos) na Rússia e até 2.200 USD (150.000 rublos) na Síria, mais prémios de combate e compensações. Tendo em conta o número máximo de efetivos de 2.500 pessoas (entre agosto de 2015 e 2016), o “grupo Vagner” poderia custar aos cofres russos qualquer coisa entre 35,4 à 110 milhões de USD. Contando com o custo de equipamento no valor de 1.000 dólares; outros 1.000 USD para transporte e alojamento, a permanência de 2,500 mercenários russos na Síria poderia custar $2,5 milhões de dólares mensais (170 milhões de rublos, usando o câmbio médio de 67,89). Os custos de alimentação, para este grupo de mercenários, poderiam chegar ao valor de 30.000 dólares diários.

As baixas e os seus preços

O Ministério da Defesa russo fala em 27 “contratados” mortos, os ex-militares avaliam o número de mortos em até 100 mercenários. «De lá, cada terceiro homem — é a «carga 200», cada segundo — «carga 300», — explica um dos funcionários da base em Molkino.

A compensação padrão pela morte do mercenário é de até 5 milhões de rublos (73,6 mil dólares, o valor igual praticado nas FA russas às mortes em combate). Embora este valor é muito difícil de conseguir. Os valores mais realistas que os mercenários russos (ou as suas famílias) podem esperar à receber são de 1 milhão de rublos (14,700 dólares) no caso da morte e 500.000 (7,365 dólares) pelo ferimento.

Tendo em conta os salários, a logística, alojamento e refeições, a manutenção anual do “grupo Vagner” pode custar aos cofres russos entre 5,1 à 10,3 bilhões de rublos (75,1 à 151,7 milhões de dólares). Despesas não recorrentes no equipamento – até 170 milhões de rublos (2,5 milhões de USD); as compensações às famílias – desde 27 milhões de rublos (398 mil USD).

«Expresso sírio»

Para Síria os mercenários russos viajam sozinhos, não existe o transporte centralizado, mas as cargas são enviadas por navios do “expresso sírio”, termo cunhado pela imprensa em 2012. Assim são chamados os barcos que fornecem a logística ao regime do Damasco.
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Fazem parte do “expresso” os barcos da marinha da guerra russa, os barcos civis que passaram à pertencer a marinha russa e os barcos fretados, pertencentes às mais diversas empresas de diversos cantos do mundo. No total, o “expresso sírio” operava com não menos que 15 navios civis, em circulação constante entre as cidades de Novorossiysk e Tartus. Na sua maioria, os navios pertenciam às empresas registadas no Líbano, Egito, Turquia, Grécia, Ucrânia e Rússia (segundo os dados dos serviços de monitoramento de tráfego marítimo Marinetraffic.com e Fleetphoto.ru). O frete de um navio poderá custar até 4.000 dólares por dia, o que significa que o “expresso sírio”, em 305 dias do seu uso intensivo (30 de setembro de 2015 — 31 de junho de 2016) poderia custar cerca de 18,3 milhões de dólares.

Interesses delicados

O «grupo Vagner» pode ser chamado de EMP de uma forma apenas formal. O grupo não está fazendo o negócio no seu sentido clássico. Podemos falar da simbiose dos interesses estatais russos, que precisam a carne para o canhão na guerra síria e os interesses dos militares russos, em forma individual, de ganhar algum dinheiro. Como dizia Putin na primavera de 2012, falando sobre a problemática das EMP: “São [EMP] realmente a ferramenta da implementação dos interesses nacionais sem a participação direta do Estado”.
Secundando Putin, no mesmo 2012, o vice-primeiro-ministro russo Dmitry Rogozin disse: “Estamos a pensar, se o nosso dinheiro irá fluir para financiar as companhias privadas militares e de segurança estrangeiras ou iremos considerar a possibilidade de criar essas empresas dentro da própria Rússia e daremos um passo neste sentido”.

