sexta-feira, março 14, 2025

Ucraniano que atentou contra o imperador russo

Em 13 de março de 1881, em São Petersburgo, membros da organização «Narodnaya Volya» (Vontade/Poder Popular) realizaram a tentativa bem-sucedida de assassinato do imperador russo Alexandre II. O czar foi mortalmente ferido na explosão.

Um dos organizadores da tentativa de assassinato foi ucraniano Mykola Kybalchych, natural da região de Chernihiv, revolucionário e inventor. Foi ele quem desenvolveu dispositivos explosivos para a unidade bombista da «Narodnaya Volya» e fabricou as bombas usadas no atentado. A bomba que ele projetou na verdade se tornou o protótipo da granada moderna.

Após sua prisão, Kybalchych foi condenado à morte, mas mesmo no corredor da morte ele continuou seu trabalho científico. Em suas anotações, ele propôs um conceito de motor à jato que estava várias décadas à frente de seu tempo. Suas ideias se tornaram a base para desenvolvimentos futuros no campo da astronáutica. Em 3 de abril de 1881, Kybalchych foi executado (tinha 27 anos), e seu manuscrito foi apreendido pelos serviços secretos czaristas. Foi somente no século XX que o trabalho deste cientista se tornou conhecido.

Curioso, mas Mykola Kibalchych foi o tio do Victor Serge (nome real Victor Kibalchich) um escritor, revolucionário, jornalista, poeta, ativista de esquerda no império russo, na União Soviética e na emigração, membro do partido trotsquista POUM. 

Victor Serge

Após a sua prisão e exílio em 1933, ele deixou a URSS em 1936 e, no exterior, escreveu obras de ficção e memórias sobre temas relacionados à revolução, estalinismo e totalitarismo. É considerado o primeiro a descrever o governo soviético posterior ao Lenine como totalitárioNo Ocidente, onde suas obras ainda são reimpressas e recebem atenção, ele é conhecido como um artista notável; na URSS, traduções de suas obras foram publicadas somente no período da chamada Perestroika. 

Faça click para ler mais

O pai do Victor Serge (e tio do Mykola Kibalchych) — Leonid Kibalchych, nasceu na Ucrânia, estudou no Seminário Teológico de Chernihiv e depois foi cadete na 2ª Escola Militar Konstantinovsky. Em 1882, por distribuir publicações anti-czaristas entre seus companheiros, foi expulso da escola e rebaixado ao soldado raso. Desertou e fugiu ao exterior, onde viveu sob o nome de Léon Kibaltchiche. Estudou na Faculdade de Medicina da Universidade de Genebra, trabalhou como preparador no Instituto de Anatomia de Bruxelas, viveu na Inglaterra e na França. Acabou se estabelecendo no Brasil, onde trabalhou como médico, morreu, após 1925 no Porto Alegre.

Sem comentários: