domingo, agosto 14, 2016

O doping soviético e russo de 1984 à 2016

Dr. Grigory Vorobiev na sua casa em Chicago
Segundo a confissão do respeitado médico russo Grigory Vorobiev (1929–2019), desde 1984 existiu na URSS um plano concertado de dopagem de atletas olímpicos, arquitectado pelo clínico Sergey Portugalov (banido do desporto de forma indefinita em 2017), antes disso o médico chefe da Federação Russa de Atletismo.
Vorobiev, que nos últimos cinco anos vive nos EUA divulgou vária documentação até agora secreta. E é escandalosa.
O pai do moderno doping soviético e russo, Dr. Sergey Portugalov em 28/02/2008
Portugalov, entretanto banido pelos organismos internacionais, e que se suspeita continuar a ser um «consultor», escreveu e recebeu várias cartas confidenciais, agora divulgadas, onde sugere o uso maciço de substâncias como o Retabolil e o Stromba. Em 2010 ele desempenhava as funções do vice-diretor do Centro Federal de Investigação Científica de Cultura Física e Desporto (VNIIFK).
A atleta russa e informadora da WADA, Yuliya Stepanova, contou que Portugalov (não só era o membro ativo da rede da venda de doping, mas também injetava pessoalmente (!) as substâncias proibidas aos atletas russos), recebia cerca de 5% dos lucros de cada atleta. Em troca, ele ajudava a elaborar o programa de uso de doping – dynatrope, eritropoietina e testosterona.

O relatório (nas imagens), escrito em 1983 e com a referência de uma “reunião de trabalho” de 24 de novembro do mesmo ano, indica ainda a consciência dos perigos médicos envolvidos no «programa farmacológico especial para desenvolvimento de capacidades desportivas».

Os boatos sobre estes documentos foram dissipados com a confirmação dos mesmos pelo New York Times e pelo anúncio de Vorobiev de que falaria sobre o assunto com mais detalhe.
Em maio de 1984, cerca de cinco meses após o plano estatal de dopagem, delineando no documento e endereçado à mais alta liderança desportiva soviética, a União Soviética retirou-se dos JO de Los Angeles, alegando as “ações anti-olímpicas das autoridades norte-americanas e dos organizadores dos Jogos”. “Os sentimentos chauvinistas e uma histeria anti-soviética estão empolados no país”, dizia a declaração soviética.
Em 2016, presidente Putin negou a existência de um sistema de doping estatal russo, afirmando que todas as acusações são políticas, mas ainda assim ordenou a suspensão e demissão de pessoas alegadamente envolvidas (fontes @Nuno RogeiroNYT).

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