O
filme de ação ucraniano “Taras Triasylo” de 1926, ambientado no universo dos
cossacos ucranianos na sua luta contra Polónia teve um sucesso estrondoso no Ocidente,
sendo proibido na URSS sob acusação de “naturalismo, teatralidade, etnografismo
ilustrativo, formalismo e nacionalismo”.
O
filme mudo e à preto-e-branco «Taras Triasylo» foi produzido em 1926 no Estúdio
cinematográfico de Odessa, baseado no poema homónimo do poeta lírico ucraniano Volodymyr Sosiura (ele
próprio participou na luta de libertação nacional da Ucrânia em 1917-1919, aderiu
ao partido bolchevique após a derrota da 1ª república ucraniana, não escapou ao
programa de “reeducação” em 1930-31).
O
filme segue o género da tragédia popular épica e tem como o pano de fundo a
luta dos cossacos ucranianos, chefiados pelo Hetman Taras Triasylo (Taras Fedorovych) contra os tártaros e a nobreza polaca no século XVII.
No
papel da Marina, a irmã do Taras Triasylo está a atriz popular Natalia Uzhviy, foi o
seu primeiro papel principal no cinema. As filmagens no terreno decorreram em Kyiv,
Zhytomyr, Dnipro e Uman (no parque Sofiivka). Em Odessa foi construída uma inteira
cidade cinematográfica – cabanas, casas, igrejas. Os responsáveis pelo design consultavam o
historiador ucraniano Dmytro
Yavornytsky, por isso o filme realmente foi bastante naturalista e
historicamente fiel à sua época.
A
estreia do filme decorreu em 15 de março de 1927 em Kyiv e em 25 de outubro de 1927
em Moscovo. No entanto, muito rapidamente o realizador russo Pyotr Chardynin foi
acusado de “naturalismo, teatralidade, etnografismo ilustrativo, formalismo e nacionalismo”.
Em 1937 o filme foi alvo de uma nova montagem, dublado e mostrado nos cinemas
sob o nome de «História de um coração quente».
O cartaz original do filme |
Por
sua vez a Europa e Ocidente adoraram o filme, nomeadamente a película teve bastante
aceitação na Alemanha (Berlim), Checoslováquia (Praga), França (Paris), Roménia e os EUA. Principalmente pela sua força visual, como
a participação dos até 15.000 (!) figurinos no papel dos cossacos à cavalgar numa
batalha épica.
Durante
muito tempo o filme era considerado perdido, até que em 1998 o crítico de
cinema, franco-ucraniano Lyubomyr Hoseyko achou a cópia do “Taras Triasylo” em película
de 16 mm no arquivo da Cinemateca Francesa, onde a obra estava guardada sob o
título «Tártaros». Em 2015 o filme de 72 minutos foi comprado pela Ucrânia e renovado,
quadro por quadro, manualmente e durante um ano (!) no Centro nacional de
Cinema “Oleksandr Dovzhenko”.
Sem comentários:
Enviar um comentário