No
dia 13 de abril de 2014 decorreu o primeiro combate da guerra russo-ucraniana
na Donbas. A unidade de sabotagem, composta, quase na totalidade, por cidadãos
russos e comandada pelo coronel do GRU, cidadão russo Igor “Strelkov” Girkin,
atacou a unidade antiterrorista ucraniana CSO “A” do SBU. As forças ucranianas
tiveram a primeira baixa mortal – o capitão do SBU Gennadiy Bilichenko.
A unidade russa atacando a sede da polícia e do SBU em Slovyansk |
A
unidade especial do FSB “Crimeia”, foi levada da cidade de Simferopol na Crimeia
ocupada à região russa de Rostov. Armada pelas estruturas locais do FSB, a
unidade cruzou, ilegalmente, a fronteira estatal russo-ucraniana e capturou as
cidades estratégicas da região de Donetsk – Slovyansk e Kramatorsk.
A
propaganda russa lançou, de imediato e pela primeira vez, o discurso e o mito da
“guerra civil” e dos “mineiros insurgentes”. Na realidade, a operação foi executada
pela unidade especial russa – que verteu, sem qualquer piedade, o sangue
ucraniano.
Um
grupo de oficiais superiores da secreta ucraniana SBU, acompanhado por um
pequeno grupo dos operativos do Centro das Operações Especiais “A” do SBU se
dirigia para o encontro com os representantes do poder local da cidade de Slovyansk.
Ucrânia ainda não tinha compreendido, plenamente, que está sendo arrastada para
uma guerra híbrida não declarada e acreditava, que a libertação de Slovyansk
pode ser resolvida pacificamente. Muito possivelmente, e desde início, a
aceitação das negociações fazia parte da tática terrorista. Nos arredores da
cidade de Slovyansk, a coluna do SBU caiu numa emboscada dos cerca de 20 à 30
mercenários russos, assim como alguns locais, bem treinados e bem armados, as forças ucranianas ficaram
sob o fogo pesado do grupo terrorista russo.
No
decorrer do combate cerrado nas distâncias curtas, os terroristas russos eram
guiados pelo agente russo, Sergey “Romashka” Zhurikov (literalmente «Camomila»),
que antes da guerra trabalhava numa empresa de segurança em Kyiv, afeta à
Igreja Ortodoxa Russa – Patriarcado de Kyiv, oficialmente como «fotógrafo». Possivelmente,
foi Zhurikov que auxiliou o grupo de Girkin na travessia da fronteira estatal,
levando os mercenários russos à Slovyansk. O próprio «Camomila» foi abatido por
um franco-atirador ucraniano, num duelo dos snipers
em 2 de maio de 2014, no decorrer dos combates pela libertação de Slovyansk.
Os
terroristas russos estavam entrincheirados na zona verde, bem camuflados, eles
controlavam a estrada, alvejando, à vontade, a coluna ucraniana. O grupo “Alfa”
foi composto por apenas 6 agentes, oficiais superiores do SBU eram armados somente
com pistolas. Aos ucranianos esperava a morte certa ou a captura desonrosa. O tenente-coronel
da unidade “Alfa”, Andriy Dubovyk estava gravemente ferido. Perdendo muito sangue,
ele estava à desmaiar.
De
repente, em socorro da coluna do SBU veio o blindado ligeiro BTR dos pára-quedistas
ucranianos da 80ª Brigada especial aerotransportada (atualmente a 80ª Brigada
aerotransportada de assalto). O BTR dirigiu o fogo da sua metralhadora pesada
contra as posições dos mercenários russos. Os militares ucranianos tiveram uma ordem
expressa, repetida exaustivamente, sob nenhuma circunstância entrar em combate,
evitando, à todo custo, quaisquer “provocações”. Os mercenários russos
possivelmente sabiam dessa ordem, porque agiam de uma forma agressiva e impundente.
Oficial que comandava blindado violou a ordem superior e salvou a vida dos oficiais
de SBU. O seu BTR suprimiu o ataque russo, o grupo de sabotagem do FSB começou
a retirada. Tenente-coronel Andriy Dubovyk foi retirado do combate e salvo.
