sábado, maio 28, 2016

A batalha pelo Aeroporto de Donetsk aniquilação do bando “Iskra”

No dia 26 de maio de 2014 as forças ucranianas aniquilaram o bando terrorista “Iskra” (composto, na sua maioria, pelos cidadãos russos) que tentou ocupar o aeroporto de Donetsk (DAP). A batalha foi ganha pelas forças ucranianas (até 100 terroristas liquidados e apenas um militar ucraniano ferido), agora podemos contar mais pormenores daquilo que sucedeu naquele dia em Donetsk. 

Naquele momento ninguém pensaria que as forças ucranianas conseguirão defender o aeroporto por 242 dias. Ninguém pensou que a própria guerra iria durar anos. Mas o combate do dia 26 de maio foi o ponto da viragem, um dos primeiros combates em que as forças ucranianas responderam aos terroristas e conseguiram liquida-los mostrando ao mundo as perdas deles e a sua proveniência russa.
Os terroristas do bando ilegal armado "Iskra" à caminho do DAP, 25 de maio de 2014
O plano dos terroristas:
1. Ocupação, com as forças superiores do novo terminal do aeroporto de Donetsk numa demonstração de força.
2. Cerco das unidades ucranianas que estavam no antigo terminal do DAP.
3. Bloqueio do aeroporto, impedimento do desembarque dos aviões e helicópteros das Forças Armadas da Ucrânia.
4. Captura ou empurro e desarmamento dos militares ucranianos.
Os terroristas do bando "Vostok" no centro de Donetsk, 25 de maio de 2014
As forças terroristas:
1. Unidade especial «Iskra» (Centelha), formada pelos serviços secretos russos. Comandante – oficial russo A. Gorshkov. Número: 45 pessoas, três grupos móveis. Pessoal: na sua maioria cidadãos da federação russa, cerca de cinco cidadãos ucranianos. Todos os russos com experiência real de combates. A maioria, nas unidades de spetsnaz, incluindo no centro especial do FSB, no 45º Regimento do spetsnaz do exército aerotransportado da federação russa (ver mais na página dedicada à aniquilação da unidade Iskra).
2. Spetsnaz do Kadyrov – mercenários caucasianos reunidos entre as forças leais ao Ramzan Kadyrov na Chechénia. Número: 26 pessoas, com experiência de combates no Cáucaso.
3. Bando terrorista «Vostok» comandado pelo Aleksandr Khodakovski, ex-comandante da unidade “Alfa” do SBU de Donetsk que traiu o seu juramento à Ucrânia. Número: até 120 pessoas.
4. Bando terrorista «Oplot», até 30 pessoas.
Os terroristas da unidade "Iskra" à caminho do DAP, 25/05/2014
As forças ucranianas no DAP em 26 de maio de 2014:
1. Unidade do 3º regimento do spetsnaz de Kirovohrad, 64 pessoas.
2. Unidade de fogo de artilharia antiaérea da 25ª Brigada aerotransportada, 15 pessoas.

Nenhum militar ucraniano teve experiência de combates reais, era o seu primeiro combate fora dos treinos. Oficial “Turista” passou pelo contingente ucraniano da missão da ONU em África, sem participar em quaisquer combates semelhantes à operação do DAP.
O morteiro AGS-17 dos terroristas no telhado do DAP, 26/05/2014
A posição das forças ucranianas:
1. As forças ucranianas tomaram as posições no terminal antigo do DAP, o seu número não permitia controlar outras posições.
2. Os ucranianos não possuíam nenhum blindado, apenas duas peças antiaéreas ligeiras ZU-23-2. Não tinham morteiros, RPG ou metralhadoras pesadas.
3. O aeroporto de Donetsk estava em funcionamento, as forças ucranianas estavam no terminal antigo, o terminal novo, a posição mais alta, muito próxima ao antigo e tacticamente melhor, não estava guarnecida. Assim, como um sem número de edifícios técnicos que permitiam a concentração oculta das forças terroristas para um ataque surpresa.
4. Os agentes dos terroristas recebiam a informação completa sobre as forças ucranianas, devido ao funcionamento da infra-estrutura. Diversos polícias e agentes do SBU da cidade de Donetsk traíram o seu juramento, passando para o lado inimigo.

