Cerca
de 10.000 pessoas morreram até agora na brutal guerra russo-ucraniana à
decorrer no leste da Ucrânia. E, embora o acordo de paz de “Minsk” marcará o
segundo aniversário no dia 3 de setembro, a guerra continuou inabalável. Este
ano já matou cerca de 800 pessoas no lado ucraniano.
As
“repúblicas” não reconhecidas internacionalmente, com cerca de 3,3 milhões de
habitantes continuam a existir e propagar o “modelo de estado orientado ao
socialismo”. Mas
como as pessoas vivem nas “repúblicas populares” hipotecadas e o que eles
dizem, quando podem exercer a sua liberdade de expressão de forma anónima e em
grande risco?
BILD
relata as histórias de oito habitantes* dos territórios ocupados de Donetsk e de
Luhansk, as suas vidas, e publica algumas fotos exclusivas nunca vistas antes.
Eles contam as histórias de “repúblicas populares” de Putin no leste da Ucrânia
– a “Coreia do Norte da Europa”.
*
Nota à série de reportagens. Por motivos de segurança, todos os entrevistados
quiseram manter o anonimato. Eles enfrentam prisão ou algo pior se as suas
histórias sejam conhecidas pelas autoridades locais. Por este motivo, todos os
nomes nas reportagens foram alterados.
„Alles
verschwand in Dunkelheit“ / «All went dark» / “Tudo desapareceu na escuridão”
Andrijenko
vive com seus pais em Luhansk. “A vida, na assim chamada “república popular de
Luhansk”, antes de tudo é deprimente”, diz o [jovem] de 19 anos ao BILD. “É
muito importante enfatizar como piorou a minha vida na zona de ocupação”.
“A
segurança simplesmente não existe, na assim chamada república. Cada vez
torna-se assustador quando você tem que ir à algum lugar na escuridão. Lá
existe um monte de milicianos bêbados e fora do controlo nas ruas, a polícia
não se preocupa com os moradores. Se você sair de casa, não se sabe se voltará”,
diz o rapaz.
“Quando
veio a ocupação, tudo ficou às escuras. Eu não posso nem dizer se há uma vida
normal. Tudo vai no ritmo suave, incerto”, acrescenta ele com ironia.
E
logo escurece: “quando veio a “república popular”, minha vida e a vida da minha
família se transformou em um pesadelo. Muitos parentes e amigos tinham ido
embora, alguns deles morreram. Alguns deles fugiram da guerra, outros lutam
contra a ocupação russa”.
“Estamos
completamente cortados da civilização”, diz Andrijenko.
O
maior problema é uma grande falta de dinheiro. “Não há muitos postos de
trabalho, e se você encontrar um, tem que trabalhar 13 à 15 horas por dia nas
condições análogas à escravidão”, diz ele. E isso para obter apenas 3.000 à
5.000 rublos por mês, o que, no melhor dos cenários são menos de 70 euros.
A
qualidade dos alimentos é muito baixo. “O que eles nos enviam da Rússia,
dificilmente você será capaz de comer”, diz o jovem, acrescentando que às vezes
acontece que os produtos ucranianos são contrabandeados. – A liderança, da
assim chamada, república não se preocupa com as pessoas locais”.
A
prova disso é a cadeia de supermercados «Popular». Foi «nacionalizada»,
graças ao nepotismo de uma nova elite e agora pertence à esposa do fuhrer da
república [Plotnitsky] Todos os produtos em supermercados vêm dos chamados
comboios “humanitários” do Ministério de Situações de Emergência da Rússia. “A
ajuda humanitária é vendida nos supermercados por dinheiro. Os capangas dos
ocupantes pensam apenas sobre isso, em como fazer o máximo possível para
arrecadar o dinheiro”.
Pior
de tudo o que aconteceu com Andrijenko é a sua passagem pela cave de uma
unidade das milícias como refém. O jovem, no entanto, não quer falar sobre esta
experiência.
Como
outro exemplo de uma situação má da sua família ele aponta as contas de
serviços municipais que recentemente foram recebidas pelos seus pais. “O
montante das facturas é absurdo, nós nunca consumimos tanta eletricidade, não
tínhamos dívidas... Agora, na “república popular” estamos profundamente endividados”.
Desemprego,
impostos incrivelmente altos e criminosos armados nas ruas são apenas alguns
dos aspectos da situação atual.
Os
paralelos entre a vida na Coreia do Norte e na região de Luhansk jovem vê
apenas parcialmente. “Eu não diria que a zona de ocupação é a mesma que a
Coreia do Norte. Na zona ocupada há mais sinais da civilização. Mas parece que
nos aqui estamos à espera de algo parecido com a Coreia do Norte, claro”,
concorda Andrijenko.
Ler
outras estórias em alemão e inglês (Google tradutor):
„Wir müssen brüllen,wie
großartig alles ist“ (1ª estória em alemão):
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/wir-muessen-bruellen-wie-toll-alles-ist-46456584.bild.html
«We need to shout that we’re
all cool» (1ª estória em ingles):
http://en.reporter-ua.ru/bild-life-in-pushchino-peoples-republics-we-need-to-shout-that-were-all-cool.html
„Was wir haben, ist kein
Leben mehr!“ (2ª estória em alemão):
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/was-wir-haben-ist-kein-leben-mehr-2-46579068.bild.html
«What we have, not the
life!» (2ª estória em ingles):
http://en.reporter-ua.ru/bild-life-in-putins-peoples-republics-what-we-have-not-the-life.html
„Ich konnte nichts für meine
Frau tun, als sie starb“ (3ª estória em alemão):
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/ich-konnte-nichts-tun-fuer-meine-frau-46595738.bild.html
«I couldn’t do for my wife
when she was dying» (3ª história em inglês):
http://en.reporter-ua.ru/bild-life-in-putins-peoples-republics-i-couldnt-do-for-my-wife-when-she-was-dying.html
„Alles verschwand in
Dunkelheit“ (4ª estória alemão):
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/alles-verschwand-in-dunkelheit-4-46594828.bild.html
«All
went dark» (4ª estória em ingles):
http://en.reporter-ua.ru/bild-life-in-putins-peoples-republics-all-went-dark.html
„Mein Mann hat mich in
Gedanken begraben“ (5ª estória em alemão):
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/mein-mann-hat-mich-in-gedanken-begraben-5-46596730.bild.html
«My husband is already
mentally buried me» (5ª estória em ingles):
http://en.reporter-ua.ru/bild-life-in-putins-peoples-republics-my-husband-is-already-mentally-buried-me.html
„Sie
behandeln uns Ukrainer als niedrige Klasse“ (6ª estória em alemão):
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/sie-behandeln-uns-ukrainer-als-niedrige-klasse-6-46600630.bild.html
„Sie
bringen meiner Tochter Unsinn bei“ (7ª estória em alemão)
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/sie-bringen-meiner-tochter-unsinn-bei-46600744.bild.html
„Wer eine Waffe besitzt, ist
hier im Recht“ (8ª história em alemão)
http://www.bild.de/politik/ausland/ukraine-konflikt/wer-eine-waffe-besitzt-ist-im-recht-46601074.bild.html
«Who owns the weapons, and
the right» (8ª história em inglês)
http://en.reporter-ua.ru/bild-life-in-putins-peoples-republics-who-owns-the-weapons-and-the-right.html
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