segunda-feira, maio 02, 2016

Em GULAG por içar a bandeira da Ucrânia

Na noite de 1 de maio de 1966, dois jovens operários ucranianos, Victor Kuksa (1940) e
Georgiy Moskalenko (1938), içaram em Kyiv a bandeira azul e amarela ucraniana, proibida pelo poder soviético considerada a “bandeira nacionalista” ou a 
“bandeira dos nacionalistas burgueses ucranianos”.
O informe especial do KGB da Ucrânia sobre o caso, datado de 3 de maio de 1966
A bandeira da Ucrânia independente foi içada no edifício principal do Instituto de Economia Popular de Kyiv (atualmente a Universidade Nacional de Economia de Kyiv «Vadym Hetman»). O local, situado em frente da antiga fábrica “Bolchevique”, foi escolhido pelo facto de lá se formarem as colunas dos manifestantes que depois marchavam até o centro da cidade para participarem na manifestação do dia 1 de maio, organizada pelo regime soviético.     
Kuksa e Moskalenko em 2006
A bandeira foi feita dos dois lenços femininos, o símbolo de tryzub (tridente), de cor preta, foi copiado das notas da República Popular da Ucrânia (1917-1919). Além disso, na bandeira estava escrito: “A Ucrânia ainda não morreu  ainda não a assassinaram. DPU” (a sigla DPU significava Partido Democrático da Ucrânia, na realidade inexistente).

Georgiy Moskalenko, na altura com 28 anos, ficou em baixo, com a pistola de sinalização nas mãos, Victor Kiksa (26) subiu a escada de incêndio, cortou a bandeira vermelha, com uma faca de cozinha e amarrou a bandeira da Ucrânia.
Victor Kuksa atualmente
Durante 9 (!) meses KGB procurava implacavelmente os patriotas, acabando por prende-los. Ambos foram julgados na secção fechada do Tribunal Provincial de Kyiv, acusados de “propaganda e agitação anti-soviéticos”, condenados, respetivamente, à 2 e 3 anos de prisão em campos de concentração em regime severo, pena que cumpriram na totalidade.

As penas, relativamente “liberais”, foram lhes aplicados, em parte pelo facto de que, a liderança da Ucrânia soviética não quis chamar a atenção pública ao sucedido, e em parte pelo facto do que os dois não pertenciam à elite intelectual, mas eram representantes de puro proletariado, ambos operários na cidade de Kyiv.
Georgiy Moskalenko atualmente
Em 20 de maio de 1994 o Plenário do Supremo Tribunal da Ucrânia anulou, por falta de provas, as penas do Moskalenko e Kuksa na parte da acusação do artigo “antissoviético” e as manteve na parte de acusação da “porte e uso de armas de fogo e armas brancas”. Foram precisos mais alguns anos de luta até que em 26 de janeiro de 2007, o Supremo Tribunal da Ucrânia removeu e anulou todas as acusações contra os dois dissidentes ucranianos.

No dia 16 de novembro de 2006, no edifício da universidade sobre o qual a bandeira ucraniana apareceu em 1966, foi inaugurada a placa em memória do acto heroico do Victor Kuksa e Georgiy Moskalenko. São estes pequenos actos, em tempos difíceis, que recordavam à todos: Ucrânia sempre será ucraniana! (fonte1; fonte2).  

2 comentários:

Anónimo disse...

eu me pergunto se o infame símbolo comunista já teria sido retirado do prédio.


Polonia anunciou a remocao de mais de 500 monumentos soviéticos. Espero que tal medida tb ocorra na ucrania. A polonia criminaliza tb a negação ou justificação dos crimes do comunismo. A Ucrania já deveria ter feito o mesmo em relação ao holodomor.

Vc pdoeria nos informações sobre o caso envolvendo o atual prefeito pro-russo de odessa acusado no caso do panamá papers de ter declarado cidadania russa em documentos de um offshore.

Anónimo disse...

Eles merecem uma praça com seus nomes na Ucrânia.