Quanto à EMP “grupo Vagner”, por causa do aparecimento na mídia das informações sobre a sua ligação à base de Molkino, no Ministério da Defesa russo se discute a opção de transferência dos mercenários para fora da Rússia. De acordo com as fontes do FSB e dos militares russos, entre as opções possíveis é considerado o território de Tajiquistão, Alto-Karabakh e Abecásia. Além disso, todos têm a certeza: o “grupo Vagner” não será dissolvido – a unidade mostrou a sua utilidade (@RBC.ru). 

sábado, agosto 27, 2016

Made in Ucrânia: o sistema de mísseis “Vilkha”

No dia 26 de agosto de 2016 Ucrânia efetuou 14 lançamentos de novos mísseis de alcance médio “Vilkha”. Os mísseis foram lançados às diversas distâncias, com diversos “recheios”, munidos de sensores que transmitiam a telemetria. 100% dos lançamentos foram bem-sucedidos.
O novo míssil ucraniano pode percorrer a distância de (censurado) km, no decorrer do voo verificar o seu trajeto com auxílio de (censurado) e o corrigir usando (censurado), no final atingindo alvo de tamanho de campo de vólei, queimando tudo o que estiver em seu redor num espaço igual aos alguns campos de futebol.
O presidente Petró Poroshenko recebe os novos radares AN-TPQ-36
Ligando o sistema “Vilkha” ao conjunto dos radares AN-TPQ-36 (que Ucrânia recebeu em julho de 2016), é possível, com apenas duas-três lições, incutir, de forma permanente, aos separatistas e aos seus curadores à ideia do que qualquer “morteiro móvel” será seguramente destruído alguns minutos depois da sua deteção pelo radar. “Vilkha” é a nova geração dos sistemas reativos de fogo simultâneo e a vizinha da Ucrânia não conseguiu criar uma igual, mesmo contando com os seus orçamentos militares.
O secretário do RNBO, Oleksandr Turchynov no polígono
O secretário do Conselho Nacional da Defesa e Segurança da Ucrânia (RNBO), Oleksandr Turchynov, que estava presente nos lançamentos contou que em março de 2014 ele recebeu o informe sobre o stock ucraniano de mísseis e obuses. A situação com os mísseis de sistemas BM-30 Smerch era perigosamente assustadora. Os mísseis eram destruídos anos após anos, às dezenas, por todos os ex-ministros da defesa da Ucrânia. O país lançou o apelo aos fabricantes em 2014, não havia dinheiro e os primeiros fundos apareceram no programa nos meados de 2015. Nos meados de 2016 Ucrânia está à um passo de lançar a produção dos mísseis em massa. Durante um ano se percorreu o caminho da especificação aos testes!
Ucrânia possui a sistema de engenharia de precisão e da ciência. Ucrânia possui presidente que disse, dois anos atrás, que os alicerces da segurança da Ucrânia não são os memorandos do Budapeste, mas as suas Forças Armadas. Ucrânia tem o secretário do RNBO, Oleksandr Turchynov, que coordena o funcionamento das 19 fábricas que produzem os componentes destes mísseis. Ucrânia possui os generais que participam diretamente na aparição do míssil e possui o bureau de construção “Luch” que em um ano criou e produziu o “Vilkha” (por Yuri Biriukov).

Como decorreram os lançamentos doVilkha
Os lançamentos decorreram no novo polígono na região de Odessa. Na zona dos lançamentos foi fechado o espaço aéreo e marítimo, empregues os meios de controlo e de telemetria. O novo complexo ucraniano se baseia no sistema reativo de fogo simultâneo 9K58 BM-30 «Smerch», a sua capacidade de alcance é intermédia, o que permite encarar o sistema com o substituto dos mísseis 9M79M “Tochka-U” (SS-21 Scrab A). A precisão de impacto é um nível acima dos mísseis “Tochka-U”.
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Todos os componentes para a produção de “Vilkha” são ucranianos, incluindo um novo sistema de controlo, o novo combustível de míssil, uma nova ogiva. Um dos pontos especiais é o sistema de controlo de mísseis, permitindo efetuar a correção de voo do míssil, usando os motores de impulso.