sexta-feira, agosto 05, 2016

As “repúblicas populares” de Putin – a “Coreia do Norte da Europa”

Cerca de 10.000 pessoas morreram até agora na brutal guerra russo-ucraniana à decorrer no leste da Ucrânia. E, embora o acordo de paz de “Minsk” marcará o segundo aniversário no dia 3 de setembro, a guerra continuou inabalável. Este ano já matou cerca de 800 pessoas no lado ucraniano.
As “repúblicas” não reconhecidas internacionalmente, com cerca de 3,3 milhões de habitantes continuam a existir e propagar o “modelo de estado orientado ao socialismo”. Mas como as pessoas vivem nas “repúblicas populares” hipotecadas e o que eles dizem, quando podem exercer a sua liberdade de expressão de forma anónima e em grande risco?
BILD relata as histórias de oito habitantes* dos territórios ocupados de Donetsk e de Luhansk, as suas vidas, e publica algumas fotos exclusivas nunca vistas antes. Eles contam as histórias de “repúblicas populares” de Putin no leste da Ucrânia – a “Coreia do Norte da Europa”.
* Nota à série de reportagens. Por motivos de segurança, todos os entrevistados quiseram manter o anonimato. Eles enfrentam prisão ou algo pior se as suas histórias sejam conhecidas pelas autoridades locais. Por este motivo, todos os nomes nas reportagens foram alterados.

„Alles verschwand in Dunkelheit“ / «All went dark» / “Tudo desapareceu na escuridão”
Andrijenko vive com seus pais em Luhansk. “A vida, na assim chamada “república popular de Luhansk”, antes de tudo é deprimente”, diz o [jovem] de 19 anos ao BILD. “É muito importante enfatizar como piorou a minha vida na zona de ocupação”.
“A segurança simplesmente não existe, na assim chamada república. Cada vez torna-se assustador quando você tem que ir à algum lugar na escuridão. Lá existe um monte de milicianos bêbados e fora do controlo ​​nas ruas, a polícia não se preocupa com os moradores. Se você sair de casa, não se sabe se voltará”, diz o rapaz.

“Quando veio a ocupação, tudo ficou às escuras. Eu não posso nem dizer se há uma vida normal. Tudo vai no ritmo suave, incerto”, acrescenta ele com ironia.
E logo escurece: “quando veio a “república popular”, minha vida e a vida da minha família se transformou em um pesadelo. Muitos parentes e amigos tinham ido embora, alguns deles morreram. Alguns deles fugiram da guerra, outros lutam contra a ocupação russa”.

“Estamos completamente cortados da civilização”, diz Andrijenko.
O maior problema é uma grande falta de dinheiro. “Não há muitos postos de trabalho, e se você encontrar um, tem que trabalhar 13 à 15 horas por dia nas condições análogas à escravidão”, diz ele. E isso para obter apenas 3.000 à 5.000 rublos por mês, o que, no melhor dos cenários são menos de 70 euros.

A qualidade dos alimentos é muito baixo. “O que eles nos enviam da Rússia, dificilmente você será capaz de comer”, diz o jovem, acrescentando que às vezes acontece que os produtos ucranianos são contrabandeados. – A liderança, da assim chamada, república não se preocupa com as pessoas locais”.
A prova disso é a cadeia de supermercados «Popular». Foi «nacionalizada», graças ao nepotismo de uma nova elite e agora pertence à esposa do fuhrer da república [Plotnitsky] Todos os produtos em supermercados vêm dos chamados comboios “humanitários” do Ministério de Situações de Emergência da Rússia. “A ajuda humanitária é vendida nos supermercados por dinheiro. Os capangas dos ocupantes pensam apenas sobre isso, em como fazer o máximo possível para arrecadar o dinheiro”.

Pior de tudo o que aconteceu com Andrijenko é a sua passagem pela cave de uma unidade das milícias como refém. O jovem, no entanto, não quer falar sobre esta experiência.
Como outro exemplo de uma situação má da sua família ele aponta as contas de serviços municipais que recentemente foram recebidas pelos seus pais. “O montante das facturas é absurdo, nós nunca consumimos tanta eletricidade, não tínhamos dívidas... Agora, na “república popular” estamos profundamente endividados”.

Desemprego, impostos incrivelmente altos e criminosos armados nas ruas são apenas alguns dos aspectos da situação atual.
Os paralelos entre a vida na Coreia do Norte e na região de Luhansk jovem vê apenas parcialmente. “Eu não diria que a zona de ocupação é a mesma que a Coreia do Norte. Na zona ocupada há mais sinais da civilização. Mas parece que nos aqui estamos à espera de algo parecido com a Coreia do Norte, claro”, concorda Andrijenko.

Ler outras estórias em alemão e inglês (Google tradutor):
„Wir müssen brüllen,wie großartig alles ist“ (1ª estória em alemão):
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/wir-muessen-bruellen-wie-toll-alles-ist-46456584.bild.html
«We need to shout that we’re all cool» (1ª estória em ingles):
http://en.reporter-ua.ru/bild-life-in-pushchino-peoples-republics-we-need-to-shout-that-were-all-cool.html
„Was wir haben, ist kein Leben mehr!“ (2ª estória em alemão):
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/was-wir-haben-ist-kein-leben-mehr-2-46579068.bild.html
«What we have, not the life!» (2ª estória em ingles):
http://en.reporter-ua.ru/bild-life-in-putins-peoples-republics-what-we-have-not-the-life.html
„Ich konnte nichts für meine Frau tun, als sie starb“ (3ª estória em alemão):
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/ich-konnte-nichts-tun-fuer-meine-frau-46595738.bild.html
«I couldn’t do for my wife when she was dying» (3ª história em inglês):
http://en.reporter-ua.ru/bild-life-in-putins-peoples-republics-i-couldnt-do-for-my-wife-when-she-was-dying.html
„Alles verschwand in Dunkelheit“ (4ª estória alemão):
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/alles-verschwand-in-dunkelheit-4-46594828.bild.html
«All went dark» (4ª estória em ingles):
http://en.reporter-ua.ru/bild-life-in-putins-peoples-republics-all-went-dark.html
„Mein Mann hat mich in Gedanken begraben“ (5ª estória em alemão):
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/mein-mann-hat-mich-in-gedanken-begraben-5-46596730.bild.html
«My husband is already mentally buried me» (5ª estória em ingles):
http://en.reporter-ua.ru/bild-life-in-putins-peoples-republics-my-husband-is-already-mentally-buried-me.html
„Sie behandeln uns Ukrainer als niedrige Klasse“ (6ª estória em alemão):
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/sie-behandeln-uns-ukrainer-als-niedrige-klasse-6-46600630.bild.html
„Sie bringen meiner Tochter Unsinn bei“ (7ª estória em alemão)
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/sie-bringen-meiner-tochter-unsinn-bei-46600744.bild.html

„Wer eine Waffe besitzt, ist hier im Recht“ (8ª história em alemão)
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/wer-eine-waffe-besitzt-ist-im-recht-46601074.bild.html
«Who owns the weapons, and the right» (8ª história em inglês)
http://en.reporter-ua.ru/bild-life-in-putins-peoples-republics-who-owns-the-weapons-and-the-right.html

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