Como tudo começou:
Na noite de 25 de maio, o traidor, oficial do SBU, Oleksandr Holovura permitiu a entrada no novo aeroporto de diversos terroristas (cerca de 70 pessoas): unidade “Iskra”, os mercenários do Kadyrov, bando “Vostok”. As forças de apoio dos terroristas (cerca de 50 pessoas), estavam aguardar na zona verde, perto do hotel do aeroporto (ver vídeo).
Os terroristas do bando ilegal armado "Iskra" na morgue de Donetsk, 26 de maio de 2014
Conta o oficial “Turista” do 3º Regimento do spetsnaz ucraniano de Kirovohrad, dele partiu a 1ª ordem de combate na manha seguinte (versão curta):

Às 3 de manha eu, os quatro franco-atiradores meus e mais quatro militares de uma outra unidade tomamos as posições de observação no telhado do terminal antigo do aeroporto. Vimos os camiões com os terroristas, mas não recebemos a ordem de disparar, continuamos à observar. Descobrimos que os terroristas descarregaram os lança-chamas RPO-A Shmel, morteiros, o sistema antiaéreo portátil. As chefias ucranianas não queriam arriscar as vidas das pessoas (o último avião deixou Donetsk às 7h10 na manha do dia 26 de maio), a ordem de combate não vinha.

Na manha, um grupo de 25 terroristas ocupou o telhado do novo terminal do DAP. Eles trouxeram o morteiro automático AGS, tinham metralhadoras, levavam os franco-atiradores. A distância entre os dois telhados era pequena, cerca de 100 metros, viam-se as caras, ouviam-se os comandos. Eles eram em número maior, iriam disparar de cima para baixo, tinham mais pontos de fogo. Por isso recuamos e ocupamos uma posição mais favorável, à uma distância de 213 metros.
Os franco-atiradores dos terroristas observam as forças ucranianas, 26/05/2014
Um grupo de franco-atiradores nossos controlava o telhado do novo terminal, outro seguia as movimentações dos reforços terroristas junto ao hotel, pedimos e recebemos uma metralhadora. Fomos informados que os pára-quedistas vêm ao nosso reforço.

Cerca de meio-dia (26/05/2014) vieram os helicópteros de combate Mi-24 e depois alguns Mi-8. A última ordem que recebi: “Assegurar o desembarque dos pára-quedistas”.

Queríamos aniquilar aqueles animais. Nós vimos como eles matavam a nossa gente, como abatiam os helicópteros. Nós presenciamos como se entregaram os pára-quedistas nos blindados BMD [bloqueados pela turba de populaça local, eles não quiseram disparar contra os separatistas desarmados]. Isso era o mais repulsivo, não podíamos permitir isso.

Os «hélis» ucranianos contornavam o aeroporto quando o nosso franco-atirador Volodymyr K., gritou “Vejo PZRK!”. Eu respondi: “Estas ver? Fogo!Volodymyr fez o primeiro disparo no combate pelo aeroporto.
O franco-atirador Volodymyr K., que efetuou o primeiro disparo 
Depois começaram disparar todos, fomos apoiados pelas outras unidades, atirávamos com munição perfuradora e incendiária que fazia faíscas, atingindo as placas dos coletes prova-de-bala deles. Eles reponderam de todas as suas armas, os seus reforços junto ao hotel disparavam contra nós com lança-granadas incorporados nos AK. Tivemos problemas com a munição, o que recebemos era produzida em 1947 (!), por isso usávamos RPG. O nosso franco-atirador K., efetuou 13 disparos. Fomos atingidos pela granada VOG, um dos nossos foi ferido no braço e na face, era único ferido ucraniano durante o combate. Outro franco-atirador nosso liquidou lá alguns terroristas, um dos corpos foi deixado na zona verde do hotel.

