Na
noite de 1 de maio de 1966, dois jovens operários ucranianos, Victor Kuksa
(1940) e Georgiy Moskalenko (1938), içaram em Kyiv
a bandeira azul e amarela ucraniana, proibida pelo poder soviético considerada a “bandeira
nacionalista” ou a “bandeira dos nacionalistas burgueses ucranianos”.
O informe especial do KGB da Ucrânia sobre o caso, datado de 3 de maio de 1966 |
Kuksa e Moskalenko em 2006 |
A
bandeira foi feita dos dois lenços femininos, o símbolo de tryzub (tridente), de
cor preta, foi copiado das notas da República Popular da Ucrânia (1917-1919).
Além disso, na bandeira estava escrito: “A Ucrânia ainda não morreu – ainda não a assassinaram.
DPU” (a sigla DPU significava Partido Democrático da Ucrânia, na realidade inexistente).
Georgiy
Moskalenko, na altura com 28 anos, ficou em baixo, com a pistola de sinalização
nas mãos, Victor Kiksa (26) subiu a escada de incêndio, cortou a bandeira
vermelha, com uma faca de cozinha e amarrou a bandeira da Ucrânia.
Victor Kuksa atualmente |
Durante
9 (!) meses KGB procurava implacavelmente os patriotas, acabando por
prende-los. Ambos foram julgados na secção fechada do Tribunal Provincial de
Kyiv, acusados de “propaganda e agitação anti-soviéticos”, condenados, respetivamente,
à 2 e 3 anos de prisão em campos de concentração em regime severo, pena que
cumpriram na totalidade.
As
penas, relativamente “liberais”, foram lhes aplicados, em parte pelo facto de
que, a liderança da Ucrânia soviética não quis chamar a atenção pública ao
sucedido, e em parte pelo facto do que os dois não pertenciam à elite intelectual,
mas eram representantes de puro proletariado, ambos operários na cidade de Kyiv.
Georgiy Moskalenko atualmente |
Em
20 de maio de 1994 o Plenário do Supremo Tribunal da Ucrânia anulou, por falta
de provas, as penas do Moskalenko e Kuksa na parte da acusação do artigo “antissoviético”
e as manteve na parte de acusação da “porte e uso de armas de fogo e armas
brancas”. Foram precisos mais alguns anos de luta até que em 26 de janeiro de
2007, o Supremo Tribunal da Ucrânia removeu e anulou todas as acusações contra
os dois dissidentes ucranianos.
No
dia 16 de novembro de 2006, no edifício da universidade sobre o qual a bandeira
ucraniana apareceu em 1966, foi inaugurada a placa em memória do acto heroico
do Victor Kuksa e Georgiy Moskalenko. São estes pequenos actos,
em tempos difíceis, que recordavam à todos: Ucrânia sempre será ucraniana! (fonte1;
fonte2).
2 comentários:
eu me pergunto se o infame símbolo comunista já teria sido retirado do prédio.
Polonia anunciou a remocao de mais de 500 monumentos soviéticos. Espero que tal medida tb ocorra na ucrania. A polonia criminaliza tb a negação ou justificação dos crimes do comunismo. A Ucrania já deveria ter feito o mesmo em relação ao holodomor.
Vc pdoeria nos informações sobre o caso envolvendo o atual prefeito pro-russo de odessa acusado no caso do panamá papers de ter declarado cidadania russa em documentos de um offshore.
Eles merecem uma praça com seus nomes na Ucrânia.
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