Como qualquer
organização terrorista, a novoróssia bicéfala, que por vezes se divide em bandos
“lnr” e “dnr”, precisa dos seus próprios mitos e dos seus heróis. Quando mais
heróicos são estes heróis é melhor, o ideal é o uso e abuso das crianças.
Bohdana, a aluna normal de uma escola ucraniana |
Em 2014-2015, o bando
terrorista “Prizrak”, sediado na província de Luhansk e comandada pelo Aleksey Mozgovoy (com
passado de cantor amador e cozinheiro), decidiu usar para a propaganda do grupo
a menina Bohdana
Nesheret, atualmente com 10 anos (!) de idade, natural da cidade de
Alchevsk. O seu pai, Roman Nesheret,
ex-polícia ucraniano e ex-guarda que traiu o juramento, se juntando ao mesmo
grupo terrorista.
Os pais da Bohdana |
Um belo dia, Bohdana,
alegadamente, escreveu a carte ao Mozgovoy (o terrorista costumava usar a fraseologia
soviética, tornando-se pólo de atração aos esquerdistas estrangeiros que viajavam
à Ucrânia para lutar contra “imperialismo americano”): Quero parabenizá-lo pelo Ano Novo próximo! Eu lhe ofereço o [...] mascote [...] eu o levei para a escola e trouxe as
notas de cinco
[igual
às 17-20]. Eu te amo e estamos
dizendo
com as meninas “o tio Aleksey Mozgovoy é o mais poderoso e legal!”
Depois foram os desenhos
infantis, recepção das prendas dos terroristas, as fotos conjuntos com eles e
com próprio Mozgovoy, a imagem da Bohdana foi usada para as cartazes e diversa
outra propaganda terrorista em geral e do bando “Prizrak” em particular.
No dia 23 de maio de
2015 Mozgovoy foi liquidado pelos desconhecidos, os terroristas, como de
costume, acusaram o “grupo de sabotagem ucraniano”, embora diversas fontes,
incluindo dos separatistas apontavam a empresa
militar privada russa “Vagner” de ser responsável direto pela execução do comandante
separatista.
O assassinato elevou a
histeria à volta da Bohdana à um novo nível, foram produzidos diversos cartazes
onde a menina “lembrava-amava-lamantava”; no verão de 2015, aos 9 anos de
idade, ela foi aceite, com a pompa e circunstância, no bando “Prizrak”,
recebendo alcunha “Docha” (filha, em linguagem marginal russa) e um crachá sob o número
1793:
Na cerimónia de enterro
do Mozgovoy, Bohdana “sentiu” o seu novo talento de escrever a poesia (o que nunca
acontecia antes). Nos textos amadores ela exortava “mundo russo”, “grande
vitória” e “morte em combate”; pedia aos cidadãos “russos e moscovitas” os “artigos
de papelaria e biscoitos; livros e álbuns de exercícios, tintas, canetas e
lápis; mais doces” e claro, maldizia a “junta”, os “valores da Europa” e pois
claro, o “nazismo da Ucrânia”.
As televisões russas
usaram, ou talvez pura e simplesmente ajudaram à criar o caso, proclamando
Bohdana de “jovem poetisa – o novo símbolo de Luhansk”. A menina até escreveu apelo às “mães ucranianas”, que não vão
ter “de quem parir”. Embora olhando para o texto, teve várias dificuldades de
lê-lo e ainda maiores para explicar o seu significado.
Depois veio à fama e
Bohdana participava em quase todas as ações políticas dos grupos terroristas “lnr”
e “dnr”, se fotografava com os terroristas, com os propagandistas
pró-terroristas, incluindo britânico Graham Phillips, fazia as poses na linha
da frente, no hospital, na campa do Mozgovoy.
Bohdana (no meio) e o propagandista britânico Graham Phillips |
Foi criada a página da
Bohdana na rede social VK, onde eram postadas as suas fotos patéticas e onde a
menina contava a sua difícil vida da “militante”:
Eu tenho aqui os meus
deveres: eu estou ajudando aos nossos combatentes com aquilo que posso e com
isso apoio o espírito combativo da brigada. Além disso, eu ajudo às mulheres na
cozinha, ocasionalmente, descascar a batata, cozinhar, lavar os pratos. A única
coisa que eu não gosto é lavar o chão e as corrimãos na sede.
