O Patriarca Ecuménico Bartolomeu I de Constantinopla |
Nos
dias 19-26 de junho, na ilha grega de Creta, na cidade de Heraclião, decorrerá o Concílio pan-ortodoxo,
sob a liderança do Patriarca Ecuménico Bartolomeu I
de Constantinopla, boicotado pela Igreja Ortodoxa Russa e pelos seus
satélites.
O
atual Concílio da liderança da igreja ortodoxa é histórica – os representantes
das diversas Igrejas Ortodoxas se encontram juntos pela primeira vez desde a
cisão da igreja que ocorreu há mais de 1200 anos atrás (desde 1054). No
entanto, nas vésperas do início do Concílio, os representantes da Igreja Ortodoxa
Russa (IOR), a Igreja Ortodoxa da Geórgia, da Bulgária e Patriarcado de Antioquia, leal
ao presidente sírio, Bashar Al-Assad, se recusaram à tomar parte no encontro. Neste
momento o Concílio conta com a participação dos mais de 170 bispos, informa a
agência KNA.
Foto @GOA/DIMITRIOS PANAGOS |
Apesar
de, previamente concordar em participar no Concílio, no dia 13 de junho Moscovo e os seus satélites decidiram boicotar
a reunião magna das igrejas ortodoxas por causa de “algumas questões” que teme
serem abordados no evento. Em resposta, o Patriarca Ecuménico, Primaz da Igreja
Ortodoxa de Constantinopla, Bartolomeu I disse que o Consílio pan-ortodoxo será
realizado, apesar da recusa de Moscovo à participar nele. Os participantes do
Consílio ortodoxo devem discutir seis temas: a relação da Igreja Ortodoxa com o
resto do mundo cristão, jejum, casamento, a missão da Igreja no mundo moderno,
a tutela dos ortodoxos na Diáspora, os meios da proclamação da autonomia da Igreja
Ortodoxa. A sexta questão é importante para Ucrânia que pede Autocefalia
(independência religiosa), querendo afastar-se da influência de Moscovo,
escreve a página NV.ua
No
dia 16 de junho, o Parlamento da Ucrânia aprovou por uma maioria de 245 votos um
Apelo ao Patriarca Ecuménico Bartolomeu para conceder o poder Autocéfalo à Igreja
Ortodoxa na Ucrânia (retirado no anos 1686 à favor de Moscovo).
“As
circunstâncias especiais que se criaram na vida da Ucrânia instaram nos à se
dirigirem ao chefe da Santa Igreja de Constantinopla, o Patriarca Ecuménico...
Nas circunstâncias atuais, o povo da Ucrânia já não aceita a ideia da unidade
da Igreja com a Sua Beatitude o Patriarca Kirill de Moscovo, que não apenas não
defendeu os cristãos ortodoxos da Ucrânia face à agressão russa, mas também se
tornou um dos principais ideólogos do “mundo russo” e, consequentemente, um dos
arquitetos da guerra híbrida atual contra a Ucrânia”, – diz a declaração.
O documento nota que o estatuto
da Autocefália da Igreja Ortodoxa da Ucrânia poderá se tornar a base para
superar o cisma da igreja que agora existe no país que possui três principais
igrejas ortodoxas. O Parlamento também pede para convocar sob os auspícios do
Patriarcado Ecuménico o Concílio pan-ucraniano da unidade ortodoxa que decidiria
todas as questões controversas e uniria a igreja ortodoxa ucraniana, informa Ukrpress.info
Como
informa no seu Facebook o Arcebispo da Igreja Ortodoxa da Ucrânia – Patriarcado
de Kyiv, Arcebispo de Chernihiv e de Nizhyn, o chefe do Departamento de Informação
do Patriarcado de Kyiv, Yevstratiy
(Zoria), 10, de 14 de primatas das igrejas ortodoxas vieram à ilha de Creta
para participar no Grande Consílio.
Estão
presentes estão o Patriarca Ecuménico Bartolomeu I; o Metropolita Sawa de
Varsóvia (Igreja Ortodoxa Polaca); o Arcebispo de Chipre Chrysostomos; o Patriarca
Sérvio Irineu; o Patriarca Theodore da Alexandria; o Patriarca Theophilos de
Jerusalém; o Patriarca Daniel da Roménia; o Arcebispo Jerome de Atenas (Igreja
Ortodoxa da Grécia); o Arcebispo Anastasios da Albânia; o Metropolita de Prešov
Rostislav (Igreja Ortodoxa Checa e Eslovaca), informou Yevstratiy (Zoria).
Blogueiro:
estamos perante uma situação de significado muito especial. A Igreja Ortodoxa
Russa se rebeldia abertamente contra a primazia da Igreja Ortodoxa Ecuménica,
exerce a pressão separatista sobre outras igrejas ortodoxas, o que poderá levar
à uma nova cisão no mundo ortodoxo. A recusa da igreja Ecuménica à ceder a
chantagem moscovita é inevitável, desde a démarche do patriarca Kirill em se
encontrar com o Papa Francisco, em alegada representação do mundo ortodoxo, posição que
nunca ocupou, não ocupa e nunca poderá ocupar na hierarquia da igreja ortodoxa
Ecuménica.
A propaganda anti-Concílio distribuída em Moscovo |
Em
termos profanos, estamos perante um caso de redistribuição do poder da
influência geopolítica na ala ortodoxa do mundo cristão. Caso a Igreja ortodoxa
ucraniana receber a sua Autocefália, isso é, a independência do Patriarcado de
Moscovo, Ucrânia ortodoxa passará à subordinação direta de Constantinopla e,
assim, torna-se igual entre outras igrejas ortodoxas iguais. De uma vez por
todos será reparada a injustiça contra a Igreja Ortodoxa da Ucrânia, cometida mais
de 300 anos atrás.
2 comentários:
So algumas duvidas: por que a igreja da Georgia se recusou a participar? Como fica a situação de Belarus?
1) Igreja da Geórgia não participa por a) pressão da IOR; b) pois teme que no Concílio seja discutida a questão da ogreja da Abecásia que quer a Autocefália;
2) Belarus: sendo ditador, Lukashenka diz uma coisa, faz outra e pensa a terceira, ultimamente ele colabora com Ucrânia e tenta não ceder à pressão russa, mandando as frases à soviética para que a sua base de apoio, os mais idosos com alto grau do saudosismo soviético...
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