O
nosso blogue já contou a história do Stanislav
“Slava” Kurilov (1936-1998) — oceanógrafo que fugiu da URSS em 1974,
desafiando a proibição de autoridades soviéticas de viajar ao estrangeiro. No
entanto, em 15 de janeiro de 1979 a jovem ucraniana Liliana Gasinskaya (Lillian Hayson) repetiu a sua proeza, saltando da janela do cruzeiro soviético,
ancorado na baia de Sidney.
Lilian
tinha apenas 18 anos, mas entrou às primeiras páginas da imprensa mundial quando
após nadar por cerca de 40 minutos apareceu em Pyrmont, no subúrbio do Sidney. «A
bonitona foge do cruzeiro «vermelho»», – escreveu “Daily Mirror” dois dias após
a sua fuga. «A moça de biquíni vermelho» em breve se tornou a segunda
identidade da Lilian.
O
seu plano era simples – fugir do odioso regime comunista soviético, obtendo a
liberdade num novo país, bem longe das «mentiras e da propaganda»: «eu
tinha 14 anos quando comecei entender o que é o comunismo e qual é o seu
objetivo. [...] Compreendi que estava rodeada pela mentiras e pela propaganda e
comecei odiar o [comunismo] gradualmente».
A
moça que nasceu na cidade ucraniana de Alchevsk em 1961 numa família artística, a mãe era atriz e o pai – músico, planeava
a sua fuga durante alguns anos. Quando praticamente desistiu da ideia, surgiu
uma nova oportunidade: «Quando soube que os cruzeiros anunciaram a admissão do
pessoal, me surgiu uma ideia». Ela foi admitida à empresa que geria os
cruzeiros soviéticos, fez o estágio na Ucrânia e na Grã-Bretanha e foi colocada
ao serviço do navio «Leonid
Sobinov» (ex-Saxonia &; ex-Carmania, 1954-1999).
Os
cruzeiros soviéticos reproduziam em miniatura as regras do país: todos os membros
da tripulação eram permanentemente vigiados. Para evitar as possíveis fugas, o convés
era patrulhado pelos tripulantes “de confiança”, no período noturno todos os
espaços exteriores eram iluminados como os holofotes potentes.
Na
noite de 14 à 15 de janeiro de 1979 a tripulação do cruzeiro estava muito
atarefada para servir os seus passageiros: «vesti
o biquíni vermelho e levei apenas o meu anel. Eu sabia que é inútil levar qualquer coisa
que seja, senão serei apanhada. Subi na cama, passei pela vigia e saltei para água.
[...] Eu sei que meus pais em Voroshilovgrad [cidade de Lunansk desde 1970] estarão terrivelmente
infelizes, mas não posso ajudar nisso», – disse
ela mais tarde.
A
história de sua fuga teve os rasgos de romance policial: os funcionários da
embaixada soviética que foram informados da fuga da Lilian tentaram a sua
captura, mas os jornalistas do “Daily Mirror”, a esconderam em um local secreto
em troca de uma série de entrevistas e fotos exclusivas em já famoso biquíni
vermelho.
O
seu pedido de asilo na Austrália causou sentimentos mistos na sociedade australiana.
Os membros da oposição argumentavam que se Lilian não fosse jovem, bonita e em
um biquíni vermelho, seria simplesmente deportada de volta à União Soviética.
Recebendo a permissão de permanência, Lilian assinou o contrato de 15.000
dólares com a primeira edição de “Penthouse”, onde se tornou a “moça do mês”. O
slogan “Lilian: The Red Bikini Girl – Without The Bikini” e as fotos dele em nu
integral foram recordados nas edições especiais da revista masculina nos seus 34º e 35º
aniversários.
Novamente
Lilian foi a notícia em 1981, quando foi o alvo da debate parlamentar
devido
aos rumores que viajou à URSS e pediu a devolução da cidadania soviética. Lilian
negou as acusações
e a permissão de viver na Austrália foi reconfirmada. Sabe-se que ela estudou
na escola de modelos, mais tarde optou pela carreira de atriz, participando nos
pequenos papéis nas séries australianas “The Young Doctors” e “Arcade”.
Em
1984 ela se casou com o developer e construtor civil Ian Hayson (morreu aos 69
anos em 2014), que foi conhecido pela participação na construção do centro
comercial “Harbourside Shopping Centre” que custou 2 biliões de dólares e foi
inaugurado pela rainha Elizabeth em 1988. O casamento de ambos durou até 1990.
Sabe-se
que após o seu divórcio, então Lilian Hayson (que terá 58 anos em 2019) em 1991 se
mudou para a Grã-Bretanha, desaparecendo do espaço público e nada mais se sabe sobre
a sua vida desde então (fonte1;
fonte2).
Liliana em 2016 @Facebook |
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