Em 20 de agosto de 1968, a União Soviética, secundada pela Polónia, Hungria e Bulgária ocupou
a Checoslováquia. Assim terminou a “Primavera de Praga”, uma série de reformas democráticas, aplicadas
por um governo soberano, a derradeira
tentativa utópica de construir o “socialismo com a cara humana”.
Na
noite de 21 de
agosto o avião soviético An-24
pediu
a permissão de efetuar a aterragem de emergência no aeroporto de Praga.
Recebendo a permissão, em violação de normas internacionais, do aparelho saíram
os pára-quedistas da 7ª
Divisão soviética da guarda. Sem uso efetivo de armas, eles ocuparam o aeroporto e organizaram a recepção dos aviões soviéticos
de transporte An-12, com os pára-quedistas e equipamentos
militares. Era o fim trágico da “Primavera de Praga”.
A URSS usou na invasão da Checoslováquia as suas 18 divisões: motorizadas, de blindados, de pára-quedistas, cerca de 200-250 mil militares (no total na ocupação do país participaram cerca de 500.000 militares e até 5.000 blindados). A propaganda comunista e soviética apresentava a invasão militar como “ajuda
ao povo irmão checoslovaco na luta contra a contra-revolução”. Na realidade, não havia nenhuma contra-revolução no país — que detinha a maior taxa dos membros do PC no mundo (em percentagem, comparando com a população geral), os comunistas locais apenas aboliram a
censura, introduziram a liberdade de movimentos e de manifestações, baixaram o
nível de interferências do Estado na economia, acabaram com o regime do partido
único. A URSS teve
medo de que, em um sistema
aberto e transparente, o PC da Checoslováquia não sobreviveria (dado
que a retórica demagógica dos
comunistas é insustentável em um campo aberto e transparente) e decidiu invadir
o país.
As autoridades da
Checoslováquia decidiram não resistir às tropas soviéticas, deixando o
seu exército aquartelado.
Ao mesmo tempo, as tropas da URSS encontraram uma forte
resistência da sociedade civil,
especialmente em Praga. Nas ruas da Praga cresceram as barricadas, os tanques soviéticos
avançaram na rua Vinohradská e
os
militares soviéticos assassinaram 17
pessoas. Em Praga, foi introduzido o recolher obrigatório, os soldados soviéticos receberam a
ordem de abrir fogo contra
qualquer objeto em movimento.
02. Os
militares soviéticos num camião aberto nas ruas de Praga. No seu livro de memórias, “O caminho longo para casa”, o escritor belaruso Vasil
Bykaú conta, de forma bastante pitoresca, como as colunas das
tropas soviéticas avançavam para a Checoslováquia, sempre no período noturno,
através da cidade belarusa de Hrodno, onde então morava Bykaú.
03. Os
blindados nas ruas de Praga. No
dia 22 de agosto eles atacaram as barricadas na rua Vinohradská, onde no prédio № 12 se situava Rádio Praha.
04. Nestes
dias nos murros e paredes dos prédios os moradores de Praga deixavam diversos
grafiteis, em russo e checo. O seu teor principal era simples: “não temos
nenhuma contra-revolução, russos, não sejam ocupantes, voltem para casa”.
05. Os estudantes checos divulgam a literatura clandestina na praça Wenceslas (Václavské náměstí) em
Praga, em
protesto contra a ocupação soviética.
06. Marcas
de combates urbanos nas barricadas no centro de Praga — as janelas partidas, árvores e equipamentos militares
soviéticos queimados.
07. À
direita — os
restos do blindado soviético queimado.
08. Blindado
soviético no centro de Praga. À
direita, os restos de um meio de transporte, provavelmente autocarro/ônibus.
09. Rádio
Praha que até o fim resistiu aos invasores comunistas. A estação foi atacada pelos ocupantes e
defendida pelos moradores de Praga.
10. Os estudantes e jovens usando uma forma de protesto pacífico — com bandeiras do seu país eles circulavam pelas ruas de Praga com os slogans contra a invasão
comunista.
11. O militar checoslovaco com a rádio nas mãos é cercado pelos populares que querem saber as últimas notícias.
12. Na
entrada do hotel “Jalta”
é afixado um cartaz em memória do estudante Jindřich Krahulec, assassinado pelos
invasores soviéticos.
13. Os
estudantes estavam se dedicando à criação dos cartazes. Num dos prédios vazios
de Praga eles montaram o seu estúdio improvisado.
15. O
cartoon desenhado pelo maratonista checo Emil Zátopek — o militar soviético é retratado por cima
dos dois blindados, como se fossem os patins (na sequência da invasão, ainda em 1968 eles foi expulso do partido comunista por participar na Primavera de Praga, morreu em 22
de novembro de 2000).
16. O blindado ligeiro soviético com soldados, é cercado por uma multidão em Praga. Os soldados soviéticos
eram
na sua maioria perdidos, de acordo com os
testemunhos de habitantes locais – ficou claro que eles
não entendiam o que estava acontecendo. Os comandantes disseram-lhes que era
necessário salvar o “povo irmão da
Checoslováquia”
da contra-revolução, mas aqui este mesmo povo cuspe e grita para com as tropas soviéticas.
17. Os
estudantes queimam os jornais soviéticos.
18. Tanque
T-55 e
blindado BRDM-1 nas
ruas de Praga.
19. A
juventude checoslovaca em cima do blindado.
20. A
ponte que não aguentou o peso do blindado (cerca
de 36 toneladas), a informação alternativa afirma que a
ponte foi dinamitada.
21. A
coluna dos manifestantes com o slogan — “URSS nunca mais”.
22. Blindado
ligeiro soviético cercado pela multidão.
23. Tanque
cercado.
24. Camiões
militares em chamas.
25. Automóveis
com os cidadãos em protesto.
26. Os
moradores de Praga olham ao blindado soviético.
27. O
blindado soviético ficou preso na barricada improvisada.
28. Os
cidadãos que tombaram na defesa da Rádio Praha...
29. No
total, em resultado da invasão comunista morreram 108 e foram feridos mais de 500 cidadãos de Checoslováquia. Cerca de 300.000 cidadãos deixaram o país rumo ao Ocidente na sequência da invasão. As reformas, iniciadas pela “Primavera de Praga”, foram adiadas pelos blindados soviéticos por mais de 20 anos e foram
concluídos apenas após 1989.
Fotos @GettyImages |
Texto @Maxim Mirovich
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