Os helicópteros ucranianos conseguiram desembarcar o pessoal. Era o grupo de reserva (praticamente todas as forças que Ucrânia dispunha naquela região): pessoal do 140º Centro das operações especiais, pessoal da 10ª Unidade do GUR do Ministério da Defesa, os pára-quedistas da 95ª Brigada aerotransportada e unidade das operações especiais do regimento da Guarda Nacional da Ucrânia “Jaguar”.
O terrorista checheno "Timur" ("Almaz"),
em combate do dia 26 de maio perdeu um olho
Os helicópteros e os aviões ucranianos dispararam contra o novo terminal do DAP. Diversos pontos de fogo dos terroristas foram suprimidos, eles deixaram o telhado. Mas ocuparam as posições dentro do terminal e continuaram o combate. Os terroristas mandaram um “parlamentário” alegadamente da Cruz Vermelha: “Pedimos retirar os feridos do novo terminal”. Veio uma ambulância com alguns matulões fardados que trouxe caixas de munição! O operador de metralhadora da 95ª brigada tratou lhes da saúde. 

Houve um duelo entre os franco-atiradores. Do nosso lado participaram o franco-atirador do 3º Regimento do spetsnaz Oleksandr P., com a SVD e um franco-atirador do 140º Centro, com a Brügger Thomet APR. Em resultado, I. Zaripov “Iacuta”, cidadão da federação russa foi levado à morgue de Donetsk com a bala na cabeça. O combate pelo novo terminal continuou no fim do dia de 27 de maio. Usando os RPG foram abertas os portões do novo terminal, aniquilados os últimos pontos de fogo dos terroristas e os grupos de assalto entraram no novo terminal.

O pessoal do 140º Centro fez a recolha das armas. Foi capturado o míssil PZRK, morteiro automático, morteiros, muitos RPG e metralhadoras, outras armas. Havia muito sangue e ligaduras, mas os mortos e feridos foram levados pelos terroristas.

No dia seguinte recebemos a ordem de limpeza do território e recolha de dados que permitiriam à provar o envolvimento russo no ataque contra o aeroporto. Recolhemos alguns mortos na estrada, mas já sem armas e três mortos na zona verde do hotel do aeroporto. As suas pistolas automáticas pertenciam ao batalhão dos fuzileiros navais ucranianos da Teodósia [Crimeia já ocupada], mas os equipamentos, coletes prova-de-bala eram russos, produzidos em março-abril de 2014. Maior parte de outro armamento também era russo e recente.
  
Pedimos ao comando a permissão de perseguir os terroristas na cidade de Donetsk, começar o combate pela cidade, infelizmente isso nos foi proibido.

No decorrer do combate a unidade “Iskra” e os mercenários do Kadyrov foram aniquilados, durante a sua fuga dos camiões “Kamaz” foram alvejados pelas unidades do bando “Vostok”. Nestas viaturas morreram diversos terroristas feridos no aeroporto. As razões dessa situação favorável não podem ser reveladas por enquanto. Além disso, no pânico gerado, os terroristas alvejaram algumas viaturas civis. Na noite de 26 à 27 de maio, a cidade de Donetsk vivia diversos tiroteios, os diversos bandos disparavam uns contra outros.
Os terroristas russos na morgue de Donetsk
Pouco tempo depois, o traidor, o capitão do SBU Holovura foi detido em Donetsk e levado pela contra-inteligência do SBU para Kyiv. Mais tarde ele foi trocado pelos militares ucranianos presos pelos terroristas.

Baixas das partes:
No total, durante os combates de 26-27 de maio no aeroporto de Donetsk foram abatidos entre 40 à 100 terroristas. Os terroristas confirmam as perdas dos 35 cidadãos russos. O número dos separatistas mortos é desconhecido. Sabe-se que foram liquidados pelo menos dois moradores da Crimeia, um de Dnipro e um número indeterminado dos moradores de Donbas.
A placa com 39 nomes dos terroristas abatidos em 26/05/2014 no DAP.
Localização da placa: Moscovo, Mosteiro de São Trindade da Igreja Ortodoxa Russa (!)
Um militar ucraniano recebeu o ferimento ligeiro, no primeiro combate pelo aeroporto de Donetsk, cuja defesa continuou por 242 dias (por: Yuriy Butusov). 

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