No
fim do combate, oficial ucraniano mais uma vez violou a ordem direta do seu
superior imediato, ele colocou os feridos num dos blindados e deu a ordem de evacuação
dos oficiais para um hospital ucraniano mais próximo.
O
local exato do combate, as filmagens foram feitas horas após o fim do combate e
da saída das forças ucranianas (que aparentemente liquidaram um e feriram vários
mercenários):
Oficial
que violou as ordens, o 1º tenente Vadym
Sukharevskiy “Barsuk” (literalmente Texugo), na altura era comandante da 3ª
companhia da 80ª Brigada aerotransportada. Posteriormente ele participou em
combates pelo Slovyansk, Luhansk, Georgiivka. Em agosto de 2014, a sua
companhia, nos arredores de Luhansk, entrou em combate direto contra as unidades
regulares do exército russo, num destes combates, o já capitão “Barsuk” foi
ferido (ler
mais).
Cinco anos depois Vadym Sukharevskiy é major e comandante do 503º Batalhão especial de fuzileiros, é um dos melhores comandantes
ucranianos, goza a enorme popularidade e respeito dos seus subordinados.
Na
verdade, este oficial ucraniano salvou os seus camaradas do SBU, virando a maré
da batalha, reagindo instantaneamente numa situação crítica, assumindo a
responsabilidade e, de fa(c)to, pela primeira vez, um militar ucraniano tinha
aberto fogo nessa guerra, defendendo Ucrânia (fonte).
Infelizmente,
naquele combate, Ucrânia perdeu o primeiro dos seus defensores, capitão do CSO “A”
do SBU, Gennadiy Bilichenko. A liderança ucraniana e seus organismos da lei e
ordem perceberam claramente: o inimigo não quer a paz, o seu interesse é a
guerra híbrida, anexação dos territórios ucranianos e a liquidação total ou
parcial da independência e soberania da Ucrânia.
Ler mais |
Já
no dia seguinte – 14 de abril de 2014, Ucrânia tomou a decisão nada facil de
iniciar a OAT – Operação Anti-terrorista.
«Capitão
Gennadiy Bilichenko foi o primeiro Guerreiro Ucraniano que morreu, em combate,
vítima dos ocupantes russo do [grupo] “Girkin”-Strelkov. A morte do Gennadiy foi
uma espécie de Rubicão na consciência dos ucranianos, a federação russa lançou
uma guerra não declarada contra Ucrânia. Qualquer um que se considerava o
patriota, não esperando a chamada, se levantou em defesa de Pátria”, – disse o chefe
do SBU, general Vasyl Hrytsak.
As imagens dos 23 oficiais e operativos do SBU que tombaram pela Ucrânia |
No
aniversário da sua morte trágica, os representantes do SBU, em conjunto com a
família do Gennady Bilichenko depositaram as flores no memorial daquele combate
e observaram um minuto de silêncio em memória dos 27 operativos do SBU, que
deram as suas vidas pela liberdade da Ucrânia e dos ucranianos, informou o
serviço de imprensa da secreta
ucraniana:
“Eu não podia esperar, quando os moradores de Donbas, de forma espontânea “amadurecerão” e se “embalarão” para entrar nas milícias com objetivo direto de participar na guerra. Tinha que garantir, por quaisquer meios,
de dispor, do maior número possível de pessoas prontas para o combate. Por isso,
eu nunca me envergonhava das minhas palavras, e na justiça das minhas ações não
tenho duvida até hoje.
Naturalmente,
eu tinha as razões de contar com o “cenário da Crimeia” [ocupação e anexação
direta pela federação russa] para Donbas e até de forma mais ampla – com a
criação da Novoróssia. A possibilidade, naquele momento, do apoio direto da federação
russa, era muito alta”.
Coronel
do FSB Igor Girkin, numa entrevista de 2019.
Ainda
hoje, quase 17.000 km² da Ucrânia na Donbas permanecem sob ocupação
da federação russa, naturalmente, com apoio ativo dos colaboradores locais...
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