No dia 29 de janeiro de 1918, nos arredores da vila de
Kruty, na província ucraniana de Chernihiv, decorreu a batalha desigual entre
armada bolchevique e os voluntários ucranianos. Cerca de 400 jovens ucranianos foram defender a cidade de Kyiv face aos cerca de 4.000 bolcheviques russos, mas
se transformaram no símbolo de auto-sacrifício em defesa da Ucrânia.
"Caíram 300, se levantam milhões". Cartaz de OUN-M, 1938. Autor: Mykhaylo Mykhaylevych |
Os jovens combatentes ucranianos antes da batalha |
De quase 300.000 militares favoráveis à Ucrânia que a república possuía no
verão de 1917, restavam cerca de 15.000 homens, fruto de desmoralização, cansaço
e o trabalho dos agitadores e propagandistas bolcheviques que conseguiam passar
as unidade inteiras ucranianas para o seu lado. Nesta situação, o governo
ucraniano, a Rada Central, contava apenas com jovens estudantes de Kyiv, à quem
confiaram a defesa da cidade capital.
Ihor Loskiy |
Um dos participantes na batalha, Ihor Loskiy, em 1918 estudante do Ginásio
de Cyrilo e Metódio de Kyiv recorda: “Apenas no último momento, quando o
desastre já era inevitável, alguns estadistas ucranianos começaram às pressas
criar novas unidades militares, mas já era tarde”.
Apenas 3 semanas antes da batalha foi criada a Unidade (Kurin) Estudantil
dos Atiradores de Sich. A decisão da sua criação partiu da reunião magna dos
estudantes da Universidade de São Volodymyr (atualmente a Universidade Nacional
“Taras Shevchenko”) e da Universidade Popular de Kyiv. Um pouco mais de 100
jovens se inscreveram na unidade, os “desertores” eram alvos do boicote da
classe estudantil.
Apesar de Rada Central possuir a munição e equipamentos em quantidade
suficiente, os estudantes receberam piores uniformes e espingardas velhas e
enferrujadas. A própria batalha também mostrou a desorganização das chefias ucranianas:
na retirada, o estado-maior levou consigo o vagão com a munição para as espingardas e canhões. Os estudantes e cossacos livres lutaram até o fim, mas a
batalha foi perdida.
Não muito longe, estava estacionada uma forte unidade militar ucraniana,
comandada pelo Symon Petliura,
mas recebendo a notícia da sublevação comunista na fábrica “Arsenal” de Kyiv, ele
se dirigiu à capital, considerando que aquele era um perigo maior.
Matviy Danyliuk, último veterano ucraniano da Batalha de Kruty, morreu em 1994 aos 103 anos. |
Hryhoriy Pipskiy |
Em memória dos Trinta
No túmulo de Askold
Enterraram-os –
Trinta mártires ucranianos
Jovens, gloriosos...
No túmulo de Askold
Flor ucraniana! –
Na sangrenta na estrada,
Ao mundo iremos.
Atreveu contra quem levantar
A traiçoeira mão?
Floresça o sol, brinca vento
E rio Dnipro...
Contra quem começou Caim?
Deus punirá! –
Eles amaram acima de tudo
A sua terra amada.
Morreram no Novo Testamento
Com a glória dos santos. –
No túmulo de Askold
Enterraram-os.
Pavlo Tychyna no jornal “Nova Rada”, Kyiv, 1918.
Transladação de corpos de mártires ucranianos para o túmulo de Askold, na margem direita do rio Dnipro em Kyiv, 1918 |
Homenagens atuais e o monumento aos heróis de Kruty |
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