Os terroristas lançaram
o novo mito, alegadamente SBU tentou rapta-la; os veteranos russos da guerra de
Afeganistão condecoraram a menina com a medalha “Para coragem e bravura”, o
clube dos veteranos do FSB lhe concedeu a medalha “Pela cidadania activa e
patriotismo”.
Único senão em toda essa
história era a presença exagerada do Mozgovoy na obra da Bohdana, pois, embora oficialmente
“lnr” dedica lhe “honras e lembranças”, o seu conflito aberto e muito agudo com
fuhrer Plotnitski era de conhecimento geral de todos em Luhansk.
Os voluntários russos
foram os primeiros que investigaram a personagem de Bohdana à fundo, chegando à
conclusão que a menina é uma falsidade em toda a linha.
Após
a visita dos psicólogos (da “lnr” e em Luhansk), descobriu-se que a menina não escrevia
a “sua” poesia. Os
testes psicológicos realizados constataram
o subdesenvolvimento da criança. Bogdana não sabe declinar as frases, não conhece as regras de pontuação, não consegue recontar o texto, e assim por diante.
Como contou em vídeo a colaborante dos terroristas,
a cidadã russa Olga
Zakhran, Bogdana foi incapaz de explicar o significado do quadro “Gralhas vieram”, a única coisa que conseguia dizer neste caso era: “isso é...”, “isso é....”,
“isso é...”. A mesma Olga conta que agora os psicólogos terão que trabalhar com
Bohdana durante anos (!) para que a menina pudesse voltar à normalidade. Para
já, o seu pai Roman e avó Larissa (presumível autora da “poesia de combate”
atribuída à Bohdana), foram proibidos pelas terroristas de dar quaisquer entrevistas
ou aparecerem com a menina em público. A “lnr” fez saber à família que a violação
dessa ordem não será tolerada e a família será vigiada de perto pelos órgãos da
tutela dos menores da dita “lnr”.
O quadro "Gralhas vieram" do russo Alexei Savrasov |
Além disso, soube-se
que Bohdana tinha abandonado a sua escola, onde recebia notas baixas e que toda
a família Nesheret (pai e avó separatistas) não trabalhava, usando a criança de
9 anos para angariar as doações russas em forma de dinheiro e de géneros (!).
Ao pedido do membro do Conselho Coordenador do FSB, o Major-general Velichko V. N., a atribuição da sua medalha foi oficialmente cancelada, na versão dos veteranos do FSB está foi feita, supostamente, por engano:
A história da menina heróica da novaróssia terminou oficialmente e sem nenhuma glória. A comunidade voluntária internacional InformNapalm, deseja à Bohdana apenas que cresça como uma pessoa normal, porque os adultos que a cercaram na dita “lnr” não conseguiram o mesmo.
Ao pedido do membro do Conselho Coordenador do FSB, o Major-general Velichko V. N., a atribuição da sua medalha foi oficialmente cancelada, na versão dos veteranos do FSB está foi feita, supostamente, por engano:
A história da menina heróica da novaróssia terminou oficialmente e sem nenhuma glória. A comunidade voluntária internacional InformNapalm, deseja à Bohdana apenas que cresça como uma pessoa normal, porque os adultos que a cercaram na dita “lnr” não conseguiram o mesmo.
Blogueiro: além de um claro
conflito entre fuhrer Plotnitski e os apoiantes do Mozgovoy, que transformou
Bohdana em um “ativo descartável”, aqui existe o conflito não menos dramático em
torno da “ajuda humanitária” russa. A família da menina e em um grau muito
maior, aqueles que usavam a sua imagem na Rússia, recebiam a ajuda para
distribuir entre os seus. Algo que Plotnitski não poderia permitir. Pois, numa
região absolutamente dependente dos
subsídios
estatais ainda antes do início da guerra russo-ucraniana, quem controla ajuda
humanitária é o rei e senhor do seu bairro. Como tal, ajuda humanitária é a
razão e o motivo quer dos assassinatos, quer de eliminação dos concorrentes e
dos seus ativos. Mesmo se estes ativos sejam as meninas de 9 ou 10 anos de
idade...
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