segunda-feira, junho 02, 2014

Separatistas distribuem os doces. O plano espectacularmente errado.

Sob atento olhar do Lenine os separatistas distribuam os doces roubados
O artigo do jornalista do Washingtonpost.com, Griff Witte, ilustra perfeitamente a psique dos moradores de Donetsk e explica as dificuldades que Ucrânia sente de momento, para vencer os separatistas e terroristas nesta parcela do seu território, que infelizmente, para já, se transforma numa espécie de Somália faminta.

Donetsk, Ucrânia – o conflito no leste da Ucrânia tem sido travado nos últimos dias com balas, bombas e morteiros. Mas domingo, as armas de escolha foram chocolate, caramelo e lima-limão.

O que começou como um golpe publicitário separatista terminou em uma raiva, tornou-se uma confusão pegajosa.

Primeiro, o golpe de relações públicas: o “governo” rebelde (separatista) organizou uma reunião para as crianças na Praça Lenine de Donetsk para destacar, o que chamam, de ataques indiscriminados do exército ucraniano contra os civis. Sob o céu ensolarado, mães e pais ocorreram à praça, com as crianças à tiracolo, para ouvir oradores bradarem contra a “junta sanguinária de Kiev”.

No final, houve uma surpresa especial: uma van branca parou e militantes em camuflados verdes saltaram fora. Mas ao invés de seus espingardas de assalto habituais, os militantes levavam doces. Caixas cinzentas grandes de doces que eles disseram terem sido saqueadas de um armazém local (ver METRO).
Distribuição dos doces previamente saqueados
As crianças gritaram de alegria. Os pais correram para reclamarem a sua parte. Houve aplausos quando crianças felizes saiam, carregando os sacos de doces, embrulhados em plásticos azuis, amarelos e vermelhos. Parecia que a república popular de Donetsk, como aqui é conhecido o movimento separatista, tinha ganhado uma vitória de suma importância na batalha pelos corações e mentes.

Mas, na Ucrânia nos dias de hoje, mesmo o doce é político.

Alguns na multidão perceberam que os doces foram feitos pela Roshen, a empresa propriedade do magnata ucraniano conhecido como o Rei Chocolate, Petró Poroshenko. Ele tornou-se o presidente do país, eleito no mês passado, em uma votação esmagadora, mas os partidários dos rebeldes aqui o culpam pela violência que tomou a conta do sudeste do país.

O clima se transformou em um flash de exultante à furioso. O Carnaval tornou-se uma turba.

“É uma provocação!”, começaram gritar alguns entre a multidão.
“Os doces são envenenados!”, berravam outros.
“Não aos doces sangrentos!”, grunhiam eles.
Ataque aos doces "sangrentos"
Instalou-se o empurra-empurra geral. As mães chutavam as caixas, pisavam os doce com os pés e gritavam para os militantes. Os militantes gritavam em resposta.

“Queríamos dar doces para as crianças! Só isso! Que diferença faz de onde vieram?”, berrou um dos militantes exasperados.

Mas já era tarde demais. A multidão tinha se transformado. Os militantes saltaram para a sua van. Acelerando de lá para fora, quando um dos pais atirou-lhe com um saco de doces.

Argumentos filosóficos eclodiram sobre se rejeitar os doces tinha sido a coisa certa a fazer. “Nós fumávamos os cigarros alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Qual é a diferença?”, perguntou um homem gentil de cabelos grisalhos e dentes de ouro.
Desargumentação filosófica local
“Poroshenko não pode tentar matar-nos e alimentar-nos ao mesmo tempo!”, respondeu uma mulher em uma blusa com imagem de tigre, quebrando as caixas em pequenos pedaços de papelão.

As embalagens coloridas voaram com a brisa. O caramelo agarrou-se ao pavimento quente. Sob o olhar atento de Vladimir Ilyich Lenin, que paira sobre esta praça em granito preto, foram os trabalhadores (municipais) que ficaram para limpar toda a desordem deixada.

Ler o artigo original:

Sem comentários: