No
meio de tantas festas que cada país tem, a maior, sem dúvida, é a nacional –
Dia da Independência. Assim como cada um de nós anseia pela liberdade de
escolha, da mesma forma cada Estado tem de ter a possibilidade de tomar
decisões independentes que obedeçam às suas vontades e interesses, sem precisar
de imposições e ordens externas.
por:
Anatolii Koval, Cônsul, Chefe da Missão em Portugal (Jornal
de Notícias)
Em
24 de agosto de 1991, o Supremo Conselho da República Socialista Soviética da
Ucrânia adotou a Declaração de Independência da Ucrânia, que, na verdade, foi a
restauração da independência da Ucrânia proclamada em 22 de janeiro de 1918.
A
Ucrânia moderna herdou as suas características fundamentais de diferentes
períodos da sua riqueza histórica: da Rus de Kyiv recebeu a escolha de
civilização determinada pela adoção do cristianismo em 988, Kyiv – a sua
capital e centro político e cultural das terras ucranianas durante mais de mil
anos, a hryvnia – o nome da moeda, e até o próprio nome Ucrânia, que foi
mencionado pela primeira vez nas Crónicas de Ipatiiv datadas de 1187; do Estado
de Galychyna e Volyn vieram cores azul e amarela da bandeira nacional e o rumo
europeu de desenvolvimento; do Grão-Ducado da Lituânia chegou a tradição
europeia de governar as cidades, Lei de Magdeburgo; da era dos cossacos – as
tradições democráticas da república e uma das primeiras constituições europeias
composta por Pylyp Orlyk em 1710.
Durante
a Revolução Ucraniana de 1917-1921, pela primeira vez os ucranianos criaram um
Estado nacional independente. Do Estado ucraniano daquele período chegaram os
fundamentos democráticos da construção do Estado, o primeiro Parlamento,
estabelecido em março de 1917; primeiro Governo, símbolos de Estado: brasão de
armas, hino “Ucrânia ainda não morreu”, bandeira, a união das terras ucranianas
num único Estado independente e a Academia de Ciências da Ucrânia, fundada em
novembro de 1918.
A
Ucrânia foi aceite como Estado independente na arena internacional no início do
século passado, começando a funcionar o primeiro departamento de política
externa, tendo o Governo estabelecido ligações com os países da Tríplice
Entente, aceitando representantes da França e da Grã-Bretanha. Em dezembro de
1917, a delegação ucraniana participou em negociações de paz em Brest, onde em
27 de janeiro de 1918 foi assinado o primeiro tratado de paz na guerra mundial.
O
Estado ucraniano iniciou o trabalho das suas missões diplomáticas na Roménia,
Finlândia, Suíça, Suécia, Estónia, Letónia, Checoslováquia, Hungria, Polónia,
Vaticano e recebeu mais de 20 representantes de países estrangeiros. A
delegação da República Popular da Ucrânia participou na Conferência de Paz de
Paris de 1918, enquanto atuava como representante diplomático interino da
Ucrânia em França.
Embora
a perda de independência como resultado da ocupação bolchevique após a
Revolução Ucraniana de 1917-1921 tenha trazido os regimes totalitários
criminosos - comunistas e nazi – que levaram milhões de vidas de cidadãos
ucranianos como resultado do Holodomor, do Holocausto, do terror do Estado, das
deportações e das guerras, o espírito dos ucranianos permaneceu indestrutível.
Em 1945, a Ucrânia tornou-se um dos fundadores das Nações Unidas.
No
final dos anos 1980, o movimento nacional-patriótico retomou a sua
atividade em grande escala, sendo naquela altura que a questão da independência
surgiu. A proclamação da independência da Ucrânia em 1991 desempenhou um papel
decisivo no colapso da URSS e na destruição final do império totalitário comunista.
Hoje,
a independência da Ucrânia, que se tornou um Estado soberano e mostrou-se capaz
de estabelecer valores democráticos e defender a liberdade, é um grande
obstáculo para o imperialismo russo e uma garantia do livre desenvolvimento dos
estados europeus.
A
vida tem apenas o valor que lhe damos. Para a Ucrânia, é inalterável – a liberdade,
a independência, a paz, o direito de viver, amar e desenvolver-se de forma
independente na sua terra natal.
Ao
contrário do que pensa o nosso vizinho do norte, que anexou a península da
Crimeia da Ucrânia e continua a cometer crimes de guerra no leste da Ucrânia,
desconsiderando descaradamente as normas do Direito internacional, a Ucrânia
não é um elemento de decoração para ninguém. Somos uma nação formada com o código
genético da liberdade, endurecida em luta, que não perdoa desprezo, porque o
caminho para a independência era um caminho muito espinhoso.
Um dos últimos comícios pró-Ucrânia na cidade de Donetsk, primavera de 2014 |
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